Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Falta de fiscalização e omissão do governo incentivam garimpo ilegal na Amazônia

Tema(s)
Meio Ambiente, Povos indígenas
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Falta de fiscalização e omissão do governo incentivam garimpo ilegal na Amazônia, como reportado em apuração da imprensa desta data [1]. Pela lei, todo projeto de exploração mineral precisa ser autorizado pela Agência Nacional de Mineração para funcionar [2]. No entanto, a falta de recursos humanos e estrutura básica para fiscalização abre brechas para a extração de ouro de forma ilegal [3]. A apuração da imprensa identificou pelo menos 220 lavras de garimpo com autorização da ANM em 2019 e 2020 que não existem. Esses ‘garimpos fantasmas’ são utilizados para acobertar a origem do ouro explorado ilegalmente em outras áreas [4]. Entre 1985 e 2020, a área minerada em todo o Brasil cresceu seis vezes [5]. Somente em 2020, três de cada quatro hectares minerados no país estavam na Amazônia [6]. A expansão dos garimpos é ainda maior em território indígena e em unidades de conservação. De 2010 a 2020, a área ocupada pelo garimpo dentro de terras indígenas cresceu 495% e, no caso das unidades de conservação, o crescimento foi de 301% [7]. A redução das fiscalizações é resultado do progressivo processo de sucateamento dos órgãos de controle ambientais: nos últimos anos, o orçamento para fiscalização ambiental no Ibama e ICMBio reduziu em mais de 100 milhões [veja aqui] [veja aqui]. O Ibama sofre com o enfraquecimento da fiscalização ambiental [veja aqui], em decorrência de mudança nas regras de aplicação de multas [veja aqui] e menor contingente de fiscais desde 1989 [veja aqui]. Com isso, o número de autuações ambientais durante o governo Bolsonaro é o menor registrado em 20 anos [veja aqui]. Vale ressaltar o avanço das políticas do governo federal direcionadas à exploração de atividades econômicas em áreas de proteção ambiental [veja aqui] e à alta recorde de pedidos de mineração em terras indígenas . Em setembro de 2021, apuração mostrou que o governo pagou pelo menos R$ 124 milhões a empresas acusadas de envolvimento com garimpo ilegal em terras indígenas em Roraima [veja aqui]. Em novembro, duas crianças morreram afogadas por ação do maquinário usado para garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, reflexo da negligência do governo, e, desde maio, o povo Yanomami vem sofrendo ataques de garimpeiros e sem receber a proteção dos órgãos responsáveis [veja aqui].

Leia sobre o funcionamento da extração de ouro no Brasil e o porquê da fiscalização da atividade ser tão problemática.

02 dez 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência,autoriza sete projetos de exploração de ouro em uma das áreas mais preservadas da Amazônia

Tema(s)
Meio Ambiente, Povos indígenas
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), General Augusto Heleno, autoriza sete projetos de exploração de ouro em áreas de reserva da Amazônia [1]. O avanço de garimpo sob o aval de Heleno abrange uma região praticamente inalterada da Amazônia onde vivem pelo menos 23 etnias indígenas [2]. Segundo apuração jornalística, desde de 2019 já se somam 81 autorizações para pesquisa de ouro, sendo que 45 delas ocorreram neste ano [3]. Autorização para pesquisa de ouro significa a realização de estudo sobre a área que se pretende lavrar [4]. A soma da área abrangida por esses atos de incentivo à mineração na Amazônia equivalem a 587 mil hectares [5].Tendo em vista que a região de incidência da pesquisa de ouro tem grande importância para as populações indígenas, a Agência Nacional de Mineração(ANM) foi procurada para prestar informações, em resposta disse: que a ANM não aprovará requerimentos de mineração em terras indígenas [6].Todavia, seus registros mostram que 6 dos sete empreendimentos estão na região do Parque Nacional do Pico da Neblina e terras indígenas [7]. O Ministério Público Federal (MPF) irá apurar as autorizações para pesquisas de ouro assinadas pelo General Heleno sob suspeita de serem preparo para mineração em terras indígenas [8][9], além disso foi solicitado abertura de procedimento junto ao Procurador Geral da República contra as autorizações de garimpo na Amazônia [10]. Em sua defesa, Heleno disse que as autorizações para pesquisa de lavra de minerais na faixa de fronteira, inclusive a Amazônia, têm amparo legal e que continuará a mapear as riquezas pelo bem do Brasil [11]. Sob o argumento de que projetos de produção de mineração são estratégicos para o desenvolvimento do país, as regras de licenciamento ambiental vem sendo flexibilizadas pelo governo federal para facilitar o garimpo em terras indígenas[veja aqui]. Após manifestações sobre os riscos socioambientais das medidas, Heleno cancelou as autorizações [12][13].

05 dez 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

MMFDH cogitou incluir garimpeiros e pecuaristas como povos e comunidades tradicionais

Tema(s)
Meio Ambiente, Povos indígenas
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) sugere incluir garimpeiros e pecuaristas na lista do governo de povos e comunidades tradicionais [1]. A iniciativa partiu de representantes da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, ligada ao MMFDH (ministério chefiado pela pastora e cantora Damares Alves), em reunião do Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT) [2]. Caso concretizada a proposta, tais grupos ganham o mesmo status legal de grupos centrais ao debate ambiental (indígenas, quilombolas, caboclos e ribeirinhos), o que os daria não só garantia de políticas públicas, mas acesso a territórios onde hoje há restrições às atividades de garimpo e pecuária, sobretudo a povos não tradicionais [3]. Entretanto, a mudança gerou críticas dos demais membros do CNPCT que participavam da reunião, e, posteriormente, de especialistas e organizações ativistas, o que resultou na retirada da proposta da pauta final do encontro divulgada [4]. Questionado sobre o episódio, Carlos Alberto Pinto Santos Candidato, representante da Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos e Comunidades Tradicionais Extrativistas Costeiros e Marinho (Confrem), afirma que tal inclusão seria incoerente por avançar na frente de outros grupos que já aguardam tal classificação, mas que a demanda pode resultar na criação de um grupo de trabalho específico, formado por especialistas, antropólogos e membros da próprias comunidades, de classificação desses indivíduos [5]. Nesse contexto, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), general Augusto Heleno, autorizou sete projetos para o garimpo de ouro na Amazônia através do Conselho de Defesa Nacional, órgão da pasta que não atua em matérias ambientais [veja aqui][6] .Vale lembrar ainda que o governo Bolsonaro já afirmou a garimpeiros que o interesse na Amazônia não aos indígenas [veja aqui], além de nomear ruralistas para órgão de regularização fundiária [veja aqui].

Saiba mais sobre a traetória legal dos direitos dos povos tradicionais indígenas, violados pela proposta do MMFDH.

08 dez 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro volta a criticar atuação de ministro do STF e diz que seu indicado ao Tribunal votará a favor do marco temporal; depois, fala em limitar Poderes

Tema(s)
Conflito de poderes, Povos indígenas
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Em entrevista ao jornal Gazeta do Povo, Bolsonaro classifica como ‘abuso’ a atuação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes [1]. A crítica do presidente refere-se ao inquérito determinado por Moraes para apurar sua conduta ao fazer uma falsa associação entre a vacinação contra covid-19 e o risco de se contrair o vírus da Aids [2] [3] [veja aqui]. O presidente alega também que se os Poderes não se impuserem limites, poderá ocorrer uma nova crise institucional no Brasil [4]. Durante a mesma entrevista, Bolsonaro diz que seu indicado à corte, André Mendonça, classificado como ‘terrivelmente evangélico’ [veja aqui], se posicionará a favor do marco temporal no STF para a demarcação de terras indígenas [5]. Em outras ocasiões, o presidente já havia se posicionado a favor do marco temporal, indo na contramão do interesse dos povos indígenas [veja aqui]. A fala de Bolsonaro se junta a outras que indicam possíveis ameaças de rupturas institucionais em retaliação a ações do STF: em agosto de 2021 disse que TSE e STF arrabentaram ‘a corda’ [veja aqui] e sugere possível ruputura institucional [veja aqui].

Leia sobre os conflitos entre Bolsonaro e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

09 dez 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Governo vacina apenas 44% dos indígenas, percentual abaixo da população em geral

Tema(s)
Povos indígenas, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

O Ministério da Saúde não completou a imunização nem de metade da população que vive em Terras Indígenas (TI), segundo apuração desta data [1]. Apesar do grupo ser prioritário para a vacinação, apenas 44% dos que vivem aldeados receberam as duas doses da vacina contra a covid-19 [2]. O ritmo da vacinação é lento, mais lento do que o da população geral, uma vez que 65% dos brasileiros já estão com as duas doses da vacina [3]. A lentidão se deve à veiculação de desinformações e à influência de igrejas evangélicas nas TIs; há casos de equipes de vacinação que foram expulsas a flechadas [4]. Os discursos anti-vacinas circulam rápido onde o poder público não chega, dizem especialistas em saúde e lideranças indígenas [5]. ‘Nós kayapós ficamos com medo de tomar a vacina. Vimos notícias nos grupos de WhatsApp falando que a vacina não é boa’, conta Patkore Kayapó, presidente da Associação Floresta Protegida (AFP) [6]. Segundo pesquisadora, historicamente a vacinação em indígenas costumava ter um ritmo acelerado e boa aceitação e, na campanha contra influenza em 2020, por exemplo, foram vacinados 94% dos indígenas acima de 6 meses em 90 dias [7]. A gestão da pandemia que o governo Bolsonaro aplica a povos tradicionais é de ataques [veja aqui], e de desmonte [rer id=286] e [veja aqui].

Veja o posicionamento do Ministerio da Saúde.

10 dez 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro diz a empresários que Fachin é trotskista e terá que ‘tomar uma decisão’ caso o ministro vote contra seus interesses

Tema(s)
Povos indígenas, Regularização de Terras
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Bolsonaro volta a sugerir retaliação caso decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) desagrade o governo federal [1]. Durante evento para empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) o presidente afirma que se o STF decidir contra o marco temporal de terras indígenas elaborado pelo governo – medida que determina que terras indígenas reivindicadas após 1988, não podem mais ser demarcadas no Brasil -, ele chamaria o ministro de Edson Fachin de ‘trotskista’ [2]. O presidente ainda diz que: com a nova proposta do STF são ‘centenas de áreas indígenas deverão ser demarcadas no Brasil’, o que segundo o presidente iria ‘inviabilizar o agronegócio’ [3]. Especialistas alegam que o marco temporal do governo federal é uma tese sem respaldo legal ou histórico, porque desconsidera as frequentes expulsões e outras violências que foram sofridas por essas populações ao longo da história, e sua aprovação pode ameaçar pelo menos 303 territórios indígenas no país, onde vivem cerca de 197 mil indígenas que ainda não conseguiram obter a homologação presidencial [4]. A fala de Bolsonaro se junta a outras que indicam possíveis ameaças de rupturas institucionais em retaliação a ações do STF [veja aqui] [veja aqui].

Leia sobre o marco temporal de terras indígenas.

15 dez 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Relatório aponta aumento da violência na Amazônia pela explosão de práticas predatórias

Tema(s)
Meio Ambiente, Povos indígenas
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

Desmonte da fiscalização ambiental no governo Bolsonaro contribui para acirramento de conflitos, incentiva atividades ilegais e causa danos irreversíveis à floresta amazônica [1]. De acordo com estudo divulgado nesta data, Governo Federal fornece ao extrativismo ilegal uma força política de projeção nacional [2]. Uma outra publicação já havia apontado que desde 2019, ao menos 125 atos administrativos do Ministério do Meio Ambiente colocaram em risco a política de proteção ambiental [veja aqui] e em dezembro de 2021 foi divulgado que o Brasil tem menor número de autuações por crimes ambientais dos últimos 20 anos [veja aqui]. Além disso, outros ministérios vem atuando no desmonte da fiscalização na Amazônia; como na ocasião em que o Ministro da Economia, Paulo Guedes, opinou pela flexibilização de regras de licenciamento ambiental para exploração de minérios, o que em tese facilitado o garimpo ilegal [veja aqui]. O pagamento de multas ambientais caiu 93% nos primeiros anos do governo Bolsonaro, se comparado aos anos anteriores [veja aqui] e a falta de fiscalização e omissão do governo vem incentivando o garimpo ilegal na Amazônia [veja aqui]. A negligência do governo federal em relação às políticas de proteção ambiental também afeta povos indígenas, como na situação em que o Povo Yanomami sofreu ataques de garimpeiros por dez dias e não recebeu proteção dos órgãos responsáveis [veja aqui], crianças do povo Yanomami morreram em decorrência da ação de garimpeiros em Terra Indígena [veja aqui]. Nessa data, o presidente Bolsonaro foi denunciado na ONU por ataques sistemáticos contra o meio ambiente e povos indígenas [veja aqui].

Leia sobre o desmonte das políticas ambientais em 2021.

16 dez 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Judiciário
Nível
Federal

Juíza aliada à família Bolsonaro libera aeronaves de grupo investigado por atuação em garimpo ilegal

Tema(s)
Povos indígenas, Segurança e meio ambiente
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

A Juíza Federal Maria do Carmo Cardoso concede decisão favorável à liberação de recursos e aeronaves de grupo investigado por atuação irregular de garimpo em terras indígenas Yanomami [1]. Maria é amiga de Flávio Bolsonaro e atua dando conselhos jurídicos à família [2]. Anteriormente, investigações da Polícia Federal levaram ao sequestro dos bens desses grupos através de uma decisão da Justiça Federal do estado de Roraima. Em 14 de dezembro, a juíza já havia deferido liminar que liberava 50% dos recursos sequestrados com a justificativa de permitir que eles pudessem dar continuidade às suas atividades financeiras [3]. Além da exploração ilícita, os grupos também são acusados de lavagem de dinheiro e crimes ambientais, sendo que Maria afirmou, em sua decisão final, não haver provas suficientes que demonstrassem ilicitude e, ainda, questionou a legalidade das provas trazidas para incriminar os empresários [4]. Anteriormente, Maria foi decisiva para a nomeação de Nunes Marques ao Supremo Tribunal Federal, colaborando como uma das protagonistas na sugestão de Kassio para Suprema Corte [5]. Vale lembrar que, em dezembro de 2021, levantamentos da imprensa, bem como pesquisas promovidas pela Universidade Federal de Minas Gerais demonstraram como a falta de fiscalização e a omissão do governo incentivaram a atuação do garimpo ilegal [veja aqui]. Além disso, em maio de 2021, o povo Yanomami já havia sofrido sucessivos ataques de garimpeiros sem que houvesse proteção dos órgãos responsáveis pelo combate [veja aqui].

05 jan 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Aval para exploração de nióbio na Amazônia cresce 156% durante o governo Bolsonaro

Tema(s)
Meio Ambiente, Povos indígenas, Reforma Agrária
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Durante o governo do presidente Jair Bolsonaro, o número de autorizações para exploração de nióbio na Amazônia, concedidas pela Agência Nacional de Mineração (ANM), cresce 156% em comparação aos anos anteriores no Brasil, que é o maior produtor desse metal no mundo [1]. Com jazidas localizadas, principalmente, no estado de Minas Gerais, cuja oferta é capaz de abastecer o mercado nos próximos ano, as novas áreas autorizadas para a prospecção do metal no país abrangem nove assentamentos destinados à reforma agrária nos estados do Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima, além de franjas dos territórios dos povos indígenas Waimiri e Tenharim Marmelos e de uma Unidade de Conservação Federal [2]. Além de flexibilizar leis ambientais [veja aqui] e estimular a grilagem [veja aqui], o governo Bolsonaro, que há tempos defende a mineração do metal em áreas de conservação da Amazônia, encaminhou em 2020 um projeto de lei que, apesar de estar parado no Congresso Nacional, regulamenta a exploração de minérios em terras indígenas , o que atualmente é proibido pela Constituição Federal [3]. Em nota, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) afirma que não foi consultado e a Fundação Nacional do Índio (Funai) não quis se manifestar sobre as autorizações [4]. A bancada do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) na Câmara dos Deputados encaminha um requerimento para que o ministro de Minas e Energia preste esclarecimentos sobre o caso [5]. A líder do partido, Sâmia Bomfim (Psol-SP), ressalta que ‘É fundamental que o ministro Bento Albuquerque compareça à Câmara para que preste esclarecimentos sobre a exploração desenfreada aos nossos recursos naturais’ [6].

Entenda mais sobre as consequências da mineração em terras indígenas (em inglês).

05 fev 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro edita decretos que dificultam a fiscalização do garimpo ilegal na Amazônia Legal

Tema(s)
Meio Ambiente, Povos indígenas
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

O presidente da República, Jair Bolsonaro, assina dois decretos que dificultam a responsabilização de garimpeiros ilegais da Amazônia Legal [1]. Um dos decretos simplifica a análise de empreendimentos de pequeno porte pela Agência Nacional de Mineração (ANM); o outro, cria o Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Mineração Artesanal e em Pequena Escala (Pró-Mape), estimulando mineração artesanal e em pequena escala. As legislações são editadas com justificativa de fomentar o desenvolvimento sustentável regional e nacional [2]. A ação envolve seis Ministérios, sendo eles o de Minas e Energia, da Cidadania, da Justiça, da Segurança Pública, do Meio Ambiente e da Saúde, além da Casa Civil [3]. O garimpo legal é regulamentado pela concessão de Permissões de Lavras Garimpeiras (PLGs), mas os decretos abrem espaço também para garimpo ilegal, que são aqueles realizados em áreas de conservação ambiental e/ou em terras indígenas [4]. A diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), afirma que ‘o decreto que estimula ‘mineração’ em pequena escala, leia-se garimpo, é uma afronta para a Amazônia. Se sem nenhum estímulo à atividade tem sido um desastre ambiental e social, imaginem com estímulo’ [5]. Representantes de outras entidades, como a campanha Amazônia do Greenpeace, também se manifestam, como a porta-voz do movimento que afirma que ‘o decreto diz aos garimpeiros: não temam, vou regularizar vocês. Essa mensagem vai na contramão do dever da PF [Polícia Federal] de combater o garimpo, por exemplo’ [6]. A fiscalização do garimpo ilegal apresenta problemas anteriores aos decretos: em maio de 2020 a comunidade Palimiú, que vive no território indígena Yanomani em Roraima, sofreu ataques violentos de garimpeiros ilegais durante dez dias e não recebeu atenção dos órgãos responsáveis [veja aqui].

Ouça podcasts sobre a Amazônia Legal e o garimpo

15 fev 2022
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