Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ibama arquiva multas por desmatamento ilegal após reunião com políticos e empresários

Tema(s)
Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização
Estado
Santa Catarina

O Ibama arquiva diversos processos contra plantações irregulares de soja em áreas protegidas por lei federal na região de Lages, em Santa Catarina, sem instrução processual e análise técnica [1]. Em despacho, o presidente do órgão, Eduardo Bim, indica que as práticas estão amparadas pelo código ambiental do estado [2]. Em nota, a Associação Rural de Lages afirma que o cancelamento resulta de ‘cinco meses de intensa mobilização’ e o partido Novo, ao qual o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é filiado, comemora a medida [3]. O Ministério Público Federal investiga a decisão, que é tomada após reunião entre Bim, a equipe técnica do Ibama e um grupo de políticos e empresários da região [4]. Em outros momentos, o Ibama anula multa do Presidente Jair Bolsonaro por pesca ilegal , autoriza construção de hidrelétrica a despeito de pareceres técnicos contrários [veja aqui] e junta-se ao ICMBio para acelerar procedimentos de licenciamento ambiental em unidades de conservação [veja aqui]. Os acontecimentos se enquadram no contexto de desmonte das políticas ambientais promovidas pelo governo Bolsonaro, com a redução de multas [veja aqui], exoneração de diversos superintendes [veja aqui] e funcionário do Ibama [veja aqui] e corte de orçamento no instituto . Ainda, Bolsonaro ironiza a questão ambiental [veja aqui] e promete interromper a queima de maquinários usados no desmatamento ilegal [veja aqui] – o, que, no ano posterior, tem repercussão em caso de maquiagem de dados [veja aqui] – e os ministros do Meio Ambiente e da Agricultura incentivam a produção de soja ilegal [veja aqui].

Leia as análises sobre a política ambiental no primeiro ano do governo Bolsonaro e seu impacto no controle ambiental

20 abr 2019
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Capes nega verba de apoio a realização de congresso em Santa Catarina por conta de ‘militância política’

Tema(s)
Educação, Liberdade Acadêmica
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos
Estado
Santa Catarina

A Capes, fundação vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e responsável pelo fomento e desenvolvimento da pós graduação, nega a liberação de verba para realização de congresso internacional organizado pelas universidades federais do Goiás e Santa Catarina, o qual se propunha a debater temas como constitucionalismo e democracia [1]. Os organizadores relatam que a decisão do corte de verbas ocorreu após as universidades terem recorrido administrativamente da primeira decisão da Capes, a qual teria concedido apenas 25% do valor inicialmente pleiteado (R$80 mil) [2]. A decisão, além de incomum, é considerada ‘descabida’ pelos organizadores, pois justificada no fato do evento realizar ‘crítica política’, elemento que, segundo a Capes, não mereceria atenção dos ‘cofres públicos’ [3]. As instituições organizadoras lançam nota de repúdio [4] em que classificam a medida como censura, e também elaboram novo recurso a Capes [5]. Mesmo tendo apoiado o congresso nas últimas 8 edições, a agência de fomento afirma que a proposta do evento não teria ‘preenchido os requisitos de cientificidade mínimos exigidos’ [6]. Vale lembrar que quatro meses antes, o ministro da educação e o presidente publicaram em suas redes sociais que investimentos públicos em algumas áreas de humanidades deveriam ser diminuídos por serem menos ‘vantajosos’ [veja aqui]. Igualmente, ao longo do ano, instituições federais de educação têm eventos [veja aqui] e atos [veja aqui] cancelados por se colocarem contrários a figuras do governo.

13 ago 2019
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro nomeia último colocado em lista tríplice nas eleições universitárias para o cargo de reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)

Tema(s)
Educação, Liberdade Acadêmica
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional
Estado
Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina

Presidente Jair Bolsonaro nomeia, através de decreto [1], último colocado em lista tríplice elaborada pelo Conselho Universitário (Consuni) para o cargo de reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) [2]. O ato nomeia Marcelo Recktenvald como novo reitor, que obteve apenas 4 dos 49 votos do Consuni – enquanto o primeiro e segundo colocados obtiveram, respectivamente, 26 e 19 votos [3]. Na consulta à comunidade acadêmica, Recktenvald também ficou em último lugar, sequer participando do segundo turno das eleições [4]. A nomeação representa quebra de tradição existente desde 2003 , na qual o presidente da República sempre nomeava o primeiro colocado da lista tríplice, em atendimento às eleições acadêmicas e posicionamento do conselho universitário [5] [veja aqui]. O ato é repudiado por órgãos da própria universidade [6] [7], por entidades sindicais [8], e manifestações estudantis [9], que apontam ofensa à autonomia universitária. Em maio de 2020, Recktenvald defende intervenção militar no Supremo Tribunal Federal (STF) através de postagem nas redes sociais: ‘Um cabo e um soldado resolveriam essa questão. Tenho a impressão de que nossas instituições estão perdidas’ [10]. A mensagem é postada um dia após a Polícia Federal executar mandados de busca e apreensão contra apoiadores do governo Bolsonaro e parlamentares aliados, no âmbito do inquérito das fake news [11] [veja aqui]. Em outras oportunidades, Bolsonaro nomeou segundos e terceiros colocados para as reitorias das universidades federais do Ceará [veja aqui], do Triângulo Mineiro [veja aqui], dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri [veja aqui], e do Rio Grande do Sul [veja aqui]. No fim de 2019, o presidente editou Medida Provisória (MP) que alterou o processo de escolha dos reitores [veja aqui], e em 2020 outra MP possibilitou o Ministro da Educação nomear reitores temporários durante a pandemia [veja aqui].

Leia carta de repúdio de reitores eleitos, porém não nomeados, análises sobre as intervenções de Bolsonaro nas universidades federais e sobre outros ataques praticados pelo governo federal, e veja estudo sobre as atuais condições da liberdade acadêmica no Brasil – em inglês.

29 ago 2019
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro da educação nomeia reitor pro tempore para instituto federal em Santa Catarina

Tema(s)
Educação, Liberdade Acadêmica
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional
Estado
Santa Catarina

Ministro da Educação intervém na nomeação de reitores de institutos federais do Rio Grande do Norte [veja aqui] e de Santa Catarina. No Instituto Federal de Santa Cataria, portaria assinada pelo Ministro da Educação [1] indica o professor Lucas Dominguini para exercer o cargo de reitor pro tempore. O sítio eletrônico da instituição, no entanto, alega que Dominguini teria confirmado sondagem pelo MEC, mas abdicara da indicação, e que estariam em andamento tratativas com o Ministério da Educação para tornar a nomeação sem efeito [2]. As medidas foram recebidas com duras críticas por entidades sindicais [3] e organizações da sociedade civil [4]. Após o declínio de Dominguini, o MEC nomeia André Dala Possa como reitor do IFSC, segundo colocado nas eleições universitárias. A justificativa apresentada pelo MEC para não nomear o primeiro colocado, Maurício Gariba Júnior, é de que esse seria investigado em processo administrativo domiciliar. Assim, Dala Possa fica no cargo até que o processo envolvendo Gariba Júnior seja concluído, segundo nota divulgada pelo Ministério da Educação [5]. Em 02/06 a MP 914, responsável por alterar o processo de escolha dos reitores universitários – conferindo maior ingerência do Executivo nas escolhas, é rejeitada pelo Congresso Nacional e perde sua validade [6].

Leia a análise sobre a alteração no processo de escolha de reitores de universidades e institutos federais promovida pelo governo Bolsonaro.

17 abr 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Estadual

Governador de SC comparece a festa durante a pandemia e não usa equipamento de proteção

Tema(s)
Distanciamento social, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos
Estado
Santa Catarina

O governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), aparece em vídeo em uma festa junina em um hotel de Gaspar, no Vale do Itajaí [1], durante a pandemia do novo coronavírus. Nas imagens, Carlos Moisés aparece sem máscara e em um ambiente com aglomeração [2]. Pelas regras de portaria estadual [3], os hotéis devem fechar as áreas de convivência e oferecer alimentação apenas via serviço de quarto [4]. O ministério público de Santa Catarina instaura um procedimento e recomenda a instauração de inquérito pela Polícia civil para verificar se houve descumprimento do decreto estadual que proíbe eventos, shows, espetáculos e reunião de pessoas em Santa Catarina [5]. A assessoria de comunicação do governo afirmou em nota que o governador realmente esteve hospedado em um hotel em Gaspar neste fim de semana [6]. Segundo a assessoria, no momento em que o governador jantava, um hóspede que fazia uma apresentação musical mencionou a presença dele, que passou a ser procurado por outras pessoas em sua mesa e, por cortesia, interrompeu por um momento a refeição e conversou brevemente com algumas delas [7]. Em Santa Catarina, os hotéis foram autorizados pela portaria a reabrir em 13/04/20 com diversas regras, como, por exemplo, os estabelecimentos só podem ter até 50% da lotação máxima. O estado tem 11.565 casos confirmados de coronavírus, com 171 mortes, conforme divulgado em boletim do governo do estado no final da noite deste domingo [8]. Desde março, o Brasil está em estado de quarentena e medidas de isolamento e fechamento do comércio ocorrem no país [veja aqui].

Leia mais sobre os numeros da pandemia do novo coronavírus no Brasil.

06 jun 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Estadual

A pedido da casa civil, Ibama-SC nomeia novo superintendente que não tem experiência ambiental e tem bens bloqueados por ação de improbidade

Tema(s)
Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização
Estado
Santa Catarina

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, confirma a nomeação de Glauco Côrte Filho, empresário, para o cargo de superintendência do Ibama de Santa Catarina [1]. O pedido foi feito pela Casa Civil, conforme informação da área de comunicação da pasta [2]. Glauco Filho, formado em administração de empresas, não possui experiência na área de meio ambiente [3]. O empresário alega que recebeu o convite da bancada de parlamentares de Santa Catarina e o aceitou [4]. De acordo com a legislação, a nomeação para o cargo deve ser feita à alguém que tenha experiência mínima de três anos na área em questão; ter ocupado cargo em comissão ou função de confiança em qualquer Poder ou possuir título de especialista na área correlata; requerimentos que não são cumpridos no caso da nomeação do empresário [5]. O empresário também possui bens bloqueados pela justiça, por conta de uma ação civil pública por ato de improbidade administrativa relacionada à irregularidades desde 2014 em Santa Catarina [6]. O governo Bolsonaro sofre críticas por nomeações para cargos públicos de pessoas que não tem experiência na área [veja aqui], pelo descumprimento de requisitos impostos em lei [veja aqui], assim como por nomeações incompatíveis com as pastas [veja aqui].

Leia análise sobre a entrega de cargo para o centrão feita por Bolsonaro.

29 jun 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Ministério Público
Nível
Estadual

Ministério Público estadual denuncia escritora por conta de livro de ficção

Tema(s)
Cultura, Liberdade Artística

Construção de inimigos
Estado
Santa Catarina

O Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) denuncia a escritora e advogada Saíle Bárbara Barreto pelos crimes de calúnia, difamação e injúria, pois, supostamente, seu livro de ficção ‘Causos da Comarca de São Barnabé’ refere-se ao juiz Rafael Rabaldo Bottan [1]. Na história, o personagem controverso é o magistrado ‘Florisbaldo Mussolini’ e, segundo o MP-SC, a escritora resolveu satirizar o servidor, pois estava inconformada com as decisões proferidas que contrariavam seus interesses [2]. Após Saíle Barreto publicar um trecho de um documento do processo nas redes sociais, a instituição ameaça a escritora de prisão e afirma que a ridicularização de um magistrado ‘atenta contra o próprio Poder Judiciário’ [3]. A escritora nega as acusações, afirmando que não sabe o nome completo dos juízes [4], e afirma que está sendo processada por escrever um livro em que ‘o vilão tem um nome que rima com o sobrenome de um juiz’ [5]. Advogado e professor da USP afirma que a sátira não deve ser objeto de censura e que a liberdade de expressão na obra ficcional é garantida pela legislação [6]. A União Brasileira de Escritores divulga nota a favor da escritora [7]. Em outras ocasiões, um colunista crítico ao presidente Bolsonaro é alvo de inquérito [veja aqui], a Polícia Federal intimou advogado que criticou o presidente [veja aqui], a Polícia Civil e a Promotora entendem que imagem de drag queen segurando escultura da cabeça decapitada do presidente se enquadra nos crimes da Lei de Segurança Nacional [veja aqui] e divulgação de livro com críticas ao governo e ao conservadorismo é suspensa por pressão política .

11 fev 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Estadual

Bolsonaro cometeu ao menos 02 atos contra recomendações médicas e sanitárias na primeira semana de agosto, em meio à pandemia

Tema(s)
Distanciamento social, Saúde
Medidas de emergência
Flexibilização de controle
Estado
Santa Catarina

Como no mês [veja aqui] e semana [veja aqui] anteriores, o presidente Jair Bolsonaro descreditou recomendações médicas e sanitárias. Em 06/08, o presidente, sem máscara e em meio a aglomeração no espaço público, convoca apoiadores para uma manifestação em Florianópolis (SC) [1]. A convocação é feita através de vídeo publicado nas redes sociais de um empresário do comércio varejista que estava ao lado de Bolsonaro [2]. Na publicação, os dois chamam manifestantes pró governo para uma ‘motocaiada’, manifestação que reúne pessoas conduzindo motocicletas, sem qualquer tipo de menção a medidas de proteção a transmissão do coronavírus [3]. O encontro, que acontece no dia seguinte, causa aglomeração e alterações no trânsito [4]. Na mesma data , o boletim do governo do estado de SC divulga um total de 1.123.341 pacientes com teste positivo para covid-19 e registra também a marca de 18.703 mortes [5]. Na data da manifestação o estado estava classificado com risco alto de contaminação [6]. Vale lembrar que em Santa Catarina é obrigatório o uso de máscara em qualquer lugar por prevenção contra o coronavírus, seja ele público, privado ou ao ar livre, com exceção do interior das residências [7]. Em 06/08 o País contabilizou 561.807 óbitos e 20.108.448 casos de coronavírus, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa [8].

Leia sobre a atuação do governo federal na pandemia causada pela covid 19.

07 ago 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Legislativo
Nível
Estadual

Assembleia Legislativa de Santa Catarina instala CPI para investigar realização de aborto legal

Tema(s)
Gênero e orientação sexual, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias
Estado
Santa Catarina

Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) instala Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar realização de aborto em menina de 11 anos que engravidou após ser vítima de um estupro [1]. A denominada ‘CPI do Aborto’, instalada a pedido da deputada Ana Campagnolo (PL-SC), busca investigar o cometimento de crime na realização do procedimento e se houve, de fato, o estupro alegado pela vítima [2]. Vale lembrar que a legislação garante que procedimento não é crime em três hipóteses: no caso de risco de morte materna, em casos de estupro e em caso de feto anencefálico [3]. Segundo apuração jornalística publicada em 12/10, seis do sete membros da CPI já se pronunciaram anteriormente contra o aborto, enquanto a comissão é criticada por criar insegurança jurídica em torno do aborto legal, dificultando pessoas vulneráveis de acessá-lo [4]. Em 02/09, organizações e entidades da sociedade civil oficiam a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), para que apure irregularidades na instalação da ‘CPI do Aborto’, denunciando que os parlamentares ‘pretendem inquirir, na condição de criminosos, profissionais de saúde, jornalistas e advogadas, os quais, cada qual dentro de suas atribuições, contribuíram para que a menina tivesse acesso ao aborto legal após as inúmeras violências institucionais sofridas’ [5]. Segundo a denúncia, a instação da CPI ‘promove sentimentos de pânico em torno do direito ao aborto legal e incentiva a perseguição política de profissionais de saúde que cumpriram seus deveres legais’ [6]. Vale lembrar que o Ministério da Saúde (MS) disponibilizou em sua biblioteca virtual e no site da Secretaria de Atenção Primária à Saúde cartilha que afirma que ‘todo aborto é um crime’ e que sugere uma investigação policial para os procedimentos feitos nos casos de excludente de ilicitude [red id=5564]. O governo federal também já agiu contra a autonomia feminina, como quando baixou o decreto que defende ‘direito à vida desde a concepção’ [veja aqui], bem como quando o Brasil, representado pela ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, assinou declaração internacional contra o aborto [veja aqui].

Leia mais sobre a relação entre a criminalização do aborto e os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres

11 out 2022
Mês Filtros