Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Judiciário, Legislativo
Nível
Federal

Justiça federal atende pedido de Carla Zambelli e barra senador de assumir presidência da CPI da covid-19

Tema(s)
Conflito de poderes
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional

A Justiça Federal do Distrito Federal, em ação promovida pela deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), determina o impedimento do senador Renan Calheiros (MDB-AL) para ocupar o cargo de compor a relatoria da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investigará as ações do governo no combate à pandemia da covid-19 [1]. Segundo o Juiz Federal Charles Renaud Frazão de Morais, a nomeação de Renan Calheiros como relator da CPI poderia ‘gerar tumulto dos trabalhos da CPI da covid-19’ [2]. A função do relator da comissão é narrar os trabalhos da CPI e elaborar um relatório final contendo suas apurações, podendo inclusive denunciar autoridades ao final do processo [3]. Para Calheiros, a decisão é ‘uma interferência indevida no Legislativo, já que a CPI é investigação constitucional do Poder Legislativo e não uma atividade jurisdicional’ [4]. Em 26/04, o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (DEM-MG) afirma que não irá seguir a decisão da Justiça Federal [5], afirmando que não cabe ao Judiciário dizer quem será o relator da CPI, mas sim ao presidente da Comissão [6]. Parlamentares do Senado consideram a decisão sem embasamento jurídico [7]. Especialistas também criticaram a decisão, afirmando que o Judiciário estaria interferindo incorretamente em competência interna do Poder Legislativo [8]. Em 27/04, o Tribunal Regional Federal 1 (TRF 1) suspende a decisão que impedia Calheiros de assumir a relatoria da CPI da covid-19 e, nesta mesma data, Calheiros assume o cargo [9]. Ao assumir a relatoria, Calheiros afirma que não se intimidará [10] e, segundo ele: ‘Há responsáveis, há culpados, por ação, omissão, desídia ou incompetência e eles serão responsabilizados’ [11]. Em seu discurso de posse, Calheiros diz que se pautará pela imparcialidade [12]. Desde o início, Bolsonaro critica a instauração da CPI, indicando que a mesma seria perseguição política [veja aqui] [veja aqui] e Zambelli vem adotando posturas que denigrem medidas de saúde na pandemia [veja aqui], aliando-se ao presidente [veja aqui].

Leia análises sobre os poderes da CPI da covid-19, sobre os atritos gerador por Carla Zambelli e ouça sobre as consequências da CPI para Bolsonaro.

27 abr 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Eduardo Bolsonaro comemora fim de circulação da revista Época e diz ter sido ‘panfleto anti-Bolsonaro’

Tema(s)
Imprensa, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O deputado federal, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), comemora o fim da circulação física da revista Época, por meio de uma publicação no Twitter [1]. ‘Fracasso da Globo Lixo: extinta a revista Época, caída em desgraça ao se tornar panfleto anti-Bolsonaro (…)’, tweeta Eduardo [2]. O anúncio sobre o fim da revista Época foi feito por meio de nota do Grupo Globo, sob a justificativa do aumento do consumo de conteúdo digital pela população; ademais a revista terá sessões aos sábados dentro do jornal O GLOBO [3]. Em 08/05, Jair Bolsonaro também comenta sobre o encerramento da revista, afirmando que: ‘(…) Mais uma porcaria que vai deixar de frequentar as bancas dos jornais do Brasil. Se bem que eu acho que ninguém compra essas porcarias mais’ [4]. Tanto Jair quanto Eduardo praticam atos ofensivos contra a imprensa constantemente; Eduardo já insinuou que uma jornalista havia tentado seduzir um ex-funcionário de uma agência de disparos em massa [veja aqui] e Jair já acusou a imprensa de disseminar fake news e sugeriu a retirada dos jornais de circulação [veja aqui]. Em outras ocasiões, insultou as jornalistas Vera Magalhães [veja aqui], Constança Rezende [veja aqui] e Miriam Leitão [veja aqui]. Em 2020, relatório apontou que Bolsonaro, seus filhos e ministros de governo foram responsáveis por 580 ofensas direcionadas à imprensa [veja aqui]. Também no ano passado, a ONG Repórteres sem Fronteiras registrou queda na posição do Brasil no ranking de liberdade de imprensa [veja aqui]. Sob influência e incentivos do presidente da República e dos seus filhos, as agressões contra jornalistas crescem 168% em relação ao registros anteriores [veja aqui]. Diante das ofensas constantes contra a imprensa, as empresas de comunicação suspenderam a cobertura jornalística no Palácio do Alvorada [veja aqui].

Leia sobre como os insultos de Bolsonaro contra a imprensa violam a Constituição e a democracia e entenda como o bolsonarismo se fortalece diante dos ataques a imprensa.

06 maio 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Depoimentos em CPI confirmam negligência em compras de vacinas e governo federal admite que milhões de testes de covid-19 perderão a validade

Tema(s)
Administração, Negacionismo, Posicionamento político, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O gerente-geral da Pfizer na América Latina confirma em depoimento à CPI da covid-19 que o governo apenas fechou o contrato de compra de vacinas na sétima proposta de venda [1]. Segundo ele foram cinco propostas em 2020 e duas em 2021; a falta de acordo impediu que fossem aplicadas doses no primeiro trimestre desse ano [2], e o país poderia ter recebido 4,5 milhões de doses a mais do imunizante [3]. O ex-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom), Fabio Wajngarten, afirma que uma carta da Pfizer foi ignorada pelo governo por pelo menos dois meses [4]; seu depoimento à CPI da covid-19 foi cercado de controvérsias [5] e o relator da comissão, Renan Calheiros, defende sua prisão [6]. Já o Ministério da Saúde admite que tem milhões de testes para covid-19 estocados e com prazo de validade para esse mês [7] [8]. Nas últimas semanas, a Casa Civil preparou os ministérios para se defenderem de acusações na CPI da covid-19, dentre eles a recusa de doses da Pfizer [veja aqui]. A comissão, instalada para investigar a condução da pandemia pelo governo federal [veja aqui] foi criticada por Bolsonaro, que sugeriu ser uma perseguição política [veja aqui] e afirmou que não precisamos de um conflito [veja aqui]; além disso, o ministro da Justiça sugeriu que a comissão não olha os abusos cometidos nos estados durante a pandemia [veja aqui]. Pfizer envia emails à CPI da covid-19 mostrando que o governo fez contraproposta para a compra de vacinas em dezembro [9].

Leia como a demora em tratativas com a Pfizer prejudicou o PNI.

12 maio 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Câmara dos Deputados muda regimento interno e diminui instrumentos políticos da oposição

Tema(s)
Conflito de poderes, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Câmara de Deputados (CD) aprova alterações no regimento interno da casa [1] a fim de reduzir o poder de obstrução da pauta legislativa, técnica usualmente utilizada para atrasar ou impedir a aprovação de projetos por parte dos partidos da oposição ou grupos minoritários na Câmara [2]. A proposta foi alavancada em caráter de urgência [3] pelo grupo político do presidente da CD, Arthur Lira (PP-AL), que desde sua eleição para o cargo em fevereiro [veja aqui] discutia formas de reduzir o poder da oposição [4]. O novo regimento interno é aprovado com 337 votos a favor contra 110 e uma abstenção; e as mudanças aumentam o poder do presidente da Câmara, cujos projetos, agora, têm maior possibilidade de serem analisados rapidamente [5]. Dentre as alterações, as principais são: sessões deliberativas sem limite de tempo e pedidos de adiamento de pauta reduzido de três para um [6]. Segundo Lira, as mudanças modernizam o regimento interno e permitem a qualificação do debate entre os deputados [7]. Por sua vez, a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) diz que haverá redução do debate político ao invés de sua otimização e a deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirma que as alterações concentram o poder no presidente da Câmara, beneficiando diretamente a agenda do presidente Bolsonaro, que tem o apoio de Lira [8]. Em 13/05, com o novo regimento em vigor, a CD aprovou rapidamente o projeto de lei que flexibiliza as regras de licenciamento ambiental [9]. Lira é um dos principais aliados do governo Bolsonaro, já tendo recusado diversos pedidos de impeachment contra o presidente [veja aqui]. Ele não demonstra interesse em dialogar com a oposição, mas sim em limitar o seu poder; seu primeiro ato como presidente da Câmara foi excluir os seus adversários de cargos de comando [veja aqui] e depois mudou o espaço destinado à imprensa na CD a fim de limitar as abordagens dos jornalistas, reduzindo assim a transparência da casa [veja aqui].

Leia a análise sobre as implicações do novo regimento da CD.

12 maio 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo, Legislativo
Nível
Federal

Jair e Flavio Bolsonaro atacam CPI da covid-19 e xingam o relator Renan Calheiros

Tema(s)
Conflito de poderes, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O deputado federal Flavio Bolsonaro (PSL-RJ) xinga o senador Renan Calheiros (MDB-AL) de ‘vagabundo’ [1] durante sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, que interrogava o ex-secretário de Comunicação da presidência da República, Fabio Wajngarten [2]. Os xingamentos ao relator da CPI da covid ocorreram após Renan pedir a prisão do ex-secretário por mentir no depoimento [3]. Flavio, que não integra a comissão, comparece a sessão e afirma: ‘imagina um cidadão honesto ser preso por um vagabundo como o Renan’ [4]. O deputado federal também declara que os senadores estão transformando a comissão em um ‘palanque político’ e que Renan é um exemplo dessa politização [5]. Calheiros rebate os insultos [6], fazendo alusão ao suposto esquema de rachadinhas em que Flavio é investigado [veja aqui]. Em 13/05, Jair Bolsonaro repete comportamento do filho e também profere ofensas a Calheiros [7]:‘Sempre tem algum picareta, vagabundo, querendo atrapalhar. (…) temos um vagabundo inquirindo pessoas de bem no nosso país’, afirma o presidente da República [8]. Renan também responde às ofensas de Bolsonaro [9]. Desde o início das atividades da CPI da covid-19, Bolsonaro e seus apoiadores vêm atacando constantemente a sua realização e boicotando as atividades da comissão [10]: em um áudio o presidente da República afirma que a CPI deve investigar prefeitos e governadores; Bolsonaro também diz que teme ‘relatoria sacana’ com o intuito de ‘perseguir o governo federal’ [veja aqui]. Em 27/04, a deputada federal e apoiadora de Bolsonaro, Carla Zambelli (PSL) tentou barrar a relatoria da CPI pelo senador Renan Calheiros [veja aqui]. Durante a sessão da comissão que interrogava Wajngarten, Zambelli promove ataques e tumultuo contra os integrantes da CPI [11]. Em 06/05, o presidente da República também chama a CPI de ‘xaropada’ [12].

Leia sobre como a reação de Bolsonaro contra Renan Calheiros é consequência da perda de apoio popular e da pressão da CPI da covid-19 sobre o governo federal.

12 maio 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Câmara instala comissão para discutir voto impresso, após defesas reiteradas do presidente e críticas ao modelo de voto atual

Tema(s)
Eleições
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

A Câmara dos Deputados instala comissão especial para debater a proposta de Emenda Constitucional (PEC) que pretende implantar a impressão do voto nas eleições, plebiscitos e referendos [1]. A PEC é de autoria da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) e propõe que cédulas físicas sejam expedidas após o voto para que o eleitor confira e deposite em uma urna para fins de checagem [2]. A deputada justifica que adoção do voto eletrônico impresso é uma ‘solução internacionalmente recomendada’ e que a urna eletrônica ‘tem sido alvo de críticas constantes e bem fundamentadas no que se refere à confiabilidade dos resultados apurados’ [3]. Kicis usa verba parlamentar para pagar empresas que divulgam conteúdos sobre o projeto de voto impresso [4]. Entre as informações divulgadas há questionamentos sem evidências e fake news sobre o caráter fraudulento do sistema eleitoral atual [5], esquema semelhante a utilização de verba pública pelo governo para financiar canais do Youtube que veiculavam manifestações antidemocráticas [veja aqui] O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, afirma que o voto eletrônico é um ‘sistema íntegro e que tem permitido a alternância de poder sem que jamais se tenha questionado de maneira documentada e efetiva’ [6] que as urnas provem ‘eleições limpas, seguras, transparentes e auditáveis’ [7] e a implementação do voto impresso seria um ‘atraso, como voltar aos orelhões’ [8]. Em comemoração aos 25 anos da urna eletrônica, o TSE lança campanha com objetivo de reforçar a segurança do voto eletrônica como pilar democrático [9]. Em 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) já havia declarado a inconstitucionalidade de uma norma ordinária que previa a instauração do voto impresso nas eleições [10]. O presidente da República constantemente expressa apoio ao voto impresso e acusa o sistema eleitoral brasileiro de fraudulento e inseguro [11]. Em 2020, Bolsonaro afirmou diversas vezes que as eleições de 2018 foram fraudadas e que tinha provas concretas de que havia ganho ainda no primeiro turno [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui], mas não apresentou as provas que confirmam a adulteração [12]. Em 06/01 desse ano, Bolsonaro declarou que fraudes haviam ocorrido nas eleições dos EUA, afirmação já desmentida pelas autoridades estadunidenses, e que aconteceria o mesmo no Brasil se não houvesse a adoção do voto impresso nas próximas eleições [veja aqui]. Em 06/05, Bolsonaro diz que ‘se não tiver voto impresso, é sinal que não vai ter eleições’ [veja aqui]. No dia 14/05, Bolsonaro volta a apoiar o voto impresso e afirma que Lula ‘só ganha na fraude o ano que vem’ [veja aqui]. Em nota enviada aos veículos de comunicação, o TSE sinaliza que mesmo que haja aprovação do voto impresso pelo Congresso Nacional, há a possibilidade de não ser implantado para as eleições de 2022 por ser um processo demorado [13].

Leia sobre o projeto que prevê voto impresso nas próximas eleições e entenda a discussão sobre a adoção do novo modelo de votação.

13 maio 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Deputado Federal diz que o uso de máscara pode ter agravado o estado de saúde do recém-falecido prefeito de São Paulo

Tema(s)
Negacionismo, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O deputado federal Giovani Cherini (PL-RS) afirma que o ex-prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), teve o câncer agravado e morte prematura decorrente da ‘máscara que ele usou durante a campanha eleitoral’ [1]. A declaração do deputado ocorre em meio a discurso crítico ao uso obrigatório de máscaras em espaços públicos, durante sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) [2]. ‘Eu também defendo a ciência. Só que eu defendo que as pessoas respirem e nós vamos ter uma matança de gente por usar máscara em praça, praia, dentro do carro sozinho (…)’, completa Cherini [3]. A despeito de já ser comprovado que o uso de máscaras é eficiente na diminuição do número de gotículas expelidas pelo nariz e boca, além de também serem eficazes na filtragem das partículas da covid-19 [4]. Diante das declarações negacionistas do deputado, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) cobra censura verbal da presidência da comissão sobre a fala [5]. A presidente da CCJ, deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF), nega o pedido de censura verbal e afirma que ‘o deputado Cherini deu a opinião dele’ [6]. Já a deputada Fernanda Melchiona (PSOL-RS) também discorda da declaração e a caracteriza como ‘um crime contra a saúde pública e a memória do prefeito Bruno Covas’ [7]. A declaração de Cherini vai ao encontro das movimentações constantes do presidente Bolsonaro e de sua base de apoio: em 11/03, Eduardo Bolsonaro rechaçou o uso de máscara [veja aqui]. Em 2020, Bolsonaro vetou deliberação legal que tornava obrigatório o uso de máscaras para conter a transmissão da covid-19 [veja aqui]; ademais, ele frequentemente é flagrado em aglomerações desencorajando as medidas restritivas de circulação e a utilização de máscaras [veja aqui] [veja aqui].

Leia sobre a necessidade do uso de máscaras e das medidas de distanciamento social como forma de barrar a transmissão da covid-19 por gotículas de saliva e aerossóis.

17 maio 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Polícia do Senado investiga colunista Celso Rocha de Barros por artigo crítico a bolsonaristas

Tema(s)
Imprensa, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

A pedido dos senadores Eduardo Girão (Podemos-CE) e Luiz Carlos Heinze (PP-RS), a Polícia do Senado abre investigação contra Celso Rocha de Barros, doutor em sociologia e colunista do jornal Folha de São Paulo (FSP) [1]. Os senadores acusam Barros de injúria e calúnia [2] por críticas à atuação deles na CPI da covid-19, veiculadas na coluna publicada em 10/05/21 na FSP [3]. Barros, que se nega a depor na investigação, associa a denúncia com a tentativa de ‘instituir no Brasil um regime de arbítrio e de intimidação’ [4]. A Associação Brasileira de Imprensa [5] e a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns [6] lançam notas de repúdio à ação dos senadores e da polícia e também de apoio a Celso de Barros, defendendo as liberdades de expressão e de imprensa. A investigação contra Barros ocorre em contexto de crescente intimidação policial e judicial de vozes críticas ao governo federal. No mesmo mês, o professor e pesquisador do LAUT, Conrado Hübner Mendes, foi processado criminalmente pelo procurador Geral da República (PGR), Augusto Aras, por críticas veiculadas também em coluna da FSP [veja aqui]. Em 01/12/2020, apuração jornalística revelou que o governo monitora jornalistas, parlamentares e formadores de opinião de acordo com posição ideológica [veja aqui]. Além disso, os jornalistas Helio Schwartsman [veja aqui] e Ruy Castro [veja aqui], também colunistas da FSP, bem como o jornalista Ricardo Noblat [veja aqui] e o youtuber Felipe Neto [veja aqui] também foram alvo de solicitações de investigações pela publicação de conteúdo crítico, inclusive com uso da Lei de Segurança Nacional, resquício da ditadura militar.

Leia análises acerca da intensificação da intimidação de opositores ao Governo Federal e a relação com as liberdades de expressão e de imprensa.

25 maio 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Legislativo
Nível
Estadual

Deputado estadual anuncia projeto para extinguir UERJ

Tema(s)
Educação, Liberdade Acadêmica, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos
Estado
Rio de Janeiro

Anderson Moraes (PSL-RJ), deputado estadual do Rio de Janeiro, anuncia projeto de lei para extinção da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). A justificativa apresentada por ele é o ‘nítido aparelhamento ideológico e viés socialista na Universidade’ [1], em suas redes sociais, afirma que a não irá aceitar a ‘BALBÚRDIA nas universidades custeadas com o dinheiro do povo’ [2]. No dia seguinte, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), André Ceciliano (PT), descarta a proposta [3] e afirma que é inconstitucional [4]. Moraes, que é apoiador declarado do presidente Jair Bolsonaro, teve perfis vinculados ao seu gabinete excluídos pelo Facebook por conta de disseminação de notícias falsas [5], emprega ex-mulher de Bolsonaro [6] e conseguiu anular judicialmente um decreto da prefeitura do Rio de Janeiro que determinava medidas restritivas de circulação contra a covid-19 [veja aqui]. Os ataques de Bolsonaro e outras autoridades públicas que o apoiam às universidades envolvem a criação de um ambiente hostil as publicações [veja aqui], alertas contrários as manifestações políticas [veja aqui] [veja aqui], cortes em orçamentos de pesquisa [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui], posicionamentos contrários à autonomia universitária [veja aqui], afirmações de que universidade federais têm plantações de maconha [veja aqui], cortes por conta das ‘Balbúrdias’ [veja aqui], descentralização de investimento em cursos ‘menos vantajosos economicamente’ [veja aqui] e extinção de bolsas em áreas consideradas não prioritárias [veja aqui].

Leia mais sobre os ataques realizados às universidades pelo governo de Bolsonaro, veja relatório sobre a liberdade acadêmica no Brasil (em inglês) e assista vídeo que explica por que o acesso ao ensino superior é importante para a democracia.

26 maio 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Polícia Militar reprime violentamente protestos indígenas na Câmara dos Deputados

Tema(s)
Povos indígenas, Regularização de Terras
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

Polícia Militar (PM) do Distrito Federal (DF) reprime com balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio protesto de povos indígenas na entrada da Câmara dos Deputados (CD) [1]. A manifestação é contra projeto de lei (PL) que modifica a demarcação de terras indígenas no Brasil, limitando-as àquelas que estavam ocupadas pelos povos tradicionais em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal [2]. O presidente da CD, Arthur Lira (PP-AL), critica o protesto e defende que a casa legislativa tenha ‘coragem de debater a mineração de terras indígenas’ [3]. Em 23/06, no mínimo três cartas são enviadas a Lira contra o PL: uma de mais de 160 organizações da sociedade civil, que registra, ainda, repúdio à violência usada contra os indígenas [4]; outra de mais de cem empresários e personalidades [5]; e outra assinada por juristas e advogados que defendem que a CD espere o julgamento pelo STF acerca do ‘marco temporal’ da demarcação, adiado para agosto [6] [7]. A Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do Ministério Público Federal, vinculada à Procuradoria-Geral da República, divulga nota contrária ao PL, apontando inconstitucionalidade nas mudo avanço das políticas do governo federal direcionadas à exploração de atividades econômicas em áreas de proteção ambiental [veja aqui] e a alta recorde de pedidos de mineração em terras indígenas . Ressalte-se que o presidente Jair Bolsonaro afirmou, antes mesmo de eleger-se, que seu governo não demarcaria terras indígenas [8]. Bolsonaro é alvo de representação no Tribunal Penal Internacional pelos crimes de genocídio e contra humanidade por implementar políticas predatórias contra indígenas [veja aqui].anças [9]. Apesar disso, em 24/06, a CCJ aprova o texto base do PL [10], que converge com o avanço das políticas do governo federal direcionadas à exploração de atividades econômicas em áreas de proteção ambiental [veja aqui] e a alta recorde de pedidos de mineração em terras indígenas .

Leia análises acerca das mudanças com o projeto de lei e ouça o podcast tratando da relação do tema com os direitos indígenas.

22 jun 2021
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