Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Pela paralisação do Fundo do Clima partidos da oposição ajuizam ação no STF

Tema(s)
Meio Ambiente, Orçamento
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Partidos da oposição ajuizam ação [1] no Supremo Tribunal Federal (STF) para que seja reconhecida a omissão do Executivo por paralisar o Fundo do Clima durante 2019 e o primeiro semestre de 2020 [2]. Os recursos que compõem o Fundo do Clima – voltados para subsidiar projetos, pesquisas e a compra de equipamentos que buscam a redução das emissões de gases do efeito estufa [3] – somam o valor de R$ 437 milhões e foram aprovados na Lei Orçamentária Anual (LOA) pelo Congresso Nacional em 2018 [4]; no entanto, a sua execução depende da elaboração de plano pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), o que não ocorreu [5], bem como a aprovação do plano pelo Comitê Gestor do Fundo do Clima, órgão que não teve seus integrantes nomeados até dezembro de 2019 [6]. Em dezembro de 2019, o MMA baixou decreto [7] que alterou a composição do Comitê Gestor do Fundo [8]; no mesmo mês, a Comissão do Meio Ambiente do Senado publicou relatório que avaliou negativamente a Política Nacional sobre Mudanças do Clima, recomendando a retomada de funcionamento do Fundo do Clima e do Fundo a Amazônia [veja aqui] [9]. Em junho de 2020, o Ministro do STF, Luís Roberto Barroso, convoca audiência pública para os dias 21 e 22 de setembro para discussão da ação [10]. Na primeira semana de agosto, após 18 meses de paralisação, o Ministro do MMA, Ricardo Salles, realiza acordo com o BNDES para que seja liberado R$ 340 milhões de reais via Fundo do Clima [11]. No dia da audiência pública, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), critica o Executivo [12]. Já Salles justifica a paralisação dos recursos em razão da demora na aprovação do nova legislação do saneamento básico, considerada como prioridade para o minstro do MMA [13], e completa dizendo que ‘a ação perdeu o objeto’, uma vez que os valores já teriam sido disponibilizados pelo BNDES [14]. Na mesma oportunidade, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, nega omissão do governo sobre a política ambiental [veja aqui]. Vale lembrar que o governo federal reduziu em 95% o orçamento da Política Nacional sobre Mudança do Clima em 2019 [veja aqui], demitiu funcionários que atuavam no combate às mudanças climáticas [veja aqui], e tem adotado uma postura internacional que nega o aquecimento global [veja aqui] [veja aqui].

Leia análises sobre a audiência pública realizada no STF, sobre o desempenho do governo na política ambiental e veja linha do tempo sobre o papel do Brasil na agenda climática

05 jun 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Governo Bolsonaro nomeia defensor da MP da grilagem para coordenar câmara ambiental do MPF

Tema(s)
Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional

O procurador-geral da República, Augusto Aras, nomeia jurista de orientação ruralista como novo coordenador da 4ª Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do Ministério Público Federal (4 CCR) [1]. A 4ª Câmara tem histórico de decisões firmes em relação ao meio ambiente e por isso a nomeação de Juliano Baiocchi Villa-Verde de Carvalho, subprocurador-geral da República que vem da Câmara do Consumidor e Ordem Econômica, preocupa alguns procuradores do Ministério Público Federal (MPF) [2]. Baiocchi é conhecido por defender pautas ligadas ao agronegócio, como fez ao defender a popular ‘MP da grilagem’ , definindo-a como ‘livre iniciativa privada’ [3]. A MP, substituída posteriormente pelo PL 2.633. A nomeação é criticada por procuradores, resultando em nota de repúdio [4] e alegações como ‘a expectativa é a pior possível’, mas, mesmo recebendo críticas, o novo coordenador ainda afirma que ‘seria bom para o meio ambiente que o MPF fosse próximo ao Agro’ [5].

Leia a entrevista realizada com o novo coordenador do Meio Ambiente do MPF.

08 jun 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministério da Defesa distorce dados sobre o combate ao desmatamento na Amazônia

Tema(s)
Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O Ministério da Defesa distorce os dados sobre a operação militar na Amazônia, ‘Verde Brasil 2’, de combate ao desmatamento segundo levantamento desta data [1]. A operação, que envolve a atuação de militares por meio de operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) [veja aqui], aumenta os dados referentes às primeiras ações no combate ao crime florestal, adicionando dados das atividades realizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e por secretarias estaduais de meio ambiente, que não tiveram ligação alguma com a operação militar [2]. O balanço do programa, divulgado pelo Ministério, contém também dados incorretos sobre a destruição de equipamentos usados para o desmatamento: segundo a divulgação oficial teria havido destruição de 104 equipamentos, mas ao ser questionado, o Ministério informa que, na realidade, foram só 27 máquinas destruídas e 37 equipamentos inutilizados, ficando outra parte sem a devida explicação sobre a suposta destinação [3]. A Polícia Militar (PM) de Rôndonia suspende o apoio às operações de combate ao desmatamento, alegando trazer riscos desnecessários aos oficiais [4]. A suspensão ocorre no início da temporada de incêndios florestais na região, onde há o aumento de 22,7% de focos de queimadas, comparados ao ano passado, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) [5]. O Ministério Público de Rondônia e o Ministério Público Federal (MPF) no estado determinam a volta do apoio da PM às operações ambientais [6].

Veja a reportagem a respeito da suspensão do apoio da PM de Rondônia às operações de combate ao desmatamento.

09 jun 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro do Meio Ambiente mobiliza Advocacia Geral da União (AGU) para ingressar ação contra pesquisador do Inpe

Tema(s)
Ciência, Informação, Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, mobiliza servidores da Advocacia Geral da União (AGU) para ingressar com ação contra o cientista Antonio Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) [1] [2]; o que é feito nesta data [2]. Nobre é intimado a prestar esclarecimentos sobre entrevista na qual afirmou que havia ‘pessoas perigosas no governo’ de Jair Bolsonaro e que ‘o ministro do Meio Ambiente é um criminoso condenado’ [3]. Nobre fazia referência à condenação de Salles por improbidade administrativa, em ação movida pelo Ministério Público de São Paulo em 2017 [4] [5]. O caso contra o pesquisador é arquivado em outubro, quando o juiz Renato Barth Pires informa que Salles ‘considerou suficientes as explicações prestadas’ [6]. Salles mobilizou a AGU em outras ocasiões para interpelar seus críticos: o ambientalista Márcio Astrini [veja aqui] e o jornalista André Borges [veja aqui]. Após a ação contra Nobre, a AGU é utilizada para questionar o jornalista Cedê Silva [veja aqui].

Leia entrevista com ex-diretor do Inpe Gilberto Câmara sobre os ataques do governo Bolsonaro ao órgão.

09 jun 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Estadual

Mourão contraria dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e afirma que desmatamento na Amazônia caiu

Tema(s)
Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos
Estado
Amazonas

O vice-presidente da República e coordenador do Conselho Nacional da Amazônia [veja aqui], Hamilton Mourão, em reunião de ministros do governo Bolsonaro, afirma que desmatamento na Amazônia caiu para o percentual mínimo comparando com os últimos anos [1]. Por conta disso, alega ter sido conquistado o primeiro objetivo da Operação Verde Brasil 2, iniciada em maio desse ano visando ao combate de crimes ambientais [2] [veja aqui]. A fala contraria dados parciais apresentados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que indicam perda florestal de 641 km² entre 1º e 28 de maio, o segundo maior número de desmatamento nos últimos cinco anos [3] e aumento de 34,5% em um ano [4]. Também segue a proporção de desmatamento do mês anterior, que teve o maior desmatamento na Amazônia em dez anos [5]. O vice-presidente afirma avançar no planejamento para políticas sobre exploração sustentável e defende a necessidade de projetos sobre a regularização fundiária [6]. Nesse sentido, o governo publica a carta ‘Convergência pelo Brasil’, que visa a recuperação da economia brasileira de forma sustentável [7]. Em nota, a organização internacional Greenpeace diz que dados obtidos via satélite não mentem e que maio teria sido o mês com maior índice de desmatamento da Amazônia no ano [8]. Registra-se em junho com o maior número de focos de incêndio na Amazônia desde 2007 [9]. O Inpe cria um novo sistema de monitoramento, em parceria com o Ibama, para identificar novas áreas abertas na floresta [10].

Leia análises sobre a fala de Mourão em resposta a críticas de investidores sobre desmatamento, o protagonismo do Mourão, e artigo que compara as políticas ambientais dos governos Sarney e Bolsonaro frente ao crescimento descontrolado do desflorestamento.

09 jun 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro do Meio Ambiente nomeia Superintendente do Ibama no Espírito Santo sem qualificações técnicas ao cargo

Tema(s)
Meio Ambiente, Militarização
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização
Estado
Espírito Santo

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, nomeia Superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) do Estado do Espírito Santo sem as qualificações técnicas necessárias ao cargo [1]. A nomeação ocorre após a exoneração da maioria dos superintendentes regionais do Instituto [veja aqui]. Para o cargo em comissão, é escolhido o coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo (PM-SP), Luiz Renato Fiori [2]. Segundo as exigências legais [3] para ocupação de cargos desse tipo, o nomeado deve possuir, ao menos, experiência profissional de três anos em atividades correlatas às áreas de atuação do órgão ao qual será indicado, ter ocupado cargo em comissão ou função de confiança por dois anos ou possuir título de especialista, mestre ou doutor também nessa área [4]. Fiori atuou na PM-SP por mais de 30 anos e possui mestrado e doutorado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública [5]. Não existem informações públicas de que o policial atuou na área ambiental, nem sobre vínculos anteriores com o poder Executivo [6][7]. Segundo relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), há indícios de que esta nomeação, entre outras, desrespeitou as exigências legais de experiência profissional e acadêmica [8]. Vale notar que Salles fez nomeações sem experiência técnica para outros estados, como Pará [veja aqui], Maranhão e Amapá [veja aqui].

Leia análises sobre o retorno dos militares ao meio ambiente e a militarização da pauta ambiental desde 2019.

10 jun 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministério do Meio Ambiente cria órgão centralizador responsável pelo julgamento dos processos do Ibama

Tema(s)
Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Ministério do Meio Ambiente cria, através de Portaria [1], Equipe Nacional de Instrução (Enins) que será responsável pelo julgamento dos processos de interesse do Ibama, com unificação dos casos sobre infrações ambientais. A Enins será formada por três graus decisórios, e todos os integrantes serão escolhidos pelo presidente do Ibama. A medida centralizadora também estipula, dentre as funções dos colegiados, ‘duração razoável’ dos processos e prazo de um ano para emissão de decisões finais. Os membros da Equipe poderão adotar, total ou parcialmente, pareceres emitidos pelo Núcleo de Conciliação Ambiental, que tem prática de abrandar punições mais graves e possibilitar acordos com infratores [2]. Em outra oportunidade de centralização envolvendo questões ambientais, decreto presidencial transferiu o Conselho Nacional da Amazônia Legal do Ministério do Meio Ambiente para a Vice Presidência da República e excluiu a participação de governadores [veja aqui].

Leia análise sobre a atuação do governo federal no meio ambiente durante a pandemia.

16 jun 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministério do Meio Ambiente omite informações sobre áreas embargadas por crimes ambientais

Tema(s)
Meio Ambiente, Transparência
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Ministério do Meio Ambiente omite informações sobre áreas embargadas por crimes ambientais há mais de oito meses, como aponta reportagem desta data [1]. Os dados são considerados cruciais para concessões de crédito financeiro e comercialização de produtos agrícolas [2]. Por lei, deveriam ser divulgados com transparência pelo governo, mas estão fora do ar desde outubro do ano passado [3]. A omissão ocorreu após o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, determinar alterações no o Sistema Integrado de Cadastro, Arrecadação e Fiscalização (Sicafi), que era utilizado para divulgar as informações [4]. As mudanças fizeram com que estes dados sumissem, além das informações históricas sobre multas e demais autos de infração lavrados pelo órgão ambiental [5]. A bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados entra com uma ação na Justiça Federal do Distrito Federal contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim [6]. Os signatários da petição exigem a imediata divulgação dos dados [7]. Essa não é a primeira vez que o governo interfere na transparência de informações. Em 2019, o presidente Jair Bolsonaro alterou legislação sobre sociedades empresariais para dispensar empresas de publicarem balanço financeiro em jornais impressos de grande circulação [veja aqui] e ainda escondeu dados sobre redução do Bolsa Família [veja aqui].

Leia levantamento realizado pela Transparência Brasil sobre retrocessos no acesso a informações públicas durante o governo Bolsonaro e entenda melhor o que são áreas embargadas.

18 jun 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro do Meio Ambiente mobiliza Advocacia Geral da União (AGU) para ingressar ação contra jornalista

Tema(s)
Imprensa, Informação, Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, mobiliza servidores da Advocacia Geral da União (AGU) para ingressar com ação contra o jornalista Cedê Silva, do site O Antagonista [1] [2]. Silva é intimado a prestar esclarecimentos sobre a reportagem intitulada ‘De olho em fundo bilionário, Salles aperta mordaça sobre funcionários’, publicada em março [3] [4]. O texto faz referência à nova portaria do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que proíbe contato direto de servidores que ocupam cargos de chefia com a imprensa [veja aqui] [5]. A AGU já foi mobilizada por Salles em outras ocasiões para interpelar seus críticos: o ambientalista Márcio Astrini [veja aqui], o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Antonio Nobre [veja aqui] e o jornalista André Borges [veja aqui].

18 jun 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Governo atrasa dois meses para publicar edital de contratação de brigadistas para o combate e prevenção às queimadas florestais no país.

Tema(s)
Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O edital que permite a contratação de brigadistas pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que costuma ser lançado a partir de abril, esse ano se dá somente na terceira semana de junho [1]. A portaria assinada pelo ministro do Meio Ambiente libera a contratação de 1.481 novos brigadistas florestais [2]. O primeiro edital para contratação a partir da portaria foi publicado no dia 16 de junho, posteriormente invalidado por erro no processo, sendo publicado um novo somente dia 23 [3]. O trabalho de enfrentamento às queimadas florestais começa na prevenção dos incêndios e não somente no combate das chamas, o que precisa ser iniciado com antecedência em relação ao período de seca [4]. A época de seca começa em meados de maio, variando de acordo com a região, razão pela qual o atraso do governo nas contratações, juntamente com o corte orçamentário [5] pioram o crítico cenário de desmatamento florestal atual [6] [veja aqui]. Dados demonstram que nesse ano, o Brasil já vem apresentando índices de focos de queimadas em máximas históricas [7].

Leia mais sobre as consequências do atraso na contração de brigadistas nas queimadas de 2020.

23 jun 2020
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