Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Governo diminui a transparência em relatórios sobre trabalho escravo

Tema(s)
Informação, Proteção de dados, Raça e etnia, Trabalho, Transparência
Medidas de estoque autoritário
Restrição a direitos fundamentais

Governo Federal nega pedido de informações da organização “Fiquem Sabendo” sobre relatórios de fiscalização de trabalho escravo no Brasil, segundo apuração desta data [1]. Indo contra entendimento de que os relatórios deveriam ser de acesso público, o governo fundamenta sua decisão na Lei Geral de Proteção dados (LGPD) [2]. A negativa é fundamentada na Lei de Acesso à Informação (LAI) [3]. Em resposta, o Ministério da Economia informa que não poderia publicizar os relatórios pois conteriam ‘informações pessoais, as quais devem ser tratadas e protegidas’, segundo a LGPD [4]. A LGPD tem sido utilizada como argumento negativo à pedidos de informações baseados na (LAI) [5]. Segundo pesquisa realizada pela Fiquem Sabendo, o Ministério da Saúde deixou de responder ao menos 70 pedidos de informações, até o dia 20/04 [6]. Segundo a plataforma, ‘o dado é preocupante se analisado em contexto com outras medidas tomadas pelo governo federal, que limitaram (…) a transparência de informações públicas’ [7]. O acesso aos relatórios é importante pois são documentos utilizados em pesquisas e reportagens para analisar o fenômeno do trabalho escravo no Brasil [8] [9]. Segundo especialistas, a LGDP não pode ser interpretada como forma de restringir ao direito do acesso à informação, regulamentado pela LAI [10]. Em 23/03/2020, a Medida Provisória nº 928 suspendeu prazos e recursos dos pedidos de acesso à informação [veja aqui]. Em 24/03/2020, o Ministério da Controladoria Geral da União defendeu a MP 928, que restringe a LAI, afirmando que a logística para combater a covid-19 não pode parar para atender pedidos de acesso ´informação [veja aqui]. Em 31/05/2020, O Ministério da Saúde passou a negar cerca de 40% mais pedidos de acesso à informação.

Leia análise sobre a história das políticas de transparência no Brasil e sobre o histórico de visitação dos ministérios do governo federal.

14 maio 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Polícia Federal implementará sistema para coletar, armazenar e cruzar dados pessoais de 50 milhões de brasileiros

Tema(s)
Proteção de dados, Segurança pública, Transparência
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

A Polícia Federal (PF) pretende implementar um sistema de segurança para coletar, armazenar e fazer o cruzamento de dados pessoais de cerca de 50,2 milhões de brasileiros nos próximos anos [1]. O sistema é composto por um programa de software de inteligência artificial chamado de Solução Automatizada de Identificação Biométrica (ABIS), que pode identificar pessoas através do cruzamento com outros registros de reconhecimento facial e de impressão digital [2]. Esse sistema pretende unir os dados estaduais e criar um banco de dados nacional para que as polícias tenham acesso eficiente à base biométrica nacional [3]. O objetivo no futuro é registrar dados de quase toda a população brasileira, com uma possível integração completa com os demais modelos de identificação biométrica, voz e íris [4]. Juntamente com esse programa a PF adquire estações de cadastramento forenses e dispositivos móveis de coleta, verificação e identificação das digitais [5]. O contrato de aquisição é assinado pelo diretor-geral da PF, Paulo Maiurino [veja aqui], mas os custos envolvidos não são divulgados [6]. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) não tem aplicação em casos de segurança pública, no entanto as informações coletadas para esse fim devem se ater a esta finalidade, seguindo o princípio da transparência [7].Especialistas veem com preocupação o uso da tecnologia para vigilância, a partir desse cruzamento de dados que seriam compartilhados sem a concordância dos titulares, e apontam ainda para a necessidade de amparo legislativo em implementações deste tipo, com transparência no tratamento de dados para a segurança pública [8]. Além disso, tecnologias como a de reconhecimento facial apresentam dimensões discriminatórias evidentes, sendo alvo de debates no mundo todo sobre os aspectos racistas e o excesso de vigilância de sistemas autoritários [9]. Recentemente outras medidas de vigilância foram tomadas pelo Ministério da Justiça,que passou a monitorar centenas de servidores e flexibilizar o compartilhamento das informações com outros órgãos [veja aqui].

Ouça o podcast sobre a crescente utilização de tecnologias de vigilância sobre a população.

05 jul 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Polícia Federal adquire sistema de identificação biométrica

Tema(s)
Proteção de dados, Transparência
Medidas de estoque autoritário
Legitimação da violência e do vigilantismo

Diretor Geral da Polícia Federal (PF), Paulo Maiurino, assina contrato de aquisição e implementação de nova Solução Automatizada de Identificação Biométrica (ABIS) nesta data [1]. A tecnologia adquirida pela PF irá possibilitar a identificação de pessoas a partir da coleta, armazenamento e cruzamento de dados de impressão digital e reconhecimento facial [2]. O sistema está projetado para armazenar, em 48 meses, dados de 50,2 milhões de pessoas, com possibilidade para expansões posteriores que poderão conter dados de até 200 milhões de indivíduos [3], será usado para realizar o cadastro, fazer análises forenses e colher dados biométricos relevantes para investigações [4]. Após o anúncio da aquisição a organização, organização especializada demonstra preocupação com tecnologia que irá ser usada pela PF, já que o armazenamento e cruzamento de dados biométricos pode se tornar ilícito, se não for usado estritamente para investigações que estejam em curso [5], o que ainda não foi especificado pelas autoridades [6]. Outro ponto que gera desconfiança entre os especialistas em relação a este tipo de tecnologia, especialmente a de reconhecimento facial, é que em muitos casos ela já demonstrou ser enviesada por aspectos discriminatórios, como o viés racial, induzindo a prisão de inocentes e aumentando a vigilância sobre pessoas negras [7]. Estas situações ocorrem devido à reprodução de estereótipos que já existentes na sociedade, por meio de tecnologias de reconhecimento como a Solução Automatizada de Identificação Biométrica [8]. Em fevereiro, o governador do Rio de Janeiro aprova Centro Integrado de Comando e Controle para a Baixada Fluminense [veja aqui]. O governo federal também já impementou medidas que atentam conta a privacidade dos cidadãos, baixando decretos que prevêem compartilhamento de dados pessoais entre órgãos [veja aqui], sem autorização dos cidadãos [veja aqui] e promovendo acordo para ter acesso a dados de cidadãos que possuem CNH [veja aqui].

Leia sobre a aquisição de tecnologias de reconhecimento facial pelo poder público e ouça podcast sobre vigilância e proteção de dados.

05 jul 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Por falha de sistemas, Inep permite vazamento de dados de mais de 5 milhões de brasileiros

Tema(s)
Educação, Proteção de dados
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Falhas na segurança dos sistemas do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), provocam vazamento de dados de mais de 5 milhões de estudantes [1]. Um problema no sistema do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) que também é ligado ao banco de dados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), tornou possível consultar informações como nomes, email, senhas, endereços, gênero e filiação de candidatos que se cadastraram – desde 1995 – para realizar ambas as avaliações [2]. Segundo denúncias feitas à imprensa, as falhas permitiam que qualquer estudante cadastrado que possuísse conhecimentos básicos de programação conseguisse acessar dados de todos os outros estudantes cadastrados em ambas as avaliações [3]. É como ‘se eu entrasse na conta do banco’ de terceiros ‘com a minha senha’ diz especialista, afirmando também que a falha foi provocada por falta de configuração adequada nos sistemas [4] Procurado, o Inep afirmou que recebeu a denúncia de vulnerabilidade no sistema do Enade e aplicou medidas de contenção no sistema para corrigir o erro [5]. Procurada, a Agência Nacional de Proteção de Dados (Anpd) não se manifestou [6].

Leia sobre as questões relacionadas proteção de dados no Brasil.

20 set 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Judiciário
Nível
Federal

AGU diz que Bolsonaro não cometeu crime ao divulgar inquérito sigiloso da PF

Tema(s)
Informação, Proteção de dados
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional
Estado
Distrito Federal

Em informe, a Advocacia-geral da União (AGU) nega que Jair Bolsonaro tenha feito vazamento de dados sigilosos em suas redes sociais [1]. O informe ainda solicita que o presidente não seja interrogado alegando que no momento do compartilhamento nas redes o inquérito não estava sob sigilo [2]. O pedido é rejeitado pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, que havia concedido 15 dias para que o presidente prestasse esclarecimentos à PF e, após pedido de Bolsonaro para organizar melhor a data, horário e local, cedeu mais 45 dias e ainda sim não teve o comparecimento do presidente para depor [3]. A intimação para depor à PF trata-se de inquérito já existente contra o presidente [veja aqui], contra o delegado da Polícia Federal (PF), Victor Neves Feitosa Campos, e contra o deputado federal Filipe Barros (PSL-PR) [4] acerca de vazamento, nas redes sociais e em live na internet, de informações sigilosas de investigação sobre denúncias de invasão hacker ao sistema interno do TSE, após segundo turno das eleições de 2018 [5]. A AGU já havia sofrido mudanças em seu alto escalão, sendo representada por André Mendonça, quando o governo trocou seis ministros e nomeou amigo pessoal de seu filho Flávio Bolsonaro para detentor da pasta de Justiça e Segurança Pública para cargo [veja aqui].

Leia mais sobre a relação intrincada entre proteção de dados e falta de transparência no governo Bolsonaro

27 jan 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Secretaria de Governo Digital do Ministério da Economia é investigada por suspeita de compartilhar dados de cidadão com bancos

Tema(s)
Proteção de dados
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

A Secretaria de Governo Digital do Ministério da Economia está sob processo de investigação por ter compartilhado dados dos cidadãos através de acordo com os bancos [1]. O acordo foi realizado em janeiro de 2022, com a Associação Brasileira dos Bancos (ABBC) e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), com termos que permitem a divulgação de dados biométricos e biográficos para uma ‘degustação experimental’. A medida partiu do procurador da República, Alfredo Falcão, do Ministério Público Federal de Pernambuco [2]. A representação para que ocorra investigação do acordo foi feita por Carlos Veras (PT-PE) [3]. Ele afirma que os termos não são claros e que não fica definido quais dados serão utilizados, ou por quanto tempo [4]. Dessa forma, os acordos violariam a Lei Geral de Proteção de Dados. Segundo o governo, os dados que os bancos têm acesso são dados biométricos, informações de registro civil, dentre outras informações das bases da Justiça Eleitoral [5].

15 fev 2022
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