Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Estadual

Secretaria de Administração Penitenciária é denunciada por retirar do ar informações sobre 812 casos de coronavírus nas prisões paulistas

Tema(s)
Informação, Sistema penal e socioeducativo, Transparência
Medidas de emergência
Flexibilização de controle
Estado
São Paulo

A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) do estado de São Paulo omite dados sobre o número de contaminados por coronavírus nas prisões paulistas [1]. Os dados informados pela SAP no dia 01/07 são de 219 casos confirmados, representando uma queda de 812 casos em relação ao valor do dia anterior [2]. Em resposta, a SAP nega omissão e justifica que a retirada de dados ocorre em razão da alteração do sistema de testagem em massa, sendo ‘suprimidos os resultados de exames sorológicos’ e considerados apenas ‘casos comprovados por meio de exame laboratorial RT-PCR’ [3]. Vale notar que em junho o Conselho Nacional de Justiça constata aumento de 800% de casos de contaminação no sistema prisional [veja aqui] e lança plataforma de monitoramento [4]. Na semana anterior, a única unidade prisional das 176 do estado a receber atendimento de testagem em massa foi a Penitenciária Masculina de Sorocaba II, quando se detectaram 719 confirmações, e na qual a Defensoria Pública do Estado verificou o compartilhamento de celas por pessoas do grupo de risco e presos doentes [5]. Em março, entre as medidas de contenção do coronavírus nas prisões pelo Depen estava prevista a utilização de contêineres para realização de ‘isolamento’, o que foi duramente criticado por organizações de direitos humanos [veja aqui]. Essa também não é a primeira vez que constata-se a falta de transparência de governos estaduais sobre acesso a dados na pandemia [veja aqui].

Leia análise sobre a subnotificação de casos de coronavírus nas prisões e nota técnica sobre uso de equipamentos de proteção por agentes penitenciários.

01 jul 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministério da Saúde e Anvisa editam resolução disciplinando a prescrição de cloroquina e medicamentos derivados para combate ao coronavírus, mesmo sem comprovação científica de sua eficácia

Tema(s)
Negacionismo, Saúde
Medidas de emergência
Flexibilização de controle

Ministério da Saúde e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) editam Resolução [1] que regulamenta a prescrição de medicamentos cuja eficácia não é cientificamente comprovada para combater o coronavírus [2]. A medida possibilita a prescrição de elementos como a cloroquina e hidroxicloroquina não só para pacientes internados nas redes hospitalares pública e privada, mas também para tratamento ambulatorial, isto é, casos mais leves da doença que não demandam internação [3]. Essa não é a primeira regulamentação que trata da cloroquina no combate ao vírus. A resolução amplia a possibilidade de uso da substância e se dá em contexto de crescente defesa da cloroquina por parte do governo federal, tendo o presidente Bolsonaro já se manifestado em diversas oportunidades a favor do medicamento [veja aqui] e politizado o assunto [veja aqui]; o Ministério da Saúde aprovado protocolo para seu uso [veja aqui]; e o Ministério Público Federal no Piauí ter solicitado protocolo de inclusão da substância para tratamento de pacientes atingidos pela covid-19 [veja aqui]. A Organização Mundial da Saúde finalizou estudo sobre a hidroxicloroquina e chegou à conclusão de que o medicamento apresenta ‘pouca ou nenhuma redução na mortalidade de pacientes com covid-19’ [4] e já havia alertado anteriormente que o isolamento social, enquanto não existirem vacinas com eficácia cientificamente comprovada, é a melhor alternativa para combater o vírus [5].

Leia pesquisa que aponta as evidências mundiais de ineficácia da cloroquina, artigo publicado sobre a pesquisa – em inglês, análise sobre os pronunciamentos de Bolsonaro a favor da cloroquina e estudos que apontam os benefícios do isolamento social enquanto medida combativa do coronavírus.

22 jul 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministério da Saúde orienta procura precoce de médicos, contrariando recomendações de isolamento social

Tema(s)
Distanciamento social, Saúde
Medidas de emergência
Flexibilização de controle

O General Eduardo Pazuello, interino à frente do Ministério da Saúde (MS) [veja aqui], modifica a recomendação do MS nos casos de apresentação de sintomas leves da covid-19 e orienta, agora, que também nesses casos procure-se imediatamente auxílio médico [1]. Nas gestões anteriores, a recomendação para tais casos era a de permanecer em casa e realizar o acompanhamento médico via Telesus, para que não houvesse risco de aumento no contágio em razão do contato presencial com o médico [2]. Pazuello diz que ‘é a ideia de que você não deve ficar em casa isolado, sozinho (…) hoje se descobriu que a melhor maneira de tratar é buscar o atendimento básico, e o médico diagnosticar’ [3]. Especialistas apontam que deve mesmo haver o acompanhamento dos sintomas, mas que a rede de saúde deve estar preparada para evitar a transmissão do vírus [4]. A modificação na recomendação e o incentivo do tratamento precoce para os casos leves ocorre após Pazuello aprovar, no mês de maio, novo protocolo que amplia o uso de cloroquina para estes mesmos casos, mesmo sem evidências científicas da eficácia do medicamento [veja aqui]. A nova recomendação está em consonância com o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro, que diversas vezes se manifestou contra o isolamento social – em abril, por exemplo, ele afirmou, contrariando dados científicos, que o isolamento foi inútil [veja aqui] e semanalmente descumpre recomendações sanitárias [veja aqui].

Leia análise sobre o incentivo do governo ao ‘tratamento precoce’ da covid-19.

08 ago 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro diz que Anvisa vai facilitar acesso à cloroquina

Tema(s)
Ciência, Saúde
Medidas de emergência
Flexibilização de controle

Em sua videoconferência semanal, o presidente Jair Bolsonaro anuncia que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) irá facilitar a aquisição de hidroxicloroquina e ivermectina, medicamentos que vêm sendo usados no combate à covid-19, mas não têm comprovação científica de eficácia [1]. Segundo ele, o presidente da Anvisa, almirante Antônio Barra, teria lhe informado da nova regulação e, a partir dela, não seria mais preciso apresentar duas vias de receita para comprar os medicamentos [2] [veja aqui]. A exigência de duas vias, que implica a retenção de uma delas em drogarias e farmácias, passou a ser estabelecida para a ivemectina em julho e para a hidroxicloroquina em março, como desincentivo à compra indiscriminada das drogas [3]. Na mesma ocasião, o presidente também afirma a suposta eficácia da cloroquina no seu tratamento [4], como afirmou em outras situações [veja aqui] e, mais cedo, em visita a Belém, também reafirmou a utilidade do remédio [veja aqui]. No dia seguinte, porém, a Anvisa afirma que não iria alterar a regra sobre aquisição dos medicamentos, como Bolsonaro sinalizou [5]. Em setembro, porém, volta atrás e deixa de exigir retenção de receita para os medicamentos [6]. Vale lembrar que, em maio, o ministro interino da Saúde já havia aprovado novo protocolo para manejo da cloroquina no tratamento de doentes, que foi contra recomendações da OMS [veja aqui] e também pesquisas científicas [7] e, na semana anterior, parlamentar da oposição ajuizou ação contra o presidente em razão do prejuízo aos cofres públicos decorrente do aumento de produção de cloroquina [veja aqui].

Leia reportagem sobre o estudo brasileiro que descredita a cloroquina para o tratamento de contaminados por covid-19 e perguntas e respostas sobre o uso do medicamento – inclusive no âmbito político pelo presidente.

13 ago 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro interino da Saúde omite número de casos e mortes por covid-19 no país em reunião da OMS

Tema(s)
Informação, Transparência
Medidas de emergência
Flexibilização de controle

Ministro interino da Saúde há quase três meses [veja aqui], Eduardo Pazuello, omite número de contaminados e mortos pela covid-19 no Brasil em reunião da Organização Mundial da Saúde (OMS) [1]. Em encontro virtual promovido pela OMS para discutir a adoção de medidas no enfrentamento da pandemia, contando com diversos líderes de outros países, o representante brasileiro não menciona a quantidade de infectados e mortos pela doença, que, no dia da reunião supera, respectivamente, 3,2 milhões [2] e 105 mil pessoas [3]; ele se restringe a afirmar que o país seria o líder mundial na quantidade de pacientes recuperados do vírus, apontando número superior a 2 milhões [4]. Essa mesma estratégia já foi utilizada pela Secretaria de Comunicação do Governo (Secom) [veja aqui]. Atualmente o Brasil registra a segunda maior quantidade de casos e óbitos decorrentes do coronavírus, ficando somente atrás dos EUA [5]. Pazuello ainda afirma na reunião que o governo federal concederia ‘especial atenção à proteção das populações indígenas’ e, quando perguntado sobre transparência de informações, diz que o país teria notificado imediatamente a OMS quando da confirmação do primeiro caso e que compartilha ‘diariamente informações aos demais estados partes e à OMS do contexto geral da resposta à pandemia’ [6]. Meses antes da reunião, o presidente Bolsonaro realizou vetos em lei que prevê medidas de proteção e combate ao coronavírus para povos indígenas [veja aqui], e empresa pública ocultou informações sobre a situação indígena na pandemia [veja aqui]. Já o Ministério da Saúde (MS) atrasou a divulgação dos dados epidemiológicos [veja aqui] e, posteriormente, passou a omiti-los [veja aqui]. Além disso, o MS demonstrou desinteresse por pesquisa sobre a covid-19, pondo em risco seu prosseguimento [veja aqui] e desembolsou em julho apenas 30% das verbas destinadas ao combate da doença [veja aqui].

Leia análise sobre o pronunciamento do ministro interino na reunião da OMS, estudo sobre o grau de transparência governamental na pandemia e alternativas à falta de dados oficiais.

13 ago 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Governos estaduais, municipais e federal gastaram ao menos R$ 18 milhões com medicamentos sem eficácia comprovada desde o começo da pandemia

Tema(s)
Administração, Saúde
Medidas de emergência
Flexibilização de controle

Segundo levantamento desta data, governos municipais, estaduais e federal gastaram pelo menos R$ 18 milhões com hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina e azitromicina desde o início da pandemia [1] [veja aqui], apesar de a maioria dos governos municipais e estaduais terem respondido aos questionamentos feitos. Tais medicamentos não têm eficácia comprovada no combate ao vírus, mas são objeto de exaltação do presidente desde o início da crise [veja aqui] e causa de interferência no ministério da Saúde (MS), que já teve dois ministros exonerados desde março [veja aqui] [veja aqui]. A União já desembolsou cerca de R$1,3 milhões com a produção de hidroxi- ou cloroquina, incluídos aqui os gastos do Exército para a produção dos medicamentos [2]. Desde março, esse braço das Forças Armadas vem produzindo tais medicamentos para o governo [3], o que desencadeou aumento expressivo nos estoques brasileiros [4], a despeito da falta de comprovação científica – motivando até pedido de investigação pelo Ministério Público de Contas [5]. Com a crise, o MS também já distribuiu 5,2 milhões de comprimidos de cloroquina a estados e municípios, a despeito de sua crescente perda de protagonismo pela falta de distribuição de equipamentos essenciais ao combate da pandemia [veja aqui] e fraca execução orçamentária [veja aqui]. Em agosto, um senador da oposição até ajuizou ação contra o presidente e a União, requerendo que ambos paguem pelos gastos públicos pela aquisição de cloroquina para o tratamento de covid-19 [6] [veja aqui]. No mês seguinte, deputada da oposição denuncia os ministros da Saúde e Defesa por suposto crime de responsabilidade incorridos em razão de gastos públicos irregulares com a produção de hidroxicloroquina [7].

25 ago 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro do Meio Ambiente anuncia suspensão de todas as operações de combate ao desmatamento ilegal e queimadas na Amazônia e Pantanal; horas depois, volta atrás

Tema(s)
Meio Ambiente, Orçamento
Medidas de emergência
Flexibilização de controle

Ministério do Meio Ambiente (MMA) anuncia interrupção de todas as operações [veja aqui] [veja aqui] de combate ao desmatamento ilegal e queimadas na Amazônia e Pantanal [1]. A pasta justifica a suspensão por conta de bloqueio orçamentário realizado pela Secrataria de Orçamento Federal, que atinge o ICMBio no montante de R$ 39,8 milhões e o Ibama em R$ 20,9 milhões [2]. Segundo os dois órgãos, o bloqueio desmobiliza mais de 1,5 mil brigadistas, 300 fiscais e instrumentos (caminhões, helicópteros e aeronaves) de conteção das queimadas e combate ao desmatamento ilegal [3]. A previsão de início da suspensão seria na segunda, 31/08 [4]. No mesmo dia em que o anúncio é feito pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, nega o bloqueio e diz que Salles ‘se precipitou’ [5]. Mourão alega que o governo busca recursos para pagar o auxílio emergencial e, por conta disso, está retirando recursos de todos os Ministérios, mas defende que não haveria bloqueio financeiro do Ibama e ICMBio [6]. Salles rebate Mourão e diz que não houve precipitação, por o bloqueio ‘constar no sistema’ [7]. Após repercussão midiática negativa, críticas de entidades ambientais [8] e pronunciamento contra a suspensão pelo presidente da Câmara dos Deputados [9], o MMA divulga, no mesmo dia do anúncio, o desbloqueio orçamentário da pasta e o prosseguimento das operações [10]. Ainda em fevereiro deste ano, o Conselho Nacional da Amazônia foi transferido do MMA à vice-presidência [veja aqui] e desde então Mourão vem dando contribuições controversas na área, afirmando que o desmatamento na Amazônia diminuiu [veja aqui] e embasando-se em dados falsos [veja aqui]. Em outras oportunidades, o MMA autorizou a produção em áreas de preservação ambiental permanente [veja aqui] e cancelou a criação de bases de proteção florestal [veja aqui]; e o ministro do Meio Ambiente propôs redução na meta de diminuição de desmatamento [veja aqui].

Leia análise crítica à suspensão das operações na Amazônia, entenda as principais causas dos incêndios e veja plataforma de monitoramento das queimadas – em inglês.

28 ago 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Contrariando lei da quarentena, Bolsonaro diz que ninguém será obrigado à vacinação

Tema(s)
Negacionismo, Saúde
Medidas de emergência
Flexibilização de controle

Após ser abordado por apoiadores, o presidente Jair Bolsonaro afirma que ninguém será obrigado a tomar vacina [1]. No dia seguinte, a Secretaria de Comunicação do governo federal publica imagem afirmando que ‘ninguém pode obrigar ninguém a tomar vacina’ [2]. A manifestação contraria o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), bem como a Lei da Quarentena [veja aqui] [3]. A declaração do presidente é criticada por especialistas em saúde pública, que afirmaram a necessidade de uma ampla cobertura para garantir a imunização coletiva, necessária impedir novos surtos [4], em especial, num contexto de crescimento de movimentos antivacina [5]. A discussão sobre a obrigatoriedade de pais imunizarem crianças está em pauta no STF [6]. Essa postura anticientífica já foi observada em outras atitudes de Bolsonaro durante a pandemia: o governo chancelou, por protocolo, o uso de cloroquina, medicamento sem comprovação científica [veja aqui], vetou o uso de máscaras em locais públicos [veja aqui] e criticou as medidas de isolamento social que evitam a propagação do coronavírus [veja aqui]. Ainda, ex-ministro da educação de Bolsonaro já havia ironizado, em uma manifestação racista, um acordo feito pelo governador de São Paulo com laboratório chinês para produção de vacinas contra a covid-19 [veja aqui]. Na semana seguinte, o presidente volta a se posicionar contra a obrigatoriedade da vacinação, afirmando que ‘Você não pode amarrar o cara e dar a vacina nele’ [7].

Veja as análises sobre o discurso antivacinação de Bolsonaro e preocupações sobre seus impactos na saúde pública e sobre o discurso da liberdade no contexto da vacinação.

31 ago 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Governo federal tem baixo nível de transparência de informações na pandemia e é pior que 20 dos 26 estados da Federação, segundo estudo

Tema(s)
Informação, Transparência
Medidas de emergência
Flexibilização de controle

Estudo realizado pela Transparência Internacional aponta que o governo federal tem desempenho pior do que 20 dos 26 estados da Federação no que se refere à transparência nas contratações durante a pandemia [1]. A posição do governo federal é vista como deficiente, especialmente no que se refere à divulgação de documentos básicos que monitoram as contratações [2]. Diante desse cenário, o Tribunal de Contas da União (TCU) já havia determinado que o Ministério da Saúde apresentasse documentos que detalhem os gastos e estratégias na transferência de recursos a estados e municípios, para combate ao novo coronavírus [3]. No passado, o Ministério da Saúde atrasou a divulgação dos dados epidemiológicos [veja aqui] e, posteriormente, passou a omiti-los [veja aqui], e o ministro interino da Saúde omitiu o número de casos e mortes por covid-19 no país em reunião da OMS [veja aqui]. Diversas instituições já apontaram a falta de transparência do governo federal com relação aos dados da pandemia [veja aqui], postura que ocorre também nos governos estaduais [veja aqui].

Leia análise sobre a transparência na gestão pública durante a pandemia.

01 set 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministério da Saúde quintuplica oferta de cloroquina aos estados e municípios, a despeito da falta de evidências científicas de sua eficácia

Tema(s)
Negacionismo, Saúde
Medidas de emergência
Flexibilização de controle

Ministério da Saúde (MS) quintuplica distribuição de cloroquina e hidroxicloroquina para estados e municípios, mesmo sem eficácia científica comprovada de que os medicamentos combatem o coronavírus [1]. De acordo com apuração da imprensa realizada nesta data, de março a julho de 2020 já foram encaminhados 6,3 mihões de comprimidos pelo MS ao Sistema Único de Saúde (SUS), o que representa crescimento de 455% em relação ao mesmo período no ano passado[2]. A ação se mostra como tentativa de circular na rede pública doses dos medicamentos que foram doadas pelos EUA e se encontravam em estoque [3]. A postura do MS vai ao encontro da defesa da cloroquina realizada pelo presidente Bolsonaro [veja aqui], e a apuração demonstra que a distribuição acelerou entre maio e junho, período que coincide com as saídas de Luiz Mandetta [veja aqui] e posteriormente Nelson Teich [veja aqui] do cargo de ministro da Saúde, ambos contra o aumento da oferta dos medicamentos e extensão aos casos mais leves [4]. O atual ministro na Saúde, Eduardo Pazuello [veja aqui], afirma que o crescimento na distribuição decorre de damandas estaduais e municipais [5]. O levantamento realizado pela imprensa, no entanto, verificou que em alguns estados a quantidade de medicamentos recebida foi maior do que a utilizada na rede pública [6]. Em julho, a Organização Mundial da Saúde resolveu interromper testes com hidroxicloroquina no tratamento do coronavírus, depois de outros estudos apontarem sua falta de eficácia [7]. Já a Sociedade Brasileira de Infectologia publicou comunicado propondo o abandono dos medicamentos em qualquer fase da doença [8]. O MS, em nota, afirma que a distribuição dos medicamentos ocorre segundo os pedidos e planejamentos da pasta, tendo por base ‘estudos existentes no Brasil e no mundo’, sem apontar, no entanto, quais são essas pesquisas [9]. Dias depois, deputada da oposição denuncia os ministros da Saúde e Defesa por suposto crime de responsabilidade incorridos em razão de gastos públicos irregulares com a produção de hidroxicloroquina [10] [veja aqui]. Em oportunidade anterior, levantamento informou que os governos federal, estaduais e municipais já gastaram ao menos R$ 18 milhões com medicamentos sem eficácia comprovada desde o início da pandemia [veja aqui]

Veja lista de 10 pontos centrais para entender a cloroquina e hidroxicloroquina no contexto pandêmico, análise que aponta a preocupação de médicos com a aposta feita pelo Ministério da Saúde, e avaliação que demonstra a falta de outros medicamentos básicos no SUS e a sobrecarga de cloroquina

05 set 2020
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