Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Estadual

Polícia Militar mata 17 pessoas em Manaus, dentre elas, ao menos um menor de idade; governador do Amazonas apenas exalta a luta contra o crime organizado

Tema(s)
Segurança pública
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo
Estado
Amazonas

A Polícia Militar do Amazonas mata 17 pessoas, dentre elas um menino de 14 anos, depois de um suposto confronto, mas nenhum policial é baleado e as viaturas que atuaram na ação não apresentam marcas de tiros [1]. Segundo moradores, não houve troca de tiros e uma testemunha afirma que ouviu policiais dizendo que ‘a ordem é para matar’ [2]. O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), se manifesta nas redes sociais exaltando o combate ao crime organizado e afirma que trabalha para garantir a segurança do cidadão e quem ‘ganha é o cidadão de bem’ [3]. Na mesma linha, o secretário de Segurança Pública do estado, coronel Bonates, afirma que a ‘polícia não mata, ela intervém tecnicamente’ e atribui o fato de nenhum policial estar ferido a uma proteção divina [4], além de declarar que quem trocar tiro com a polícia causará o ‘choro de suas famílias’ [5]. O Ministério Público instaura procedimento administrativo para apurar o ocorrido [6] e, em janeiro de 2020, após o inquérito conduzido pela Polícia Civil concluir que os policiais agiram de acordo com o ‘dever legal’ e em legítima defesa, o Ministério Público decide realizar novas diligências [7]. Outras declarações com valorização de medidas punitivistas ocorrem nas falas do presidente Jair Bolsonaro sobre a pena de morte [veja aqui] e elogio a policial que mata em serviço [veja aqui], do governador de São Paulo, João Doria, ao afirmar que a polícia não precisa reduzir o número de mortes [veja aqui] e que a política de segurança pública não vai mudar [veja aqui] e do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, ao declarar que a polícia ‘mandou recado’, em referência ao número de mortes no estado [veja aqui].

Leia a análise sobre a naturalização das mortes nas periferias e ouça as análises sobre a segurança pública e a estrutura das polícias militares no país.

30 out 2019
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro do Meio Ambiente nomeia Superintendente do Ibama no Amazonas sem qualificações técnicas ao cargo

Tema(s)
Meio Ambiente, Militarização
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização
Estado
Amazonas

O Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, nomeia Superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) do Estado do Amazonas sem as qualificações técnicas necessárias ao cargo [1]. A nomeação ocorre após a exoneração da maioria dos superintendentes regionais do Instituto [veja aqui]. Para o cargo em comissão, foi escolhido o militar Rezende Guimarães Filho [2]. Segundo as exigências legais [3] para ocupação de cargos em comissão desse tipo, o nomeado deve possuir, ao menos, experiência profissional de três anos em atividades correlatas às áreas de atuação do órgão ao qual será indicado, ter ocupado cargo em comissão ou função de confiança por dois anos ou possuir título de especialista, mestre ou doutor também nessa área [4]. Em 2018, Rezende atuou no Gabinete de Intervenção Federal no Rio de Janeiro [5]. Em março de 2019, Rezende foi nomeado para cargo em comissão de Superintendente do Ibama no Estado do Amapá [6]. Não há informações públicas sobre ocupações anteriores de Rezende ou registros de que ele já tenha atuado na área ambiental [7]. Segundo relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), há indícios que esta nomeação, entre outras, desrespeitou as exigências legais de experiência profissional e acadêmica [8]. Vale notar que Salles, em seguida, faz outras nomeações sem experiência técnica para outros estados, como Santa Cartaria [veja aqui] e Amapá [veja aqui]. Durante o governo Bolsonaro, centenas de cargos comissionados têm sido ocupados por militares [veja aqui]. Somente em órgãos socioambientais, o governo Bolsonaro já conta, até outubro de 2020, com 99 militares em cargos comissionados [veja aqui].

Leia análises sobre o retorno dos militares ao meio ambiente a militarização da pauta ambiental desde 2019

16 abr 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro inclui unidades de conservação e terminais pesqueiros públicos no Programa de Parcerias e Investimentos e possibilita exploração pelo setor privado

Tema(s)
Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização
Estado
Amazonas, Pará, Paraíba, Rio Grande do Sul

Presidente Jair Bolsonaro inclui, através de Decreto [1], unidades de conservação no processo de privatização do governo federal. As florestas nacionais de Canela e São Francisco, ambas localizadas no Rio Grande do Sul, entram no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e podem ser concedidas para exploração de atividades econômicas por empresas privadas. Através de outro Decreto [2], na mesma data, o presidente também insere três terminais pesqueiros públicos no PPI, localizados no Pará, Paraíba e Amazonas [3]. Em outras oportunidades de flexibilização da proteção ambiental, o presidente autorizou a intervenção das Forças Armadas na Amazônia por meio de operação de Garantia de Lei e Ordem (GLO) [veja aqui], e o Ministério do Meio Ambiente regulamentou a indenização em casos de desapropriação em unidades de conservação [veja aqui] e cancelou a criação de bases de proteção florestal [veja aqui].

Leia explicação sobre o que são e quais as finalidades das unidades de conservação, bem como análise dos ataques realizados pelo governo Bolsonaro.

28 maio 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Estadual

Mourão contraria dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e afirma que desmatamento na Amazônia caiu

Tema(s)
Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos
Estado
Amazonas

O vice-presidente da República e coordenador do Conselho Nacional da Amazônia [veja aqui], Hamilton Mourão, em reunião de ministros do governo Bolsonaro, afirma que desmatamento na Amazônia caiu para o percentual mínimo comparando com os últimos anos [1]. Por conta disso, alega ter sido conquistado o primeiro objetivo da Operação Verde Brasil 2, iniciada em maio desse ano visando ao combate de crimes ambientais [2] [veja aqui]. A fala contraria dados parciais apresentados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que indicam perda florestal de 641 km² entre 1º e 28 de maio, o segundo maior número de desmatamento nos últimos cinco anos [3] e aumento de 34,5% em um ano [4]. Também segue a proporção de desmatamento do mês anterior, que teve o maior desmatamento na Amazônia em dez anos [5]. O vice-presidente afirma avançar no planejamento para políticas sobre exploração sustentável e defende a necessidade de projetos sobre a regularização fundiária [6]. Nesse sentido, o governo publica a carta ‘Convergência pelo Brasil’, que visa a recuperação da economia brasileira de forma sustentável [7]. Em nota, a organização internacional Greenpeace diz que dados obtidos via satélite não mentem e que maio teria sido o mês com maior índice de desmatamento da Amazônia no ano [8]. Registra-se em junho com o maior número de focos de incêndio na Amazônia desde 2007 [9]. O Inpe cria um novo sistema de monitoramento, em parceria com o Ibama, para identificar novas áreas abertas na floresta [10].

Leia análises sobre a fala de Mourão em resposta a críticas de investidores sobre desmatamento, o protagonismo do Mourão, e artigo que compara as políticas ambientais dos governos Sarney e Bolsonaro frente ao crescimento descontrolado do desflorestamento.

09 jun 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Operação Verde Brasil 2 não fiscaliza garimpo ilegal na Amazônia

Tema(s)
Forças Armadas, Segurança e meio ambiente
Medidas de emergência
Flexibilização de controle
Estado
Amazonas

Após mais de três meses da atuação na Amazônia visando à redução do desmatamento ilegal e queimadas [1], a Operação Verde Brasil 2, no entanto, não coíbe garimpo ilegal [2]. A atividade ocorre, 24 horas por dia, na orla de Humaitá, no sul do Amazonas, onde dezenas de balsas de garimpo de ouro operam ilegalmente [3]. A região, terra natal da família do vice-presidente Hamilton Mourão, possui uma longa tradição de resistência violenta à fiscalização: em 2017, por retaliação a uma operação contra garimpo, homens armados queimaram os escritórios do Ibama, do Incra e do ICMBio [4]. Segundo investigações da Polícia Federal (PF), a maior parte do minério que é extraída desses garimpos ilegais beneficia bancos e corretoras instalados em São Paulo [5]. O ouro de origem ilegal, incorporado por mecanismos fraudulentos a economia formal, movimenta anualmente cerca de R$ 5 bilhões [6]. Entidades do lobby do ouro, ligadas a empresas investigadas pela PF, chegaram a participar de audiência com o vice-presidente Hamilton Mourão, em encontro no qual pediram o fim de ações repressivas e da destruição de equipamentos de fiscalização [7]. Mourão, que defende a regulamentação da mineração em terras indígenas [8], já impediu a operação do Ibama no Pará contra garimpo ilegal [veja aqui]. Essa coexistência pacífica com o garimpo ilegal também ocorreu quando os militares envolvidos em uma missão de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para combate a focos de incêncio se recusaram a dar apoio a fiscalizações contra a prática ilegal [veja aqui]. Quando ocorreram operações contra garimpos, o ministro do Meio Ambiente trocou o diretor de proteção ambiental do Ibama [veja aqui]. Já Bolsonaro já afirmou que pretende legalizar o garimpo em terras indígenas e áreas de proteção [veja aqui] e fez discursos de apoio a garimpeiros, no qual disse que interesse na Amazônia não se relaciona à riqueza vegetal [veja aqui].

Veja a análise sobre o impacto do garimpo sobre o povo Ianômami.

09 set 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Estadual

Chefe do Gabinete de Segurança Institucional minimiza queimadas na Amazônia e diz se tratar de ‘fogueirinha’

Tema(s)
Meio Ambiente, Negacionismo
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos
Estado
Amazonas

Chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, em visita ao Amazonas, afirma que a floresta ‘tem algumas áreas de queimada, mas isso é totalmente deturpado, porque é colocado fora de contexto, que é uma coisa majestosa, e fica virando uma fogueirinha’ [1]. A fala ocorre no mesmo dia em que uma comitiva foi organizada para que membros do Executivo federal e embaixadores de 10 países realizassem sobrevoo pela floresta amazônica para demonstrar aos representantes estrangeiros uma ‘visão real da Amazônia’ [2]. Heleno complementou dizendo que os dados sobre as queimadas seriam divulgados ‘irresponsavelmente’ e que se a floresta estivesse realmente em chamas ‘a fumaça chegaria a Londres ou Paris’ [3]. A comitiva com embaixadores internacionais aconteceu após 8 países europeus questionarem o governo federal sobre a política ambiental brasileira [4]. Em documento enviado ao vice-presidente, Hamilton Mourão, em setembro, os países afirmaram que a ‘tendência crescente de desflorestamento no Brasil está tornando mais difícil’ o investimento no país [5]. De acordo com ambientalistas, as áreas percorridas pelo sobrevoo não são as mais devastadas pelas queimadas [6]. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de janeiro a setembro de 2020 o número de queimadas no Amazonas chegou a 16.333, superando os dados observados em 2005, e se tornando o ano com maior número de queimadas da história, desde o ínicio da série produzida pelo Inpe [7]. Estudo da Universidade Federal de Minas Gerais aponta que o desmatamento no estado do Amazonas pode quadriplicar até 2050, caso ocorra a pavimentação da BR-319 – um dos planos da gestão Bolsonaro para a região [8]. Em outras oportunidades, Heleno disse que não haveria omissão do governo na política ambiental e sugeriu conspiração internacional [veja aqui]; Mourão e o ministro do Meio Ambiente alegaram não existir queimadas na Amazônia [veja aqui]; e o presidente Bolsonaro afirmou que o Brasil ‘está de parabéns’ pela preservação ambiental, a despeito do recorde de queimadas no Pantanal e alta no desmatamento amazônico [veja aqui]. Já a Secretaria de Comunicação do governo divulgou informação falsa sobre queimadas [veja aqui] e o Ibama suspendeu combate a incêndios no país por ‘exaustão de recursos’ [veja aqui], apesar de, até outubro de 2020, o instituto ter executado menos de 40% de seu orçamento [veja aqui].

Veja a íntegra da carta escrita pelos países europeus e enviada ao vice-presidente, vídeo explicando a área amazônica sobrevoada pela comitiva, e leia explicações sobre as queimadas da Amazônia.

04 nov 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Deputados federais comemoram o fim de lockdown no Amazonas e incentivam população a fazer o mesmo em outros estados

Tema(s)
Negacionismo, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos
Estado
Amazonas

Os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), Bia Kicis (PSL-DF), Carla Zambelli (PSL-SP) e Osmar Terra (MDB-RS) comemoraram em redes sociais [1] [2] o retrocesso nas medidas de isolamento e toque de recolher [veja aqui] anunciados pelo governo do estado [3]. Nesta data, Bolsonaro diz que ‘todo poder emana do povo’ e elogia o afrouxamento de medidas também em Búzios [4] para o fim do ano. No dia seguinte, Kicis defende que a pressão popular para a reabertura do comércio em Manaus surtiu efeito e parabeniza o povo amazonense, mesmo com o elevado número de mortos pela doença no estado [5]. Em 28/12, Zambelli cita o jornalista Alexandre Garcia e sugere um ‘despertar’ da população em Búzios e Manaus, em alusão à pressão para suprimir medidas de distanciamento social [6]. Em 04/01, Terra diz que a imprensa é alarmista e que a cidade de Manaus mostraria ‘uma imunidade coletiva’, com decréscimo do número de mortes. As publicações apresentam informações inverídicas ou descontextualizadas [7] – como é frequente em suas posturas, que elogiam o ‘tratamento precoce’ [veja aqui], descreditam dados epidemiológicos [veja aqui] e a gravidade do vírus [veja aqui]. Zambelli, Bolsonaro e Terra, inclusive, são apontados por agência de checagem de fatos como os parlamentares que publicaram informações enganosas sobre a covid-19 no Twitter [8]. Em meados de janeiro, Manaus apresenta um colapso do sistema de saúde, com alta de casos de covid-19 e falta de oxigênio aos pacientes [veja aqui] e, antes disso, o Ministério da Saúde (MS) pressionou a Prefeitura da capital para implementar o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19 [veja aqui].

Leia mais sobre possíveis ações do governo para conter a crise em Manaus.

26 dez 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministério da Saúde diz que a não adoção de ‘tratamento precoce’ é ‘inadmissível’ diante do colapso sanitário em Manaus

Tema(s)
Ciência, Negacionismo
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos
Estado
Amazonas

Ministério da Saúde (MS) pressiona a Prefeitura de Manaus a distribuir remédios sem eficácia comprovada para ‘tratamento precoce’ de covid-19, como cloroquina, ivermectina e azitromicina, em meio ao colapso sanitário no estado do Amazonas [1]. O documento ressalta a comprovação científica das medicações recomendadas pelo Ministério da Saúde e que ‘é inadmissível a não adoção da orientação’ diante da gravidade da situação em Manaus. O estado registra alta nos números de internações e mortes em decorrência do coronavírus, diante da falta de leitos e equipamentos hospitalares básicos, como oxigênio [2]. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pede autorização para visitar as Unidades Básicas de Saúde para difundir o uso dos medicamentos, sem eficácia comprovada [3]. Dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a partir de uma pesquisa realizada com 13 mil pacientes em 500 hospitais de 30 países, mostram que os medicamentos como os defendidos pelo MS, ‘têm pouco ou nenhum efeito na prevenção de mortes por COVID-19 ou na redução de tempo que a pessoa passa hospitalizada’ [4]. Em ofício enviado à Prefeitura de Manaus, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação da Saúde, Mayra Pinheiro, afirma que é a não adoção do tratamento precoce é ‘inadmissível’ e aproveita para ‘ressaltar a comprovação científica sobre o papel das medicações antivirais orientadas pelo MS’ [5]. A medida é criticada por infectologistas, já que os medicamentos não possuem eficácia cientificamente comprovada [6]. O governo federal defende o uso dos medicamentos para tratamento precoce da doença há diversos meses [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui]. Posteriormente, o ministro Benjamin Zymler, do Tribunal de Contas da União, requisitou informações para o município de Manaus, deverão comprovar, em até 10 dias, a eficácia de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina no tratamento precoce de covid-19 [7].

Leia análises sobre como o ‘tratamento precoce’ contra a covid-19 não demonstrou eficácia e quais os desafios do enfrentamento da pandemia diante do negacionismo.

07 jan 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro culpa governo do Amazonas e prefeitura de Manaus pelo aumento de casos; ‘tratamento precoce’ deveria ser utilizado, afirma

Tema(s)
Administração, Saúde
Medidas de emergência
Construção de inimigos
Estado
Amazonas

O presidente Jair Bolsonaro responsabiliza o governo estadual do Amazonas e a prefeitura de Manaus pela falta de oxigênio para tratar pacientes com covid-19 em conversa com apoiadores no Palácio do Alvorada [1]. Bolsonaro atribui a ambos a falta de oxigênio nos hospitais da região e ainda diz que o aumento dos óbitos em decorrência do coronavírus se deve à não aplicação do que o governo federal tem chamado de ‘tratamento precoce’ [veja aqui], se referindo a um coquetel de medicamentos sem eficácia científica comprovada. Na semana anterior, o presidente enviou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, à cidade de Manaus para interferir na situação de crise sanitária e o ele também defendeu o uso do suposto ‘tratamento precoce’ [veja aqui]. Em resposta às críticas, o governo do estado Amazonas alega que a demanda por oxigênio cresceu mais de 380%, e que uma força tarefa foi montada para aumentar a distribuição de oxigênio na rede estadual de saúde [2]. A prefeitura de Manaus afirma que o prefeito, David Almeida, assumiu o cargo há apenas 12 dias e que vem trabalhando para desafogar o sistema de saúde ‘a partir do diagnóstico e do tratamento precoce’ [3]. Tanto o governo do Amazonas, quanto a prefeitura de Manaus pedem a colaboração entre os três níveis do poder Executivo (municipal, estadual e federal) para combater a covid-19 [4]. Em 18/01, a Advocacia-Geral da União informa via ofício ao Supremo Tribunal Federal que o governo federal detinha informações sobre os riscos de um ‘eminente colapso no sistema de saúde de Manaus’ há pelo menos 10 dias antes de faltar oxigênio, porém o governo só tomou as primeiras medidas após a falta de oxigênio se agravar e atingir diretamente os pacientes nas Unidades de Terapia Intensiva [5]. Pazuello admite que o governo foi informado sobre a falta de oxigênio antes da crise acontecer [veja aqui]. E documentos obtidos pelo Ministério Público de Contas indicam que mais de 30 pessoas morreram por falta de oxigênio em Manaus nos dias 14 e 15 de janeiro [6].

Leia análise sobre a crise no sistema de saúde em Manaus durante a pandemia de covid-19

12 jan 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministério da Justiça e Segurança Pública autoriza uso da Força Nacional para auxiliar operações de combate ao narcotráfico no Amazonas

Tema(s)
Meio Ambiente, Segurança e meio ambiente, Segurança pública
Medidas de emergência
Aumento de poder de polícia
Estado
Amazonas

Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) autoriza, através de portaria [1], uso da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) para auxiliar operações de combate a crimes ambientais, narcotráfico e crime organizado no estado do Amazonas. A medida prevê a atuação da FNSP pelo período de 45 dias, com possibilidade de prorrogação, na execução da Operação Arpão, a ocorrer na calha do Rio Negro e Solimões [2]. A FNSP é um ‘programa de cooperação’ entre os estados e a União, que tem por objetivo realizar atividades imprescindíveis à preservação da ordem pública, à segurança pessoal e patrimonial, atuando em situações de emergência e calamidades públicas [3]. A formação da FNSP conta com policiais militares, civis, bombeiros e profissionais de perícia, e sua atuação é condicionada à solicitação expressa do governador estadual, sendo autorizada por ato do ministro da Justiça e Segurança Pública [4]. A medida não estipula a quantidade de pessoal que será utilizado no Amazonas, mas nota do MJSP afirma que ‘o contingente a ser disponibilizado obedecerá ao planejamento definido pela Força Nacional’ [5]. No fim de fevereiro, nova portaria [6] do MJSP prorroga a atuação das Forças Armadas no Amazonas por mais 45 dias [7]. Em outras oportunidades, o MJSP autorizou o uso da FNSP na ação de medidas contra a covid-19 [veja aqui]; no auxílio a assentamentos do Incra na Bahia, mesmo sem solicitação por parte do governador [veja aqui]; e em ações de combate ao fogo no Pantanal [veja aqui]; além de ter revogado a exigência de elementos de identificação de armas adquiridas pela Força [veja aqui]. Já o presidente Jair Bolsonaro defendeu o uso da FNSP contra manifestantes, ao chamá-los de marginais [veja aqui].

Leia análise sobre o papel institucional da Força Nacional de Segurança Pública.

12 jan 2021
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