Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Até esta data, 10 Ministérios são chefiados por militares e cerca de 2.900 cargos do Executivo são ocupados por fardados da ativa

Tema(s)
Administração, Forças Armadas, Militarização
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Seguindo uma tendência do governo [veja aqui], os militares vêm ocupando mais cargos na Administração Pública. Oficiais do Exército, Marinha, Aeronáutica ocupam mais comandos ministeriais e também outros escalões menores do governo. Do total de 617 mil postos do funcionalismo federal, eles – aqui incluídos só aqueles da ativa, e não da reserva – ocupam cerca de 2,9 mil, segundo levantamento [1], soma que se alinha àquela de levantamento de março [veja aqui]. Seriam 1.595 integrantes do Exército, 680 da Marinha e 622 da Força Aérea Brasileira (FAB) [2]. Nos Ministérios, eles ganham formalmente cadeira nesta data, com a nomeação oficial de Eduardo Pazuello para o cargo de Ministro interino da Saúde [3]. São, ao todo, nove integrantes das Forças Armadas nos comandos ministeriais e, além disso, ainda há um integrante da cúpula da Polícia Militar na Secretaria-Geral, o Ministro Jorge Oliveira [4]. Segundo outro levantamento, essa proporção militar nos ministérios é superior àquela da maior parte dos governos militares no período ditatorial [5] [6] [veja aqui]. Ressalta-se que a militarização é tendência que já vem de antes do atual governo também [7], apesar de ter sido significativamente incrementada por ele [8]. Com a pandemia, a área da saúde vem sendo especialmente afetada pela militarização [veja aqui].

Leia as análises sobre a militarização dos quadros executivos, a proporção de militares no atual governo em comparação com o passado e veja infográfico sobre a presença de militares no governo.

02 jun 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Militares lançam novo manifesto contra Ministro do STF

Tema(s)
Conflito de poderes, Forças Armadas
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Um grupo de 78 militares da reserva do exército, da marinha e da aeronáutica, além de um oficial da PM do Rio de Janeiro e 30 civis [1] assina manifesto das Forças Armadas (FA), endereçado diretamente ao Ministro do STF Celso de Mello [2], ainda que relacionado também à decisão do Ministro Luiz Fux do dia anterior sobre os limites de sua atuação [veja aqui]. O Ministro Celso de Mello é o relator do inquérito que investiga possível interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal [veja aqui] e já foi alvo do Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, que em nota afirmou que suposto pedido de apreensão de celular do presidente poderia ‘comprometer harmonia entre os poderes’ e em seguida foi apoiado por militares em outra nota [veja aqui]. O documento, redigido em código militar, ressalta as virtudes dos integrantes das Forças Armadas, como sua imparcialidade e proatividade, e também dá recado sobre sua atuação quando da decisão de ‘matéria relevante’: nenhum militar, nessa situação desonraria a posição de decisor [3]. Vale notar que, no dia anterior, nota assinada pelo presidente, vice-presidente, e Ministro da Defesa afirma que as FA ‘não cumprem ordens absurdas’ [veja aqui], reiterando a contraposição entre militares e demais poderes [4]. Três dias após o manifesto dos militares, ministros do STF aproveitam a sessão plenária para repudiar seu conteúdo, para o decano Celso de Mello ‘é inconcebível que ainda sobreviva no íntimo do aparelho de Estado brasileiro resíduo de forte autoritarismo’ [5].

Leia análises sobre a atividade de ministros militares nas redes sociais em defesa do bolsonarismo e atuação do STF em relação aos militares.

13 jun 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo, Judiciário, Legislativo
Nível
Federal

Até esta data, 2.930 cargos do Executivo, Legislativo e do Judiciário são ocupados por militares da ativa; TCU decide fazer levantamento de militares da ativa e da reserva no governo federal

Tema(s)
Administração, Forças Armadas, Militarização
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Seguindo tendência do governo [veja aqui], os militares vêm ocupando mais cargos na Administração Pública. Levantamento desta data [1] aponta que 2.930 cargos do Executivo, Legislativo e Judiciário federais são ocupados por militares da ativa, ficando de fora da contagem os militares da reserva – que sabidamente ocupam, ao menos, sete chefias de Ministérios do Executivo [2]. Destes militares, 2.716 estão no Executivo, 213 no Judiciário e 1 no Legislativo, o que em termos percentuais quer dizer que mais de nove a cada dez militares nos três poderes estão no Executivo (92,6%) [3], em grande parte concentrados nos Ministérios da Defesa e da Segurança Institucional [4] – ambos chefiados por generais da reserva [5]. Levantamento anterior do fim de fevereiro havia apontado 2.897 militares da ativa no Executivo federal [veja aqui], o que representa recuo tímido de 3,45% em três meses e meio. No dia seguinte à contagem, o Tribunal de Contas da União (TCU) decide fazer levantamento do total de militares na ativa e na reserva que integram o governo federal [6] e, um mês depois, os novos dados são revelados [veja aqui].

Leia análises sobre o papel das Forças Armadas no governo e a relação entre sua presença, a falta de transparência e possível declínio de reputação.

16 jun 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Em nova manifestação, militares se dizem os ‘verdadeiros destinatários e guardiões da Constituição Federal’

Tema(s)
Conflito de poderes, Forças Armadas
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Grupo composto por militares da reserva das Forças Armadas (FA) e civis, autodenominados ‘504 Guardiões da Nação’, assinam documento em que se definem como ‘verdadeiros destinatários e guardiões da Constituição Federal’ e repudiam atitudes dos poderes Legislativo e Judiciário, descritas como ‘lesivas aos interesses do país’ [1]. Na nota, o grupo afirma que ‘a sociedade já não suporta assistir diariamente a divulgação de atos do Legislativo e do Judiciário para inviabilizar os planos do Poder Executivo destinados à recuperação econômica e moral do Brasil’ [2]. A publicação da nota ocorre cinco dias após outra manifestação assinada por membros das FA em oposição a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), a qual contrapõe virtudes militares aos demais poderes da república [veja aqui]. Vale lembrar que, para além das manifestações, o contexto no governo tem sido marcado por ameaças de ruptura institucional, como a afirmação do Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, sobre a possibilidade de comprometimento da harmonia entre os poderes em caso de apreensão do aparelho celular do presidente [veja aqui], e declaração do próprio Jair Bolsonaro de que as FA ‘não cumprem ordem absurdas’ [veja aqui].

Leia análise sobre as tensões políticas entre entidades militares e os demais poderes da república.

19 jun 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Até esta data, 11 Ministérios são chefiados por militares

Tema(s)
Administração, Forças Armadas, Militarização
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Seguindo tendência do governo [veja aqui] desde 2019 [veja aqui], os militares vêm ocupando mais cargos na Administração Pública. Nesta data, o presidente da República Jair Bolsonaro nomeia Milton Ribeiro para o Ministério da Educação, que, além de pastor presbiteriano e professor, já exerceu atividades militares [veja aqui]. Ribeiro chegou a ser segundo tenente do Exército, mas não levou a cabo a carreira militar [1] [2]. Até então, eram 10 ministros militares, sendo o último nomeado o ministro da Saúde [veja aqui], ocupando o cargo interinamente há mais de três meses [veja aqui] e nomeando diversos outros fardados para a pasta [veja aqui]. Na semana seguinte, levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta 6.157 militares ocupando cargos civis no governo federal [veja aqui] e apurações paralelas revelam incremento de 125% da presença castrense no executivo nos últimos 20 anos [3].

Veja quem são os 11 ministros militares do governo Bolsonaro.

10 jul 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Até esta data, 6.157 cargos do Executivo são ocupados por militares e 2.558 cargos de confiança são ocupados pela ativa

Tema(s)
Administração, Forças Armadas, Militarização
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Seguindo tendência desde o início do governo [veja aqui], os militares vêm ocupando mais cargos na Administração Pública. Após anúncio de que faria contagem do número de militares no governo [veja aqui] [1], o Tribunal de Contas da União (TCU) revela que há 6.157 militares da ativa e da reserva em cargos civis do governo federal [2]. O número revela incremento de 122% em comparação com a soma de 2018, contando desde cargos de confiança, sem nomeação por concurso público, até contratações temporárias da reserva para a redução da fila do INSS – estas últimas somando quase 2.000 pessoas [3]. Na saúde, pasta alvo de críticas recentes sobre a militarização [veja aqui] e que motivou novo pedido de apuração da participação de militares (só da ativa) pelo TCU [4], o número de postos cedidos chega a 1.249 [5]. Em razão contar situações trabalhistas muito diferentes, a ‘Folha de S. Paulo’ analisa número alternativo a partir do relatório do TCU, que seria mais revelador. Segundo levantamento do jornal, há 2.558 militares da ativa em cargos de confiança [6] -, o que representa aumento de 33% desde o início da gestão e de 125% em 20 anos [7]; e para os militares assumir esses cargos dá, inclusive, vantagem remuneratória [8]. Já militares da reserva ocupariam, de acordo levantamento [9] paralelo da mesma data, 8.450 cargos nos três poderes, em complementação à informação de que 2.930 militares da ativa ocupariam os três poderes em junho [veja aqui]. A soma totaliza 11.380 cargos e é composta, em sua maioria, pelos integrantes dos Comandos das três Forças Armadas. Poucos dias depois, ao comentar o levantamento do TCU, Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, diz defender uma alteração da Constituição para proibir a participação de militares da ativa no governo [10].

Leia a análise comparativa sobre a presença militar no governo Bolsonaro e governos anteriores e o impacto orçamentário crescente da categoria.

17 jul 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Operação Verde Brasil 2 não fiscaliza garimpo ilegal na Amazônia

Tema(s)
Forças Armadas, Segurança e meio ambiente
Medidas de emergência
Flexibilização de controle
Estado
Amazonas

Após mais de três meses da atuação na Amazônia visando à redução do desmatamento ilegal e queimadas [1], a Operação Verde Brasil 2, no entanto, não coíbe garimpo ilegal [2]. A atividade ocorre, 24 horas por dia, na orla de Humaitá, no sul do Amazonas, onde dezenas de balsas de garimpo de ouro operam ilegalmente [3]. A região, terra natal da família do vice-presidente Hamilton Mourão, possui uma longa tradição de resistência violenta à fiscalização: em 2017, por retaliação a uma operação contra garimpo, homens armados queimaram os escritórios do Ibama, do Incra e do ICMBio [4]. Segundo investigações da Polícia Federal (PF), a maior parte do minério que é extraída desses garimpos ilegais beneficia bancos e corretoras instalados em São Paulo [5]. O ouro de origem ilegal, incorporado por mecanismos fraudulentos a economia formal, movimenta anualmente cerca de R$ 5 bilhões [6]. Entidades do lobby do ouro, ligadas a empresas investigadas pela PF, chegaram a participar de audiência com o vice-presidente Hamilton Mourão, em encontro no qual pediram o fim de ações repressivas e da destruição de equipamentos de fiscalização [7]. Mourão, que defende a regulamentação da mineração em terras indígenas [8], já impediu a operação do Ibama no Pará contra garimpo ilegal [veja aqui]. Essa coexistência pacífica com o garimpo ilegal também ocorreu quando os militares envolvidos em uma missão de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para combate a focos de incêncio se recusaram a dar apoio a fiscalizações contra a prática ilegal [veja aqui]. Quando ocorreram operações contra garimpos, o ministro do Meio Ambiente trocou o diretor de proteção ambiental do Ibama [veja aqui]. Já Bolsonaro já afirmou que pretende legalizar o garimpo em terras indígenas e áreas de proteção [veja aqui] e fez discursos de apoio a garimpeiros, no qual disse que interesse na Amazônia não se relaciona à riqueza vegetal [veja aqui].

Veja a análise sobre o impacto do garimpo sobre o povo Ianômami.

09 set 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro diz que militares são os ‘verdadeiros guardiões’ da democracia

Tema(s)
Conflito de poderes, Forças Armadas
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização
Estado
Rio de Janeiro

Presidente Jair Bolsonaro afirma que os militares são os ‘verdadeiros guardiões da democracia’ [1]. Em evento comemorativo de formatura de turma da Marinha, no Rio de Janeiro, o presidente faz discurso e defende que os membros das Forças Armadas (FA) são os verdadeiros guardiões da democracia e que farão ‘de tudo pela nossa liberdade’ [2]. A fala se relaciona com outros pronunciamentos de Bolsonaro em sentido parecido, em que defendeu ser o ‘chefe supremo’ das FA e que ‘havendo necessidade, qualquer dos poderes pode pedir às Forças Armadas que intervenham para restabelecer a ordem no Brasil’, em alusão ao artigo 142 da Constituição ; e a assinatura de nota com vice-presidente e ministro da Defesa alegando que as FA ‘não cumprem ordens absurdas’, após decisão do ministro do STF, Luiz Fux, fixar que as FA não têm poder sobre os demais Poderes do Estado e que não podem funcionar como ‘poder moderador’ na República [veja aqui]. Especialistas apontam que o artigo 142 da Constituição não possibilita a chama ‘intervenção militar’ e que as Forças Armadas não se sobrepõem aos demais Poderes do Estado, como sinalizado em algumas ocasiões por Bolsonaro [3]. Em outras oportunidades, Eduardo Bolsonaro disse que ruptura institucional não seria questão de ‘se’, mas de ‘quando’ [veja aqui], e o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, alegou que a interferência de um poder sobre outro pode causar atuação das Forças Armadas, posteriormente corrigindo sua colocação [veja aqui].

Leia análises de especialistas sobre o artigo 142 da Constituição, a impossibilidade de ‘intervenção militar, a posição das Forças Armadas no jogo democrático, e veja parecer emitido pela Câmara dos Deputados no mesmo sentido apontado pelos especialistas.

10 set 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Forças Armadas estão prontas para ‘defender a pátria e garantir a nossa liberdade’, diz Bolsonaro

Tema(s)
Ditadura e memória, Forças Armadas
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Quando tudo lhes parecer incerto, lembrem-se das Forças Armadas (FAs). Como bem diz a história, elas sempre estarão prontas para defender a pátria e para garantir a nossa liberdade’, disse o presidente Bolsonaro em evento da Força Aérea Brasileira (FAB) [1]. A fala ocorre na cerimônia em homenagem ao Dia do Aviador e da FAB, em que foi feita a apresentação oficial do caça F-39 Gripen, desenvolvido conjuntamente pelo Brasil e Suécia no dia 23 de Outubro [2]. Vale lembrar que entre 1964 e 1985, as forças armadas estabeleceram um regime ditatorial no país [3] por meio de uma intervenção militar aclamada por movimentos como a ‘Marcha da Família com Deus pela liberdade’ [4]. E desde a redemocratização, as FAs apresentam ingerência constante na política brasileira. De acordo com dados recentes, o número de militares da ativa em funções de confiança no governo cresceu em 125% nos últimos 20 anos [veja aqui]. Além disso, Bolsonaro já negou a existência do golpe militar diversas vezes [veja aqui], ao qual se referiu como ‘dia da liberdade’ [veja aqui], bem como elogiou a conduta de torturador [veja aqui]. A fala também se dá em contexto de ameaças contra a oposição política e os outros poderes da República. No dia 13 de novembro, o comandante do Exército, general Edson Leal Pujol afirmou que militares não querem fazer parte da política. No dia seguinte, Bolsonaro demonstrou apoio a fala do general e disse que as FAs devem se manter apartidárias sob a autoridade suprema do presidente da República [5]. Em 17 de junho, Bolsonaro disse que outros poderes estariam ‘abusando’ e que estaria ‘chegando a hora de tudo ser colocado no devido lugar’ [veja aqui]. No dia 12 de junho, o ministro-chefe da secretaria de Governo nega risco de golpe, mas diz para a oposição não ‘esticar a corda’ [veja aqui]. No mesmo dia, Bolsonaro assinou nota com vice-presidente e ministro da Defesa, defendendo que Forças Armadas ‘não cumprem ordens absurdas’ [veja aqui]. A nota cita decisão tomada por Luiz Fux, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a delimitação do poder das FAB destacando que elas não são poder moderador e não podem ser usadas contra os próprios poderes da República [veja aqui]. Vale ressaltar que o presidente afirmou que ‘algo muito grave’ estaria acontecendo com a democracia [veja aqui].

Leia análises sobre o discurso de Bolsonaro e sua relação com as Forças Armadas Brasileiras.

23 out 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro diz que diplomacia não é suficiente e sugere usar ‘pólvora’ contra ameaças de sanções comerciais por política ambiental brasileira

Tema(s)
Forças Armadas, Relações internacionais
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Durante discurso sobre a retomada das atividades turísticas no país, o presidente Jair Bolsonaro afirma que somente a diplomacia não é suficiente para confrontar possíveis barreiras comerciais impostas ao Brasil [1]. ‘Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora’, diz o chefe do Executivo [2]. Com a declaração, Bolsonaro se refere ao recém-eleito presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que, quando candidato, sugeriu que o avanço da devastação da Floresta Amazônica poderia levar a ‘consequências econômicas significativas’ para o Brasil [3]. Até esta data, Bolsonaro não reconheceu publicamente a vitória de Biden [4], declarado eleito em 07/11 [5]. A declaração do presidente brasileiro é criticada por parlamentares de oposição e pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) [6]. Questionado por uma rede de televisão brasileira, o ex-presidente dos EUA Barack Obama também comenta o episódio e compara essa e outras falas de Bolsonaro à postura negacionista de Donald Trump [7]. A aliados, o presidente tenta atenuar a afirmação [8], assim como faz o vice-presidente Hamilton Mourão durante entrevista a veículos de imprensa [9]. As queimadas na Amazônia têm batido recordes mensais neste ano, e o número de incêndios registrados de janeiro a outubro é o maior da última década [10]. Frente à situação, o governo distorceu dados de combate ao desmatamento [veja aqui], deixou de empenhar os recursos disponíveis para combate a queimadas [veja aqui], propôs reduzir a meta de diminuição do desmatamento [veja aqui] e mentiu sobre a situação no plenário da Organização das Nações Unidas (ONU) [veja aqui].

Leia análises sobre os impactos da eleição de Joe Biden para a política brasileira e os motivos que levam o presidente Jair Bolsonaro a não reconhecer a vitória do democrata. Confira também reportagem sobre os investimentos brasileiros em defesa.

10 nov 2020
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