Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Polícia Federal intima Guilherme Boulos por manifestação de suposta ameaça a Bolsonaro em tweet, com base na Lei de Segurança Nacional

Tema(s)
Ditadura e memória, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Guilherme Boulos, ex-candidato a prefeitura de São Paulo, é intimado para prestar depoimento em um inquérito aberto com base na Lei de Segurança Nacional (LSN) pela Polícia Federal (PF) [1]. O inquérito visa a investigar um tweet do político, que dizia: ‘Um lembrete para Bolsonaro: a dinastia de Luís XIV terminou na guilhotina (…)’ [2]. O comentário foi feito por Boulos há ano atrás, no dia 20/04, um dia após Bolsonaro dizer que era a personificação da Constituição [veja aqui], fala que remete à frase ‘O Estado sou eu’ do rei Luís XIV [3]. A representação no Ministério da Justiça (MJ) foi feita pelo deputado bolsonarista José Medeiros (Podemos-MT) [4], que já requereu em outra ocasião a abertura de investigação com base na LSN contra Boulos, Felipe Neto, e contra dos deputados federais Samia Bonfim e Glauber Braga por participarem de manifestações antifascistas [veja aqui]. A LSN é um instrumento proveniente da ditadura militar e foi bastante utilizada contra opositores de governo [veja aqui], manifestantes [veja aqui], jornalistas [veja aqui] [veja aqui], servidores [veja aqui] e até contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes [veja aqui]. Em 02/04, a Procuradoria Geral da União (PGR) pede esclarecimentos sobre as investigações baseadas na LSN, requeridas pelo ex-ministro da Justiça, André Mendonça [5]. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), afirma que a LSN está sendo utilizada como ferramenta de perseguição com o intuito de silenciar críticos [6]. Para os meios de comunicação, Guilherme Boulos declara que o inquérito aberto sobre o seu tweet é um tentativa vergonhosa de intimidação e expõem o autoritarismo do governo atual ao não aceitar opiniões diversas, além de afirmar que a real ameaça é representada por Bolsonaro sobre as instituições e a ordem constitucional do país [7]. No dia 20/04, a Câmara aprova a urgência da votação que analisa a revogação da LSN e a criação de uma lei que tipifica crimes contra o Estado Democrático de Direito [8].

Entenda o porquê da Lei de Segurança Nacional ser tão questionada e ouça sobre seu funcionamento e desdobramentos.

21 abr 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Estadual

Polícia Militar prende cidadão suspeito de atirar ovos em manifestantes bolsonaristas em sua própria casa, sem ter mandado judicial

Tema(s)
Ditadura e memória, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo
Estado
Minas Gerais

Polícia Militar (PM) de Minas Gerais prende homem suspeito de atirar ovos em manifestantes a favor do presidente Bolsonaro, dentro de sua própria casa e sem mandado judicial [1]. Vídeo feito no momento da prisão [2] mostra os policiais o algemando e a presença do Deputado Estadual Bernardo Moreira – Bartô (Novo), aliado bolsonarista [3]. A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados realizará audiência pública sobre o caso [4] e o Ministério Público de Minas Gerais também investiga a prisão [5]. A prisão ocorre em contexto de aumento do uso do aparato judicial contra cidadãos que se manifestam criticamente em relação ao governo bolsonaro; Em oportunidades anteriores, ocorreu a prisão de cinco manifestantes contrários ao presidente Jair Bolsonaro [veja aqui], a abertura de inquéritos para investigar a conduta de influenciadores digitais e políticos [veja aqui] e a intimação do ex-candidato a prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, para prestar depoimento em inquérito aberto pela Polícia Federal com base na Lei de Segurança Nacional (LSN) [veja aqui].

Leia mais sobre a Lei de Segurança Nacional e sobre o projeto de lei para alterá-la.

01 maio 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Estadual

Policial Militar prende professor de educação básica por portar adesivo ‘Bolsonaro Genocida’ em Goiás

Tema(s)
Ditadura e memória, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos
Estado
Goiás

Professor secundarista de Goiás, que também é secretário do Partido dos Trabalhadores (PT), é preso por policial militar após se recusar a retirar um adesivo com a frase ‘Fora Bolsonaro Genocida’ de seu carro [1]. A Lei de Segurança Nacional (LSN) é usada como justificativa para a prisão [2]. O professor afirma que foi agredido pelos policiais e que sentiu ‘medo e angústia’, apesar de ser grato pelo apoio que recebeu de militantes de esquerda após deixar a Polícia Federal de Goiania, local em que foi levado pela polícia militar [3]. Depois da soltura, ele retira a faixa do veículo para ‘preservar a vida’ [4] e a Secretaria de Segurança Pública afasta das ruas o policial responsável pela ação [5]. A LSN, resquício da ditadura militar, vem sendo usada para silenciar opositores durante o governo Bolsonaro, como a prisão de manifestantes [veja aqui], aberturas de inquéritos para investigar influenciadores digitais e políticos [veja aqui], tais como um advogado criminalista [veja aqui], o ministro Gilmar Mendes (STF) [veja aqui] e um jornalista da folha [veja aqui]. Além disso, a lei também foi usada para fundamentar a investigação de outdoors que chamavam o presidente de ‘genocida’ [veja aqui] ou o apresentavam como inimigo da educação e do povo [veja aqui], a intimação do ex-candidato a prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, para prestar depoimento [veja aqui], além da abertura de uma ação sigilosa contra 579 pessoas consideradas antifascistas [veja aqui]. Atualmente, tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei para substituir a LSN [6] [7].

Leia mais sobre a LSN.

31 maio 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo, se refere a Carlos Marighella como ‘imprestável’ e fala em excluir livros do acervo da fundação

Tema(s)
Ditadura e memória, Informação
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), Sergio Camargo, anuncia, em redes sociais, que irá excluir os arquivos do guerrilheiro Carlos Marighella dos acervos da instituição [1]. A FCP foi fundada como resultado da luta do movimento negro e, tem como objetivo principal, preservar os valores culturais, sociais e econômicos gerados pela população negra no Brasil [2]. Segundo Camargo, os arquivos de Marighella seriam ‘imprestáveis’ [3]. Marighella foi guerrilheiro nacional, negro, filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), assassinado pela ditadura militar em 1969 [4] e um dos principais atores na organização da luta armada contra essa mesma ditadura [5]. O atual secretário da secretaria Especial da cultura, Mario Frias, celebra o anuncio de Camargo [6]. Em oposição ao anúncio de Camargo, o escritor e jornalista Fernando Morais diz querer incluir o acervo de Marighella no centro de memória histórica do Brasil contemporâneo [7]. Essa não é a primeira vez que Camargo age de forma contrária aos propósitos da instituição, em 15/06/2020, a FCP censurou biografias sobre lideranças negras em seu portal [veja aqui]. Em 13/10/2020, Sergio Camargo retirou nomes, como o de Marina Silva, Preta Gil e Jean Willys, da lista de personalidade negras [veja aqui]. Em outro ataque á população negra, em 17/10/2020, Camargo afirmou que escravos tinham vida ‘quase de anjo’ no Brasil ref id=1278].

Leia análises sobre os desafios de preservar o patrimônio nacional, sobre a influência bolsonarista na Fundação Palmares e sobre a atuação da diretoria na manutenção do racismo.

02 jun 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo, Legislativo
Nível
Federal

Ministro da Defesa condiciona eleições de 2022 à aprovação voto impresso

Tema(s)
Conflito de poderes, Ditadura e memória, Eleições, Forças Armadas, Militarização
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

General Walter Braga Netto, ministro da Defesa e responsável pela direção superior das Forças Armadas, determina a um intermediário que comunique ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AP), que, sem a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que institui o voto impresso, não haverá eleições em 2022, segundo apuração jornalística de 21/07 [1]. A PEC tramita em comissão especial da Câmara [veja aqui] e tem relatório rejeitado em 05/08 [2]. Apesar disso, em 06/08, Lira anuncia que levará PEC à votação pelo plenário da Câmara [3]. Segundo a apuração, diante do aviso, o presidente da Câmara, em conversa com o presidente Bolsonaro, diz que ‘não contasse com ele para qualquer ato de ruptura institucional’ [4]. Vale lembrar que, também nesta data, Bolsonaro ameaça as eleições de 2022, condicionando-a à aprovação do voto impresso [veja aqui], o que já fez em outras datas [veja aqui]. Em nota, Braga Netto não nega a ameaça, mas diz que ‘não se comunica com os Presidentes dos Poderes, por meio de interlocutores’ [5] e Lira afirma que haverá eleições em 2022 com ‘voto popular, secreto e soberano’ [6]. O jornal, por sua vez, mantém a apuração publicada [7]. Autoridades do Judiciário, do Legislativo e do Executivo, em reação à ameaça de Braga Netto, falam em ‘tentativa de golpe’ [8] e defendem eleições [9] [10] [11]. Já especialistas avaliam que Braga Netto pode ter cometido crime de responsabilidade, passível de impeachment [12], e que ele não teria apoio em ‘aventura golpista’ [13]. Em 03/08, Comissão da Câmara aprova convocação de Braga Netto para depor sobre a suposta ameaça à eleições de 2022 [14] e, em 29/09, o procurador-geral da República, Augusto Aras, anuncia a abertura de invetigação preliminar para apurar possíveis crimes na conduta do ministro [15], apuração esta que tramita apenas internamente na Procuradoria Geral da República (PGR) e não é submetida ao crivo do Supremo Tribunal Federal (STF), inclusive para ser arquivada [veja aqui]. Além disso, à frente da Procuradoria Geral da República (PGR), Aras tem apresentado postura de alinhamento aos interesses do governo federal [veja aqui]. O descrédito ao sistema eleitoral [veja aqui] – ainda que sem provas [veja aqui], a defesa do voto impresso [veja aqui], as ameaças às eleições [veja aqui] e o desrespeito aos resultados dos pleitos anteriores [veja aqui] e às demais instituições da república [veja aqui] têm sido recorrentes no governo Bolsonaro.

Leia mais sobre a suposta ameaça de Braga Netto e sobre como ela se localiza num contexto de sucessivas ameaças à democracia.

08 jul 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro fala que vai se reunir com órgão responsável por discutir medidas de estado de exceção

Tema(s)
Administração, Conflito de poderes, Ditadura e memória
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional

O presidente da República, Jair Bolsonaro, em fala durante manifestação convocada por ele [veja aqui] e a favor de pautas antidemocráticas [veja aqui], afirma que vai se reunir com o Conselho da República [1], órgão responsável por discutir temas como a decretação de intervenção federal, de estado de sítio e de defesa, além de questões ‘relevantes para a estabilidade das instituições democráticas’ [2]. Estas medidas de exceção encontram-se na pauta da manifestação bolsonarista [veja aqui] e autorizam a suspensão de garantias constitucionais, concentrando poderes no Executivo federal [3]. O conselho é formado pelos presidentes e pelos líderes da maioria e da minoria da Câmara dos Deputados e no Senado, além do presidente da República e seu vice, do ministro da Justiça e de seis cidadãos [4]. Apesar do anúncio, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), diz não haver convocação do Conselho e diz tratar-se de ‘bravata’ [5]; o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), diz que não foi informado sobre qualquer compromisso do Conselho nos próximos dias [6]; o líder da minoria na Câmara, deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), anuncia que não vai participar da reunião [7]; e o líder da maioria no Senado e relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), classifica a manifestação como ‘fiasco’ [8]. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, citado por Bolsonaro como um daqueles que estaria presente à reunião, nega a informação, dizendo que não recebeu qualquer convite e que não há previsão legal de sua participação [9]. Após a repercurssão, integrantes do Palácio do Planalto alegam ‘equívoco’ na fala do presidente, que teria se referido à reunião do Conselho de Governo, que reune ministros e o vice-presidente general Hamilton Mourão (PRTB) para tratar assuntos regulares do Executivo [10]. Este conselho se reúne no dia seguinte [11], sem a presença de Mourão [12]. A última vez em que ocorreu reunião do Conselho da República foi em 2018, durante o governo do ex-presidente Michel Temer, para discutir a intervenção federal na segurança pública do estado do Rio de Janeiro [13], oportunidade na qual foi nomeado interventor o atual ministro da Defesa, Walter Braga Netto [14].

Leia mais sobre o que é o Conselho da República e veja análise acerca do significado do anúncio de Bolsonaro.

07 set 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro veta homenagem a ex-presidente João Goulart, deposto pelo golpe militar, em nome de rodovia

Tema(s)
Ditadura e memória, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O presidente da República, Jair Bolsonaro, veta o projeto de lei que propõe dá o nome do ex-presidente João Goulart a uma rodovia federal [1]. A proposta parlamentar tinha como intuito homenagear o ex-presidente deposto pelo golpe militar de 1964, em um trecho da rodovia Belém-Brasília [2]. Bolsonaro veta a proposta sob justificativa de que as personalidades homenageadas não devem ser ‘inspiradas por práticas dissonantes das ambições de um Estado democrático’ [3]. Além disso, o presidente afirma que a homenagem é ‘inoportuna’ e está em ‘descompasso com anseios e expectativas da população’ [4]. O autor da proposta parlamentar, o senador Aloysio Nunes (PSDB), declara que ‘o veto de alguém como Bolsonaro é uma grande homenagem à memória do presidente João Goulart’ [5]. Em nota, o neto do ex-presidente lamenta o veto de Bolsonaro à homenagem e afirma que é ‘um exemplo de contradição tosca e patética dos tempos em que vivemos, onde um apoiador de torturadores e de regime militar veta um presidente marcado na história’ [6]. Segundo estudo, existem espalhados no país, ao menos 174 logradouros que homenageiam figuras de apoiadores e participantes da ditadura civil-militar [7]. Vale ressaltar que em diversas ocasiões, Bolsonaro se declarou a favor da ditadura militar e minimizou os crimes militares cometidos no período; ele já caracterizou a Comissão Nacional da Verdade como ‘balela’ [veja aqui], disse que a Lei de Anistia foi criado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) para beneficiar amigos [veja aqui], desacreditou as torturas sofridas pela jornalista Miriam Leitão [veja aqui] e pela ex-presidente Dilma Rousseaf [veja aqui] e negou a existência da ditadura civil-militar [veja aqui]. Desde que foi eleito, o governo Bolsonaro comemora anualmente a data de ocorrência do golpe militar e se refere a ditadura como ‘revolução de 64’ [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui].

Leia sobre como ocorreu o golpe militar de 1964.

15 out 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro chama de ‘estupro’ e ‘violência contra a democracia’ decisão do TSE de cassar deputado por fake news

Tema(s)
Conflito de poderes, Ditadura e memória, Eleições
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O presidente da República, Jair Bolsonaro, chama de ‘estupro’ e de ‘violência contra a democracia’ a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que cassou o mandato e tornou inelegível por oito anos o deputado estadual Fernando Francischini (PSL-PR) [1]. Na fala, Bolsonaro diz que a população deve se ‘revoltar’ contra a decisão e minimiza a repressão política feita durante a ditadura militar, afirmando que ‘nem na época do AI-5 se fazia isso, e o pessoal critica tanto nosso AI-5’ [2]. O Ato Institucional nº 5 (AI-5) foi um dos instrumentos mais repressivos da ditadura militar (1964-1985), responsável pela restrição de liberdades, pelo fechamento do Congresso e pela criação da censura prévia [3]. Francischini foi cassado por decisão do TSE, de 28/10, pela divulgação de notícias falsas contra as urnas eletrônicas, no dia das eleições de 2018 [4]. No vídeo, Francischini afirmou haver fraude no sistema eletrônico de votação para impedir o registro de votos em Bolsonaro [5]. No voto pela cassação do deputado, Luís Roberto Barroso, presidente do TSE, disse que as acusações de Francischini são um ‘precedente perigoso’ [6]. Também na votação, Alexandre de Moraes, ministro do TSE e relator do inquérito das fakes news no Supremo Tribunal Federal (STF) [veja aqui], disse que Francischini ‘pegou carona’ na candidatura de Bolsonaro, o qual, desde a campanha presidencial [7] e também durante o exercício do mandato, fala contra as urnas eletrônicas [veja aqui]. Em 23/11, Bolsonaro volta a criticar decisões do TSE no sentido de cassar mandatos e desmonetizar páginas que promovem fake news sobre urna eletrônica, reafirmando ainda que elas são mais graves do que a repressão política praticada durante a ditadura militar [8].

05 nov 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro sugere que o Judiciário e o Legislativo querem transformar Brasil na Venezuela

Tema(s)
Conflito de poderes, Ditadura e memória, Eleições, Segurança pública
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Em uma cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente da República, Jair Bolsonaro, volta a atacar os outros poderes da República [1]. Sem citar nomes, ele diz que “geralmente quem leva um país para a ditadura é o chefe do Executivo. No Brasil é o contrário: quem segura o Brasil para não caminhar rumo à Venezuela é o chefe do Executivo’ [2]. Na mesma ocasião, ele também faz críticas ao Partido dos Trabalhadores (PT), especialmente em relação aos casos de corrupção envolvendo a Petrobrás durante a gestão petista [3]. Depois de meses de trégua desde os atos golpistas, convocados por ele [veja aqui] [veja aqui], no dia da independência [veja aqui], essas insinuações surgem após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ter intimado o presidente para depor na Polícia Federal (PF) sobre o vazamento de informações sigilosas de investigações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) [veja aqui] [4].

Saiba mais sobre como foi a relação de Bolsonaro com os demais poderes em 2021

02 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Judiciário
Nível
Estadual

Juiz Federal determina retirada de nome de torturador do relatório final da Comissão Nacional da Verdade

Tema(s)
Ditadura e memória, Informação, Transparência
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo
Estado
Pernambuco

O juiz da 6ª Vara Federal de Pernambuco, Hélio Campos, determina a retirada de menções ao nome de Olinto Ferraz, ex-coronel da Polícia Militar de Pernambuco, do relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) [1]. Olinto Ferraz era o diretor da antiga Casa de Detenção do Recife quando o militante do Partido Comunista Revolucionário (PCR), Amaro Luiz de Carvalho, foi morto em condições suspeitas, sendo o ex-coronel apontado como um dos responsáveis pela estrutura do sistema que permitia graves violações aos direitos humanos [2]. A decisão, cujo processo transcorreu em segredo de justiça, é contestada por diversas entidades as quais criticam a atuação da Advocacia Geral da União (AGU) e também solicitam a retificação dos dados, argumentando que a medida em questão viola dispositivos da Lei de Acesso à Informação (LAI) e de diversas decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos e abrindo, portanto, um perigoso precedente no Brasil [3]. Além disso, servidores do Arquivo Nacional também reclamam da conduta da AGU e afirmam que eles só foram informados da sentença, expedida no ano passado, quando o processo já havia transitado em julgado [4].

Saiba mais sobre a Comissão Estadual da Memória e da Verdade Dom Helder Câmara de Pernambuco

03 fev 2022
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