Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Responsável por operação que investiga envolvimento do Ministro do Meio Ambiente em venda ilegal de madeira é dispensado de cargo de chefia de Delegacia da Polícia Federal do DF

Tema(s)
Meio Ambiente, Transparência
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional
Estado
Distrito Federal

Franco Perazzoni, delegado da Polícia Federal que chefia investigações contra Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, é dispensado do cargo de chefe da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros do Distrito Federal (DF) [1]. Perazzoni continua no comando da Operação Akuanduba, que apura envolvimento de Salles em favor de madeireiros que exportaram madeira de forma ilegal [2], mas seu afastamento da pasta do DF é visto por outros delegados como represália [3]. No dia 19/05/21, houve busca e apreensão em endereços ligados ao ministério e a Salles [4], que se recusa a entregar o seu celular [5], e só o faz no dia 07/06/21 [6]. Em 04/06/21, Alexandre de Moraes, Ministro do STF, questiona a PGR sobre possibilidade de afastamento e prisão de Salles por obstrução de justiça na investigação [7], mas PGR se manifesta de forma contrária [8]. Em 23/06/21, Alexandre de Morares autoriza o envio do celular de Salles aos EUA, para que passe por perícia e seja desbloqueado para acesso aos dados [9]. No mesmo dia, Salles deixa o cargo [10] e entrega o passaporte à PF [11], mas recorre da retenção do documento [12]. O chefe da Polícia Federal do Amazonas, que encaminhou notícia-crime contra Salles, também foi exonerado do cargo [veja aqui]. Salles já fez discurso apoiando madeireiros [veja aqui], que também foram favorecidos com a decisão do presidente do Ibama que extinguiu a necessidade de autorização do órgão para exportação de madeira do Brasil [veja aqui], através da solicitação de que o governo norte-americano aceitasse carregamento de madeira brasileira exportada sem autorização legal [veja aqui] e com a flexibilização de multas sobre a compra de madeira ilegal [veja aqui].

Leia mais sobre a investigação que mirou Salles.

21 jun 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Distrital

PM do DF cedeu no mínimo 76 policiais militares ao governo federal em 2020, segundo apuração jornalística.

Tema(s)
Administração, Militarização, Segurança pública
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização
Estado
Distrito Federal

Apuração da imprensa desta data aponta que governo do Distrito Federal (DF) cedeu, em 2020, no mínimo 76 policiais militares (PMs) a ministérios, ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e à Agência Brasileira de Inteligência (Abin), órgãos ligados ao governo federal [1]. O dado reforça a lógica de militarização presente no governo Bolsonaro, que, em julho de 2020, tinha 11 ministérios [veja aqui] e 6.157 cargos do executivo [veja aqui] ocupados por militares. O levantamento aponta também que Bolsonaro busca se aproximar das PMs, cujos integrantes são considerados uma das suas bases eleitorais, através da promessa de benesses como isenção de imposto na compra de automóveis [2], crédito imobiliário com condições diferenciadas [3] e uma nova lei orgânica para a categoria [4], a qual propõe reduzir a gestão dos governadores sobre as PMs [5]. Também no sentido desta aproximação, em 01/06, o governo anunciou pesquisa sobre situação salarial de policiais, o que foi encarado por governadores como manobra eleitoral [6]. Especificamente acerca da aproximação do governo federal com a PM do DF, relembre-se que, em 26/5/20, Bolsonaro editou medida provisória que aumentou a remuneração dos PMs do DF, a despeito do veto do reajuste dos demais servidores [veja aqui]. Além disso, em 10/7, Bolsonaro edita decreto que permite a ocuparação de cargos do governos por militares da ativa por tempo indeterminado [veja aqui].

Leia análise acerca da aproximação de Bolsonaro com as PM através de cargos e benefícios à categoria.

26 jun 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Em dia de votação sobre Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para implementar voto impresso, Bolsonaro desfila com militares em Brasília

Tema(s)
Conflito de poderes, Eleições, Forças Armadas
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo
Estado
Distrito Federal

O presidente Jair Bolsonaro desfila [1] com tanques e veículos blindados da Marinha [2] no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados vota a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) sobre o voto impresso [3], que é defendida por ele [4] [veja aqui] [veja aqui]. A. Rede Sustentabilidade, partido de oposição tentou barrar o desfile na Justiça [5], mas o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli rejeitou o pedido [6]. Parlamentares criticam o ocorrido [7], afirmando que se trata de ‘uma tentativa de constrangimento ao Congresso Nacional e ao povo’ [8] e relatam ofensas e intimidações por telefone pressionando para um voto favorável à PEC [9]. A imprensa internacional também critica o episódio [10]. Segundo a Marinha, o desfile não tem relação com a votação [11]. Bolsonaro acusa Luis Roberto Barroso, ministro do STF, de ‘apavorar’ parlamentares contra o voto impresso [12]; em outra ocasião, questionou a imparcialidade do ministro [veja aqui]. No mesmo dia, a PEC é rejeitada pela Câmara [13]. Ela já havia sido rejeitada em uma comissão especial [14], mas o presidente da casa levou a votação para plenário mesmo assim [veja aqui]. Militares revelam constrangimento pelo desfile [15]. Bolsonaro defende a possibilidade de fraude por voto eletrônico [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui] – atacando o sistema eleitoral em TV pública [veja aqui] – apesar de nunca ter apresentado provas [veja aqui] [veja aqui], e critica a atuação do Tribunal Superior Eleitoral [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui]. Segundo o presidente, o sistema brasileiro não é confiável [veja aqui]; ele e afirmou reiteradas vezes que se não houver modificações no sistema eleitoral não haverá eleições [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui] ou que Lula só ganharia na fraude [veja aqui]. O TSE abriu inquérito administrativo contra Bolsonaro e enviou notícia-crime ao STF pedindo investigações pelos ataques insistentes ao sistema eleitoral [veja aqui].

Leia mais sobre como o desfile lembra o último ato público de intimidação da Ditadura Civil Militar.

10 ago 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Distrital

Polícia Militar pede que escola retire cartazes do Dia da Consciência Negra

Tema(s)
Liberdade Artística, Raça e etnia
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias
Estado
Distrito Federal

Diretor disciplinar, o tenente Araújo, solicita à vice-diretora do Centro Educacional (CED) 1 na Estrutural (DF), escola cívico-militar, que retire cartazes feitos por alunos do 8º e 9º ano para a comemoração do Dia da Consciência Negra e que contêm charges, desenhos e textos homenageando personalidades, falando sobre racismo e discriminação e criticando a violência policial contra a população negra [1]. A vice-diretora, Luciana Pain, nega o pedido, pois a escola não iria ‘censurar o trabalho de alunos’, e defende que o regimento das escolas cívico-militares é claro quanto à autonomia didático-pedagógica e que não pode ocorrer ‘essa interferência’ [2]. Ela sugere que o tenente utilize a oportunidade para debater o tema com os alunos e ele responde que irá remeter a questão aos seus superiores [3]. A Polícia Militar (PM) diz que não houve pedido para retirada dos cartazes, mas ‘uma consultoria junto à direção da escola sobre o tema abordado, uma vez que não condiz com a realidade e a decisão foi tomada de maneira unilateral, sem qualquer diálogo com a coordenação disciplinar que faz parte da gestão compartilhada da escola’ [4]. A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) denuncia o caso à Secretaria de Segurança Pública, à corregedoria da PM, à Secretaria de Educação, ao comitê de ética da Câmara Federal e ao Núcleo de Enfrentamento à Discriminação do Ministério Público (MPDFT) [5]. A Secretaria de Educação diz que considera ‘preocupante o fato de um estudante ter a imagem das Forças de Segurança associada ao racismo ou ao nazismo e acha importante que o tema seja debatido durante o processo pedagógico’ [6]. Em dezembro, pais de estudantes, representantes da OAB, do movimento negro, da União Brasileira de Estudantes e deputados da Câmara Legislativa do DF se reúnem na escola para protestar e pedir liberdade de expressão aos alunos e aos docentes [7]. Em maio de 2022, Pain é exonerada, gerando protestos por parte dos estudantes [8], que são repreendidos pela PM; um dos policiais ameaça aluno dizendo que iria ‘arrebentá-lo’ [9]. Em 2019, os militares apagaram um grafite no muro da CED 1 Estrutural com o rosto de Nelson Mandela e outros desenhos dos alunos . Vale lembrar que deputado aliado à gestão Bolsonaro quebrou placa que denunciava genocídio da população negra [veja aqui] e associação de PMs apresentou pedido de esclarecimento criminal contra cartunistas por charges sobre violência policial [veja aqui].

Leia as análises sobre violência policial contra negros no Brasil, sobre como funcionam as escolas militarizadas e seu desempenho. Ouça as análises sobre racismo e atuação policial e sobre o plano do governo Bolsonaro para as escolas cívico-militares.

22 nov 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Judiciário
Nível
Federal

AGU diz que Bolsonaro não cometeu crime ao divulgar inquérito sigiloso da PF

Tema(s)
Informação, Proteção de dados
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional
Estado
Distrito Federal

Em informe, a Advocacia-geral da União (AGU) nega que Jair Bolsonaro tenha feito vazamento de dados sigilosos em suas redes sociais [1]. O informe ainda solicita que o presidente não seja interrogado alegando que no momento do compartilhamento nas redes o inquérito não estava sob sigilo [2]. O pedido é rejeitado pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, que havia concedido 15 dias para que o presidente prestasse esclarecimentos à PF e, após pedido de Bolsonaro para organizar melhor a data, horário e local, cedeu mais 45 dias e ainda sim não teve o comparecimento do presidente para depor [3]. A intimação para depor à PF trata-se de inquérito já existente contra o presidente [veja aqui], contra o delegado da Polícia Federal (PF), Victor Neves Feitosa Campos, e contra o deputado federal Filipe Barros (PSL-PR) [4] acerca de vazamento, nas redes sociais e em live na internet, de informações sigilosas de investigação sobre denúncias de invasão hacker ao sistema interno do TSE, após segundo turno das eleições de 2018 [5]. A AGU já havia sofrido mudanças em seu alto escalão, sendo representada por André Mendonça, quando o governo trocou seis ministros e nomeou amigo pessoal de seu filho Flávio Bolsonaro para detentor da pasta de Justiça e Segurança Pública para cargo [veja aqui].

Leia mais sobre a relação intrincada entre proteção de dados e falta de transparência no governo Bolsonaro

27 jan 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro comemora a relatoria do Ministro do STF André Mendonça, ‘terrivelmente evangélico’, em pautas relacionadas a questões de gênero

Tema(s)
Posicionamento político, Religião
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias
Estado
Distrito Federal

O chefe do Executivo, Jair Bolsonaro, comemora que a relatoria de uma ação que pede a derrubada de leis que vedam a abordagem de informações sobre gênero nas políticas de ensino, em 2 municípios em Pernambuco, é sorteada à relatoria do ministro indicado por ele ao STF, André Mendonça [1]. ‘Terrivelmente evangélico’, o ministro ex-advogado-geral da União foi indicado em julho de 2021 por Bolsonaro e tomou pose em dezembro do mesmo ano com presença de lideranças religiosas e políticas do governo Bolsonaro [2]. Há receio de especialistas de que Mendonça, em sua atuação no STF, desrespeite a laicidade do Estado [veja aqui]. Outras leis municipais pelo Brasil que proibiam a discussão de gênero em escolas já foram declaradas inconstitucionais pelo STF [veja aqui] mas o presidente, contrariando orientações diplomáticas insiste em dar novas diretrizes à área que chama de ‘ideologia de gênero’, é o caso do pedido ao MEC a uma redação de projeto de lei que visa a proibir a abordagem da temática de gênero nas escolas de ensino fundamental do país [veja aqui].

Leia mais sobre a incorreção da nomeação de um ministro ao STF por sua inclinação religiosa e sobre a laicidade no Estado

27 jan 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro General Heleno afirma ter sido informado previamente sobre ataque ao STF por militantes extremistas

Tema(s)
Conflito de poderes, Segurança pública
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos
Estado
Distrito Federal

Ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, general Augusto Heleno, declara em depoimento à Polícia Federal (PF) que os manifestantes do grupo conhecido como 300 do Brasil, informaram a intenção de adotar ‘posturas contra o STF ‘ [1]. Com depoimento coletado durante a oitiva do inquérito sobre milícias digitais, a delegada Denisse Ribeiro, relata ao ministro que as investigações da PF indicam que pessoas próximas ao Presidente da República estão dando ‘diretrizes’ e/ou orientando ‘ações virtuais’ contra os críticos do governo [2]. Ainda na oitiva, o general disse ainda ter desaconselhado qualquer tipo de ação contra o tribunal e que sua articulação com o grupo se deu pois’ vislumbrava possibilidade de conflito’ [3]. Em sentido contrário, Sara Winter, membro do grupo 300 de Brasil, confirma em entrevista que general Heleno deu orientações para que atacassem o STF durante a ação do acampamento do seu movimento [4].

10 fev 2022
Mês Filtros