Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Estadual

Governador do Acre, Gladson Cameli, diz que produtores rurais não devem mais pagar multas ambientais

Tema(s)
Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional
Estado
Acre

O governador do Acre, Gladson Cameli, durante evento oficial orienta a população a não pagar multa do Instituto do Meio Ambiente do Acre (Imac), e completa ‘me avisem (…) porque quem está mandando agora sou eu’ [1]. Em nota o governador reitera o posicionamento e afirma que antes da atual gestão o Imac cometia ‘excessos’ ao sancionar produtores rurais [2]. As declarações acontecem no mesmo período que sistema de monitoramento internacional registra aumento de 364% da área desmatada no estado do Acre com relação ao mesmo período no ano anterior [3]. Os dados são compatíveis com os divulgados pelo Inpe, que registra aumento recorde [4]. Cameli também menospreza os dados do Inpe sobre o tema, afirmando que não estariam ‘consolidados’[5]. Questionado sobre reações, membro do Ministério Público Estadual diz que está acompanhando a ‘atuação do Imac’, mas não realiza outras providências contra a fala do governador [6]. Vale notar que no primeiro semestre de 2019 registra-se em âmbito federal uma redução das multas por crimes ambientais [veja aqui]; e, em agosto, o diretor do Inpe responsável por divulgar dados sobre o desmatamento na Amazônia é exonerado após a divulgação de dados alarmantes [veja aqui]. O discurso de Cameli se alinha a posicionamentos do presidente Jair Bolsonaro, para quem o desmatamento seria ‘cultural’ [veja aqui] e a preocupação internacional com a região seria ‘psicose ambientalista’ [veja aqui]. Em 2020, o vice-presidente também contraria dados do Inpe e diz que desmatamento caiu [veja aqui].

Leia análise sobre os efeitos do desmatamento para a sobrevivência da floresta amazônica

13 jul 2019
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo, Legislativo
Nível
Estadual

Após Paraíba e Ceará, Acre é o terceiro estado brasileiro a aprovar lei contra a disseminação de fake news na pandemia

Tema(s)
Imprensa, Informação
Medidas de emergência
Aumento de poder de polícia
Estado
Acre

Governo do Acre sanciona lei [1] que prevê multa de até R$ 7,4 mil a quem divulgar notícia falsa com a devida consciência e intenção. Com redação similar às leis anteriores de Paraíba [veja aqui] e Ceará [veja aqui], a lei acreana prevê também, diferente das outras, multa em dobro em caso de reincidência e impedimento de participação em concursos públicos em caso de inadimplência [2]. Segundo um dos deputados autores do projeto de lei, Chico Viga (PHS), ela serviria para proteger o trabalho jornalístico, dificultado pelo espalhamento de informações falsas [3], e também auxiliar no enfrentamento da pandemia, na medida em que inibe a circulação de notícias desqualificadoras da importância do isolamento social [4]. Críticas à lei podem ser levantadas, no entanto, dada a vagueza de seus termos e a limitação da liberdade de expressão [veja aqui].

Leia as análises sobre o espraiamento de leis sobre fake news pelo país, esse cenário no mundo e o uso político de ferramentas legais durante a pandemia – em inglês.

06 maio 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Acre decreta estado de calamidade pública por chuvas fortes e governo federal libera verbas sem destinação específica

Tema(s)
Administração, Equilíbrio Fiscal
Medidas de emergência
Restrição a direitos fundamentais
Estado
Acre

Governo estadual do Acre decreta estado de calamidade pública em dez municípios após enchentes afetarem cerca de 130 mil pessoas no estado [1], seis dias depois de já ter declarado situação de emergência [2]. O forte volume das chuvas e o transbordamento de rios e igarapés inundaram diversas regiões do estado, causando estragos e desalojando famílias [3]. O decreto estadual tem validade de 90 dias e permite a Defesa Civil acreana mobilizar todos os órgãos públicos necessários ao combate da crise e convocar voluntários para reforçar as equipes das ações, entre outras medidas [4]. O decreto também autoriza as autoridades públicas a entrar sem autorização nas casas, usar propriedades particulares que julgarem necessárias, podendo inclusive desapropriá-las, sob a justificativa de emergência ao enfrentamento do desastre [5]. No plano federal, o Ministério do Desenvolvimento Regional reconheceu no mesmo dia, o estado de calamidade pública nos dez municípios [6]. O governo Bolsonaro ainda publicou uma medida provisória (MP) [7] liberando R$ 450 milhões para ações de defesa civil e assistência a vítimas das enchentes do Acre e de outros estados afetados pelas fortes chuvas do início do ano. Entretanto, apesar de editada sob a justificativa de socorro financeiro extraordinário aos estados, a MP não especifica em sua redação a alocação desses gastos por meio do Ministério do Desenvolvimento Regional – que é o principal responsável pela destinação de verbas a obras públicas apoiadas pelo governo federal em todo território nacional [8] – ou dos estados favorecidos, limitando-se a descrever as finalidades do crédito a ‘ações de proteção e defesa civil nacional’ [9]. Em janeiro de 2021, tanto o estado de calamidade pública quanto a situação de emergência pela crise da covid-19 já haviam sido prorrogadas por tempo indeterminado [10].

Saiba mais sobre o significado de estado de calamidade pública.

22 fev 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Salles nomeia advogada de infratores ambientais para Superintendência do Ibama no Acre

Tema(s)
Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional
Estado
Acre

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, nomeia como Superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) do Estado do Acre Helen de Freitas Cavalcante [1], que antes atuava como advogada e em redes sociais oferecia serviços para infratores ambientais [2]. Em postagem realizada, a advogada se colocava à disposição para representar os interesses daqueles multados pelo Ibama: ‘não será a Justiça que lhe citará como um executado em uma execução fiscal da multa do Ibama, mas você (…) mandará citar o Ibama a respeito das dispostas nulidades e abusividades cometidas’ [3]. Em outra publicação, ela dizia ‘você já recebeu aquela multinha do Ibama (…) é isso mesmo, eles vão lhe cobrar aquela mula e penhorar os bens que tiverem em seu nome, vão tirar o gado que tiver na sua terra. Portanto, não pense que não é só aquela multinha do Ibama’ [4]. Ambientalistas apontam que a atuação anterior de Cavalcante pode prejudicar o enfrentamento de práticas ambientais ilícitas [5]. Segundo as exigências legais para ocupação de cargos em comissão desse tipo, o nomeado deve possuir, ao menos, experiência profissional de três anos em atividades correlatas às áreas de atuação do órgão ao qual será indicado, ou ter ocupado cargo em comissão ou função de confiança por dois anos ou possuir título de especialista, mestre ou doutor também nessa área [6]. Salles já fez nomeação questionada judicialmente em razão da incompatibilidade técnica do nomeado para o exercício do cargo, caso de missionário evangélico nomeado para cargo de coordenador geral de índios isolados na Funai [veja aqui]. A nomeação de Cavalcante ocorre após a exoneração da maioria dos superintendentes regionais do Instituto [veja aqui]. Para outras superintendências estaduais do Ibama, Salles fez nomeações sem as qualificações técnicas necessárias, como no Ceará [veja aqui] e em Santa Catarina [veja aqui].

02 mar 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Casa Chico Mendes está fechada há 4 anos e sob risco de deslizamento

Tema(s)
Cultura
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos
Estado
Acre

A Casa Chico Mendes, no município de Xapuri (AC), local onde residia o líder seringueiro e ambientalista Chico Mendes e sua família, está abandonada há quatro anos e com risco de desabamento, conforme atesta laudo de vistoria elaborado pelo Iphan [1]. De acordo com o documento, há risco de deslizamento de terra na área em que a casa está instalada e a madeira das cercas está apodrecida [2]. A casa é tombada pelo governo estadual desde 2006 e pelo Iphan desde 2007; durante o tempo que permaneceu aberta, funcionou como ponto turístico e um centro de memória do seringueiro, com objetos pertencentes a ele e sua família [3]. Em 2015, a construção foi inundada pela cheia do rio Acre [4], permaneceu fechada até 2017, quando reabriu para o público após algumas obras de revitalização [5]. No entanto, desde meados de 2018, a casa foi fechada para novas obras, que não foram realizadas, e ficou abandonada pelo governo federal, fechada para o público e cercada de mato do entorno que cresceu sem cuidado [6]. De acordo com o chefe da Divisão Técnica do Iphan, Arlan Souza, há dois projetos em andamento, um para inserir barreiras de contenção no terreno, que envolve obras também na rua e no calçamento, e um segundo projeto que trata da reforma estrutural da casa [7]. O primeiro deles é financiado pelo Iphan, mas a execução é da prefeitura, que ainda está no processo de licitação, e o segundo está tramitando administrativamente para captar recursos [8]. Para Souza, esse segundo projeto tem caráter mais emergencial por conta dos problemas de estrutura da casa e compromete a segurança do local, ele afirma que as obras devem acabar até o final de 2022 [9]. Vale lembrar que a filha de Chico Mendes fez duras críticas à forma como o governo Bolsonaro lida com a questão ambiental [10] e o ex ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, desdenhou do líder seringueiro [11] e pretendia acabar com o ICMBio [12]. Em outros momentos, a Cinemateca brasileira sofre incêndio em decorrência da negligência do governo federal [veja aqui] e a gestão Bolsonaro ignora o risco de incêndio e desabamento do Centro Técnico Audiovisual [veja aqui].

Leia mais sobre a história de Chico Mendes e as formas de preservação da Casa Chico Mendes. E veja o vídeo da palestra do seringueiro e ativista sobre sua trajetória e atuação e o vídeo sobre a situação em que se encontra a reserva extrativista criada após seu falecimento.

25 jul 2021
Mês Filtros