Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro sanciona privatização da Eletrobras com emendas ‘jabutis’ que representam riscos ao Meio Ambiente

Tema(s)
Administração, Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Presidente Jair Bolsonaro sanciona [1], com vetos [2], a Medida Provisória (MP) para privatização da Eletrobrás, que contém emendas ‘jabutis’ – assim chamadas por tratarem de assuntos de interesse dos parlamentares, mas sem relação direta com o objeto central da MP [3]. O governo afirma que a privatização pode reduzir a conta de luz [4], mas entidades ligadas ao setor elétrico e à indústria calculam que, também por conta dos ‘jabutis’ inseridos, a medida pode custar R$41 bilhões ao consumidor, podendo elevar a conta de luz em 10% [5]. As organizações se mobilizam para tentar alterar a proposta [6]. As propostas de emendas conhecidas como ‘jabutis’ [7] são incluídas durante a votação do texto no Senado [8]. Dentre elas, estão a obrigatoriedade de leilão para contratar usinas térmicas a gás natural [9] sem o leilão com outras fontes de energia renováveis, que são mais sustentáveis e econômicas [10]. Também não há definição de quem pagará a construção de novos gasodutos [11], que seriam demanda de governadores e parlamentares para levar investimentos às suas regiões [12]. A Câmara, na segunda votação, aprova a maior parte [13] das emendas ‘jabutis’ do Senado [14], como as termoelétricas a gás, reserva de mercado para contratação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e a prorrogação de contratos do Programa de Incentivos às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) [15]. Também há riscos ambientais com as PCHs em regiões ambientalmente sensíveis [16] e com obras de transmissão de energia em terras indígenas sem licenciamento ambiental [17].

Leia análise sobre os riscos da aprovação desses jabutis e como eles podem reduzir a competitividade.

13 jul 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Delegado da Polícia Federal é suspeito de vazar informações sobre operações de fiscalização ambiental no Pará, segundo apurações da imprensa

Tema(s)
Administração, Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional

Delegado federal e ex-candidato à prefeitura de Belém, Everaldo Eguchi, é suspeito de vazar informações sobre inquérito que investigava a exploração ilegal de manganês no sudeste do Pará, segundo apuração da imprensa desta data [1]. Everaldo é alvo da Operação Mapinguari da Polícia Federal, que investiga o vazamento de informações ambientais em todo o estado do Pará desde 2018 [2]. O delegado é afastado do cargo e está sendo indiciado pelos crimes de violação de sigilo funcional, corrupção passiva e ativa e associação criminosa [3]. Ministério Público Federal (MPF) apresenta manifestação favorável ao afastamento de Everaldo, sob justificativa de que a conduta do delegado é uma apropriação ilegal da máquina estatal [4]. Agente do IBAMA e diretor da Associação Nacional dos Servidores de Carreira de Especialistas de Meio Ambiente (Ascema) afirma que o vazamento de informações atrapalha de forma considerável as operações, já que impede que os suspeitos de crimes ambientais sejam punidos e responsabilizados [5]. Em maio deste ano, o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, também vazou informações sobre operações de fiscalização ambiental no Pará [6]. Ele publicou no Diário Oficial da União (DOU) que iria transferir seu gabinete para o estado com o intuito de acompanhar ações de combate a ilegalidades ambientais [7]. Everaldo é aliado de Jair Bolsonaro e foi apoiado pelo presidente na corrida eleitoral à prefeitura de Belém em 2020 [8]. Vale lembrar, que a política ambiental brasileira vem sofrendo desmontes pelo governo de Bolsonaro, como: a falta de fiscalização do garimpo ilegal [veja aqui], a fragilização do ICMbio [veja aqui] [veja aqui], a promulgação de medidas que favorecem os madeireiros [veja aqui] e o desmantelamento do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) [veja aqui].

Leia sobre a crise ambiental no Brasil.

14 jul 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Pagamento de multas ambientais cai 93% nos primeiros anos do governo Bolsonaro, se comparado aos anos anteriores

Tema(s)
Administração, Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O valor arrecadado com o pagamento de multas decorrentes de infrações ambientais apresenta uma queda de 93% nos dois primeiros anos do governo de Jair Bolsonaro [1], de acordo com levantamento feito por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) [2]. Entre os anos de 2014 e 2018, a média foi de 688 multas pagas por ano; já em 2019 e 2020, essa média cai para 44 [3]. A pesquisa aponta que as mudanças ocorridas na legislação a partir de 2019 prejudicam não somente o trabalho dos fiscais dos órgãos ambientais, mas também o andamento de processos que tratam de crimes ambientais [4]. Outro levantamento já apontou que desde 2019 ao menos 125 atos administrativos do Ministério do Meio Ambiente colocaram em risco a política ambiental [veja aqui]. Em 2013 o valor arrecadado com as multas alcançou quase R$ 25 milhões, mas em 2019, a arrecadação de multas foi de apenas R$ 66 mil [5]. o menor valor arrecadado nos últimos 21 anos [6]. Em 2020, somente 13 multas foram pagas [7]. No período de 2014 a 2018, mais de 5 mil processos de infrações ambientais tramitavam por ano, mas em 2020 apenas 17 julgamentos ocorreram [8]. Com as novas regras e a obrigatoriedade da realização de audiência de conciliação [veja aqui], a multa não pode ser cobrada e nem o processo julgado antes da conciliação [9]. Isso resulta em uma estagnação no andamento dos processos que apuram infrações ambientais [10]. Na impossibilidade da conciliação, as avaliações eram feitas por equipes estaduais, atualmente os casos são julgados pelo superintendente estadual, cargo que tem sido ocupado por militares, muitas vezes sem experiência e conhecimento no assunto [11]. Especialistas apontam que além de burocratizar o trabalho dos fiscais, há ainda o risco de prescrição de milhares de processos, porque embora a conciliação pudesse evitar a morosidade dos processos, na prática, os servidores enfrentam dificuldades quanto a falta de equipe, de tecnologia para realização das audiências, e ainda a ausência dos infratores nas reuniões de conciliação [12]. A flexibilização da política de proteção ambiental, já é uma constante no governo Bolsonaro, que desde o início alegou a existência de uma ‘indústria de multas’ ambientais que precisava ser combatida [13] apresentando uma estagnação nos julgamentos de autos de infração [veja aqui] [veja aqui], e altas taxas de desmatamento [veja aqui]. Além disso, relatório do Ibama, de 05/05, já revelava redução de até 80% nas autuações por infração ambiental e paralisia nos processos de aplicação de penalidades pelo órgão [veja aqui]..

19 jul 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Sem recursos, ICMBio usa força de trabalho dos brigadistas para segurança patrimonial das suas sedes

Tema(s)
Administração, Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Em um cenário de falta de recursos, o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) usa seus brigadistas para proteção de suas sedes, equipamentos e bens apreendidos [1]. O ICMBio pertence ao Ministério do Meio Ambiente e é responsável por fiscalizar unidades de conservação do país [2]. Os funcionários responsáveis por ações de fiscalização e proteção de florestas estão deslocados em serviços de segurança, mas o instituto nega que haja desvio de função [3]. Os funcionários também são alvos de episódios recentes de violência [4], como envolvendo a terra indígena Yanomami [5], alvo de garimpo ilegal [veja aqui]. O enfraquecimento na proteção ambiental pode ser percebido pela redução em mais de 100 milhões do orçamento de fiscalização ambiental do Ibama e do ICMBio [veja aqui] [veja aqui], pressões políticas contrárias a publicações científicas [veja aqui], negligências a metas de combate à desmatamento [veja aqui] e possibilidade de fusão entre os órgãos [veja aqui]. Em abril, durante a cúpula do clima, Bolsonaro prometeu zerar o desmatamento ilegal até 2030 [veja aqui], entretanto, no dia seguinte, foi aprovado o menor orçamento do século XXI para o Ministério do Meio ambiental [veja aqui]. No mesmo cenário de escassez de recursos, o Ibama, órgão responsável pela prevenção e combate a incêndios, é notificado pelo Corpo de Bombeiros por falhas no sistema conta incêndios da sede em Brasília, como extintores venciods e armazenamento incorreto de armas e munições [6].

23 jul 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro do Meio Ambiente distorce dados e nega erros do governo federal no combate ao desmatamento

Tema(s)
Meio Ambiente, Negacionismo
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Novo ministro do meio ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite, distorce dados sobre desmatamento e ausência de fiscalização ambiental [1]. Em documento publicado pelo Ministério do Meio Ambiente, Leite alega que a queda na fiscalização ambiental que ocorreu no ano passado se deu em razão dos efeitos da pandemia; afirma também que o avanço do desmatamento a partir de 2012 demonstra ‘o esgotamento das iniciativas anteriores’ e corrobora ‘a necessidade de desenvolver novas soluções’ [2]. Contudo uma nota divulgada pela empresa Facebook, esclarece que as afirmações do ministro não são verdadeiras, pois tanto a diminuição da fiscalização quanto o avanço do desmatamento se deram em função de políticas adotadas pelo atual governo federal, que por sua vez encontram-se deslocadas das diretrizes ambientais dos governos anteriores [3]. Leite assumiu a pasta no dia 23/06 deste ano [veja aqui] após o pedido de demissão de Ricardo Salles, que era alvo de investigações da PF, sob suspeita de envolvimento em extração ilegal de madeira [veja aqui]. O atual ministro do Meio Ambiente tem histórico no agronegócio, atuando como produtor de café entre 1991 e 2002 e por mais de 20 anos foi conselheiro e diretor da Sociedade Rural Brasileira (SRB), entidade rural que apoiou fortemente a nomeação de Ricardo Salles como ministro, em 2018 [4]. Sob a gestão de Salles, que também distorceu dados quanto à fiscalização ambiental [veja aqui], diversas medidas que afrouxaram a fiscalização e favoreceram a exploração de áreas protegidas foram tomadas, como por exemplo a anistia a desmatadores, a liberação da exploração em áreas ate então protegidas em 2020 [veja aqui], e a redução ao orçamento da fiscalização ambiental no início deste ano [veja aqui]. Além disso, os dados da operação militar na Amazônia foram distorcidos pelo Ministério da Defesa [refid=981].

Leia sobre os impactos do negacionismo ambiental no Brasil.

26 jul 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

TCU aponta governo federal como grande responsável pelo aumento do desmatamento e das queimadas na Amazônia

Tema(s)
Administração, Meio Ambiente
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Tribunal de Contas da União (TCU), em auditoria, elenca os diversos problemas das ações do governo federal para prevenção e combate do desmatamento na Amazônia e estabelece prazo de 120 dias para apresentação de medidas para correção de tais irregularidades [1]. Em votação unânime, o plenário do TCU decide que o governo deve promover, junto com o Ibama, uma estratégia de comunicação social para aumentar a percepção pública de que a fiscalização é de fato importante [2]. A determinação se deu com base em auditoria produzida por técnicos do TCU, que apuraram as ações do Governo Federal para conter o desmatamento da floresta amazônica até 2020, enquanto Ricardo Salles ainda era Ministro do Meio Ambiente [3]. A auditoria detectou que algumas mensagens que têm sido proferidas por autoridades do Poder Executivo Federal, em especial pelo Ppresidente da República, e por Salles, vem prejudicaram o exercício da fiscalização do Ibama e potencialmente incentivaram o desmatamento na Amazônia [4]. O parecer técnico do TCU também propôs que o governo federal promova ” ‘efetiva integração’ ” com estados e municípios da Amazônia e com entidades da sociedade civil para que haja uma melhor definição da política pública de controle sobre o desmatamento ilegal [5]. O prazo de 120 dias começa a contar a partir da notificação do Ministério do Meio Ambiente, o que ainda não ocorreu [6]. Diversos atos cometidos pela atual gestão do governo federal vêm esvaziando a fiscalização do desmatamento da Amazônia, como a queda na aplicação de multas ambientais à desmatadores [veja aqui]. Em julho deste ano, o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) -cuja missão é promover conservação e desenvolvimento sustentável na Amazônia [7]– informou que a Amazônia teve o pior primeiro semestre em dez anos nas estatísticas de desmatamento [8].

Leia sobre as consequências e os impactos da política ambiental do governo Bolsonaro.

27 jul 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Funai organiza plano de localização de indígenas isolados, contrariando as recomendações do MPF e do Conselho Nacional de Direitos Humanos

Tema(s)
Meio Ambiente, Povos indígenas
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias
Estado
Pará

A Fundação Nacional do Índio (Funai) organiza plano de localização de indígenas em contexto de isolamento na terra Ituna-Itatá (PA) [1]. A medida preocupa indigenistas e contraria tanto o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) [2], como o Ministério Público Feral (MPF), que já advertiu a Funai para parar expedições na área [3], após receber um relatório-denúncia do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato [4]. A Funai pretende reduzir a área demarcada à metade [5] – segundo o MPF, trata-se da terra mais desmatada do país, tendo um aumento de 700% na taxa de desmatamento no primeiro ano do governo Bolsonaro [6]. A área está isolada desde 2011 [7], e a atual portaria vale até janeiro de 2022 [8]. Segundo a apuração, se a Funai declarar que não localizou os indígenas, a necessidade da interdição pode ser questionada [9]. O contato com os povos isolados ameaça a contaminação dessas pessoas [10], principalmente no contexto da pandemia da covid-19 [11], e médicos especializados em saúde indígena assinam carta em que manifestam preocupação com a presença de missionários em terras indígenas isoladas [12]. Os riscos e cuidados com o coronavírus já foram minimizados e ignorados diversas vezes pela Funai [veja aqui], que utilizou apenas 1% da verba destinada para tanto [veja aqui], apesar das diversas mortes [veja aqui] e distribuiu remédios ineficazes aos indígenas [red 1710] [veja aqui]. O coordenador da Funai fala em fala em ‘meter fogo’ em indígenas isolados no Amazonas [veja aqui] – o que motivou carta de repúdio [13] – e o responsável pelos Índios Isolados é um missionário com histórico de decisões contrárias aos direitos dessas pessoas [veja aqui], o que segue a ‘mudança doutrinária’ prevista no plano de metas do Conselho Nacional da Amazônia Legal [veja aqui]. A violência contra indígenas mais que dobrou no primeiro ano do governo Bolsonado [veja aqui], que desestrutura política indigenista, segundo o MPF [veja aqui]. Nesse cenário, cita-se que a Funai autorizou a ocupação de terras indígenas que aguardam demarcação [veja aqui], além de ter mudado critérios de identificação de pessoas indígenas implementou o sistema de heteroidentificação indígena – em detrimento da histórica autodeclaração, mas a medida foi suspensa pelo STF [veja aqui].

Leia na íntegra o relatório que denuncia as violações na Terra Indígena Ituna-Itatá, mais sobre o projeto de lei que tenta permitir o contato com os indígenas isolados os riscos que foram denúnciados à ONU.

30 jul 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Governo nomeia diretor de Proteção Ambiental do Ibama sem qualificações técnicas ao cargo

Tema(s)
Meio Ambiente, Militarização
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República nomeia o coronel do Exército, Samuel Vieira de Souza, para o comando da Diretoria de Proteção Ambiental (Dipro), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) [1]. Souza é coronel da reserva das Forças Armadas e enquanto esteve no Exército fez cursos na área do direito, administração, ‘ciências militares’, e exerceu o comando de um batalhão de infantaria de selva no estado do Pará, sendo este o mais próximo de uma atuação na área ambiental [2]. Assim, sua nomeação desrespeita as exigências legais de experiência profissional e acadêmica estabelecida no decreto [3] que determina o perfil técnico dos cargos do Poder Executivo [4]. O militar está no Ministério do Meio Ambiente desde fevereiro de 2019, quando era assessor de gabinete do ex-ministro, Ricardo Salles [5]. Anteriormente a Dipro era comandada por outro militar, o coronel da Polícia Militar Olímpio Ferreira Magalhães, alvo de investigação pela Polícia Federal por envolvimento com esquema criminoso que favorecia o contrabando de madeira ilegalmente extraída [6]. O governo Bolsonaro é responsável pela crescente militarização de cargos comissionados [veja aqui], no Ministério do Meio Ambiente os militares ocupam cargos de chefia desde 2019 [veja aqui], desrespeitando os critérios técnicos estabelecidos para os cargos [veja aqui],[veja aqui].

30 jul 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Judiciário
Nível
Federal

Governo Federal suspende liminar contra Norte Energia, empresa responsável pela Usina de Belo Monte

Tema(s)
Meio Ambiente, Povos indígenas
Medidas de estoque autoritário
Restrição a direitos fundamentais

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), suspende decisão liminar da Justiça Federal de Altamira que obrigava a Norte Energia, empresa responsável pela Usina Hidrelétrica Belo Monte (UHE Belo Monte), a garantir vazão de água suficiente para manter o ecossistema local [1]. A decisão suspensa impedia o domínio do uso da água pela UHE Belo Monte em detrimento da população ribeirinha e dos povos indígenas [2], assegurando o compartilhamento de água em volume apropriado para manter o ecossistema e o modo de vida dessas populações locais [3]. A UHE Belo Monte foi erguida no meio do Rio Xingu e para seu funcionamento foi construída uma barragem principal que desvia água para dois reservatórios [4] – essa área é conhecida como Volta Grande do Xingu [5]. A partir disso, a vazão de água nesse trecho passou a ser artificial, sendo liberada pela Belo Monte [6]. Apesar do compartilhamento de água existir, ele tem sido insuficiente para dar conta das necessidades das comunidades ao seu redor [7]. Essa é a sétima vez que o TRF1 decide de forma favorável à Norte Energia sob o argumento de que o funcionamento da usina Belo Monte é essencial no enfrentamento da crise elétrica [8]. O Ministério Público Federal (MPF) refuta este argumento, uma vez que por certo período do ano a UHE Belo Monte fica praticamente inoperante por causa do regime de seca do rio Xingu, ou seja, ela não é essencial para cobrir uma crise elétrica [9]. Para o MPF, é incoerente usar da hipótese de crise elétrica para manutenção de um projeto que só tem trazido prejuízos para o ecossistema e populações locais [10]. Vale lembrar que o território da UHE Belo Monte é objeto de disputa e, em outubro de 2020, representantes do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos participaram de reunião com fazendeiros para pressionar lideranças indígenas de comunidades da região a aceitar uma proposta de acordo que reduziria seu território na área [veja aqui]. As situações ocorrem em contexto de constantes violações, pelo governo federal, dos direitos dos povos indígenas: em julho de 2020, o governo foi denuncado na ONU em razão de tais violações [veja aqui].

Leia análise sobre a quantidade de gás carbono emitido pela UHE Belo Monte, e veja sob perspectiva da população tradicional os efeitos danosos que o funcionamento da usina tem causado.

05 ago 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Estadual

ICMBio e MMA assinam termo que permite que PM passe a emitir multas ambientais no Pantanal

Tema(s)
Meio Ambiente, Militarização, Segurança e meio ambiente
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização
Estado
Mato Grosso do Sul

Presidente do Instituto Chico Mendes (ICMBio), Fernando Lorencini, e o novo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, assinam termo de cooperação com a Polícia militar (PM) do Mato Grosso do Sul (MS), que permite que a PM assuma a função antes exercida por fiscais do ICMbio e passe a aplicar multas ambientais na região do Pantanal [1]. Pela legislação atual, a atribuição de aplicar multas a pessoas e empresas que cometam irregularidades ambientais dentro de unidades de conservação em áreas federais cabe exclusivamente ao ICMBio e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) [2]. Por lei a PM deve se limitar a apoiar operações de repressão a crimes e não pode emitir multas referentes a infrações ambientais [3]. A situação no Mato Grosso do Sul tem incomodado a área de fiscalização do ICMBio, que cada vez mais é esvaziado pelo governo federal, tanto em número de fiscais quanto em orçamento disponível [4]. O ICMBio passou a ter cargos de chefia loteados por policiais militares, tanto em sua estrutura central em Brasília, quanto em suas representações nos Estados – Lorencini, inclusive, é coronel da PM [5]. Fiscais do órgão ambiental confirmaram que, na prática, o acordo permite que a polícia militar lavre multas ambientais em áreas federais, conforme reconheceu o próprio ICMBio, o que não é permitido por lei [6]. A Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Ascema Nacional), reconhece a importância do apoio da PM na repressão de crimes ambientais, contudo afirma que as atribuições de cada agente envolvido na conservação ambiental de áreas pertencentes a União deve respeitar as especificidades técnicas referentes a suas respectivas áreas de atuação [7]. Em abril deste ano, o então Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, Fernando Lorencini e Eduardo Bim (presidentesdo Ibama) editaram instrução normativa que enfraqueceu a fiscalização ambiental, estabelecendo que, para aplicar multas, fiscais precisariam de autorização de um superior do fiscal [veja aqui]; em junho, uma nova GLO foi decretada na Amazônia [veja aqui] – no ano passado, a GLO já havia submetido de forma sem precedentes o Ibama e o ICMBio ao ministério da Defesa [veja aqui].

Leia sobre as regras administrativas de fiscalização ambiental.

06 ago 2021
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