Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Presidente da Câmara dos Deputados determina que o espaço destinado à imprensa na CD mude de lugar, dificultando abordagem da imprensa

Tema(s)
Imprensa, Transparência
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O presidente da Câmara dos Deputados (CD), Arthur Lira (PP-AL), determina que o espaço destinado à imprensa na Câmara mude de lugar, dificultando sua abordagem [1]. A área atualmente utilizada por jornalistas segue o projeto do arquiteto Oscar Niemeyer e conta com a capacidade de abrigar cerca de 46 jornalistas, bem como cabines de imprensa [2]. Com a mudança, Lira poderá evitar abordagens de repórteres, pois contará com acesso direto ao plenário – anteriormente, era necessário que o presidente da Casa passasse pela área de circulação de jornalistas, o que propiciava espaço para questionamentos sobre votações ou decisões [3]. A mudança é criticada por parlamentares [4]: o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) afirma que ‘a presença ostensiva da imprensa se justifica para permitir ao povo a mais absoluta transparência sobre todos os assuntos da Câmara’ [5]; o deputado Fábio Trad (PSD-MS) diz que ‘a sala de imprensa que fica ao lado do plenário (…) simboliza a certeza de que a Câmara não teme’ [6]. Arquitetos também criticam a decisão e afirmam que a mudança contraria a essência do que foi pensado por Niemeyer ao conceber o projeto do prédio e que é simbólico que uma das primeiras medidas do novo presidente seja afastar a imprensa [7]. Inicialmente, o novo espaço destinado aos jornalistas é uma sala menor, que não conta com janelas, condição que facilita a propagação do coronavírus [8]. Diante das críticas, Lira mantém a mudança, entretanto, determina que a transferência seja para sala de mesmo tamanho e com janelas [9]. O novo presidente da CD foi eleito com o apoio de Bolsonaro [10], que se aliou ao líder do ‘centrão’ após críticas ao ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) [veja aqui] [veja aqui]. A primeira medida de Lira, ao tomar posse, foi a diminuição do espaço de partidos opositores na cúpula da Casa [veja aqui].

Leia análise sobre o perfil de Arthur Lira, o novo presidente da Câmara

09 fev 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Deputado publica vídeo com ataques a ministros do STF

Tema(s)
Conflito de poderes, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos
Estado
Rio de Janeiro

O deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) publica vídeo em que ataca ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e exalta o Ato Institucional n.5 (AI-5) – instrumento normativo que marca o momento de repressão mais duro da ditadura militar, autorizando a cassação de direitos políticos e suspendendo o habeas corpus – [1] [2]. No vídeo, Silveira desfere xingamentos e ameaças aos magistrados, acusa-os de venderem sentenças, diz também que deveriam ser destituídos de seus cargos para a nomeação de ’11 novos ministros’ [3]. O deputado também interpela os ministro Edson Fachin, questionando se o mesmo lembra do AI-5 ‘aquele que cassou 3 ministros da Suprema Corte’ [4]. Em reação, Fachin classifica as declarações como intoleráveis e alerta para atentado contra a ordem constitucional [5]. O Executiva nacional do PSL, partido de Daniel Silveira, repudiou as declarações do deputado e se reuniu para discutir a expulsão do deputado [6]. No mesmo dia, o deputado tem sua prisão decretada e referendada pelo STF e pela Câmara dos deputados [veja aqui]. Ainda preso, no Batalhão Especial Prisional (BEP) em Niterói (RJ), o deputado discursa via vídeo conferência em sessão na Câmara dos Deputados, que analisa se a prisão será mantida [7]. Daniel afirma ter se ‘excedido’, pede ‘desculpas a qualquer brasileiro que tenha se insultado’ com sua publicação e defende sua prerrogativa de foro privilegiado [8]. Vale lembrar que o deputado ganhou visibilidade em 2018 ao quebrar uma placa em homenagem a vereadora brutalmente assassinada, Marielle Franco, durante um comício [9], No mesmo ano, Silveira usou suas redes sociais para fazer ameaças a manifestantes contrários ao governo Bolsonaro [10]. Após a prisão do deputado, a plataforma Youtube retirou do ar o vídeo em questão alegando ‘violação da política relativa a assédio e bullying’ [11]. Apesar das reações em repúdio ao vídeo, o Clube Militar Divulgou nota com ‘reflexões’ sobre a prisão de Daniel Silveira alegando que ‘grande parte da população’, de fato, tem saudades do regime militar (1964- 1985) [12].

Leia análise sobre os limites da liberdade de expressão em discursos extremistas e ensaio que aponta a existência de outros atos antidemocráticos que foram ignorados pelo STF

16 fev 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Conselho de Ética da Câmara dos Deputados arquiva representação contra Eduardo Bolsonaro por ofensas a opositora política

Tema(s)
Gênero e orientação sexual, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O Conselho de Ética da Câmara do Deputados arquiva processo contra Eduardo Bolsonaro por ofensas dirigidas a Joice Hasselmann em 2019 [veja aqui]. O Deputado é denunciado ao Conselho por responder à uma postagem de Hasselmann nas redes sociais com a frase ‘#DeixeDeSeguirAPepa’. Dos 16 parlamentares presentes na sessão, 12 seguiram o parecer do relator do caso, o deputado Eduardo Costa (PTB-BA), votando a favor do arquivamento, três deputados votaram contra [1]. No parecer, Costa afirma que muitas das postagens atribuídas a Eduardo Bolsonaro na verdade ‘não eram feitas’ por ele – se referindo a outra mensagem ofensiva onde Eduardo expôs montagem do rosto de Hasselmann estampada em uma nota de 3 reais – e que em nenhuma das publicações feitas nas redes sociais Eduardo Bolsonaro extrapolou as prerrogativas de seu mandato parlamentar [2]. Segundo a análise de especialistas os ataques a deputada Joice Hasselmann expõem uma grave situação vivida cotidianamente por mulheres parlamentares, a violência politica de gênero [3]. Este tipo de violência é ‘sofrida por mulheres pelo simples fato de estarem na política’ [4]. A violência política de gênero responde a invalidação das opiniões de mulheres parlamentares justificadas por críticas que nada tem a ver com politica, mas sim com suas aparências e/ou personalidade [veja aqui].

Leia análise sobre a violência política de gênero no Brasil

24 fev 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Funai e Ibama facilitam produção agrícola em terras indígenas

Tema(s)
Povos indígenas, Regularização de Terras
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

O Instituto Brasileiro de meio Ambiente (Ibama) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) editam instrução normativa [1] permitindo a exploração agrícola em terras indígenas. O documento abre espaço para que não indígenas explorem terras indígenas [2]. De acordo com a nova regra, apenas o ‘arrendamento puro e simples’, ou seja, aluguel da terra indígena para produtores externos, fica proibido [3]. O secretário adjunto do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cleber César Buzatto, considera a decisão do Ibama e da Funai como ‘uma armadilha do governo Bolsonaro contra os povos indígenas do Brasil’, pois permite o avanço do agronegócio dentro de terras indígenas contribuindo assim para o estabelecimento de um ‘modelo exploratório insustentável ambiental e socialmente’ [4]. Horas depois da divulgação da instrução normativa, o deputado federal, Rodrigo Agostinho (PSB-SP), protocola na Câmara decreto pedindo sua suspensão, argumentando que a normativa ataca o direito fundamental estabelecido pela Constituição que garante a exclusividade da exploração de terras tradicionais por povos indígenas [5]. As antigas normas de proibição já não impediam que as terras indígenas fossem negociadas para o agronegócio em diversas regiões do país e, segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), com as novas diretrizes estabelecidas pela Funai e pelo Ibama, abrem-se ainda mais brechas para a situação se agravar [6]. Pelo menos 22 territórios com o total de 31 hectares (equivalente a mais de cinco vezes o tamanho do Distrito Federal) possuem arrendamentos ilegais para produtores rurais; dos estados mais afetados pela exploração ilícita destacam-se Rio Grande do Sul, Paraná e Tocantins [7].

Leia a reportagem sobre a inconstitucionalidade da exploração de terras indígenas por produtores rurais

24 fev 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Procuradoria da Câmara dos Deputados requer prisão de apresentador com base na Lei de Segurança Nacional, por comentário no Twitter

Tema(s)
Ditadura e memória, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

A Procuradoria Parlamentar da Câmara dos Deputados ajuíza ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra um tweet do apresentador Danilo Gentili [1]. Em uma publicação, Danilo afirma: ‘Eu só acreditaria que esse país tem jeito (…), se a população entrasse agora na Câmara e socasse todo deputado que está nesse momento discutindo a PEC de imunidade parlamentar (…)’ [2]. A PEC restringe as possibilidades de prisões de deputados e abranda a Lei da Ficha Limpa, a proposta não teve êxito entre os parlamentares e foi retirada da pauta na Câmara dos Deputados [3]. A ação ajuizada contra Gentili pede que ele seja preso em flagrante, com base na Lei de Segurança Nacional, já que a Câmara afirma que o tweet do apresentador promove discurso de ódio contra deputados [4]. Após a repercussão do caso, Danilo apagou a postagem e se retratou por meio de um tweet, no qual declara: ‘Eu fiz um tweet que foi alvo de justas críticas por alguns deputados. Quem me segue sabe que sempre defendi as instituições (…)’ [5]. A LSN é uma herança ditatorial que vem sendo usada com frequência pelo governo de Jair Bolsonaro; o número de procedimentos abertos baseados no texto aumentou 285% nos dois primeiros anos do governo atual [6]. A utilização da lei para silenciar críticas ao governo já incidiu sobre o influenciador Felipe Neto [veja aqui], o político Guilherme Boulos [veja aqui] e até sobre o ministro do STF Gilmar Mendes [veja aqui]. A Advocacia-Geral da União também já se manifestou a favor do uso da LSN pelo governo de Jair Bolsonaro [veja aqui]. Em 20/04, a Câmara dos Deputados aprova o requerimento que torna de urgência o projeto que visa substituir a Lei de Segurança Nacional pela Lei do Estado Democrático de Direito [7].

Leia sobre como a escalada de casos baseados na LSN pode indicar abusos e cerceamento de liberdades. Ouça sobre o contexto no qual a LSN foi criada durante a Ditadura Militar e as suas inconsistências.

02 mar 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Eduardo Bolsonaro usa tom agressivo ao rechaçar o uso de máscaras

Tema(s)
Informação, Negacionismo, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ataca a imprensa por recomendar o uso de máscara contra a covid-19, em vídeo publicado em seu perfil nas redes sociais [1]. Eduardo diz que é ‘uma pena, essa imprensa mequetrefe que a gente tem aqui no Brasil fique dando conta de cobrir apenas a máscara’ [2] e completa, ‘enfia [a máscara] no rabo gente , porra! A gente está lá trabalhando, ralando’ [3]. A declaração foi dada enquanto o deputado comentava sua viagem à Israel junto com comitiva brasileira para conhecer um spray contra a covid-19, ainda em fase inicial de testes [4] [veja aqui]. O spray desenvolvido em Israel não tem eficácia científica comprovada nem aprovação de agências de vigilância sanitárias para o uso [5]. O medicamento israelense é mais um candidato a integrar a lista brasileira de fármacos contra o coronavírus, que vem sendo defendidos pelo governo federal mesmo sem eficácia científica comprovada, em detrimento das vacinas [6]. Os comentários do filho do presidente Jair Bolsonaro vão ao encontro às declarações do pai que também já havia criticado o uso de equipamentos de proteção contra a covid-19, destacando o que seriam ‘efeitos colaterais do uso de máscaras’, sem especificar quais eram [7]. No ano passado, Bolsonaro vetou diversos pontos da lei que estabelece a obrigatoriedade de máscaras em espaços públicos e privados [veja aqui], barrou a compra de vacinas [veja aqui], estimulou aglomerações e desencorajou a população a adotar medidas de controle sanitário [veja aqui].

11 mar 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Em discurso de despedida de cargo, Eduardo Bolsonaro elogia líderes mundiais autoritários

Tema(s)
Imprensa, Relações internacionais
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

Deputado federal Eduardo Boslonaro (PSL- SP) enaltece chefes de estado autoritários em discurso de despedida da presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados [1]. Ele agradece ao príncipe saudita Mohammed Bin Salman, responsável por reprimir dissidentes de seu governo e apontado como mandante do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi [2], e ao premiê da Hungria Viktor Orbán, que apoia a pena de morte em seu país [3] e vem reprimindo a imprensa local [4]. Eduardo ressalta o apoio do príncipe saudita em acordo de 2019 que geraria investimento, pelo governo saudita, de até 10 bilhões de reais no Brasil [5]. Além do premiê Orbán, Eduardo reverencia também o chanceler húngaro Péter Szijjártó – ambos muito criticados na Europa pela política de ultra direita que vem reprimindo duramente a liberdade de imprensa na Hungria – afirmando ter sido muito bem recebido no país que para ele é ‘referência em várias áreas’ [6]. Eduardo também reafirma seu alinhamento com a política externa praticada por Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, e diz que esta ‘rompeu com vícios e atrasos’ e tem sofrido uma ‘campanha sórdida (…) por aqueles que se proclamam democráticos’ [7]. O sucessor de Eduardo na presidência da Comissão de Relações Exteriores é o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), eleito com 25 votos a favor e seis contrários [8]. Ao assumir o cargo, Aécio diz que fará uma politica internacional contraria a de Eduardo Bolsonaro, defendendo o multilateralismo, defesa dos direitos humanos, meio ambiente e o enfrentamento da pandemia que vem prejudicando em especial o Brasil [9]. Durante o tempo em que esteve a frente da comissão, Eduardo criticou a atuação do governo chinês na pandemia da covid-19, o que gerou embates diplomáticos envolvendo os dois países [veja aqui]. Araújo, por sua vez, afasta o Brasil de diversos compromissos internacionais, como de declaração da ONU que assegura os direitos reprodutivos de mulheres [veja aqui], e já deu diversas declarações controversas, como a de que combaterá o ‘narco-socialismo’ [veja aqui].

12 mar 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Deputada federal assume a presidência da Comissão do Meio Ambiente na Câmara dos Deputados, a despeito de ter dito no passado que a ‘Amazônia nunca queimou tão pouco’, em meio a crise ambiental de 2019

Tema(s)
Meio Ambiente, Negacionismo
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional

A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) é eleita presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, a despeito de não ter experiência na área [1]. Zambelli, escolhida por 10 votos a favor e 6 votos em branco, assume o lugar de Rodrigo Agostinho (PSB-SP), reconhecido pela defesa da pauta ambiental [2]. A deputada afirma que vai trabalhar em ‘consonância’ com a Comissão de Agricultura, conciliando as ‘diferentes visões de mundo’, que têm norteado as duas pastas [3]. Zambelli defende o Brasil como um dos países mais avançados na legislação ambiental, sendo responsável por menos de 3% da emissão de gás carbônico no mundo, o fortalecimento ‘das ações de combate e controle ao desmatamento ilegal’ como foco de sua gestão e ainda aponta que abrirá espaço para a regularização fundiária na Amazônia [4], o que é pauta cara ao governo Bolsonaro [veja aqui]. A nova presidente da Comissão de Meio Ambiente diz que a imagem negligente do governo em relação ao meio ambiente é uma ‘narrativa construída pela esquerda’ e que vai questionar as ONGs que atuam na proteção ambiental da Amazônia sobre ‘como usam o dinheiro‘ [5]. Especialistas destacam que a escolha de Carla Zambelli para a presidência da Comissão de Meio Ambiente reforça a tendência do governo em fazer muito pouco frente às demandas ambientais [6]. O Brasil encerrou 2020 com o maior número de focos de queimadas em uma década, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) [7]. Neste ano, o ritmo do desmatamento aumentou nos meses de janeiro e fevereiro e está 40% maior do que no mesmo período do ano passado [8]. Em 2019, Zambelli havia dito ue a ‘Amazônia nunca queimou tão pouco’, durante o auge da crise ambiental [9] – com quase 100 mil focos de incêndios registrados no país, 50% só na Amazônia [10] – e acusou ONGs de colocarem fogo na Amazônia para criminalizar o governo Bolsonaro [11] [veja aqui]. O próprio presidente já culpou ONGs pelos incêndios na Amazônia em diversas ocasiões [veja aqui], bem como o ministro do Meio Ambiente as acusou de ter provocado vazamento de óleo predatório ao ecossistema marinho do nordeste [veja aqui]. Bem como Zambelli, aliada do presidente, a deputada Bia Kicis foi eleita para comissão da Câmara [veja aqui].

12 mar 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Congresso derruba veto presidencial, após a própria recomendação do presidente, e perdoa dívida de igrejas

Tema(s)
Administração, Equilíbrio Fiscal, Religião
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O Congresso Nacional derruba veto presidencial e perdoa dívidas bilionárias de Igrejas, após o próprio presidente Jair Bolsonaro ter recomendado derrubada de seu veto [1]. Na Câmara, o placar para a derrubada do veto é de 439 a 19 e no Senado, 73 parlamentares votaram para o perdão, apenas o senador Romério (Podemos-RJ) votou contra [2]. A proposta que beneficia entidades religiosas é do deputado David Soares (DEM-SP) [3], fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus, que está entre as principais devedoras frente à União [4]. A lei aprovada [5] remove templos da lista de pessoas jurídicas consideradas pagadoras do tributo, sob justificativa de que a Constituição Federal dá proteção tributária às igrejas [6]. Na Receita Federal, as dívidas de igrejas chegam a 1 bilhão, e na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional(PGFN) foram registrados R$462 milhões em dívidas [7]. O perdão à dívidas de entidades religiosas havia sido vetado por Bolsonaro em setembro do ano passado, orientado pela equipe econômica e temendo não cumprir com as leis orçamentárias, porém, na ocasião, ele mesmo sugeriu que o Congresso votasse contra a sua própria decisão: ‘se fosse senador ou deputado, votaria pela derrubada’, disse o presidente [8]. O veto é criticado pela equipe econômica do governo pelo grande volume de impostos que deixam de ser arrecadados pelo governo federal [9]. O Tribunal de Contas da União (TCU) tem feito alertas sobre a necessidade de mensurar o impacto econômico das medidas aprovadas pelo Congresso, já que tais medidas podem contribuir para configurar irregularidade orçamentária nas contas do governo federal [10].

Leia sobre como funcionam os vetos presidenciais, veja infográfico a respeito e entenda os recordes de derrubada de vetos no governo Bolsonaro.

17 mar 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ameaça sanção a quem chamar o presidente de genocida, durante sessão colegiada

Tema(s)
Conflito de poderes, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a deputada Bia Kicis (PSL-DF), ameaça de sanção a oposição por chamar o presidente Jair Bolsonaro de ‘genocida’, durante sessão do colegiado [1]. Kicis adverte verbalmente o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) por considerar que o uso da palavra ‘genocida’ atribuída ao chamar o presidente da República, possa configurar ato calunioso e injúria [2]. Teixeira, no entanto, questiona a intervenção da presidente da CCJ e diz se tratar de cerceamento do seu direito de manifestação, além de acusar Kicis a usar do cargo para defender posição política [3]. A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) também se posiciona contra a ameaça, e diz que Bia é presidente da CCJ e não advogada de Bolsonaro [4]. Em outra sessão, a presidente da comissão mandou retirar dos registros a palavra genocida por entender novamente que a vinculação ao nome de Bolsonaro seria crime de injuria [5]. A nomeação de Kicis para presidir a CCJ foi bastante criticada pela oposição e por aliados de governo [veja aqui], visto que a deputada é investigada pelo Supremo Tribunal Federal no inquérito das fake news [veja aqui] e já se mostrou favorável a intervenção militar em caso de conflito entre poderes [veja aqui]. A alcunha ‘Bolsonaro genocida’ vem sendo utilizada com frequência por críticos ao governo, e já foi motivo de intimações [veja aqui] e investigações pela Polícia Federal [veja aqui]. Juristas afirmam que não há crime em chamar Bolsonaro de ‘genocida’ porque faz parte do direito de criticar dos cidadãos [6].

Leia sobre quem é Bia Kicis e entenda os problemas de produtividade que a CCJ está enfrentando sob sua presidência.

24 mar 2021
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