Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro da Justiça requer abertura de inquérito para apurar calúnia do ex-presidente Lula ao presidente Bolsonaro

Tema(s)
Ditadura e memória, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Após discurso do ex-presidente Lula ao Movimento dos Atingidos por Barragens [1], em que afirma que haveria um miliciano no governo, responsável pela morte de Marielle Franco, violência contra pobres, impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e mentiras contra ele, o Ministro da Justiça Sérgio Moro requer abertura de inquérito [2] para investigá-lo por calúnia. O caso ganha repercussão porque, após Lula ter sido ouvido pela Polícia Federal (PF) em 19/02/2020 [3], a instituição declarou descartada possibilidade de enquadramento das condutas na Lei de Segurança Nacional (LSN) [4]. Em 11/11/2019, porém, Bolsonaro afirmou que o discurso de Lula poderia ser enquadrado na LSN [veja aqui]. Com isso, espalha-se rumor de que Moro teria procurado enquadrar a conduta do ex-presidente na LSN [5], o que foi até ratificado pelo site do Ministério da Justiça e, depois, desmentido [6]. A defesa de Lula contesta o Ministério [7] e apresenta imagem do inquérito da PF em que se investiga o enquadramento da conduta do ex-presidente com base na LSN [8]. Em reação, juristas se manifestam contrariamente ao uso da LSN, considerada um dos resquícios da ditadura militar [9]. Em 21/05/2020 o inquérito é arquivado [10] sob justificativa de que as declarações de Lula não ameaçam a integridade nacional e o presidente [11]. Levantamento via pedido de Lei de Acesso à Informação [12] indica aumento do uso da LSN durante o governo Bolsonaro [13].

Leia a análise sobre o que é a Lei de Segurança Nacional e entrevista sobre sua aplicação hoje.

22 nov 2019
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro da Economia afirma que ninguém deveria se assustar com ideia de ‘novo AI-5’

Tema(s)
Ditadura e memória
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

O Ministro da Economia, Paulo Guedes, durante a entrevista coletiva em Washington, diz ‘não se assustem então se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez?’ [1]. Guedes afirma ainda serem irresponsáveis as convocações da esquerda, endossadas pelo ex-presidente Lula, de chamar manifestantes às ruas contra o governo [2]. Ao fim da entrevista, Guedes nega a viabilidade do AI-5 no cenário de democracia [3]. A declaração do Ministro da Economia se dá no mês seguinte à afirmação de Eduardo Bolsonaro de que novo AI-5 poderia ser resposta a possível radicalização da esquerda em protestos, o que gerou represálias e um pedido de desculpas do filho do presidente [veja aqui]. À fala de Guedes, seguiram-se diversas críticas de políticos do PT, PSOL e PCdoB [4]. A oposição da Câmara dos Deputados também apresenta representação contra o Ministro na Procuradoria Geral da República [5] e na Comissão de Ética da Presidência [6] por apologia à ditadura e crime de responsabilidade. No Senado, a oposição pede convocação e propõe voto de repúdio, que conta até com apoio de líderes da direita [7]. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, se pronuncia defendendo que o AI-5 é incompatível com a democracia [8]. No ano seguinte, novas alusões e endossos ao período ditatorial são feitos pelo governo, como homenagens ao dia do golpe como marco importante à democracia [veja aqui] e até a participação do presidente em atos populares que reivindicavam novo AI-5 [veja aqui].

Leia as análises sobre o que foi o AI-5, seu contexto político e a indissociabilidade entre a política e a economia para avaliar as medidas implementadas pelo Ministério da Economia.

25 nov 2019
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro afirma que colocará em ‘pau de arara’ ministros envolvidos em corrupção

Tema(s)
Ditadura e memória
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

Em cerimônia de anúncio de crédito para a execução de obras estaduais [1], cuja plateia era composta por prefeitos e agropecuaristas [2], Bolsonaro afirma que é possível que existam casos de corrupção no governo federal sem seu conhecimento, porém, caso o responsável seja um Ministro, ele o colocará em um ‘pau de arara’ [3]. A expressão ‘pau de arara’ se refere a instrumento de tortura utilizado contra opositores da ditadura militar brasileira [4]. Em mês anterior, o Ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi denunciado por utilizar candidaturas de fachada para o desvio de recursos do fundo eleitoral [5]. O Presidente também afirma, em suas redes sociais, que quem ‘atrapalhar o progresso, vai atrapalhar da Ponta da Praia’, em referência a uma base da Marinha que servia de centro de tortura de dissidentes da ditadura [veja aqui]. Em outras oportunidades, Bolsonaro elogia torturadores [veja aqui] e ditadores [veja aqui], chama denúncia de tortura de ‘besteira’ [veja aqui] e exonera peritos de órgão nacional de combate à tortura [veja aqui]. Além disso, o Presidente afirma que não houve ditadura no Brasil [veja aqui] e desconsidera relato de jornalista que foi torturada durante o regime militar [veja aqui]. Em 2020, Bolsonaro replica postagem de perfil denominado ‘Pau de Arara Opressor’, que compartilhou notícia sobre os bonecos do Presidente e de seus Ministros que desfilaram no carnaval de Olinda [6] e a Secretária da Cultura minimiza os episódios de tortura que ocorreram no país durante a ditadura militar [veja aqui].

Leia o texto sobre a tortura no contexto da ditadura militar de 1964, sobre o que é a Comissão Nacional da Verdade e um trecho do relatório produzido pela Comissão sobre as práticas de tortura durante a ditadura militar de 1964

12 dez 2019
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Sob primeiro ano do governo Bolsonaro, número de investigações sobre violações à Lei de Segurança Nacional bate recorde

Tema(s)
Ditadura e memória, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

Dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação apontam número recorde na utilização da Lei de Segurança Nacional (LSN) no ano de 2019, com abertura de 28 investigações para apurar supostos crimes cometidos contra a legislação [1]. A LSN foi criada durante a ditadura militar, listando crimes contra a segurança nacional e a ordem política e social e serviu para perseguir opositores do regime [2]. Vigente até hoje, ela havia sido usada em poucas situações desde a redemocratização do país [3], observando-se, nos últimos três anos, 19 investigações abertas em 2018, 5 em 2017 e 7 em 2016 [4]. Especialistas apontam que os artigos da lei são subjetivos, o que facilita a utilização em larga escala [5], inclusive servindo para ‘intimidações políticas’ [6]. Apesar da lei ter origem em um regime de exceção, em novembro deste ano, Bolsonaro afirmou que a lei ‘está aí para ser usada’ [7] e indicou que o discurso contrário ao governo do ex-presidente Lula poderia ser enquadrado na LSN [veja aqui], havendo posterior abertura de inquérito criminal para investigá-lo após pedido do ministro da Justiça, Sergio Moro [veja aqui]. Em 2020, o uso da LSN deve bater novo recorde [8], já tendo servido para instaurar 15 inquéritos no 1º semestre [9], dentre eles, um que investiga chargista e jornalista que publicaram cartum crítico ao governo [veja aqui].

Leia as análises sobre o que é a Lei de Segurança Nacional, como ela vem sendo usada contra opositores do governo, como ela representa uma herança da ditadura e as indagações apontadas em parecer que podem levar ao seu questionamento junto ao Supremo Tribunal Federal.

31 dez 2019
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Eduardo Bolsonaro propõe ‘revisão histórica’ de livros didáticos sobre ditadura militar

Tema(s)
Ditadura e memória, Educação
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

O deputado federal, Eduardo Bolsonaro, afirma nas redes sociais que a ditadura militar é mal retratada pelos livros didáticos e propõe revisionismo histórico do golpe de 1964 [1]. A defesa dessa medida é justificada pelos livros retratarem ‘assassinos como heróis e militares como facínoras’, chamando os ex-combatentes do regime de assassinos [2]. As declarações ocorrem depois que o Ministério da Educação (MEC) publicou uma nova versão de um edital que orienta a produção de livros escolares, deixando de exigir que as obras apresentem referências bibliográficas e retirando trechos como a previsão de compromisso com a agenda da não violência contra as mulheres e exigência de retratar a diversidade étnica do país [veja aqui]. A medida, no entanto, foi anulada pelo MEC após a repercussão negativa [3]. Nas redes sociais, o presidente compartilha uma publicação que afirma que o jornalismo está tentando arrumar ‘picuinhas’ com suas decisões na temática da educação [4]. O combate ao conteúdo dos livros didáticos é recorrente no governo. Em abril, o Ministro da Educação, Ricardo Vélez, nega a existência do golpe de 1964 e declara que livros didáticos serão alterados para uma ‘versão da história mais ampla’ [veja aqui]. Em 2020, Bolsonaro afirma que os livros didáticos são um ‘amontoado de muita coisa escrita’ [veja aqui] e o Ministro da Educação, Weintraub, afirma retirar ‘kit gay’ – material nunca implementado – do novo programa do governo [veja aqui].

Leia as análises sobre os problemas decorrentes do negacionismo histórico e o seu uso como arma política.

10 jan 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro terá liberdade de escolha de 3 integrantes da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos

Tema(s)
Ditadura e memória
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O novo Regimento Interno [1] da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) é aprovado com mudanças importantes sobre a composição e escopo de atuação da CEMDP [2]. Na nova redação, o art. 2 do regimento prevê que a composição dos sete membros da Comissão será designada por escolha do Presidente da República, sendo quatro pertencentes a órgãos pré-estabelecidos e três de livre escolha. A nova regra elimina a obrigatoriedade anterior de que entre os escolhidos estejam pessoas ‘de reconhecida atuação na temática, objeto de sua atuação e com compromisso com a defesa de princípios fundamentais da pessoa humana’ [3]. Em nota, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos afirma que ‘todas as modificações foram feitas rigorosamente para eliminar irregularidades cometidas pela antiga gestão ao adequar o documento à Lei 9.140/95, que criou a comissão’, reiterando ser inverídica informação de que o presidente teria alterado a forma de escolha dos Conselheiros [4]. Vale lembrar que em agosto de 2019 o presidente já havia interferido na Comissão, realizando a troca de quatro de seus dos sete integrantes por apoiadores políticos [veja aqui]. Na oportunidade, a Comissão Arns lançou nota pública em defesa da CEMDP [5], e o Conselho Superior do Ministério Público Federal rejeitou a indicação do presidente [6].

Leia análises sobre o novo regimento interno da Comissão de Mortos e desaparecidos e sobre o histórico de atuação de comissões de direitos humanos no Brasil.

14 jan 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro diz que pessoas de esquerda não devem ser tratadas como ‘pessoas normais’

Tema(s)
Ditadura e memória
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O presidente Jair Bolsonaro afirma, durante solenidade no Palácio do Planalto, que pessoas de esquerda ‘não merecem ser tratadas como se fossem pessoas normais’ [1]. A declaração ocorre durante solenidade sobre a Operação Acolhida de apoio a imigrantes venezuelanos, e com a presença de um garoto venezuelano colocado ao lado do presidente, enquanto este realiza críticas a governos de esquerda na América Latina, em especial ao ex-presidente venezuelano Hugo Chávez [2]. A fala se insere num contexto geral de críticas contra pessoas e organizações de esquerda, como por exemplo a realização de elogios do presidente ao Coronel Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-CODI, por realizar a repressão contra grupos esquerdistas [veja aqui], e afirmação por parte de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), de que ‘novo AI-5’ pode ser solução para eventual radicalização da esquerda[veja aqui].

16 jan 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

No aniversário do golpe, Mourão faz homenagem à ditadura militar em sua rede social

Tema(s)
Ditadura e memória
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, publica nota no Twitter homenageando o aniversário de 56 anos do golpe que iniciou a ditadura militar no Brasil [1]. Porém, Mourão não foi o único. No mesmo dia, em conversa com apoiadores do governo, presidente Jair Bolsonaro se refere ao golpe de 1964 como ‘dia da liberdade [veja aqui]. Já o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, havia emitido no dia anterior (30/3) um comunicado exaltando a data, chamando-a de ‘marco para a democracia brasileira’ [veja aqui]. Em repúdio à publicação, entidades voltadas à proteção de direitos humanos e da história brasileira mobilizaram a hashtag #DitaduraNuncaMais no Twitter, tendo o apoio de nomes da política e outras organizações [4]. A campanha teve 96.000 tweets, sendo o assunto mais comentado na data [5].

Leia as análises sobre o presidente da República frente à ditadura militar e as heranças autoritárias da época presentes até hoje no país.

30 mar 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro se refere ao dia do golpe militar como ‘dia da liberdade’

Tema(s)
Ditadura e memória
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

Em conversa com apoiadores do governo em 31 de março, o presidente Jair Bolsonaro exalta aniversário de 56 anos do golpe que deu início à ditadura militar no Brasil, referindo-se a ele como o ‘dia da liberdade’ [1]. Além do presidente, outras autoridades defenderam a data. O vice-presidente, Hamilton Mourão, publica uma homenagem em sua rede social [veja aqui] e o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, uma nota no dia anterior (30/3) em referência à data, chamando-a de ‘marco para a democracia brasileira’ [veja aqui]. Dezenas de organizações da sociedade civil repudiam as declarações que celebram o glope civil militar [3].

Leia as análises sobre o presidente da República frente à ditadura militar e as heranças autoritárias da época presentes até hoje no país.

31 mar 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro afirma ser a Constituição

Tema(s)
Conflito de poderes, Ditadura e memória
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Após participar de ato realizado no Dia do Exército em que manifestantes defendiam a intervenção militar [veja aqui], Bolsonaro declara: ‘Eu sou, realmente, a Constituição’ [1]. A sentença foi dita após o Presidente afirmar defender a democracia e o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional “abertos e transparentes” e que não teria dito nada contra os outros Poderes, além de minimizar a gravidade dos pedidos pelo AI – 5 feitos na manifestação. O presidente também atacou governadores, a imprensa e as medidas de isolamento social na ocasião [2]. A frase foi repudiada pela oposição ao governo — diversos partidos protocolaram no STF pedido para incluir Bolsonaro no inquérito 4.828, que apura a participação dos deputados nas manifestações contra o Congresso Nacional e o STF. No documento, consta que a concepção de Estado presente na fala do Presidente ‘onde a Constituição toma corpo no Chefe do Executivo, é amplamente difundida nas teorias constitucionais autoritárias, como o autor no Ato Institucional 1, que deu início à Ditadura Militar de 1964’ [3].

Leia a análise sobre a situação de Bolsonaro frente aos outros poderes.

20 abr 2020
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