Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo, Legislativo
Nível
Federal

Bolsonaro realiza vetos em lei sobre obrigatoriedade do uso de máscaras para contenção do coronavírus; presídios e estabelecimentos comerciais ficam isentos da obrigação

Tema(s)
Conflito de poderes, Distanciamento social, Prisões, Saúde
Medidas de emergência
Restrição a direitos fundamentais

Presidente Jair Bolsonaro realiza série de vetos na Lei 14.019/20 [1], que trata da obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços públicos e privados enquanto mecanismo de proteção e prevenção ao coronavírus. A lei estabelece, de modo geral, o uso obrigatório de máscaras em espaços públicos e privados abertos à circulação pública. Com os vetos realizados pelo presidente, as pessoas passam a ter liberdade para usar ou não máscaras em diversos estabelecimentos com finalidade industrial, comercial, educacional, religiosa, e outros incluindo locais fechados com reunião de pessoas. Bolsonaro apresenta como razões de veto a autonomia dos estados e municípios disporem sobre medidas de combate à pandemia – existindo inclusive decisão do STF nesse sentido a qual o presidente se opôs [veja aqui] [2]. Outro ponto de destaque é o veto ao uso obrigatório de máscaras nos presídios, o que na visão de especialistas só aumentaria a probabilidade de contágio por parte dos encarcerados. Até 06/07, o Departamento Penitenciário Nacional contabiliza 63 mortes e 5.022 casos decorrentes da covid-19 no território nacional, enquanto o CNJ fala em aumento de 800% dos casos em cerca de um mês [veja aqui]. Os testes realizados até o momento só alcançam 2,2% da população carcerária [3]. Os partidos políticos PDT [4] e PT [5] apresentam ações no Supremo Tribunal Federal contra os vetos presidenciais, sob argumentos de descumprimento de preceitos fundamentais no âmbito da saúde. Em 10/08, a Advocacia-Geral da União encaminha manifestação ao STF pela improcedência da ação e em defesa dos vetos presidenciais [6]. Em 19/08, o Congresso Nacional derruba série de vetos realizados pelo presidente Bolsonaro, como o que vetava o uso obrigatório de máscaras em escolas e ambientes comerciais, além do veto de distribuição gratuita de materiais de higiene para comunidades indígenas – Lei 14.021 [veja aqui]. Agora todas essas medidas se tornam obrigatórias [7]. Em 28/08, o STF também derruba os vetos presidenciais e decide pela obrigatoriedade do uso de máscara em locais públicos, escolas e comércios [8]. Em 12/02/21, o STF confirma a suspensão dos vetos que desobrigavam o uso de máscaras em prisões e à exigência da fixação de cartazes informativos em estabelecimentos [9].

Leia análise sobre possíveis desdobramentos dos vetos presidenciais.

02 jul 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Congresso Nacional aprova adiamento de eleições municipais, fato inédito desde a redemocratização

Tema(s)
Eleições
Medidas de emergência
Restrição a direitos fundamentais

O Congresso Nacional promulga emenda à Constituição [1] que adia as eleições municipais de outubro para novembro de 2020 em razão da pandemia de coronavírus [2]. A proposta foi aprovada no Senado em 23/06 [3] e na Câmara em 01/07 [4] [5], com amplas maiorias. Com a mudança, o primeiro turno das eleições passa de 04/10 para 15/11 e o eventual segundo turno, de 25/10 para 29/11, e outras datas do calendário eleitoral também são mudadas [6]. O assunto, porém, é controverso nas Casas Legislativas e parlamentares do chamado ‘centrão’ [7] se posicionam contra a proposta em razão de alegada falta de embasamento científico sobre o adiamento eleitoral com vistas ao controle pandêmico [8]. A discussão sobre o adiamento de eleições começou ainda em março, com o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta [veja aqui] afirmando a importância de se adiarem as eleições para enfrentar a covid-19 e evitar ‘ação política’ de candidatos e mandatários, o que foi criticado à época [9]. Naquele momento, surgiram também sugestões de adiamento do pleito para 2022 e prorrogação de mandatos [10]. Quando assumiu a presidência do Superior Tribunal Eleitoral (TSE), em maio, o ministro Luís Roberto Barroso impulsionou estudos sobre o assunto, relembrando a conexão histórica entre o adiamento de eleições e a ditadura militar brasileira e a importância de não haver a prorrogação de mandatos dos prefeitos atuais [11]. Ao redor do globo, levantamento de junho de 2020 já aponta o adiamento de eleições em ao menos 67 países [12].

Leia as análises sobre os interesses no adiamento das eleições, o que muda no calendário eleitoral e veja plataforma de monitoramento do adiamento de eleições – em inglês.

02 jul 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Vice-líder do governo na Câmara ataca ministro do STF por decisão em inquérito sobre fakenews

Tema(s)
Conflito de poderes
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ), um dos vice-líderes do governo Bolsonaro na Câmara, publica um vídeo em suas redes sociais atacando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes [1]. O parlamentar critica o ministro pela decisão que concedeu a liberdade provisória ao blogueiro Oswaldo Eustaquio, desaprovando, especificamente, a proibição do uso de redes sociais que foi imposta ao blogueiro [2]. Aliado ao governo, Eustaquio havia sido preso no final de junho no âmbito do inquérito sobre atos antidemocráticos, que investiga ataques aos poderes da República e foi instaurado após a realização de ato em abril pedindo o fechamento do Congresso Nacional [3] [veja aqui]. Diante das ofensas, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denuncia o deputado ao Supremo Tribunal Federal (STF) [4], pelos crimes de difamação, injúria e coação. Além disso, alguns dias depois, uma decisão judicial da 44ª Vara Cível de São Paulo determina a exclusão dos vídeos com os ataques [5]. Vale notar que, duas semanas antes, o presidente da República criticou operações da Polícia Federal contra aliados no inquérito de atos antidemocráticos, dizendo que não poderia ‘assistir calado’ a ‘direitos violados’ [veja aqui] – como também já havia feito em relação ao inquérito de fake news [veja aqui] e volta a fazer em agosto [veja aqui]. Em agosto, Otoni de Paula é afastado da vice-liderança do governo na Câmara [6].

06 jul 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Legislativo
Nível
Estadual

Deputados estaduais protestam contra o direito ao aborto legal de menina de 10 anos estuprada

Tema(s)
Gênero e orientação sexual, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias
Estado
Pernambuco

Deputados estaduais da bancada religiosa da Assembleia Legislativa de Pernambuco participam, ao lado de outros grupos religiosos, de protestos em frente a hospital em oposição ao procedimento de interrupção de gravidez de uma menina de dez anos vítima de violência sexual [1]. Os Parlamentares Joel da Harpa (PP-PE) e Clarissa Tércio (PSC-PE), que defendem a ideia de ‘vida desde a concepção’, reclamam que o médico do hospital não tenha autorizado suas entradas no edifício e classificam o procedimento como ‘ilegal’ e ‘obscuro’, comparando-o a um ‘homicídio’ [2]. O aborto é autorizado pelo Código Penal em três situações: violência sexual (estupro), risco à vida da gestante e anencefalia do feto; nesses casos, deve ser assegurado o acesso gratuito a serviços de saúde especializados [3]. A identidade da criança, seus dados médicos e as informações sobre o hospital são protegidos legalmente pelo segredo de justiça; no entanto, tais dados foram revelados na internet pela ativista radical Sara Giromini que estimulou manifestantes antiaborto a estarem no local [4]. Em reação à presença de grupos e parlamentares religiosos, ativistas da Frente Pernambuco pela Legalização do Aborto se organizam para proteger a entrada do hospital [5]. Profissionais de saúde confirmam que o procedimento foi apenas acompanhado pela avó da menina e por assistente social [6]. O caso se insere em contexto de retrocessos na seara dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres: em 2019 pesquisa revela que 43% dos hospitais cadastrados no Ministério da Saúde para realizar aborto legal se negam a fazê-lo [veja aqui], além disso, a ministra Damares Alves defende a vida ‘desde a concepção’ em discurso na ONU [veja aqui], denuncia revista por reportagem sobre aborto legal [veja aqui] e lança campanha que defende a abstinência sexual contra gravidez precoce [veja aqui]. Ao longo de 2020, o Itamaraty se abstém em votação de resolução que visa ao fortalecimento de direitos sexuais e reprodutivos [veja aqui] e realiza conferência anti-aborto [veja aqui].

Leia análises sobre os desafios enfrentados para a legalização do aborto, sobre os obstáculos enfrentados para efetivar o direito ao aborto legal, sobre o que diz a legislação brasileira em comparação com a normativa de outros países , e ouça podcast sobre suspeita de interferência ministra Damares Alves no caso.

16 ago 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Eduardo Bolsonaro diz que Jair Bolsonaro ‘tinha razão’ e Argentina foi destruída por ‘governo socialista’

Tema(s)
Posicionamento político, Relações internacionais
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Em postagem nas redes sociais, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) diz que está ocorrendo uma ‘calamidade’ na Argentina e que o país está sendo ‘destruído por seu governo socialista em poucos meses’. Em resposta, o presidente argentino, Alberto Fernández, afirma que não sabe por que ‘a família Bolsonaro está tão preocupada’ com ele [1]. No ano anterior, o presidente Jair Bolsonaro já havia criticado a vitória da chapa de esquerda no país vizinho, quando disse que os eleitores daquele país ‘escolheram mal’ [2], e ameaçado isolar a Argentina no Mercosul [veja aqui]. Com a pandemia do coronavírus, os países se distanciaram ainda mais, com o governo argentino atuando de forma muito diferente do brasileiro – defendendo as diretrizes da OMS, como, por exemplo, o isolamento social. [3]. A tensão entre os países ocorre nos campos comercial e ideológico [4]. Nesta segunda esfera, o presidente Bolsonaro já criticou, na ONU, governos de esquerda [veja aqui] e disse que pessoas de esquerda não devem ser tratadas como ‘normais’ [veja aqui]. Mesmo diante desses desencontros, o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Osvaldo Scioli, declara que o presidente Fernández quer encontro com Bolsonaro até o fim do ano [5].

Leia análise sobre a tensão diplomática entre Brasil e Argentina.

02 set 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo, Legislativo
Nível
Estadual

Deputados estaduais aprovam projeto, elaborado pelo governador Ratinho Júnior (PSD-PR), que poderá implementar até 200 escolas cívico-militares no estado do Paraná

Tema(s)
Educação, Militarização
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização
Estado
Paraná

Deputados estaduais aprovam projeto, elaborado pelo governador Ratinho Júnior (PSD-PR), que poderá implementar até 200 escolas cívico-militares no estado do Paraná [1]. O texto prevê um sistema de gestão das escolas compartilhado entre militares e civis e o desenvolvimento de atividades extracurriculares acompanhadas pela Secretaria de Estado da Segurança Pública [2]. Para implementação desse modelo, a Secretaria da Educação e do Esporte do Paraná (Seed-PR) deverá organizar consultas públicas com as comunidades dos colégios [3]. Nessas votações, os pais ou responsáveis por estudantes matriculados nas escolas devem optar por “sim” ou “não” para a militarização das instituições de ensino. Caso a atinja a maioria simples na votação de votantes, a gestão educacional dessa da escola passa a ser compartilhada entre um Diretor Militar e o um Diretor-geral, este civil [4]. Até novembro de 2020, foram realizadas 216 consultas em colégios do estado e o modelo cívico-militar foi aprovado por 186 [5]. O sindicato dos professores do estado, que é contra o projeto, elabora uma carta às mães, pais ou responsáveis, na qual denuncia que a militarização é autoritária, não considera a autonomia dos estudantes e a formação plural de cidadãos [6]. Após a realização das consultas, o sindicato divulga nota em que se manifesta não reconhecendo os resultados, pois, segundo a entidade, o procedimento contou com diversas ilegalidades, como a falta de debate e audiências públicas com a comunidade escolar [7]. Além disso, o sindicato questiona na Justiça a lei aprovada, bem como as consultas públicas que a sucederam, na justiça, pelo tendo em vista o programa contrariar os pilares da educação presentes na Constituição Federal [8]. O programa de implementação de escolas cívico-militares é uma das principais propostas do governo Bolsonaro para a educação [veja aqui]. Essas escolas possuem, em seu projeto pedagógico, cursos obrigatórios de ‘valores e atitudes’ e um manual rígido de comportamento [veja aqui]. Bolsonaro já criticou governadores que não se propuseram a aderir ao programa, afirmando que esses veem nas escolas um lugar para ‘formar militantes’ [veja aqui].

Leia análises sobre o modelo cívico-militar de escolas e sobre o avanço delas na rede particular de ensino

28 set 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Deputado requer investigação de youtuber, deputados da oposição e candidato a prefeito com base na Lei de Segurança Nacional

Tema(s)
Ditadura e memória, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

José Medeiros (Podemos-MT), deputado federal e policial [1], requer abertura de inquérito com base na Lei de Segurança Nacional (LSN) [2], lei vigente desde o período da ditadura militar, para investigar a conduta de Felipe Neto, Guilherme Boulos, Sâmia Bomfim e Glauber Braga; nesta data, os nomes de todos os citados são revelados [3]. O primeiro citado é um youtuber com posições contrárias ao governo, o segundo, atual candidato a prefeito do PSOL-SP e os dois últimos, deputados federais pelo PSOL-SP e RJ. O pedido [4] foi feito em 01/06/2020 ao procurador-geral da República, Augusto Aras e tem como causa a participação das figuras públicas em manifestação de caráter antifascista em São Paulo. Segundo os termos do pedido, a manifestação teria sido violenta: ‘iniciaram confrontos com os manifestantes pró-governo, agrediram cidadãos, depredaram patrimônio público, entraram em confronto com policiais e os agrediram, protagonizando cenas de barbárie na capital paulista’. Por essa razão, Medeiros defende a abertura de investigação por ‘incitação à subversão da ordem política ou social’ e ‘à luta com violência entre as classes sociais’, ambos crimes previstos pela LSN [5]. Em resposta, Neto afirma que, desde que começou a assumir postura crítica ao governo, ‘vem sendo alvo de uma criminosa campanha difamatória’ [6]. Boulos, por sua vez, enxerga no ataque fins eleitorais, em momento de proximidade com as às eleições paulistanas [7]. Já Bomfim diz estar tranquila, já que ‘manifestar-se é um direito e construir a luta antifascista é uma obrigação diante do governo Bolsonaro’ e Braga, por fim, critica a iniciativa intimidatória, ‘que usa a polícia como política para perseguir adversário’ [8]. Além disso, a Executiva Nacional do PSOL lançaou nota pública convidando apoiadores e lideranças a ‘construir uma ampla campanha nacional contra essa intimidação, em defesa da liberdade de expressão’ [9]. Em abril, o mesmo deputado já havia solicitado investigação contra Guilherme Boulos, além dos jornalistas Ricardo Noblat e deputado Túlio Gadelha (PDT-PE) por ações contra o presidente, também com base na LSN [10]. A LSN vem sendo usada com frequência no governo; só neste ano, ela já foi usada para intimidar servidores [veja aqui] e Gilmar Mendes, ministro do STF [veja aqui]. Além disso, inquéritos com base nela foram solicitados contra jornalistas e cartunista [veja aqui] [veja aqui], bem como interpelação ao jornal Folha de São Paulo [veja aqui]. Ano passado, ela foi enquadrada contra o ex-presidente Lula, em inquérito que já foi arquivado [veja aqui].

Leia análise sobre o uso recente da LSN

29 set 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Congresso Nacional aprova lei que cria cadastro nacional de pessoas condenadas pelo crime de estupro

Tema(s)
Proteção de dados, Segurança pública, Sistema penal e socioeducativo
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

Congresso Nacional aprova Lei [1], que é sancionada pelo presidente Bolsonaro no dia seguinte, e cria cadastro nacional de pessoas condenadas pelo crime de estupro [2]. A normativa determina a criação de um banco de dados que conterá informações como características físicas, impressão digital, perfil genético, bem como fotos dos locais de moradia e trabalho dos condenados [3]. A lei não deixa claro se o cadastro será de acesso público, mas prevê a possibilidade de estados e municípios terem acesso às informações [4]. A criação e manutenção da base de dados ocorrerá através de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública [5]. Especialistas criticam a lei ao apontarem riscos de ofensa a direitos fundamentais e incentivo ao ‘vigilantismo’ estatal: ‘o Brasil criou o cadastro de pessoas condenadas por crimes de estupro sem especificar se a condenação após a decisão final e sem possibilidade de apresentação de recursos, se valerá somente para estupro ou estupro de vulnerável, quanto tempo ficará o cadastro e se o fornecimento do material genético é obrigatório’ [6]. Outra crítica apontada é de que a lei não apresenta inovações no ordenamento jurídico nacional, por já existir no país o Banco Nacional de Identificação Genética – utilizado no monitoramento de condenados, e o estupro já ser considerado um crime hediondo – que tem sua pena elevada por conta dessa natureza [7]. Em outras oportunidades, decretos permitiram o governo a compartilhar dados pessoais sigilosos sem autorização dos cidadãos [veja aqui], e entre órgãos do próprio governo federal [veja aqui].

Leia análise sobre os pontos positivos e negativos na criação de um cadastro nacional de condenados pelo crime de estupro.

01 out 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo, Legislativo
Nível
Federal

Ministério da Economia requer retirada de mais de 90% dos recursos previstos ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, solicitação é aprovada no Congresso

Tema(s)
Ciência, Orçamento
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O Ministério da Economia anuncia corte de 92% da verba destinada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI) [1]. O argumento utilizado pelo Ministério da Economia é de que os recursos não estão sendo utilizados [2]. O orçamento previsto era de R$ 690 milhões, e com o corte passou para R$55 milhões (8% do total inicial) [3]. O valor retirado do MCTI é destinados a outros ministérios, como o Ministério do Desenvolvimento Regional, e a Defesa Civil [4]. Instituições ligadas à pesquisa, à ciência e à tecnologia no Brasil criticaram o remanejamento de recursos que, na prática, quase extinguiu o orçamento deste ano para o setor [5]. Segundo as entidades, o projeto prejudica o desenvolvimento do país e impede iniciativas de pesquisa, como as financiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) [6]. O ministro Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, diz ter sido ‘pego de surpresa’ com o corte do governo em verbas para a pasta, mas afirma que o Planalto prometeu repor os valores [7]. Contudo, o Congresso aprovou o corte de R$ 600 mi da Ciência a pedido do Ministério da Economia em 07/10/2021. Vale lembrar que em abril deste ano o presidente Jair Bolsonaro sancionou lei orçamentária que paralisa R$5 bilhões destinados ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) [veja aqui].Orçamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) é o menor do século XXI [veja aqui].

Leia sobre a redução orçamentária realizada pelo governo federal na area da ciência e tecnologia.

06 out 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Líder do governo na Câmara diz que Constituição deixa país ‘ingovernável’ e sugere plebiscito para nova constituinte

Tema(s)
Conflito de poderes, Ditadura e memória
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Após a aprovação via plebiscito para elaboração de nova Consituição ao Chile, cuja carta data da ditadura de Pinochet [1], Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados, diz que enviará projeto para realizar plebiscito sobre possibilidade de elaboração de nova Constituição [2]. Segundo ele, a Constituição Federal de 1988 torna o Brasil ‘ingovernável’, desequilibra a separação de poderes poderes e traz muitos direitos e poucos deveres [3]. Barros diz já ter texto pronto de decreto legislativo e que sua intenção inicial era que o plebiscito acontecesse durante as eleições municipais deste ano para, em 2022, instaurar uma Assembleia Constituinte [4]. Por falta de apoio, ele alega não ter conseguido por sua ideia em prática anteriormente, mas que agora teria o suporte de outras lideranças políticas [5]. Em reação, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) emite parecer defendendo ser inconstitucional a realização de plebiscito para esse fim e sustenta que a proposta se mostra ‘inteiramente descabida e desconectada da nossa história constitucional e das reais necessidades do país no momento’ [6]. A OAB complementa no sentido de não ser possível comparar as experiências brasileira e chilena, pois enquanto a primeira teve uma nova Constituição (1988) elaborada após o fim da ditadura militar e transição para o regime democrático, o Chille manteria vigente a Constituição herdada do período militar [7]. A fala de Barros também sofreu críticas da Frente Associativa da Magistratura e do Ministério Público (Frentas) [8], do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) [9], de políticos da oposição [10], e entidades da sociedade civil [11], que endossaram os argumentos apresentados pela OAB. O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirma que a ideia de uma nova Assembleia Constituinte ‘não está na pauta do governo’ [12] e Barros, na sequência, diz que ‘errou’ ao não consultar a posição do governo Bolsonaro sobre a ideia do plebiscito [13].

Leia análise crítica às declarações de Barros, entenda o contexto político-jurídico da nova constituinte chilena e as diferenças para a realidade brasileira, e leia na íntegra o parecer da OAB em desfavor do plebiscito

26 out 2020
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