Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Ministério Público
Nível
Estadual

MP-RJ extingue Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública e outros grupos de atuação especializada

Tema(s)
Conflito de poderes, Segurança pública
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização
Estado
Rio de Janeiro

O procurador-geral da justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), Luciano Mattos, reestrutura o órgão e extingue o Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (GAESP) [1]. O GAESP, criado em 2015, é responsável por prevenir, investigar e responsabilizar crimes de abuso e violência policial [2], além de fiscalizar o cumprimento da liminar do Supremo Tribunal Federal que proíbe ações policiais nas comunidades do RJ durante a pandemia [veja aqui]. Desde janeiro, o órgão estava sem coordenação e com apenas dois promotores em exercício; antes do anúncio de sua extinção, os casos sob responsabilidade do GAESP foram devolvidos às promotorias originais [3]. Em seu lugar, uma das novas áreas criadas é a Coordenadoria-geral de Segurança Pública, focada na criação de diretrizes para a investigação criminal importantes para a segurança pública [4]. O Grupo de Atuação Especializada e Combate à Corrupção (Gaecc) também é extinto e suas funções serão incorporadas em um novo departamento dentro do Grupo de Atuação Especializada e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o qual continuará a existir por se tratar de um grupo presente em boa parte dos MPs do Brasil [5] [veja aqui]. Em 11/04, dando continuidade ao processo de reestruturação, o MP-RJ extingue o Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente (GAEMA) responsável pela prevenção e repressão de crimes ambientais [veja aqui]. Em 16/05, a organização internacional Human Rights Watch (HRW) publica carta aberta para Luciano Mattos pedindo a recriação da GAESP, pois a sua dissolução enfraquece ‘consideravelmente o controle externo da polícia pelo MP’ [6]. A diretora da HRW Brasil, diz que os abusos policiais são um grave problema no RJ devido à ‘impunidade generalizada’ [7]. Estudo do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostra que a Polícia do Estado do Rio mata, em média, 873 pessoas por ano em conflitos armados [8]. Em 06/05, operação ilegal realizada na comunidade do Jacarezinho matou 28 pessoas e foram cometidos uma série de abusos policiais, sendo esta a maior chacina da história do Estado [veja aqui].

Leia a carta da HRW solicitando a recriação da GAESP e a análise sobre a implicações de sua extinção.

04 mar 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Ministério Público
Nível
Federal

PF sugere inércia de PGR em atos antidemocráticos

Tema(s)
Conflito de poderes, Segurança pública
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Polícia Federal (PF) aponta falta de iniciativa da Procuradoria Geral da República (PGR) em investigar inquérito sobre atos antidemocráticos [veja aqui] [veja aqui] cometidos por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro [1]. As alegações da PF ocorrem em razão da PGR ter se manifestado contra o pedido feito pela PF para realização de busca e apreensão na casa do então secretário de Comunicação do governo federal, Fabio Wajngarten [2]. A PF sugere que a procuradoria não foi coerente ao negar o pedido e que existe ‘ausência do ímpeto’ que foi visto no início das investigações [3]. Os argumentos da PF se baseiam no fato da PGR já ter solicitado procedimentos de busca e apreensão na casa de jornalistas, deputados e demais apoiadores do governo, de modo que a negativa de realizar o mesmo tipo de medida em relação à Wajngarten também afirma que as ações policiais se aproximam de pessoas próximas da presidência da república [4]. Outro argumento apontado como indicativo de mudança do comportamento da PGR é o de que no início da apuração das denúncias a PGR chegou a pedir a realização de quebras de sigilo fiscal e bancário de deputados e de integrantes dos canais que supostamente disseminaram conteúdo antidemocrático para obter lucro, solicitando também relatórios de monetização- arrecadação financeira com base na audiência de vídeos- de contas no YouTube [5] [veja aqui]. Contudo, nos últimos meses das investigações, a PF aponta que a PGR tem assistido passivamente o trabalho policial e que e desde do ano passado não solicita novas providências nas investigações [6]. Especialistas que acompanham o caso reiteram as alegações da PF e dizem que a PGR abandonou o inquérito dos atos antidemocráticos, não participando de nenhum dos mais de 30 depoimentos ocorridos incluindo aqueles prestados pelos filhos e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro [7]. Vale notar que o atual PGR, Augusto Aras, sofre críticas desde 2019 por apresentar posicionamentos alinhados ao presidente [veja aqui], que levantamento de 2020 apontou ao menos 30 manifestações de Aras que estavam em conformidade com interesses pessoais de Bolsonaro [veja aqui], e que o presidente já cogitou indicar o procurador geral a uma vaga para o Supremo Tribunal Federal [veja aqui].

Entenda os últimos andamentos do inquérito dos atos anti-democráticos

06 mar 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Ministério Público
Nível
Federal

PGR encaminha ofícios a governadores sobre uso de verba

Tema(s)
Administração, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

A subprocuradora-geral da República, Lindôra Maria Araújo, aliada de Augusto Aras, procurador-geral da República, encaminha dois ofícios [1] [2] aos estados solicitando elucidações acerca das explicações sobre as verbas estaduais destinadas ao combate da pandemia [3]. O primeiro ofício foi encaminhado nesta data e, em 16/04, a subprocuradora encaminha segundo ofício solicitando informações complementares, reafirmando falas de Bolsonaro sobre o mau uso de verbas dos governadores durante a pandemia [4]. O segundo ofício é encaminhado logo após a instauração da CPI da covid-19 [5], criticada por Bolsonaro, que sugeriu que esta deveria investigar também as condutas de governadores e prefeitos durante a pandemia [veja aqui] [6] [7]. Os ofícios encaminhados por Lindôra Araújo seguem o discurso de Bolsonaro contra os governadores e abrem espaço para novos ataques [8]. Segundo apuração da imprensa, a subprocuradora solicita ‘informações completas’ sobre as verbas federais e estaduais utilizadas na construção de hospitais de campanha, incluindo especificação de valores repassados pela União aos Estados e a quantia redistribuída aos municípios [9]. Após o envio dos ofícios, em 21/04, a PGR divulga nota informando que não houve interferência de Augusto Aras nos ofícios [10]. Apesar disso, Lindora Araújo é conhecida por ser ‘o braço direito’ de Aras [11]. O governador do Piauí, Wellington Dias, reagiu aos ofícios, dizendo que, em parte, o colapso do sistema de saúde se deu também ‘pela ausência da coordenação central, do governo federal, que foi avisado [a respeito do colapso no sistema de saúde] e não ajudou na contenção’ [12]. Além das reações do governador do Piauí, os nove governadores do Nordeste assinaram uma reclamação para a Corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público, visando à abertura de processo disciplinar contra a subprocuradora Lindôra Araújo, sob a argumentação de que a mesma ‘exteriorizou convicção prévia sobre a culpabilidade dos Chefes do Executivo estaduais (…) no combate à pandemia’ [13]. Segundo os governadores, Lindôra seria suspeita pois ‘apresenta perfeito alinhamento (…) com as declarações do presidente Jair Bolsonaro’ [14] [15]. Durante o agravamento da pandemia, o governo Bolsonaro foi acusado de reduzir verbas destinadas aos leitos de UTI [veja aqui] [16] [17]. Em junho do ano passado, Lindôra também fez visita atípica à Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba e gerou demissões coletivas [veja aqui]. Além disso, o MPF de Goiás já requisitou informações da Sociedade Brasileira de Infectologia sobre protocolos sobre covid-19, questionando recomendações que se alinham a protocolos sanitários reconhecidos [veja aqui]. O MPF do Rio Grande do Sul também instaurou inquérito civil para coletar informações sobre a condução de estudo realizado por 70 pesquisadores da Fiocruz, UEA e USP sobre a eficácia da cloroquina [veja aqui]. Em maio, procuradores do MPF no Piauí ajuizaram ação civil pública para que o poder público fosse obrigado a disponibilizar hidroxicloroquina na rede pública de saúde daquele estado [veja aqui].

Leia análises sobre a estratégia de Bolsonaro junto à PGR e sobre a influência do presidente em tal instituição.

16 mar 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Ministério Público
Nível
Estadual

Ministério Público do Rio de Janeiro extingue Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente

Tema(s)
Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização
Estado
Rio de Janeiro

Ministério Público (MP) do estado do Rio de Janeiro (RJ) promove reestruturação e extingue o Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente (GAEMA) [1], por meio de resolução publicada nesta data [2]. O GAEMA é um órgão consolidado na defesa do meio ambiente no estado do RJ, e atuava conjuntamente com o MPRJ desde o ano de 2012 na prevenção e repressão de crimes ambientais [3]. Mais recentemente, a força tarefa fazia o acompanhamento dos problemas relacionados a concentração da geosmina no processo de abastecimento de água da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) [4]. O grupo atuou também na capital do RJ no gerenciamento do impacto da mobilidade urbana em obras de interesse público, na fiscalização para a preservação da Mata Atlântica e das bacias hidrográficas na Baía de Guanabara e em outros casos envolvendo áreas de proteção ambiental [5]. Segundo MPRJ, a mudança, que extinguiu a maioria dos grupos especializados, tem o intuito de ‘aperfeiçoar a atuação do Ministério Público’ e que a instituição continuará atuando na área de meio ambiente sem qualquer prejuízo [6].

11 abr 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Ministério Público
Nível
Federal

PGR recusa investigar Bolsonaro pelos cheques entregues a sua esposa, no valor de R$ 89 mil, o que é confirmado por ministro do STF

Tema(s)
Informação, Transparência
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Augusto Aras, Procurador Geral da República (PGR), rejeita abertura de inquérito contra o presidente Jair Bolsonaro, por conta de cheques de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador e filho do presidente Flávio Bolsonaro (Republicano–RJ), depositados na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro [1]. A decisão de Aras ocorre em ação proposta pelo advogado, Ricardo Bretanha Schmidt, que pede pela investigação de possível envolvimento do presidente nas transações entre Queiroz e Michelle [2]. Segundo Aras, não existe ‘lastro probatório mínimo’ para a abertura de investigação contra o presidente [3]. O PGR ainda diz que a investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro, que apura as relações entre Flavio Bolsonaro e Queiroz, não apontam nenhum indício de crime por parte de Jair Bolsonaro [4]. Esta não é a primeira vez que Aras toma decisões que beneficiam interesses da família Bolsonaro, levantamento demonstrou que, durante um ano de atuação, o PRG realizou 30 manifestações alinhadas a posicionamentos do presidente [veja aqui]. A decisão de Aras foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) e em 13/05 o relator, ministro Marco Aurélio, atende ao pedido do PGR, para arquivar a investigação [5]. Fabrício Queiroz é amigo da família Bolsonaro há mais de 20 anos [6], e atualmente é investigado por envolvimento em organização criminosa de desvio e lavagem de dinheiro, no gabinete de Flávio Bolsonaro, através de esquema de ‘rachadinha’ [veja aqui]. Em 18/06/2020, Bolsonaro afirmou que a prisão de Queiroz seria ‘espetaculosa’ [veja aqui]. Em 23/08/2020, Bolsonaro realizou ataques à imprensa ao ser questionado sobre os depósitos feitos por Queiroz à sua esposa [veja aqui].

Leia análise sobre atuação de Augusto Aras.

10 maio 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Ministério Público
Nível
Federal

Perfil do MPF no Twitter foi usado de forma estratégica e política, aponta estudo

Tema(s)
Informação, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional

O Ministério Público Federal (MPF) utiliza a rede social Twitter de forma política e estratégica a fim de influenciar a opinião pública, conforme demonstra estudo publicado nesta data [1]. A pesquisa analisou mais de 37 mil tuítes publicados desde 2011 quando o MPF criou o seu perfil na rede, o qual conta com 700 mil seguidores, número elevado se comparado com o perfil de órgãos semelhantes [2]. 61% dos tuítes e retuítes da conta são sobre corrupção em detrimento de outras áreas de atuação do órgão e os picos de maior atividade na rede correspondem aos períodos de grande repercussão dos escândalos de corrupção na política brasileira, como a Operação Lava Jato, iniciada em 2014 e finalizada em 2021 [veja aqui] [3]. A atividade da rede diminui no segundo semestre dos anos de 2019 e 2020, perto do período de escolha do procurador-geral responsável pela direção do MPF e da votação do orçamento do órgão, que dependem da aprovação pelo Executivo e Legislativo federal [4]. A rede de interação do MPF no Twitter é formada por conexões com instituições e atores da sociedade civil ‘alinhados, em termos de valores e visão de mundo, com a extrema direita ideológica’, disseminando informações em eco dentro da rede social, aponta o estudo [5]. De acordo com a pesquisa, a forma de atuação do twitter pelo MPF tem um impacto considerável na opinião pública, contribui para o enfraquecimento da democracia no Brasil, além de ser utilizado para promover ações do órgão e defender interesses corporativos dos membros do MPF [6]. Em 2020, Bolsonaro disse que acabou com a Lava-Jato, pois não haveria mais corrupção no Brasil [veja aqui]. Entretanto, o país teve queda na avaliação da capacidade de combate à corrupção em 2020, segundo ranking internacional [veja aqui].

Leia a pesquisa sobre o uso do Twitter pelo MPF na íntegra – em inglês.

13 maio 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Ministério Público
Nível
Federal

PGR processa criminalmente Conrado Hübner Mendes, professor e pesquisador do LAUT

Tema(s)
Imprensa, Liberdade Acadêmica
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O procurador Geral da República (PGR), Augusto Aras, ajuíza ação criminal contra Conrado Hübner, professor da Universidade de São Paulo (USP) [1]. Aras acusa Hübner de injúria, calúnia e difamação [2]. A ação é motivada por críticas à atuação de Aras à frente da PGR, que teriam sido feitas pelo professor nas redes sociais e no jornal Folha de São Paulo, onde ele é colunista [3]. A queixa-crime é protocolada na Justiça Federal do Distrito Federal (DF) e ocorre poucos dias após o PGR ter entrado com ação administrativa contra o professor na Comissão de Ética da USP, pelas mesmas declarações [veja aqui]. No processo criminal constam trechos das críticas de Hübner como ‘O Poste Geral da República é um grande fiador de tudo que está acontecendo.Sobretudo da neutralização do controle do MS na pandemia’, ‘Augusto Aras ignora o MPF da Constituição Federal. Age como o PGR da Constituição militar de 1967. Um servo do presidente’ [4]. A Secretaria de Comunicação da Procuradoria-Geral afirmou que ‘a questão em debate não é a crítica e sim a sua falta de fundamento e a forma desrespeitosa como ela é feita’ [5]. Em 16/08, a queixa-crime apresentada por Aras é rejeitada pela Justiça, sob justificativa de que o texto do professor não ofende a honra do PGR [6]. O ajuizamento da ação ocorre em contexto de crescente intimidação judicial de vozes críticas ao governo federal: em março deste ano, professores da Universidade Federal de Pelotas sofreram processos disciplinares após criticarem as ações do presidente Jair Bolsonaro em uma live exibida nas redes sociais [veja aqui]. No ano passado, os jornalistas Helio Schwartsman, também colunista da FSP, [veja aqui] e Ricardo Noblat [veja aqui] também foram alvo de solicitações de investigações pela publicação de conteúdo crítico.

Leia ensaio sobre a investida autoritária de Aras contra Mendes e coluna sobre a importância de analisar criticamente a atuação do PGR.

20 maio 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Ministério Público
Nível
Federal

Procuradoria-Geral da República pede suspensão de inquérito que investiga Bolsonaro por prevaricação

Tema(s)
Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

A Procuradoria Geral da República (PGR) solicita a suspensão de pedido de abertura de inquérito para investigar o presidente Jair Bolsonaro pelo crime de prevaricação – retardar ou deixar de praticar ato de ofício em razão de interesse pessoal [1]. A notícia-crime, que foi apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (Rede-ES) e Jorge Kajuru (Podemos-GO) [2], aponta omissão do presidente ao deixar de determinar à Polícia Federal (PF) que investigue as alegações de irregularidades no contrato de compras da vacina da Covaxin [veja aqui]. A PGR alega que a suspensão evitaria ‘investigação concorrente’ em relação à da CPI da covid-19, argumento que é rejeitado pela relatora do caso, ministra Rosa Weber, sob o fundamento de que não cabe ao Ministério Público Federal (MPF) o ‘papel de espectador das ações dos Poderes da República’ [3]. Weber determina nova manifestação do MPF, que requer a abertura do inquérito [4], o que é autorizado pelo STF, em 02/07 [5]. As irregularidades no contrato da vacina Covaxin foram levadas ao conhecimento do presidente em 20/03 [veja aqui], mas o governo só pede a abertura do inquérito em 30/06, quando já apresentada a queixa-crime por prevaricação [6]. A PGR é chefiada por Augusto Aras, o qual afirmou, em 19/01, que não cabe ao órgão investigar o presidente por problemas na gestão da crise da covid-19 – o que contraria os deveres institucionais da PGR de fiscalizar os atos do Poder Executivo [veja aqui]. Além disso, Aras, que é responsável pelas investigações contra Bolsonaro, tem conduta de alinhamento e blindagem do presidente [veja aqui], inclusive com a perseguição de opositores [veja aqui] [veja aqui], o que é interpretado por especialistas como possível barganha por uma cadeira no STF [veja aqui][7]. Vale lembrar que apesar disso, a investigação da interferência de Bolsonaro na PF tornou-se inquérito e se encontra em andamento no STF [veja aqui].

Leia análise acerca das manobras de blindagem da PGR ao presidente Bolsonaro.

01 jul 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Ministério Público
Nível
Federal

Vice-procurador-geral da República paralisa pedido de apuração contra PGR, em despacho sigiloso

Tema(s)
Informação, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional

O vice procurador geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, assina despacho sigiloso, que paralisa pedido para apuração da conduta de Augusto Aras, Procurador-Geral da República (PGR) [1]. O pedido de apuração contra Aras, protocolado no Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF), foi realizado pelos Senadores Randolfe Rodrigues (Rede – AP), Alessandro Vieira (Cidadania – SE) e Fabiano Contarato (Rede – ES), os quais acusam o PGR de omissão em sua função de investigar gestores públicos, inclusive o presidente Jair Bolsonaro e, delegar essa função ao Poder Legislativo [2]. O despacho do vice-PGR gera polêmica dentro do Ministério Público Federal (MPF) pois, embora o subprocurador e vice-presidente do CSMPF, José Bonifácio Borges de Andrada, tenha determinado o sorteio da relatoria para a apuração do caso [3], funcionários do CSMPF enviaram o processo diretamente para Humberto Jacques, integrante do Conselho, ao invés de realizarem o sorteio [4]. Contra o despacho de Medeiros, Andrada ingressa com uma ação na Justiça Federal [5], pedindo a anulação do despacho e sua publicização [6]. Em 09/07, Medeiros é intimado pela Justiça Federal para que apresente esclarecimentos acerca do despacho [7]. Em resposta, ele afirma que o (CSMPF) não tem competência para discutir o assunto, critica o pedido de apuração e diz a apuração é ‘descabida’ [8]. Em algumas oportunidades, Aras se recusou a proceder com investigações com aliados do governo Bolsonaro. Em 10/05, Aras se recusou a investigar Bolsonaro pelos cheques entregues a sua esposa [veja aqui]. Em, 01/07, Aras pediu a suspensão de inquérito que investigava Bolsonaro por prevaricação [veja aqui]

Leia análises sobre a atuação de Augusto Aras durante o governo Bolsonaro e sobre qual o futuro de Aras no Ministério Público.

04 jul 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Ministério Público
Nível
Estadual

Investigação do homicídio de Marielle Franco e Anderson Gomes enfrenta obstáculos e possível interferência no MP-RJ durante primeiro semestre de 2021

Tema(s)
Raça e etnia, Segurança pública
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo
Estado
Rio de Janeiro

O caso de homicídio da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes enfrenta obstáculos na investigação após três anos sem respostas [1]. A investigação, com provas e testemunhas negligenciadas, inúmeras trocas no seu comando é prejudicada por atrasos [2]. Recentemente, a Polícia Civil do Rio de Janeiro trocou o titular da Delegacia de Homicídios, responsável pelo caso, pela quarta vez [3]. Em seguida, nesta data, as promotoras da força-tarefa do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), também atuantes no caso, pedem para deixar a investigação [4]. Desde 2018 Simone Sibilio e Letícia Emile estavam à frente da investigação que apura a motivação para denunciar mandante e executor dos crimes, e já haviam efetuado prisões como a de Ronnie Lessa, policial militar aposentado, e de Élcio Queiroz, ex-policial militar, ambos acusados de serem executores dos homicídios [5]. As promotoras optaram por deixar o caso após discordâncias nas negociações de um acordo de colaboração premiada entre o MP e Júlia Lotuffo, viúva de Adriano da Nóbrega, ex-capitão do Bope e suspeito de participação nos assassinatos [6]. Inconsistências no depoimento de Júlia foram apontadas pelas promotoras [7], que se mostraram insatisfeitas com as negociações, sendo então afastadas da colaboração, tendo outro promotor sido designado para homologação do acordo [8]. A condução da investigação pelo MPRJ fica provisoriamente com o promotor Bruno Gangoni [9]. O caso permanece com a motivação e mandante desconhecido há mais de três anos [10]. As famílias das vítimas cobram um pronunciamento público sobre possíveis interferências que o caso tem recebido [11]. Vale também lembrar que citação ao presidente Bolsonaro, realizada por um dos acusados do crime, foi arquivada pelo Procurador Geral da Repûblica, Augusto Aras [veja aqui]. No dia 30/07/21, a Polícia Civil do Rio de Janeiro prende o ex-vereador Cristiano Girão Martins, acusado de ser mandante de um duplo assassinato em 2014 e suspeito no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes [12].

Veja linha do tempo da investigação do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.

10 jul 2021
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