Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Os Ministros do Meio Ambiente e da Agricultura incentivam plantação ilegal de soja na Amazônia

Tema(s)
Meio Ambiente, Povos indígenas
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias
Estado
Mato Grosso

Na primeira visita à Amazônia, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em companhia da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, conhece plantação de soja ilegal em terras indígenas [1]. A ministra afirma que os produtores indígenas estão fazendo uma ‘revolução na agricultura’ e estão ‘lado a lado com os maiores agricultores do país’ [2]. Os indígenas da região defendem a liberação do uso de transgênicos e o direito ao arrendamento de suas terras [3]. De acordo com a Funai existem apenas 22 reservas indígenas que arrendam terras e a Associação de Povos Indígenas do Brasil (APIB) afirma que os povos indígenas ‘rejeitam o modelo de monocultura’ promovido pela agroindústria [4]. O empreendimento foi embargado pelo Ibama em 2018, pois cultivava Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) e impedia a regeneração da vegetação nativa [5]. As terras eram arrendadas pelos indígenas a outros agricultores e recebiam 10% das sacas produzidas, em outras épocas do ano esse número reduzia para 2,5% [6]. Em nota o Ministério da Agricultura afirma que o plantio da safra 2018/19 foi possível em razão de acordo feito entre o Ministério Público Federal (MPF), o Ibama e a Funai, porém o MPF nega a existência desse acordo [7]. Em entrevista, Salles afirma que os índios são perseguidos por agentes estatais com ‘visão ideológica’ que menosprezam o trabalho dessa população [8]. A postura dos ministros está alinhada a do presidente Jair Bolsonaro, que defende a mineração [veja aqui] e a pecuária [veja aqui] em terras indígenas e assina projetos de lei que liberam a produção de transgênicos e autorizam atividades econômicas nessas localidades [veja aqui]. O presidente também critica extensões de terras a indígenas [veja aqui], transfere a competência para demarcação dessas áreas para o Ministério da Agricultura [veja aqui] e cede aos interesses ruralistas sobre a Funai [veja aqui].

Leia as análises sobre como a política indigenista do governo Bolsonaro vai na contramão do proposto pela Constituição de 1988 e qual a relação entre meio ambiente e a visita dos Ministros na plantação ilegal de soja

13 fev 2019
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo, Legislativo
Nível
Estadual

Governo de Mato Grosso aprova lei contra fake news na pandemia

Tema(s)
Imprensa, Informação
Medidas de emergência
Aumento de poder de polícia
Estado
Mato Grosso

Governo do Estado de Mato Grosso aprova lei contra disseminação de fake news na pandemia [1]. Projetos semelhantes foram aprovados no Acre [veja aqui], Paraíba [veja aqui], Ceará [veja aqui], Bahia [veja aqui] e Roraima [veja aqui]. Neste caso, a lei estabelece multas de R$ 3 mil a R$ 30 mil para quem intencionalmente divulgar por meio eletrônico notícias falsas sobre epidemias, endemias ou pandemias no Estado de Mato Grosso [2]. A lei também afirma que as multas serão revertidas para o apoio ao tratamento de epidemias no Estado [3]. O deputado autor do projeto, Valdir Barranco (PT), afirma que a lei se justifica, pois a divulgação de notícias falsas tem provocado grandes prejuízos à sociedade no contexto da pandemia do coronavírus [4]. Segundo o deputado, ‘não se trata de tolher a liberdade de expressão individual ou de imprensa, mas de preservar e valorizar informações verdadeiras’ [5]. Leis como a aprovada em Mato Grosso têm sido criticadas por especialistas, pois não estabelecem o que são ‘notícias falsas’ e não consideram que grande parte das informações falsamente divulgadas são feitas por pessoas sem a consciência de sua falsidade [6]. Entre o começo de março e o começo de junho de 2020, 26 projetos de leis foram lançados para combater notícias falsas na pandemia [veja aqui] e ao menos 21 dos 26 estados brasileiros apresentaram iniciativas nesse sentido .

Leia análise sobre o surgimento de projetos que pretendem alterar a estrutura de regulação da liberdade de expressão na internet.

13 maio 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Judiciário
Nível
Estadual

Justiça retira bloqueio de comercialização de madeira imposto pelo Ibama

Tema(s)
Comércio, Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização
Estado
Mato Grosso, Pará

Justiça Federal suspende bloqueio sobre venda de produtos florestais de origem nativa imposto pelo Ibama aos estados do Mato Grosso e do Pará, conforme aponta apuração da imprensa desta data [1]. As decisões, tomadas separadamente, atendem aos pedidos de desbloqueio feitos por cada um dos estados, mas são liminares, ou seja, não são definitivas e podem ser modificadas depois da apresentação de provas [2]. Em 19/03 o Ibama tinha determinado que a partir do dia 22/03 a emissão do Documento de Origem Florestal (DOF), necessário para autorização da venda da madeira e outros produtos, fosse bloqueada para os dois estados [2]. A punição foi justificada uma vez que os estados ainda não se integraram ao Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor), prevista desde 2012 no Código Florestal [3], e que deveria ter sido concluída até maio de 2018 – a falta de integração impõe obstáculos para a fiscalização da regularidade dos produtos [4]. A decisão que aceitou o pedido do estado do Mato Grosso e afirma que o bloqueio do Ibama é abusivo e tem grande impacto socioeconômico, além de apontar que ‘o estado não se mostrou omisso quanto à adesão ao Sinaflor’ [5]. Vale indicar que, segundo dados produzidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os dois estados são os recordistas do Brasil no desmatamento da Amazônia [6]. Em outras oportunidades, decisões do Executivo e do Judiciário prejudicaram a preservação do meio ambiente: em agosto de 2020, o Ministério da Defesa impediu operação do Ibama no Pará contra garimpo ilegal em terras indígenas [veja aqui], em dezembro do mesmo ano, o Ministro Kassio Nunes Marques, do STF, deu decisão que permitiu a pesca predatória no litoral do Rio Grande do Sul [veja aqui].

Leia análises sobre o impacto do desmatamento da Amazônia no Pará e no Mato Grosso.

24 mar 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Funai indica ruralistas para compor o grupo de trabalho que analisará o processo de demarcação da Terra Indígena Piripkura, no Mato Grosso

Tema(s)
Meio Ambiente, Povos indígenas, Segurança e meio ambiente
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias
Estado
Mato Grosso

A Fundação Nacional do Índio (Funai) nomeia ruralistas para compor o Grupo Técnico que irá identificar a Terra Indígena Piripkura, para demarcação [1]. Em ação na Justiça Federal, o Ministério Público Federal (MPF) pede a suspensão da nomeação dos ruralistas [2], pedindo que sejam nomeados antropólogos com qualificação reconhecida e experiência de trabalho em comunidades indígenas [3]. Segundo o órgão, a nomeação de ruralistas para a demarcação de terras indígenas configura conflito de interesses, pois possibilita que o grupo atue em defesa daquilo que beneficia os fazendeiros da região, e não os povos indígenas [4]. Em razão do pedido do MPF, a Justiça Federal supende o processo de identificação da Terra Indígena (TI), concedendo prazo para que a Funai responda questionamentos trazidos pelo MPF [5]. A nomeção de Grupo Técnico especializado para identificar a TI Piripkura ocorre após a Justiça Federal ter determinando que a Funai o fizesse [6] em até 90 dias contados da data da decisão. Piripkura é uma das terras indígenas que mais sofre com o desmatamento [7]. Desde agosto de 2020 até maio de 2021, formam destruídos o equivalente a mais de 2 mil campos de futebol [8]. Em 26/06, agentes do Ibama e policiais da Força Nacional concluíram uma operação de três dias na TI Piripkura [9]. O povo indígena Piripkura é isolado e, atualmente restam somente dois indígenas que que não foram dizimados pelo contato com os brancos [10]. O direito à demarcação das terras indígenas sempre sofreu ameaças e, durante o governo Bolsonaro, essas têm sido reiteradas: em 10/03/2020, o presidente Jair Bolsonaro criticou a ‘indústria de demarcação das terras tradicionais’ [veja aqui]. Em 20/05/2021, o povo indígena Yanomami sofreu ataques de garimpeiros por dez dias e não recebeu proteção dos órgãos responsáveis [veja aqui]. Em 12/05/2021, o Ministério da Justiça autorizou o uso da Força Nacional em terra indígena do Pará [veja aqui]. Em 27/05/21, o presidente Jair Bolsonaro gerou aglomeração na terra indígena Yanomami e desrespeitou os valores tradicionais desse povo [veja aqui].

Leia sobre o procedimento necessário para a demarcação de terras indígenas e sobre o histórico da demarcação no Brasil. Veja documentário sobre a relação dos povos indígenas com a terra.

07 jul 2021
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