Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro nomeia Ministro do Meio Ambiente ligado a entidade ruralista

Tema(s)
Administração, Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Novo Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite, é ex-conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SRB), uma das principais entidades ruralistas do país [1]. Pereira foi nomeado por Bolsonaro após a saída de Ricardo Salles do comando da pasta [2] e já integrava o ministério como Secretário da Amazônia e Serviços Ambientais [3]. A troca no comando do ministério pode significar continuidade [4] nos retrocessos ambientais pautados pelo governo Bolsonaro [5] [veja aqui], que foram citados em carta assinada por mais de 160 empresários e figuras públicas e enviadas ao presidente da Câmara dos Deputados [6]. A demissão de Salles está cercada de denúncias, que envolvem notícia-crime por suposta interferência em apreensão de madeira e a exoneração do chefe da PF que fez a denúncia [veja aqui], assim como a dispensa do cargo de gestão do delegado responsável pela investigação do envolvimento de Salles em venda ilegal de madeira [veja aqui]. Recentemente, Bolsonaro trocou seis ministros do governo em decorrência de pressões do Centrão [veja aqui]. Além disso, o Ministério da Saúde [veja aqui] e o Ministério da Educação [veja aqui] observam trocas constantes.

Leia mais sobre a continuidade da política ambiental, mesmo com a troca do ministro, e a carta enviada à Câmara contra os retrocessos.

23 jun 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Deputada Joenia Wapichana, única parlamentar indígena, tem fala silenciada e é alvo de discriminação na Comissão de Constituição e Justiça

Tema(s)
Meio Ambiente, Povos indígenas
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

A deputada federal e única parlamentar indígena no Congresso Nacional, Joenia Wapichana (Rede-RR), tem sua fala interrompida durante sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pela presidente da CCJ [1]. A reunião debate a admissibilidade do Projeto de Lei (PL) 490/2007 que determina como terras indígenas apenas aquelas que foram ocupadas até a data da promulgação da Constituição Federal [2]. O projeto também permite o exercício de atividades extrativas dentro das reservas indígenas [3]. No decorrer da sessão, Joenia defende a suspensão da votação da PL já que não houve consulta prévia aos povos indígenas sobre a matéria, conforme determina a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) [4] [5]. A deputada não consegue terminar sua fala, já que a presidente da CCJ Bia Kicis a interrompe dizendo que ‘a questão está superada’ e retira os minutos que estavam resguardados a declaração de Joenia [6]. Durante a sessão, houve ataques contra as comunidades indígenas e a parlamentar indígena [7]. O líder do governo na CCJ, José Medeiros (Podemos-MT), declara que a deputada não é uma legítima representante dos povos indígenas e que uma parcela dos indígenas são financiados por ONGs e partidos de esquerda [8]. Diversos parlamentares se posicionam contra a forma que Joenia é tratada na CCJ, a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) caracteriza o tratamento dado a parlamentar indígena como ‘ilegal, antirregimental e truculento’ [9]. A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) afirma que o projeto é uma ‘quebra na Constituição’ e critica a falta de audiência pública com os povos indígenas sobre o tema [10]. Após sessão conturbada entre governistas e oposição, o Projeto de Lei é aprovado por 40 votos a 21 [11]. Vale lembrar que no dia anterior a sessão, a Polícia Militar (PM) reprimiu violentamente com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo as manifestações indígenas contra a aprovação da PL que ocorriam na entrada da Câmara dos Deputados [veja aqui]. Poucos meses antes, Joenia foi intimada pela PF por supostamente difamar o governo ao denunciar o genocídio indígena [veja aqui]. Em entrevista a um veículo de imprensa, a deputada indigena afirma que a PL é inconstitucional e que falta conhecimento sobre os povos indígenas por parte dos parlamentares brasileiros [12]. Ademais, também declara que a demarcação das terras indígenas no Brasil é um direito fundamental e por isso não pode ser removido ou alterado pelo projeto de lei [13].

Leia sobre o viés racial da violência política de gênero sofrida por Joênia Wapichana durante sessão da CCJ e entenda os retrocessos impostos pelo PL 490/2007 sobre os povos indígenas.

23 jun 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Mais uma vez, militares são convocados a atuar na Amazônia, a despeito do fracasso anterior

Tema(s)
Administração, Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

Presidente Jair Bolsonaro estabelece, mais uma vez, uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para o combate ao desmatamento e às queimadas [1] de 28 de junho a 31 de agosto na Amazônia [2]. O decreto é válido para Terras Indígenas, Unidades de Conservação e áreas de propriedade ou posse da União de quatro estados, Amazonas, Mato Grosso, Pará e Rondônia [3]. Essa nova operação tem um escopo menor que a ‘Operação Verde Brasil 2’ [4], encerrada no final de abril em meio a debate sobre seu alto custo e inefetividade [veja aqui], na época Mourão afirmou que passaria a valer o ‘Plano Amazônia 2021-2022’, uma ‘colaboração das agências de fiscalização dos ministérios da Justiça, Meio Ambiente, Agricultura e do Gabinete de Segurança Institucional’ [5]. Apesar do anúnicio e dos indícios de fracasso desde meados do ano anterior, o Plano de Metas do Conselho Nacional da Amazônia Legal previu em setembro de 2020 a atuação das Forças Armadas na região até 2022 [veja aqui]. As operações dividem especialistas, que afirmam que as forças armadas não têm conhecimento para combater crimes ambientais [6], o que deveria ser realizado por agências especializadas, como o Ibama e o ICMBio, autarquias que sofrem com cortes orçamentários e déficit de servidores nos últimos anos [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui]. No dia 29/06/21, o governo também proíbe o uso de fogo para atividades agropastoris durante 120 dias [7][8], depois da Amazônia ter o mês de junho com maior número de focos de incêndio desde 2007 [9]. As operações anteriores tiveram poucos resultados [10] e foram cercadas de controvérsias, como a falta de atuações na primeira operação [veja aqui], afirmações equivocadas do vice-presidente, Hamilton Mourão, sobre a queda no número de desmatamentos [veja aqui] [veja aqui], distorção de dados [veja aqui], falta de fiscalização contra o garimpo ilegal [veja aqui] [veja aqui]. Durante o 1º semestre de 2021, Amazônia registra recorde de alertas de desmatamento desde 2015 [11] e, no mês de junho de 2021, bate recorde de focos de incêndios desde 2007 [12]. O processo de militarização da pasta ambiental foi citado em dossiê da Associação Nacional dos Servidores do Meio Ambiente (Ascema) sobre violações das políticas de proteção ambiental pelo governo Bolsonaro [veja aqui]. No início do mês, Mourão já tinha anunciado a realização de nova ação militar contra o desmatamento [veja aqui]. Em 29/06/21, Ministério da Defesa regula atuação das forças armadas nessa operação, conhecida como ‘Samaúma’ [13]. Segundo Mourão, a redução do desmatamento deve ficar abaixo do esperado [14].

Leia destaque sobre as medidas na mídia internacional (em inglês).

28 jun 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Governo edita medida provisória que confere ao ministro de minas e energia o controle de represas do Brasil, sem a participação da ANA e Ibama

Tema(s)
Administração, Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Medida provisória (MP), publicada nesta data [1], determina a criação da Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG) a fim de gerenciar a pior crise hídrica nos últimos 91 anos, entretanto apenas os ministros do governo fazem parte do comitê, excluindo importantes orgãos para a gestão das águas e energia a nível nacional, como a Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) [2]. O comitê é formado pelos ministros da Economia; da Infraestrutura; da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; do Meio Ambiente; do Desenvolvimento Regional; e presidida pelo Ministro de Minas e Energia (MME), Bento Albuquerque [3], que pode determinar medidas de maneira inidividual, as quais posteriormente serão analisadas nas reuniões do grupo [4]. O CREG funcionará até 30/12 e tem como funções definir diretrizes para estabelecer limites de uso, armazenamento e vazão das usinas hidrelétricas e contratação de energia emergencial durante a crise hídrica [5]. Antes da aprovação da MP o texto previa a utilização de ‘racionalização compulsória’ do uso de energia e água, mas devido à repercussão negativa, foram retiradas todas as menções ao racionamento – corte compulsório no consumo – e racionalização – incentivo à economia – de energia [6]. De acordo com organizção especializada os termos foram eliminados para reduzir o ‘custo político’ da crise e o racionamento se dará via tarifas com o aumento do custo da energia [7]. O setor elétrico critica a MP e a exclusão das agências nacionais do comitê emergencial; o ex-presidente do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) afirma que ‘ter o MME à frente do comitê é uma concentração de poder equivocada’, pois trata-se de uma crise hídrica e não energética [8]. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) se mostra contrário a medida devido aos possíveis impactos no reservatório da hidrelétrica de Furnas (MG) que alimenta 30 municípios com usos diversos da água [9]. Ao longo do governo Bolsonaro, órgãos como o Ibama, ANA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foram fragilizados dificultando o cumprimento de suas funções por meio de reduções orçamentárias [veja aqui] [veja aqui]; promoção da possibilidade de fusão entre o Ibama e o ICMBio [veja aqui]; e fiscalização de caráter político das produções cientifícas do ICMBio [veja aqui].

Leia a reportagem sobre o agravamento da crise hídrica e entenda as bandeiras tarifárias da energia elétrica.

28 jun 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Legislativo
Nível
Estadual

Assembleia Legislativa de Rondônia aprova nova diminuição nas unidades de conservação do estado

Tema(s)
Meio Ambiente, Povos indígenas
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização
Estado
Rondônia

Assembleia Legislativa de Rondônia (RO) aprova mais diminuições nas unidades de conservação do estado (UCs) [1]. A mudança é realizada por meio de dois projetos de lei complementar: um deles revoga a criação do Parque Estadual Ilha das Flores, que compreenderia 89.789 mil hectares; e o outro reduz limites de extensão da Reserva do Desenvolvimento Sustentável do Limoeiro, ao sul do estado [2]. As alterações são promovidas após a mesma assembleia aprovar redução na proteção ambiental que afetou mais de 200 mil hectares de UCs antes protegidos [veja aqui] [3]. A Assembleia também revogou a criação do Parque Estadual Ilha das Flores, criado por lei aprovada em maio deste ano, como meio de ‘compensação’ para essa redução anterior nas áreas de reserva [4]. Ambas as propostas foram discutidas em menos de 10 minutos e aprovadas pela maioria dos parlamentares [5]. Comunidades tradicionais e os povos indígenas atingidos por essas alterações não são consultados, mas invasores que se estabeleceram nestas UCs de forma ilegal são beneficiados [6]. Os projetos ainda dependem da sanção do Governador Marcos Rocha (PSL) [7]

06 jul 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Funai indica ruralistas para compor o grupo de trabalho que analisará o processo de demarcação da Terra Indígena Piripkura, no Mato Grosso

Tema(s)
Meio Ambiente, Povos indígenas, Segurança e meio ambiente
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias
Estado
Mato Grosso

A Fundação Nacional do Índio (Funai) nomeia ruralistas para compor o Grupo Técnico que irá identificar a Terra Indígena Piripkura, para demarcação [1]. Em ação na Justiça Federal, o Ministério Público Federal (MPF) pede a suspensão da nomeação dos ruralistas [2], pedindo que sejam nomeados antropólogos com qualificação reconhecida e experiência de trabalho em comunidades indígenas [3]. Segundo o órgão, a nomeação de ruralistas para a demarcação de terras indígenas configura conflito de interesses, pois possibilita que o grupo atue em defesa daquilo que beneficia os fazendeiros da região, e não os povos indígenas [4]. Em razão do pedido do MPF, a Justiça Federal supende o processo de identificação da Terra Indígena (TI), concedendo prazo para que a Funai responda questionamentos trazidos pelo MPF [5]. A nomeção de Grupo Técnico especializado para identificar a TI Piripkura ocorre após a Justiça Federal ter determinando que a Funai o fizesse [6] em até 90 dias contados da data da decisão. Piripkura é uma das terras indígenas que mais sofre com o desmatamento [7]. Desde agosto de 2020 até maio de 2021, formam destruídos o equivalente a mais de 2 mil campos de futebol [8]. Em 26/06, agentes do Ibama e policiais da Força Nacional concluíram uma operação de três dias na TI Piripkura [9]. O povo indígena Piripkura é isolado e, atualmente restam somente dois indígenas que que não foram dizimados pelo contato com os brancos [10]. O direito à demarcação das terras indígenas sempre sofreu ameaças e, durante o governo Bolsonaro, essas têm sido reiteradas: em 10/03/2020, o presidente Jair Bolsonaro criticou a ‘indústria de demarcação das terras tradicionais’ [veja aqui]. Em 20/05/2021, o povo indígena Yanomami sofreu ataques de garimpeiros por dez dias e não recebeu proteção dos órgãos responsáveis [veja aqui]. Em 12/05/2021, o Ministério da Justiça autorizou o uso da Força Nacional em terra indígena do Pará [veja aqui]. Em 27/05/21, o presidente Jair Bolsonaro gerou aglomeração na terra indígena Yanomami e desrespeitou os valores tradicionais desse povo [veja aqui].

Leia sobre o procedimento necessário para a demarcação de terras indígenas e sobre o histórico da demarcação no Brasil. Veja documentário sobre a relação dos povos indígenas com a terra.

07 jul 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Estudo demonstra que aumento de quase 360% do desmatamento nos entornos da Br -163 são impulsionados pela atuação do governo federal nas pautas de meio ambiente

Tema(s)
Meio Ambiente, Segurança e meio ambiente
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

Estudo demonstra que, do ano de 2019 para 2020, houve um aumento de quase 360% do desmatamento ocorrido nos entornos da Rodovia BR 163 [1]. As pesquisas também relatam a invasão de terras indígenas e unidades de conservação, as quais foram impulsionadas pela atuação do governo Bolsonaro nas pautas do meio ambiente [2]. Como exemplo, podemos citar a Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo, em Altamira, onde o desmatamento cresceu 558% entre março e abril de 2021 [3]. O ICMBio havia preparado uma operação para a retirada do gado ilegal na região, em maio, porém a operação foi suspensa pelo então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles [4]. Segundo analista de geoprocessamento do Instituto Sócio Ambiente, as invasões são realizadas por quem acredita que algum dia terão as terras invadidas, regularizadas [5]. Em 08/07, o governo Federal realiza a abertura de propostas para a concessão de aproximadamente 1 mil km das rodovias BR 230 e BR 163 [6]. O edital foi contestado por lideranças indígenas e pelo Ministério Público Federal, pela falta de garantias para a mitigação de danos ambientais das obras nas aldeias da região [7]. Em 2020, uma pesquisa do Greenpeace demonstrou que 62% das florestas públicas às margens da BR -163 estão ilegalmente registradas como áreas privadas [8]. O governo Bolsonaro vem atuando ativamente de forma contrária ao meio ambiente: Em 22/05/2020, em vídeo de reunião ministerial, Ricardo Salles, então ministro do Meio Ambiente, sugeriu aprovar reformas infralegais aproveitando a atenção do país à covid-19 [veja aqui]. Em 24/03/2021, relatório demonstrou que leis federais e estaduais estimularam a grilagem de terras e desmatamento na Amazônia [veja aqui]. Em 08/06/2020, o governo Bolsonaro nomeou defensor da Medida Provisória da grilagem para coordenar a câmara ambiental do MPF [veja aqui]. Em 09/09/2020, as políticas ambientais do governo Bolsonaro foram denunciadas por servidores em dossiê [veja aqui].

Leia sobre a atuação do governo federal nas pautas do meio ambiente.

08 jul 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Governo anuncia transferência do monitoramento de queimadas a órgão ligado ao Ministério da Agricultura e mudanças na divulgação dos dados

Tema(s)
Meio Ambiente, Transparência
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O diretor do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), durante live com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, anuncia que a competência da divulgação dos dados oficiais sobre queimadas no Brasil deixará de ser do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, e passará ao Inmet, órgão do Ministério da Agricultura [1]. A informação é reforçada em nota do Inmet da mesma data [2] e gera reação de especialistas [3], pesquisadores [4] e ex-diretores do Inpe [5]. Os críticos afirmam que, diferentemente do monitoramento feito pelo Inpe, os dados do Inmet não abrangem todo o território do país e levam em consideração apenas dados de metereológicos (temperatura e umidade), deixando de considerar a dinâmica do desmatamento no aumento do risco de queimadas [6]. Eles afirmam que se trata de mais uma investida para controlar a divulgação de dados que refletem o mau desempenho nacional na área ambiental [7]. No dia seguinte, o governo divulga nota [8] na qual ressalta que o controle dos dados relativos às queimadas passaria a ser, na verdade, do Sistema Nacional de Meteorologia (SNM), que tem atuação conjunta de vários órgãos, dentre eles o Inpe e o Inmet [9]. Contudo, a mudança permanece sendo criticada por especialistas, que dizem que os dados de riscos de queimadas do Inpe já combinam dados do Inmet com modelos de previsão do tempo e que a centralização dos dados técnicos em outro órgão é uma tentativa de controle dessas informações [10]. Vale lembrar que o Inpe tem sofridos sucessivos ataques pelo governo, que, em 07/2020, reduziu a estrutura do órgão [veja aqui] e tem realizado cortes em seu orçamento . O vice-presidente da República e Presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, Hamilton Mourão (PRTB), também faz sucessivas críticas aos dados do órgão sobre queimadas na Amazônia [veja aqui], atribuindo os dados negativos a servidores do órgão que fazem oposição ao governo [veja aqui] e, em 09/2020, sugeriu nova agência de monitoramento das queimadas [veja aqui]. De acordo com dados divulgados em 08/2020 pelo Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real (Deter), do Inpe, foi registrado o segundo ano com maior desmatamento na Amazônia desde 2015 [veja aqui].

12 jul 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Apesar de proibida, caça segue em expansão no país com agenda armamentista do governo

Tema(s)
Controle de armas, Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Flexibilização de controle

Caça de animais se expande nas florestas brasileiras, segundo apuração da imprensa desta data, embora seja proibida desde 1967 [1]. A flexibilização do porte e venda de armas é uma pauta do presidente desde o início de seu mandato, e o grupo dos caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) tem se favorecido nesse apoio [2]. A partir de 2013 a legislação brasileira autoriza a caça somente para ‘controle’ do javali europeu, e do javaporco – espécie resultante do cruzamento com porco doméstico -, considerados pragas para plantações [3]. Atualmente os caçadores não se restringem ao controle dos porcos, também caçam tatus, gambás, pacas, capivaras e outras espécies de animais silvestres [4]. O crescimento exponencial da caça é também estimulado pela procura por carne de caça, consideradas iguarias por muitos [5], embora repletas de potenciais doenças [6]. Nos últimos dez anos, o grupo de CACs cresceu cerca de 737%, com aumento significativo no primeiro ano de Bolsonaro no governo [7]. Decreto de 2019 [8] promoveu mudanças favorecendo essa categoria, com aumento na cota de armas de uso permitido e de uso restrito, como fuzis semi automáticos [9], ampliação da quantidade de pólvora para recarga de munição [veja aqui] autorizações de importação de armamentos [veja aqui]. Para cada arma de uso permitido o caçador pode comprar até 5.000 munições por ano, e 1.000 para as armas de uso restrito [10]. Atualmente, sete projetos de lei buscam no Congresso flexibilizar mais ainda a caça esportiva no país [11]. Organizações da sociedade civil se manifestam contrárias a esta flexibilização da caça, e alertam para as perdas na biodiversidade e a ameaça à saúde pública [12].

12 jul 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ibama revoga edital para compra de materiais de apoio à prevenção e combate aos incêndios e só explica motivo após questionamento da imprensa

Tema(s)
Meio Ambiente, Transparência
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Ibama revoga edital de compra de 10 mil litros de retardantes químicos para combate e prevenção à incêndios, sem apresentar os motivos da revogação [1]. Em resposta à questionamento da imprensa, o órgão afirma que apenas uma empresa compareceu à licitação e ela não atendia aos requisitos do procedimento [2], posteriormente informando que duas propostas foram submetidas, mas ambas deficitárias [3]. Os retardantes previstos na compra estão listados em parecer técnico do Ibama que aponta para a falta de regulamentação e de maiores estudos sobre a toxicidade dos produtos ao ambiente natural – que apesar disso estavam previstos para serem adquiridos [4]. Em outubro de 2020, o governo federal cancelou a compra de 20mil litros de retardantes de fogo, em razão da repercussão negativa ; no mesmo mês, o Ibama suspendeu o combate a incêndios no país por ‘exaustão de recursos’ [veja aqui]. Em outras oportunidades, o governo atrasou dois meses para publicar edital de contratação de brigadistas para o combate às queimadas florestais no país [veja aqui], cortando em mais da metade as verbas para brigadistas [veja aqui], e anunciou a suspensão de operações de combate ao desmatamento ilegal e queimadas na Amazônia e Pantanal, e depois voltou atrás [veja aqui]. O Ibama sofre com o enfraquecimento da fiscalização ambiental [veja aqui], em decorrência de mudança nas regras de aplicação de multas [veja aqui] e menor contingente de ficais desde 1989 [veja aqui]. O orçamento de 2021 é o menor do século XXI [veja aqui] e, nos últimos anos, o orçamento para fiscalização ambiental no Ibama e ICMBio reduziu em mais de 100 milhões [veja aqui] [veja aqui], o governo estuda fusão entre os órgãos [veja aqui]. Além da falta de verbas, até outubro de 2020 o Ibama executou menos de 40% de seu orçamento para fiscalização e combate de desmatamento e queimadas [veja aqui]; até julho de 2020, gastou apenas 19% dos recursos disponíveis [veja aqui]. O Ministério do Meio Ambiente também já anunciou a suspensão de todas as operações de combate ao desmatamento e queimadas sob justificativa de corte orçamentário, mas horas depois voltou atrás [veja aqui]. O órgão ambientais também sofrem com pressões políticas, como a necessidade de aprovação pela Diretoria antes da divulgação de qualquer produção científica do ICMBio [veja aqui], a intimidação de um funcionário que denunciou paralisia nas autuações ambientais [veja aqui], a exoneração de um agente que multou Bolsonaro por pesca irregular [veja aqui] e a substituição de um diretor que atuou na expulsão de garimpeiros de terras indígenas [veja aqui].

Leia o parecer técnico do Ibama na íntegra.

13 jul 2021
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