Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Após demissão de ministro da Defesa, Bolsonaro troca seis ministros por pressões do centrão e nomeia amigo pessoal de seu filho

Tema(s)
Administração, Forças Armadas, Relações internacionais, Segurança pública
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O presidente Jair Bolsonaro troca seis ministros do governo [1], em meio a pressões do centrão [2] e a tentativas de institucionalização das Forças Armadas (FAs) [3]. Na Casa Civil, ele realiza a substituição de Walter Braga Netto por Luiz Eduardo Ramos, que ocupava a Secretaria de Governo, que passa a ser chefiada pela deputada federal Flavia Arruda (PL-DF) [4]. A nomeação da deputada para a pasta expõe a tentativa de Bolsonaro em agradar o ‘centrão’, bloco de parlamentares que tem atuado como principal base de apoio do governo no Congresso Nacional (CN) [5]. A escolha de Arruda ocorre dias depois do presidente da Câmara dos Deputados e líder do centrão na casa, Arthur Lira (PP-AL), afirmar que o governo federal deve sanar os erros e anomalias para evitar a instauração de ‘remédios políticos amargos’ [6]. O ministério das Relações Exteriores também é afetado com as trocas, Ernesto Araújo é exonerado do cargo de chefia e para tal posto é nomeado Carlos Alberto Franco França [7]. A troca ocorre em meio a pressões de parlamentares do centrão para saída de Araújo do posto, diante da sua atuação disfuncional no cenário internacional [8]. As substituições no alto escalão do governo também alcançam a Advocacia-Geral da União (AGU), que volta a ser representada por André Mendonça, antes ministro da Justiça e Segurança Pública, cargo agora ocupado pelo delegado federal Anderson Gustavo Torres [9]. O novo detentor da pasta da Justiça e Segurança Pública no governo é ligado a bancada da bala, grupo parlamentar defensor de políticas armamentistas [10] e amigo íntimo do deputado federal Flavio Bolsonaro (PSL), filho de Jair Bolsonaro [11]. O ministério da Defesa passa a ser dirigido por Braga Netto, após a demissão de Fernando Azevedo e Silva [12]. Segundo apurações da imprensa, a troca do ex-ministro da Defesa decorre de insatisfações de Jair Bolsonaro quanto a recusa de Azevedo em alinhar as FAs às convicções do governo federal [veja aqui]. Os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, em reação a demissão de Azevedo e em oposição as tentativas de Bolsonaro em politizar as FAs, colocam seus cargos à disposição e dão início a uma crise militar sem precedentes no Brasil [veja aqui].

Leia sobre as trocas ministeriais em meio à maior crise militar da história e a busca de Jair Bolsonaro por fidelização no centrão, entenda o perfil do novo ministro da Justiça e Segurança Pública e como Ernesto Araújo tornou o Brasil uma pária internacional. Ouça sobre como a nomeação de Flavia Arruda é uma respostas as pressões sobre o presidente da República.

29 mar 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Os três comandantes das Forças Armadas são substituidos, após pressão presidencial por politização das instituições

Tema(s)
Forças Armadas, Militarização, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Comandantes das Forças Armadas (FAs), general Edson Pujol, almirante de esquadra Ilques Barbosa e tenente-brigadeiro Antônio Carlos Bermudez, entregam seus cargos [1] após a demissão sumária do ministro da Defesa, Fernando Azevedo [2]. Segundo apuração da imprensa, a troca de ministro se deu pela insatisfação de Jair Bolsonaro com a recusa de Azevedo em prestar apoio e alinhar as FAs aos ideais políticos do governo [3]. Azevedo é a decima sétima substituição ministerial e em seu lugar assume Walter Braga Netto, até então chefe da Casa Civil [4]. Depois do anúncio da saída de Azevedo, outros seis ministros foram substituídos [veja aqui]. O ex-ministro informou a demissão em nota oficial e destacou que tentou preservar as FAs como instituições de Estado – e não como instituições do governo [5]. A entrega de cargos dos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica é um evento sem precedentes e se fundamenta na recusa em demonstrar apoio a Jair Bolsonaro e a ceder às pressões para politização das FAs [6]. Dentre os três comandantes, a demissão de Pujol já era esperada, visto que suas manifestações de apoio as orientações sanitárias no combate a covid-19 [7] e declarações de que os militares não querem fazer parte da política [veja aqui], desagradavam o presidente da República [8]. Mesmo com a ausência de fidelização das FAs aos projetos de governo, Bolsonaro já se referiu ao Exército como ‘seu’ [9]. O imbróglio entre o governo e as FAs ocorre na véspera dos 57 anos do golpe de 1964 [veja aqui], data anteriormente denominada por Bolsonaro como ‘dia da liberdade’ [veja aqui]. Diante da mudança no comando das FAs, a oposição protocola denúncia de impeachment contra o presidente, sob fundamento de que a troca dos comandantes foi por interesses pessoais e que Jair tenta se apoderar das FAs como instrumentos de governo [10]. Conforme apuração jornalística, com as trocas o Alto Comando das Forças Armadas pretende enviar recado a Bolsonaro, afirmando que não vão apoiar e nem tolerar que as forças militares sejam utilizadas em prol de ‘uma aventura’ [11]. Em meio a maior crise militar, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio, afirma que as FAs não servem para dar apoio ao governo porque são instituições de Estado e que não há a mínima possibilidade de um golpe, visto que o Estado de Direito veio para ficar [12]. Braga Netto já anunciou novos nomes para o comando do Exército, Marinha e Aeronáutica,quais sejam, o general Paulo Sergio Nogueira, o almirante de esquadra Almir Garnier Santos e o tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Batista Junior, as escolhas respeitam o critério de antiguidade das instituições [13].

Leia sobre quais os limites constitucionais das Forças Armadas e porque é tão importante que ela seja neutra politicamente e ouça sobre os riscos de uma ruptura entre a ala militar e o governo Jair Bolsonaro.

30 mar 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Em mais um ano, o ministro da Defesa assina nota de comemoração do golpe militar como parte importante da história brasileira

Tema(s)
Ditadura e memória, Forças Armadas, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

Como em anos anteriores [veja aqui] [veja aqui], o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, em nota oficial do ministério [1] determina celebrações ao golpe militar de 1964, instaurado na mesma data há 57 anos, como parte da ‘trajetória histórica do Brasil’ [2]. O texto se baseia na visão de que o golpe auxiliou na pacificação do país e reorganização das liberdades democráticas [3]. Braga Netto também ressalta seu apoio a Lei da Anistia, instrumento que beneficiou os cidadãos que cometeram crimes políticos, eleitorais e de motivação política durante a vigência da ditadura militar [4]. Outros aliados do governo também comemoram o fato, nas redes sociais o vice presidente Hamilton Mourão elogia o golpe de 1964 por barrar a ascensão do ‘Movimento Comunista’ [5], a despeito de já ser comprovado que não havia ameaça comunista no período [6]. O deputado estadual Eduardo Bolsonaro (PSL) também exalta os 57 anos do início da ditadura militar como um golpe baseado na lei, na vontade popular e em prol da democracia [7]. Vale lembrar que o período foi marcado por desaparecimentos forçados, perseguições, torturas e ausência de eleições diretas. A celebração recebe aval da Justiça para comemoração do golpe sobre a justificativa de ser um ‘marco democrático’ [veja aqui]. O enaltecimento do golpe de 1964 ocorre dias depois de crise militar com a saída dos três comandantes das Forças Armadas (FA), somado ao pedido de demissão do antigo ministro da Defesa, Fernando Azevedo, por divergências com Bolsonaro [veja aqui]. Em meio aos acontecimentos, o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e outros generais afirmam que as FA prezam pela democracia e não serão fatores de instabilidade [8]. Durante o dia, a hashtag #DitaduraNuncaMais é destaque nas publicações como forma de defender o regime democrático e barrar retrocessos contrários às liberdades e garantias constitucionais [9]. Juristas e figuras políticas se opõem à celebração do golpe militar, como os ministros do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes [10] e Luís Roberto Barroso [11] e a ex-senadora e ativista Marina Silva [12].

Leia sobre a inconstitucionalidade do golpe militar de 1964, entenda que o passado ditatorial não deve ser exaltado e veja análise dos atos autoritários contra a liberdade acadêmica durante a ditadura.

31 mar 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Hospitais das Forças Armadas restringem oferta de leitos de UTI e têm 85% dos leitos vagos, apesar do Brasil enfrentar o pior momento da pandemia de covid-19

Tema(s)
Forças Armadas, Saúde, Transparência
Medidas de emergência
Restrição a direitos fundamentais

Os hospitais das Forças Armadas (HFAs) dão preferência para atendimentos de militares e têm 85% dos leitos ociosos em enfermarias e UTIs [1], a despeito de o Brasil enfrentar o pior período da pandemia [2] e ter taxa de ocupação de leitos de UTI em estágio crítico [3]. A constatação de que os HFAs não estão atendendo civis e tem leitos desocupados se dá após a determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) pela abertura dos dados nos hospitais militares, e foi revelada pela imprensa nesta data [4]. O relator do processo afirma que os HFAs dependem de estruturas físicas e dinheiro da União para seu funcionamento e por isso é impensável haver distinção entre pacientes e consequentemente reserva de vagas para militares, além de contrariar o princípio da dignidade da pessoa humana [5]. Ele também ressalta que diante da falta de leitos para internação de pacientes acometidos por covid-19 é necessário que todos os meios disponíveis estejam aptos a atender a população [6]. O Exército e a Marinha afirmam para a imprensa que nos HFAs há apenas atendimento de militares, servidores civis do Ministério da Defesa, presidente da República, Vice-presidente e ministros de Estado [7]. Mas o Ministério da Defesa, por meio de nota, declara que a informação sobre ociosidade dos leitos e reserva para militares contém graves manipulações, incorreções, omissões e inverdades [8], que a grande maioria de hospitais militares estão com leitos ocupados e que desde o início da pandemia as FAs estão focadas em apoiar e ajudar a população brasileira, sem distinção entre civis ou militares [9]. Durante votação de proposta para solicitar a cessão de 50% dos leitos militares para o Sistema Único de Saúde (SUS), que ensejou a solicitação de abertura dos dados completos sobre o tema, o ministro do TCU Jorge Oliveira, indicado por Jair Bolsonaro afirma que a cessão geraria um comprometimento da segurança militar [10]. Em 07/03, a Defensoria Pública da União (DPU) ajuíza ação na Justiça Federal do Distrito Federal para que três hospitais das Forças Armadas, Força Aérea e Naval de Brasília estejam disponíveis para pacientes civis acometidos pela covid-19 [11]. Vale lembrar que em 2020 o governo não gastou integralmente os valores destinados ao combate a pandemia da covid-19 [veja aqui] e esse ano o Ministério da Saúde reduziu os recursos destinados a leitos de UTI da rede pública [veja aqui].

Leia sobre a dualidade dos hospitais das Forças Armadas, que são estruturados e subsidiados pela União mas só atendem militares.

06 abr 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Novamente, Bolsonaro chama o Exército de ‘seu’ e comete ato contra as recomendações médicas e sanitárias

Tema(s)
Distanciamento social, Forças Armadas
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O presidente Jair Bolsonaro afirma que o Exército brasileiro representa estabilidade para toda a população e agradece ao ‘meu exército brasileiro, o qual ainda integro’ por este momento; o presidente afirma que tem certeza que juntos – ele e o Exército – vencerão os desafios e que ‘colocaremos o Brasil no local de destaque que ele bem merece’ [1]. Essas afirmações são pronunciadas durante a cerimônia de promoção de oficiais generais do Exército, que é acompanhada também do vice-presidente Hamilton Mourão, do ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, e do ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Augusto Heleno, os quais cumprimentam no Palácio do Plananto militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica que foram promovidos em março [2]. O presidente Bolsonaro, contrariando as recomendações sanitárias em um dos momentos mais graves da pandemia covid-19, cumprimenta com aperto de mão e sem a utilização da máscara de proteção os 57 militares promovidos [3]. Em março deste ano, Bolsonaro já havia se referido ao Exército brasileiro como ‘seu’, oportunidade em que declarou também que não utilizaria as Forças Armadas (FA) para obrigar a população a ‘ficar em casa’ [veja aqui]. O uso da expressão ‘meu exército’ é vista de forma negativa por ser considerado uma ‘tentativa de politizar a instituição’ [4]. No ano anterior, Bolsonaro também disse que as FA estariam prontas para ‘defender a pátria e garantir nossa liberdade’, em referência implícita ao golpe militar de 1964 [veja aqui]. Ressalte-se que semanalmente o presidente realiza atos contrários as medidas sanitárias preventivas contra a covid-19 [veja aqui] e discursos que antagonizam o distanciamento social [veja aqui].

Leia a análise sobre a politização das Forças Armadas no governo Bolsonaro.

08 abr 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro diz que usará Forças Armadas para conter medidas de distanciamento social instauradas por governadores

Tema(s)
Distanciamento social, Forças Armadas, Negacionismo
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O presidente Jair Bolsonaro ameaça acionar as Forças Armadas (FAs) para combater as medidas de isolamento social determinadas pelos governadores [1]. A fala é feita durante entrevista; ele afirma também que o lockdown e as políticas do ‘fique em casa’ são ‘absurdos’ e como chefe supremo das FAs ele tem o poder de colocar as tropas nas ruas para destituir políticas que impeçam o direito de ir e vir da população [2]. As afirmações são feitas a despeito das medidas de isolamento serem comprovadamente eficazes no combate a covid-19 [3]. Há um movimento constante por parte de Bolsonaro em se opor as deliberações de distanciamento social e é recorrente seu comparecimento a aglomerações [veja aqui].O presidente também é frequentemente flagrado em atos contrários as recomendações sanitárias no combate a pandemia [veja aqui] [veja aqui]. Vale lembrar que mesmo após a maior crise militar decorrente da demissão dos três comandantes das FAs e do ex-ministro da Defesa [veja aqui], Bolsonaro volta a tratar as instituições militares como do governo e não como de estado. Segundo apuração da impresa, a declaração do presidente na entrevista gera insatisfação nas FAs e membros da cúpula militar afirmam que Bolsonaro confunde conceitos e usa sua condição de chefe das FAs de maneira política [4]. Em meio a uma escalada de conflitos entre o governo federal e os estados durante a pandemia [5], João Doria (PSDB-SP) reage as falas do presidente e declara que Bolsonaro tem ‘devoção pelo autoritarismo e alergia a democracia’ [6]. O governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB) refere-se a ameaça de intervenção militar contra os estados como absurda e não amparada pela Constituição Federal [7]. Dino afirma também afirma que Bolsonaro insiste em confrontar o Supremo Tribunal Federal quanto a decisão que atribui as três esferas de poder a competênciano no combate a covid-19 [8], visto que na entrevista o presidente também critica a ação do STF em reconhecer a autonomia dos governadores e prefeitos sobre o enfrentamento a pandemia da covid-19 [veja aqui] [veja aqui]. Em 05/05, Bolsonaro volta a declarar que pretende expedir decreto que garanta o direito de ir e vir e que a determinação não será contestada por nenhum tribunal [9].

Leia sobre como o boicote as medidas de isolamento social por Jair Bolsonaro é uma tática de governo e entenda como as ameaças recorrentes feitas pelo presidente afetam os ideais democráticos.

23 abr 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministério da Justiça autoriza uso de policiais da Força Nacional em operações do Ibama na Amazônia

Tema(s)
Forças Armadas, Segurança e meio ambiente
Medidas de estoque autoritário
Aumento de poder de polícia

Portaria do ministério da Justiça e Segurança Pública [1] autoriza uso da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) em apoio as ações do Ibama na Amazônia Legal [2]. A autorização se estende até janeiro de 2022, podendo ser renovada [3], e tem o objetivo de auxiliar as operações do Ibama no combate ao desmatamento e outros crimes ambientais [4]. A Amazônia Legal compreende os estados de Roraima, Amazonas, Rondônia, Pará, Amapá, Acre, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão [5]. A FNSP já atua na Amazônia Legal em apoio ao ICMBio desde 2018 [veja aqui] [6], sem nenhum avanço significativo no combate ao desmatamento – pelo contrário, o mês de março de 2021 foi o mais crítico em termos de área desmatada desde 2015 [7]. Para custear esse apoio armado nas operações, o Ibama negocia valor de multas ambientais aplicadas a Petrobrás, destinando cerca de R$23,3 milhões para a FNSP [8]. Nessa negociação o órgão de proteção ambiental concede um desconto de 60% sobre o valor da dívida, que ultrapassava R$ 58 milhões [9]. Este acordo, com expressivo desconto, é feito no momento em que os órgãos de proteção ambiental trabalham com orçamento reduzido [veja aqui] [veja aqui], sendo inclusive considerado o menor orçamento do século XXI [veja aqui]. Vale lembrar que a FNSP é comandada pelo coronel da Polícia Militar Antônio Aginaldo de Oliveira, também marido da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados [veja aqui] [10]. Esta não é a primeira vez que a diretoria do Ibama toma decisões controvertidas com relação a proteção ambiental, com especial atenção para o enfraquecimento da fiscalização ambiental [veja aqui], extinção da necessária autorização do órgão para exportação de madeira do país [veja aqui], medidas que podem favorecer atividades ilegais de madeireiros [veja aqui], e o arquivamento de multas por desmatamento logo após encontro com políticos e empresários [veja aqui].

27 abr 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministério da Justiça autoriza uso da Força Nacional em terra indígena no Pará

Tema(s)
Forças Armadas, Povos indígenas, Segurança e meio ambiente
Medidas de emergência
Aumento de poder de polícia
Estado
Pará

Ministério da Justiça e Segurança Pública, através de portaria, [1] autoriza uso da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) em apoio à Fundação Nacional do Índio (Funai), em Terras Indígenas Munduruku e Sai-Cinza, no município de Jacareacanga (PA) [2]. A autorização se estende por noventa dias, até 20/08/2021, podendo ser renovada [3], e tem o objetivo de auxiliar a Funai nas atividades e serviços necessários à preservação da integridade dos povos Mundurukus e de seu patrimônio [4]. A solicitação da FNSP é feito pelo Ministério Público do Pará, em combate ao crime em terras indígenas [5]. Os povos Munduruku sofrem ataques de garimpeiros que atuam em Jacareacanga (PA), e utilizam de meios violentos como explosivos e armas para expulsar os indígenas que vivem na região, que contém uma reserva de ouro [6]. Outros povos indígenas tem sido alvo da mineração ilegal, como os Yanomami, em São Gabriel da Cachoeira (AM) [veja aqui], bem como as terras Yanomami em Roraima [veja aqui], com atuação de garimpeiros que alem de destruição do meio ambiente, ainda representam um perigo na disseminação da covid-19 entre os indígenas. A FNSP também atua em apoio a ações de outros órgãos de proteção ambiental, como as do ICMBio [veja aqui] e Ibama [veja aqui] na Amazônia.

12 maio 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro veta nota do Exército e do ministério da Defesa em censura à atuação política de Pazuello, posteriormente ex-ministro da Saúde não recebe punição administrativa por infração ao Estatuto Militar

Tema(s)
Administração, Forças Armadas
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Segundo apurações da imprensa, Jair Bolsonaro impede que o Exército Brasileiro e o ministro da Defesa se posicionam sobre a ida do general da reserva Eduardo Pazuello a uma manifestação no Rio de Janeiro [1]. Em 23/05, o ex-ministro da Saúde juntamente com Bolsonaro, participou de uma aglomeração com centenas de motociclistas no Rio de Janeiro [veja aqui]. Durante o ato, Pazzuelo foi flagrado sem máscara e chegou a subir no carro de som, onde estava Bolsonaro, e a discursar em favor do presidente [2]. A participação do general em um evento político coletivo é uma transgressão ao Estatuto Militar e ao Código Disciplinar do Exército [3]. De acordo com a imprensa, os integrantes da cúpula do Exército classificaram como ‘descabida’ a presença do general na manifestação [4] e pressionam Pazuello a pedir transferência para a reserva [5]. No dia 24/05, o Exército instaura processo administrativo contra o general da ativa pela presença no ato político [6]. Além de proibir o posicionamento das instituições, Bolsonaro também requer ao comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que Pazuello não seja punido [7]. Esse imbróglio entre as Forças Armadas (FAs) e o presidente reforça a crise entre as instituições [8], iniciada após a saída dos comandantes do Exército, Marinha, Aeronáutica e do ministro da Defesa por não concordarem com a politização das FAs [veja aqui]. O vice-presidente, Hamilton Mourão, defende a punição do ex-ministro da Saúde e declara que ‘a regra tem que ser aplicada para se evitar que a anarquia se instaure dentro das Forças’ [8]. No dia 28/05, Pazuello expõe sua defesa no processo administrativo e afirma que a manifestação dos motoqueiros a favor de Bolsonaro não é um ato político-partidário porque não ocorre durante período eleitoral [9]. Em 03/06, o processo administrativo é arquivado sob a justificativa do ato político ‘não ter tido conotação partidária’ e Pazuello não é punido, o que gera críticas por parte de parlamentares e ex-ministros da Defesa [10] [11]. No mesmo dia, Pazuello é nomeado para cargo na Secretária de Assuntos Estratégicos da Presidência da República [veja aqui]. . Diante da absolvição do general, comandantes do Exército dão início a estratégias para mitigar possíveis efeitos e reações advindas do arquivamento [12]. No dia 07/06, Exército decide impor sigilo de 100 anos aos documentos do processo administrativo contra Pazuello sob justificativas de conter informações pessoais [13]. No dia 14/06, o Estado Maior do Exército rejeita pedido de revogação do sigilo posto sobre o processo administrativo contra Pazuello [14]. No dia 28/06, o Exército afirma ao Supremo Tribunal Federal (STF) em ação que questiona a imposição do sigilo de 100 anos ao processo de Pazzuelo, que não existe interesse público no processo administrativo já que regula ‘unicamente uma relação personalíssima entre um militar e seu comandante’ [15]. Segundo apurações da imprensa, menos de um mês depois da abertura de processo contra Pazuello, o Ministério Público Militar (MPM) arquiva os autos que investigavam a presença do general da ativa em ato político [16]. O arquivamento ocorre sem que o MPM tenha feito diligências ou ouvido Pazuello [17]. O procurador-geral da Justiça Militar apenas ouviu o Comando do Exército e da Aeronáutica, antes de decidir arquivar o processo [18].

Entenda o porquê da presença de Pazuello no ato político caracterizar uma infração a legislação militar e o papel de Pazuello, de Bolsonaro e do Exército em meio à crise militar. Leia sobre as punições previstas para essa atitude e sobre todos os documentos que já foram colocados em sigilo durante o governo Bolsonaro. Escute podcast sobre o risco de politização das FAs.

24 maio 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Estadual

Polícia Militar reprime manifestação em Recife, atinge dois homens com balas de borracha e vereadora com spray de pimenta

Tema(s)
Forças Armadas, Participação da sociedade civil
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo
Estado
Pernambuco

A Polícia Militar (PM) do estado de Pernambuco reprime, violentamente, com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo, protestos pacíficos contra o presidente Jair Bolsonaro [1]. A repressão atinge dois homens, Daniel Campelo da Silva, de 51 anos, e Jonas Correia de França de 29 anos, os quais vieram a ter lesões permanentes em um dos olhos [2]. Além deles, a vereadora do Recife, Liana Cirne (PT), também é agredida pela PM com spray de pimenta [3]. As manifestações contra Bolsonaro, ocorrem em diversos estados, com demandas como: ‘fora Bolsonaro’, ‘vacina no braço e comida no prato’ [4] e, segundo organizadores, foram pacíficas, com respeito ao distanciamento social [5]. Após o ocorrido, o governador do Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), afirma que a Secretaria da Defesa Social irá instaurar procedimento para investigar os fatos [6], afirmando ainda que o comandante responsável pela operação e quatro policiais militares envolvidos nos ataques são afastados e estão sendo investigados [7]. Em documento oficial da comunicação da PM, demonstra-se que as ordens para a repressão do protesto são do então comandante-geral, Vanildo Maranhão [8]. Segundo o documento, o objetivo foi evitar aglomerações e, para isso, os policiais deveriam ‘de todas as formas, negociar para que os manifestantes se dispersassem antes da chegada da Tropa de Choque’ [9]. O governo de Pernambuco afirma que a operação não foi autorizada [10]. Três dias depois da manifestação, o comandante Vanildo Maranhão pediu exoneração do cargo, pedido aceito pelo governador do Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) [11]. O secretário da Justiça de Pernambuco afirma que o governo monitorava a manifestação desde o início [12]. A violência da PM repercutiu negativamente; segundo o ministro do STF, Gilmar Mendes, a ação da PM foi ‘truculenta e brutal’ [13].

Leia análise sobre o comportamento da Polícia Militar e a relação com o Bolsonaro e ouça sobre os protestos ocorridos no dia 29.05.

29 maio 2021
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