Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Plano de metas do Conselho Nacional da Amazônia Legal disciplina ‘mudança doutrinária’ no Ibama, ICMBio, Incra e Funai

Tema(s)
Administração, Meio Ambiente, Posicionamento político
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Plano de metas elaborado pelo Conselho Nacional da Amazônia Legal, sob coordenação do vice-presidente Hamilton Mourão [veja aqui], e encaminhado ao Ministério da Economia estipula ‘mudança doutrinária’ em órgãos de proteção ambiental como Ibama, ICMBio, Incra e Funai [1]. O documento, acessado pela imprensa nesta data, não deixa claro no texto o que representaria tal renovação [2]. Apuração realizada pela imprensa aponta que a possível mudança diga respeito à forma de posicionamento público dessas instituições, tendo em vista casos recentes de servidores que criticaram a postura dos militares nomeados para chefia de tais órgãos por não possuírem experiência prévia nas áreas de atuação [3]. A proposta também prevê a aprovação de projeto de lei que estabeleça novos parâmetros de regularização fundiária na Amazônia, visto como problemático pelo Ministério Público Federal por facilitar a concretização de crimes ambientais e prática de ‘grilagem’ na Floresta [4]. Além disso, o plano também prevê a permanência das Forças Armadas na Amazônia até o fim de 2022, tendo por objetivo combater o desmatamento ilegal e queimadas na Floresta [veja aqui]. Em outras oportunidades, o ministro do Meio Ambiente ameaçou processar funcionários do ICMBio, do que decorreram diversas demissões [veja aqui]; e demitiu funcionários de alto escalão que atuavam no combate às mudanças climáticas [veja aqui]. Já o ICMBio transferiu especialista em golfinhos de Fernando de Noronha para o sertão de Pernambuco [veja aqui]; e o diretor do Inpe foi exonerado após o órgão divulgar dados referentes ao desmatamento [veja aqui]. Ação sigilosa do Ministério da Justiça também monitorou 579 servidores públicos e repassou informações a outros órgãos do governo [veja aqui]; e a Controladoria-Geral da União baixou nota técnica permitindo punição de servidores que se manifestarem nas redes sociais [veja aqui].

08 set 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Política ambiental do governo Bolsonaro é denunciada por servidores em dossiê

Tema(s)
Administração, Meio Ambiente, Segurança pública
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

A Associação Nacional dos Servidores do Meio Ambiente (Ascema), durante transmissão ao vivo [1], divulga dossiê [2] que apresenta uma cronologia de atos e eventos do governo federal que violam as políticas de proteção ambiental [3]. O documento registra declarações e ações concretas do presidente Jair Bolsonaro e de outras autoridades do governo federal do período eleitoral em 2018 até agosto de 2020 [4]. Só para os dois primeiros anos de gestão são elencados mais de 150 eventos que contribuíram para deterioração dos mecanismos de proteção ambiental e suas consequências diretas, como o aumento das queimadas florestais [veja aqui], do desmatamento na Amazônia [veja aqui] e da contaminação das encostas por vazamento de óleo [veja aqui] [5]. Entre as principais denúncias é possível citar: i) declarações de Bolsonaro contra aplicação de multas ambientais, que já apresentaram queda nos primeiros meses de governo [veja aqui]; ii) as mudanças de estrutura do Ministério do Meio Ambiente (MMA) na primeira medida provisória assinada, a qual também retirou a competência da Funai para demarcação de terras indígenas [veja aqui]; iii) as propostas de flexibilização de leis ambientais [veja aqui] e estímulo a grilagem [veja aqui], em especial no contexto da pandemia [veja aqui]; iv) as intimidações e exonerações a servidores de órgãos como ICMBio [veja aqui] [veja aqui], Inpe [veja aqui] [veja aqui] e Ibama [veja aqui]; v) além do processo de militarização da pasta ambiental via Operação Brasil Verde 2 [veja aqui] [veja aqui] e utilização das operações de garantia da lei e da ordem (GLO) [veja aqui] [6]. O documento foi encaminhado para o Papa Francisco, e será encaminhado à ONU, ao Congresso Nacional e a organizações internacionais de defesa dos direitos humanos [7]. Salles reage afirmando que o dossiê manipula a realidade e que seria resultado de uma ‘ladainha sindicalista’ [8], ofensa que já foi utilizada por Bolsonaro contra servidor em 2019 [veja aqui]. Na semana seguinte, as queimadas no Mato Grosso do Sul acarretam perda de mais de 20% do bioma pantaneiro [veja aqui].

Leia análise sobre o autoritarismo na política ambiental e veja linha do tempo temática sobre a relação entre segurança e meio ambiente.

09 set 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro do Meio Ambiente e Vice-presidente da República dizem que não há queimadas na Amazônia

Tema(s)
Meio Ambiente, Negacionismo
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O vice-presidente, Hamilton Mourão, e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, publicam em suas redes sociais vídeo produzido por associação de pecuaristas com o título ‘A amazônia não está queimando’ [1]. O vídeo nega as notícias sobre a existência de queimadas na região amazônica e utiliza imagem de mico-leão-dourado – animal típico da Mata Atlântica – para passar a mensagem [2]; além disso, o vídeo viola direitos autorais, uma vez que são identificadas imagens produzidas em 2015 pela organização Greenpeace para campanha pela demarcação de terras indígenas [3]. A publicação do vídeo pelas autoridades ocorre logo após críticas do ator estadunidense Leonardo Dicaprio – atacado em 2019 pelo presidente [veja aqui] e em agosto de 2020 pelo vice-presidente [veja aqui] – ao compartilhar postagem da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) crítica ao governo [4]. Dados oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) corroboram o aumento de focos de calor registrados na Amazônia no período de janeiro a setembro de 2020, contabilizando 56.425 queimadas, um aumento de 6% em comparação ao mesmo período no ano passado [5]. O vídeo é retirado do ar após notificação das redes sociais pelo Greenpeace, que também publica nota repudiando a ‘propagação de fake news’ pelo governo federal [6]. Dois dias depois, o vice-presidente defende o vídeo e afirma tratar-se de uma ação de ‘contrapropaganda’ [7]. Na semana seguinte, Mourão – que já tinha divulgado em agosto dados falsos sobre desmatamento na Amazônia [veja aqui] – declara que a propagação de informações alarmantes sobre as queimadas ocorre porque ‘alguém lá de dentro que faz oposição ao governo’, em referência a funcionário do órgão [8]. A situação de desmatamento na Amazônia também desencadeia ação conjunta de organizações do meio ambiente e empresas do agronegócio, que apresentam ao governo documento com propostas para aumentar fiscalização e garantir o uso sustentável da floresta [9].

Leia explicação sobre as queimadas na Amazônia, e análise sobre os impactos para flora e fauna

09 set 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Em 1 ano, governo federal corta verba para brigadistas em 58%

Tema(s)
Meio Ambiente, Orçamento
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Levantamento desta data revela que foram gastos pouco mais de R$ 9 milhões pelo governo federal para contratação e pagamento de despesas com brigadistas – pessoas que trabalham na prevenção e combate a incêndios e queimadas -, uma redução de 58% em comparação com o mesmo período no ano anterior [1]. O contingenciamento para o setor é observado desde 2019, quando foram investidos apenas R$ 23 milhões dos R$ 53 milhões inicialmente planejados em 2018 [2]. O ano de 2019 também foi marcado pelo ‘dia do fogo’ [veja aqui], pela prisão indevida de brigadistas no Pará [veja aqui] e por declarações hostis do presidente Jair Bolsonaro contra a categoria [veja aqui]. Neste ano, mesmo diante do agravamento do desmatamento [veja aqui], o governo atrasou dois meses para publicar edital de contratação de brigadistas para o combate às queimadas florestais [veja aqui]. Em agosto, o Ministério do Meio Ambiente anunciou a suspensão de todas as operações de combate ao desmatamento ilegal e queimadas na Amazônia e Pantanal [veja aqui]. Ainda, no contexto de emergência de incêndios no Mato Grosso do Sul [veja aqui] e devastação do bioma pantaneiro [3], foram compartilhadas notícias falsas contra brigadistas que utilizam técnica chamada de queima de expansão em que se ‘combate fogo com fogo’ [4].

Leia sobre a atuação de voluntários e brigadistas nos incêndios no Pantanal e entenda como funciona a técnica da queima de expansão.

12 set 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Apenas após semanas de incêndios descontrolados, governo federal reconhece situação de emergência no Mato Grosso do Sul

Tema(s)
Meio Ambiente
Medidas de emergência
Flexibilização de controle
Estado
Mato Grosso do Sul

Somente após crescimento desenfreado de incêndios no Pantanal, que se iniciaram ao fim de julho [1], o governo federal publica decisão reconhecendo situação de emergência no Mato Grosso do Sul (MS) [2]. A medida propicia a liberação de ajuda financeira para ações de auxílio ao combate ao fogo e ações de assistência para restabelecimento de serviços essenciais e de infraestruturas danificadas [3] [4]. No dia anterior a decisão, o governador do MS, Reinaldo Azambuja, havia decretado o estado de emergência por 90 dias em razão dos incêndios que atingem o bioma do Pantanal [5]. Os focos de fogo na região tiveram um aumento exponencial na primeira quinzena de setembro, sendo registrado o maior número de focos de calor da história [6]. Entre as consequências das queimadas destacam-se a remoção de populações indígenas [7], a destruição de mais da metade do Parque Nacional do Encontro das Águas [8] e a perda de 19% da área do bioma pantaneiro [9]. No dia da publicação do decreto, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, declara que o fogo tomou ‘proporção gigantesca’ e admite a situação emergencial [10]. Vale lembrar, no entanto, que na semana anterior, Salles, junto com o vice-presidente Hamilton Mourão, compartilhou vídeo que afirmava não existirem queimadas [veja aqui]. Em agosto, Salles também anunciou a suspensão de todas as ações de combate ao desmatamento ilegal e queimadas na Amazônia e Pantanal [veja aqui], e em maio o ministro sugeriu, durante reunião ministerial, aproveitar o contexto da pandemia para ‘passar a boiada’ [veja aqui]. Ainda, durante o ano de 2020, governo federal cortou 58% das verbas destinadas para contratação de brigadistas [veja aqui], reduziu o orçamento destinado a órgãos de fiscalização e pesquisa ambiental como Ibama [veja aqui], ICMBio [11] e Inpe [12]. No início de setembro servidores apresentaram dossiê reunindo uma cronologia de atos do governo Bolsonaro que violaram políticas de proteção ambiental [veja aqui] e o relator especial da ONU recomendou que o Brasil seja objeto de investigação internacional por suas políticas ambientais [veja aqui]. Em 02/10, o Ministério da Justiça baixa portaria [13] autorizando o emprego da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) em apoio ao governo sul-mato-grossense. Em 09/10, a autorização é prorrogada por nova portaria [14] que estende a presença da FNSP até 10/11.

Leia análises sobre os fatores responsáveis pelas queimadas no Pantanal, sobre os impactos do fogo para a população indígena, entenda os motivos que dificultam o controle de incêndios na região e ouça podcast sobre as pressões contra a política ambiental do governo.

14 set 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Vice-presidente da República diz que opositor do governo no Inpe divulga dados negativos sobre queimadas

Tema(s)
Administração, Meio Ambiente, Posicionamento político, Transparência
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O vice-presidente da República e coordenador do Conselho Nacional da Amazônia [veja aqui], Hamilton Mourão, afirma, sem citar nomes ou provas, que ‘alguém’ no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que faz ‘oposição’ ao governo Bolsonaro prioriza a divulgação de dados negativos sobre queimadas [1]. A afirmação ocorre no momento em que os dados divulgados pelo órgão retratam o maior número de queimadas na Amazônia e no Pantanal desde 2010 [2]. Contrariando esses números, o vice-presidente divulga dados falsos sobre desmatamento [veja aqui] e nega a existência de queimadas na Amazônia [veja aqui]. Diante da acusação, o pesquisador Gilvan Sampaio, responsável do Inpe pelo monitoramento das queimadas, afirma que ‘jamais faria manipulação de dados’ [3]. Além das críticas, técnicos vinculados ao Inpe denunciam o corte das verbas destinadas ao Instituto [4] e a existência de uma ‘estrutura paralela’ no órgão [5]. O Inpe já teve seu diretor exonerado, após o órgão divulgar dados referentes ao desmatamento [veja aqui], e já teve seus dados contestados pelo presidente Jair Bolsonaro [veja aqui]. Essas ações inserem-se na política ambiental do governo, Bolsonaro já afirmou existir no Brasil uma ‘psicose ambientalista’ [veja aqui] e que seu governo não deveria ser perturbado com a questão ambiental [veja aqui]. Além disso, o presidente já acusou ONGs de promoverem incêndios na Amazônia [veja aqui] e disse que as queimadas são ‘mentira’ [veja aqui]. Inclusive, uma semana depois do presente ocorrido, Bolsonaro deu discurso na ONU se colocando como vítima de camapanha de desinformação sobre sua políitca ambiental [veja aqui]. Também não foi a primeira vez que o governo se posicionou contra o dissenso em órgãos públicos: diversas comissões de ética de órgãos federais [veja aqui] e a CGU [veja aqui] já alertaram sobre a possibilidade de punir funcionários que se manifestassem em redes sociais e o Ministério da Justiça realizou dossiê sobre o posicionamento político de 579 servidores [veja aqui].

Veja a análise sobre o protagonismo do vice-presidente na questão da Amazônia.

15 set 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Relatoria da ONU recomenda que Brasil seja objeto de investigação internacional por suas políticas ambientais e de direitos humanos

Tema(s)
Meio Ambiente, Relações internacionais
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O estado brasileiro é objeto de recomendação inédita de relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU), Baskut Tuncak, que propõe a abertura de investigação no Conselho de Direitos Humanos (CDH) a respeito das políticas ambientais e de direitos humanos desenvolvidas pelo atual governo brasileiro; além disso, recomenda-se a realização na ONU de ‘sessão especial sobre a proteção da floresta Amazônica’ [1]. Para ser efetivada, no entanto, a recomendação depende do aval e aprovação da maioria dos países que compõem o CDH [2]. A proposta é apoiada por organizações do terceiro setor que também denunciam a postura do governo na condução das políticas ambientais [3]. Vale notar que, na semana anterior, servidores apresentam dossiê denunciando o desmonte das políticas ambientais na gestão Bolsonaro, que incluem flexibilização de normas e enfraquecimento dos órgãos de fiscalização [veja aqui]. Na semana seguinte, o governo afirma que não irá aceitar qualquer proposta de investigação internacional e nem mesmo que seja realizada uma sessão especial para discutir a situação da Amazônia [4]. O posicionamento brasileiro contra críticas sobre a situação do desmatamento e das queimadas na Amazônia é retomado no discurso do presidente durante a abertura da Assembleia Geral da ONU, oportunidade em que sugere existir uma ‘campanha de desinformação’ sobre o tema [veja aqui] [5]. Desde seu primeiro ano de gestão, Bolsonaro afirma existir no âmbito internacional uma ‘psicose ambientalista’ contra o Brasil [veja aqui] e seu ministro das relações exteriores também defendeu a existência de um ‘alarmismo climático’ [veja aqui].

Ouça podcast sobre a pressão internacional crescente sobre as políticas ambientais do governo Bolsonaro.

16 set 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro diz que Brasil ‘está de parabéns’ pela preservação do meio ambiente, embora dados apontem recorde de queimadas no Pantanal e alta no desmatamento amazônico

Tema(s)
Meio Ambiente, Negacionismo
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Presidente Jair Bolsonaro afirma que Brasil ‘está de parabéns’ pelo modo como preserva o meio ambiente, mesmo com recorde de queimadas no Pantanal e alta de desmatamento na Amazônia [1]. Em discurso na inauguração de usina na Paraíba, Bolsonaro alegou que o Brasil ‘é o país que mais preserva o meio ambiente’ e disse não entender como ‘é o país que mais sofre ataques’ no que toca a preservação ambiental [2]. A fala ocorre após divulgação de dados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que aponta aumento superior a 200% nas queimadas ocorridas no Pantanal entre janeiro e setembro deste ano, em comparação ao mesmo período no ano passado [3]. Já sobre o desmatamento na Amazônia, o Inpe registrou crescimento de 34,5% entre agosto de 2019 e julho de 2020, em comparação ao mesmo período nos anos de 2018 e 2019 [4]. Dois dias antes do discurso presidencial, um grupo formado por oito países europeus encaminhou carta ao governo brasileiro solicitando a adoção de ‘ações reais’ de combate ao desmatamento amazônico, e informou que o crescimento no desflorestamento dificulta a compra de produtos brasileiros [5]. Poucos dias após a declaração de Bolsonaro, o vice-presidente, Hamilton Mourão, afirma em entrevista que Ibama e ICMBio estão ‘sucateados’, por perderem ‘praticamente a metade de seus agentes’ [6]. Em outras oportunidades, Bolsonaro criticou decreto que proíbe queimadas controladas e acusou indígenas pelos incêndios [veja aqui] e disse, em reunião com presidentes de outros países, que os incêndios na Amazônia seriam mentira [veja aqui]. Já Mourão divulgou dados falsos sobre desmatamento [veja aqui], disse junto ao ministro do Meio Ambiente que não existiriam queimadas na Amazônia [veja aqui] e que opositor do governo no Inpe seria responsável por divulgar dados negativos sobre queimadas [veja aqui]. O ministro do Meio Ambiente, por sua vez, anunciou a suspensão de todas as operações de combate ao desmatamento ilegal e queimadas na Amazônia e Pantanal, e voltou atrás na sequência [veja aqui]. Na semana seguinte, o presidente traz de novo à tona retórica inverídica sobre a preservação ambiental na ONU [veja aqui] [7].

Leia análises sobre as causas e os tipos de queimadas na Amazônia, como isso afeta a fauna e flora, os riscos da omissão na proteção ambiental para a exportação brasileira, e veja plataforma de monitoramento do desmatamento amazônico – em inglês.

17 set 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Polícia Federal acusa Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) de gerar desinformação e monopolizar dados sobre desmatamento no Brasil

Tema(s)
Conflito de poderes, Informação, Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Polícia Federal (PF) acusa Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) de gerar desinformação e monopolizar dados sobre desmatamento no país, segundo apuração da imprensa nesta data [1]. A acusação da PF é feita através de ofício em processo do Tribunal Contas da União (TCU) que apura a compra pela PF de imagens de satélites [2]. O TCU suspendeu contrato entre a PF e empresa de fornecimento de imagens via satélites, no valor de R$ 49 milhões, por considerar que o contrato não acrescenta vantagens informacionais e que poderia gerar prejuízos ao erário estatal [3]. A PF, por sua vez, alega que a empresa fornece a melhor qualidade de imagens e que utiliza as informações não só para ações ambientais na Amazônia, mas também para outras investigações [4]. Após decisão do TCU, a PF alega em ofício que os técnicos do Inpe se valem de ‘desonestidade intelectual’ para desinformar os canais de comunicação e impossibilitar que outros sistemas informacionais sejam contratados pelo poder público [5]. Além disso, a instituição policial defende que o Inpe apresentaria atraso de 3 meses na divulgação dos dados sobre desmatamento [6], e que a suspensão contratual prejudicará as atuais operações ambientais [7]. Em 22/09, o Ministério da Justiça e Segurança Pública cria, através de portaria [8], o Programa Meio Ambiente Integrado e Seguro, que tem por objetivo ‘promover a aplicação de geotecnologia’ em suporte às ações na área de segurança pública em geral [9]. Em outras oportunidades, o presidente Bolsonaro questionou os dados sobre desmatamento fornecidos pelo instituto [veja aqui] e o vice-presidente, Hamilton Mourão, contrariou as informações do Inpe ao afirmar queda no desmatamento na Amazônia [veja aqui]. Já diretor do Inpe foi exonerado após a divulgação de dados [veja aqui] e o governo exonerou coordenadora que fiscalizava desmatamento e reduziu a estrutura do instituto [veja aqui].

Leia análise sobre como o Inpe se tornou alvo de ataques no governo Bolsonaro e veja cronologia de ações do governo descreditando os dados do instituto, culminando na exoneração de seu diretor no ano passado.

18 set 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Minsitro do Gabinete de Segurança Institucional diz que não há omissão do governo na política ambiental e sugere conspiração internacional

Tema(s)
Meio Ambiente, Relações internacionais
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Em audiência no Supremo Tribunal Federal (STF) [1], o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, afirma que não há omissão do governo na política ambiental e que isso é usado por quem quer ‘prejudicar o Brasil e derrubar o presidente Jair Bolsonaro’ [2]. Heleno critica, ainda, ONGs que, segundo ele, ‘têm por trás potências estrangeiras’ e diz que os incêndios nas florestas ‘têm a ver com fenômenos naturais’ [3]. Um dia depois, diante da ameaça de países europeus em endurecer regras para importação de produtos produzidos em áreas de desmatamento ilegal [4], o general afirma que o governo pode retaliar países que boicotem importações brasileiras e que os incêndios no Pantanal foram acidentais [5][veja aqui]. As políticas antiambientais do governo brasileiro têm repercutido no cenário internacional. Em 2019, o acordo entre Mercosul e União Europeia foi questionado , ocorreram tensões diplomáticas entre Brasil e França [veja aqui] e Bolsonaro foi representado no Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes ambientais [veja aqui]. Em encontro internacional, o presidente chegou a afirmar que há uma ‘psicose ambientalista’ contra o Brasil [veja aqui] e o ministro de relações exteriores já afirmou que existe um ‘alarmismo climático’ [veja aqui] contra o governo Bolsonaro. Também já ocorreram no passado outros discursos alarmistas sobre alegadas conspirações: em abril deste ano, o presidente levantou suspeita de conspiração de Rodrigo Maia e outros atores para ‘derrubá-lo’[veja aqui] e em junho reforçou tal discurso [veja aqui]; ano passado, Bolsonaro já havia aventado possível conspiração midiática contra seu governo [veja aqui].

Leia a análise sobre o autoritarismo na política ambiental

21 set 2020
Mês Filtros