Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Na ONU, Bolsonaro apela contra suposta ‘cristofobia’

Tema(s)
Relações internacionais, Religião
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

Em discurso na ONU, o presidente Bolsonaro apela contra a suposta ‘cristofobia’ [1]. O termo é comumente utilizado por parlamentares da bancada Evangélica no Congresso para explicitar uma soposta perseguição aos cristãos [2]. Em 2015, por exemplo, o deputado federal pastor Marco Feliciano (Republicanos-SP) usou a palavra para atacar manifestações da Parada LGBT de São Paulo [3]. Apesar da afirmação do presidente, dados do ‘Disque 100’ [4], revelam que no Brasil, os mais discriminados por motivos religiosos são os praticantes de religiões de matriz africana [5], inclusive, declarações contra religiões de matriz africana já foram proferidas pelo presidente da Fundação Palmares [veja aqui]. Segundo especialistas, o termo ‘cristofobia’ é utilizado por Bolsonaro de forma estratégica, de modo a pautar os debates eleitorais na defesa de uma agenda ultraconservadora [6]. A pauta da bancada evangélica tem se fortalecido no governo Bolsonaro, a exemplos da ministra Damares Alves ter criticado o fato das igrejas evangélicas ‘perderem espaço’ nas escolas para ciência [veja aqui], e anunciado canal para denunciar atentados contra moral e religião nas escolas [veja aqui]. Durante a pandemia, as atividades religiosas foram incluídas por decreto como essenciais [veja aqui] e o ministro da educação foi nomeado por ser um pastor que tem ‘apreço à família e valores’ [veja aqui]. Durante seu discurso na ONU, o presidente também defendeu sua atuação durante a pandemia e afirmou que seu governo é vítima de desinformação sobre a Amazônia [veja aqui].

Veja a análise sobre o uso do termo ‘cristofobia’

22 set 2020
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro promete indicar pastor evangélico ao STF

Tema(s)
Administração, Religião
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

O presidente Jair Bolsonaro promete indicar pastor evangélico ao Supremo Tribunal Federal (STF) [1]. A fala do presidente ocorre durante culto, na igreja Assembleia de Deus. Durante o evento, Bolsonaro diz: ‘imagine as sessões daquele Supremo Tribunal Federal começarem com uma oração’ [2]. Anteriormente, o presidente já havia declarado que iria indicar um ministro ‘terrivelmente evangélico’ para o tribunal [veja aqui]. As declarações foram dadas após uma parte de sua base eleitoral indignar-se com a indicação do juiz federal, Kássio Nunes Marques, para ocupar a vaga que será deixada pelo ministro Celso de Mello no STF [3]. Esses apoiadores do presidente acusam Marques de ser um ‘desembargador nomeado por Dilma’, de ter amizade com ‘a turma do PT’ e de ter uma posição dúbia sobre o aborto [4]. O modo como a ‘corrida’ pelas possíveis vagas no STF se dá no governo Bolsonaro é alvo de críticas. Especialista aponta que o alinhamento de servidores públicos – anunciados como possíveis candidatos a vaga – com interesses pessoais do presidente Bolsonaro, responsável pela nomeação ao Supremo, é revelador das falhas do sistema de escolha dos ministros da corte e põe em risco os princípios da imparcialdiade e independência [5]. O presidente já enalteceu e apontou como possíveis futuros ministros da corte o Advogado Geral da União, André Mendonça [veja aqui], o Procurador-geral da República, Augusto Aras [veja aqui] e o Presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio Noronha [veja aqui]. A influência evangélica é marca do governo Bolsonaro, tendo por expoentes a nomeação do ministro da Educação Milton Ribeiro, pastor presbiteriano [veja aqui] e Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos [veja aqui].

Leia as análises sobre a disputa pelo cargo do novo ministro do STF e sobre os procedimentos de nomeação à corte constitucional. Ouça, também, podcast sobre os riscos institucionais da corrida pela vaga no Supremo.

05 out 2020
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Congresso derruba veto presidencial, após a própria recomendação do presidente, e perdoa dívida de igrejas

Tema(s)
Administração, Equilíbrio Fiscal, Religião
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O Congresso Nacional derruba veto presidencial e perdoa dívidas bilionárias de Igrejas, após o próprio presidente Jair Bolsonaro ter recomendado derrubada de seu veto [1]. Na Câmara, o placar para a derrubada do veto é de 439 a 19 e no Senado, 73 parlamentares votaram para o perdão, apenas o senador Romério (Podemos-RJ) votou contra [2]. A proposta que beneficia entidades religiosas é do deputado David Soares (DEM-SP) [3], fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus, que está entre as principais devedoras frente à União [4]. A lei aprovada [5] remove templos da lista de pessoas jurídicas consideradas pagadoras do tributo, sob justificativa de que a Constituição Federal dá proteção tributária às igrejas [6]. Na Receita Federal, as dívidas de igrejas chegam a 1 bilhão, e na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional(PGFN) foram registrados R$462 milhões em dívidas [7]. O perdão à dívidas de entidades religiosas havia sido vetado por Bolsonaro em setembro do ano passado, orientado pela equipe econômica e temendo não cumprir com as leis orçamentárias, porém, na ocasião, ele mesmo sugeriu que o Congresso votasse contra a sua própria decisão: ‘se fosse senador ou deputado, votaria pela derrubada’, disse o presidente [8]. O veto é criticado pela equipe econômica do governo pelo grande volume de impostos que deixam de ser arrecadados pelo governo federal [9]. O Tribunal de Contas da União (TCU) tem feito alertas sobre a necessidade de mensurar o impacto econômico das medidas aprovadas pelo Congresso, já que tais medidas podem contribuir para configurar irregularidade orçamentária nas contas do governo federal [10].

Leia sobre como funcionam os vetos presidenciais, veja infográfico a respeito e entenda os recordes de derrubada de vetos no governo Bolsonaro.

17 mar 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Judiciário
Nível
Federal

Ministro Kassio Nunes Marques, do STF, autoriza a realização de cultos presenciais; em seguida, outro ministro dá decisão divergente.

Tema(s)
Distanciamento social, Religião, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Kassio Nunes Marques, decide monocraticamente, ou seja, de maneira individual, conceder liminar que autoriza as celebrações de cultos religiosos em todo o país, suspensas em alguns estados e municípios como forma de evitar aglomerações e controlar a pandemia do coronavírus [1] [veja aqui]. A decisão é tomada em ação proposta pela Associação Nacional de Juristas Evangélicos (AANAJURE), que questiona a constitucionalidade dos decretos que proíbem tais situações por ferirem a liberdade religiosa [2]. Nunes Marques concorda com o pedido feito pela ANAJURE e aponta para a ‘essencialidade da atividade religiosa, responsável (…) por conferir acolhimento e conforto espiritual’ [3]. A decisão prevê que deverão ser cumpridas certas medidas sanitárias para conter o espalhamento do vírus [3]; Investigação da imprensa de 04/04 revela que elas foram descumpridas em diversos locais [4]. A decisão é proferida sem a solicitação da inclusão do processo na pauta de discussão do plenário do Tribunal e desrespeita os precedentes já julgados pelo STF, inclusive pelo próprio Nunes Marques, em casos semelhantes [5]. Apuração da imprensa indica que a decisão gerou incômodo no STF: os demais ministros interpretaram a decisão como um mau exemplo à sociedade, tendo em vista que o país enfrenta o pior momento da pandemia [6]. No dia seguinte à decisão, o Município de Belo Horizonte encaminha recurso ao presidente do STF para tentar reverter a determinação [7]. Em 05/04, o Ministro Gilmar Mendes decide, em ação distinta e em discordância com a decisão de Nunes Marques, pela proibição dos cultos e missas religiosas; contudo, ele submete sua decisão ao colegiado [8]. Em 08/04, o tema é debatido no STF e a maioria dos ministros decide pela possibilidade de estados e municípios restringirem as celebrações religiosas durante a pandemia, invalidando a decisão dada por Nunes Marques [9]. A celebração de cultos religiosos durante a pandemia é um tema que já vem gerando grande polêmica desde março de 2020, quando o presidente Jair Bolsonaro considerou atividades religiosas como essenciais [veja aqui]. Decretos estaduais de fevereiro de 2021 também incluíram igrejas no rol de atividades essenciais [veja aqui]. Em abril de 2021, Bolsonaro critica as medidas de restrição aos templos religiosos [veja aqui].

Leia análises sobre os impactos jurídicos da decisão do Ministro Nunes Marques, sobre o risco à saúde pública na permissão dos cultos religiosos presenciais e ouça sobre como funciona o STF e quais são interesses de Bolsonaro no STF.

03 abr 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Legislativo
Nível
Federal

Eduardo Bolsonaro critica fechamento de templos e denuncia suposta ‘guerra espiritual’

Tema(s)
Conflito de poderes, Distanciamento social, Religião, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) defende a abertura de templos religiosos e a realização de cultos [1] mesmo durante a pior fase da pandemia da covid-19 no país [2]. Segundo ele, a salvação da alma não é algo secundário e a igreja é responsável pelo bem estar físico e espiritual, pois também estamos vivendo uma guerra espiritual [3] O deputado afirma que a liberdade de culto é prevista na Constituição Federal e que um estado laico não pode restringir o funcionamento de igrejas [4]. Na mesma oportunidade [5], Eduardo critica governadores e prefeitos que, segundo ele, usam da pandemia para fechar igrejas e promover o desemprego e a fome [6]. Medidas de lockdown também são criticadas [7] e o deputado defende o tratamento precoce contra a doença [8] – que não é recomendado por entidades de saúde [9].
Especialistas argumentam que templos religiosos são locais de alto risco de contaminação [10], principalmente em um momento com altas taxas de transmissão e falência do sistema de saúde [11]. Três dias antes, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Kassio Nunes Marques concedeu de forma monocrática (individual) uma liminar liberando os cultos e missas presenciais [12] [veja aqui]. Em 08/04, o STF determinou que prefeitos e governadores têm autonomia para decidir sobre o assunto [13], decisão similar à de março de 2020 [veja aqui]. No ano passado, o presidente Jair Bolsonaro, pai do deputado, incluiu as atividades religiosas como serviço essencial [veja aqui]. Igualmente, em março de 2021, o Governador de São Paulo, João Dória, incluiu igrejas na lista de serviços essenciais no estado no contexto de adoção de medidas de combate ao coronavírus [veja aqui]. No dia seguinte a fala do filho, Jair Bolsonaro também critica as medidas de restrição aos templos religiosos [veja aqui].

Leia mais sobre os riscos de transmissão da covid-19 em templos religiosos (em inglês). Um levantamento que apontou mais de 650 casos relacionados a instalações religiosas nos EUA (em inglês), e análise sobre como uma Igreja se tornou um epicentro da doença na Coréia do Sul.

06 abr 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro critica a possibilidade de fechamento de templos religiosos, alegando direito ao exercício de religião

Tema(s)
Conflito de poderes, Distanciamento social, Religião
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Dois dias após decisão do Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que proibiu a realização de cultos presenciais em decisão monocrática [veja aqui], em visita à cidade de Chapecó (SC), o presidente da República, Jair Bolsonaro, critica a possibilidade de fechamento de templos religiosos e defende que a abertura dos templos e igrejas é vontade da maioria da população brasileira. Bolsonaro ainda diz que a igreja é o último lugar que alguém procura antes de cometer suicídio e que ‘quem não é cristão, que não vá’ [1]. Ele também volta a reforçar que discorda das medidas restritivas de contenção da propagação do coronavírus [2]. Após declarações, grupo de religiosos promove ‘Marcha da Família Cristã’ em Brasília e protesta que a restrição ao direito de exercício de religião fere a liberdade de expressar a fé e o regime democrático [3]. Para o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), porém, as atividades religiosas presenciais nos templos necessitam ser evitadas em benefício da vida [4]. Estudos científicos apontam que ambientes fechados com pouca ou nenhuma ventilação e com alta concentração de pessoas, a exemplo das igrejas, são locais que potencializam a proliferação da covid-19 [5]. Vale ressaltar que, um dia antes do pronunciamento do presidente da República, seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) também defendeu a realização de cultos religiosos durante a pandemia [veja aqui] e o Brasil atingiu a marca de mais de 4 mil mortes por covid-19 em 24 horas [6]. Um dia depois, o plenário do STF decidiu que estados e municípios podem restringir a realização de cultos religiosos presenciais [veja aqui]. É comum o descrédito do presidente a recomendações sanitárias; semanalmente ele comete atos que atentam às medidas de distanciamento social [veja aqui].

Leia análise sobre a liberdade como principal fundamento para a negação das medidas de isolamento no combate a covid-19 e veja projeção feita por cientistas e pesquisadores sobre número de mortes no país até julho de 2021 – em inglês.

07 abr 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro da Educação protela investigação da Polícia Federal sobre fraude no Enade 2019

Tema(s)
Educação, Religião, Transparência
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, protela envio de investigação à Polícia Federal de instituição privada de ensino investigada por fraude no Enade 2019, como aponta apuração da imprensa desta data [1]. O Centro Universitário Filadélfia (Unifil), que fica em Londrina (PR), é uma instituição universitária vinculada a uma denominação evangélica da qual o ministro também é pastor [2]. A fraude ocorre no curso de biomedicina da instituição, onde a coordenadora do curso, Karina Gualtieri, participa da comissão de elaboração do certame para o governo naquele mesmo ano [3]. Por esta razão, ela tem acesso a prova antecipadamente e repassa aos alunos as questões e o respectivo gabarito [4]. O Inep recebe denúncia anônima de aluno do curso em 2019 e realiza investigação, comparando o elevado desempenho dos alunos da instituição na prova [5]. O resultado da apuração apresenta fortes evidências da fraude, sendo estatisticamente impossível o resultado alcançado pela Unifil [6]. Durante apuração do Inep e investigação interna do MEC a respeito da fraude, Milton Ribeiro decide tratar do caso pessoalmente [7]. Em setembro de 2020, o ministro que também é pastor presbiteriano, recebeu em seu gabinete o reitor e o chanceler da Unifil, sendo este último o pastor da Igreja Presbiteriana Central de Londrina [8]. No mesmo mês, o ministro viajou a Londrina, visitou a instituição para uma palestra, e fez pregações na igreja comandada pelo chanceler da instituição [9]. Além da postergação no envio da apuração da fraude à Polícia Federal [10], Ribeiro ignorou evidências estatísticas apontadas pelo Inep [11] e ainda solicitou que seu secretário acompanhasse a visita técnica que absolveu a instituição na investigação interna do MEC [12]. O mesmo secretário foi nomeado para a presidência do Inep após o ministro ameaçar e demitir dirigentes do órgão que poderiam enviar a apuração para a PF [13]. A Procuradoria-Geral da República recebe representação de 15 deputados solicitando a investigação das condutas do ministro [14]. Outros deputados solicitam que a Comissão de Educação da Câmara convoque o ministro para prestar declarações sobre o caso [15]. O ministro, assumiu a pasta após Abraham Weitraub no ano passado [veja aqui], já nomeou defensora de ‘princípios bíblicos’ na educação para cargo de assessora no MEC [veja aqui] e já fez falas discriminatórias em relação aos estudantes de universidades públicas [veja aqui] e a população LGBTQI [veja aqui]. Somente quatro meses após investigação interna do MEC ter sido arquivada pela equipe do ministro, o MEC envia o caso ao MPF (Ministério Público Federal), para apurar possíveis crimes que envolvem o exame. Em 04/08/21, Ribeiro reconhece ter adiado a referida apuração e acusa Alexandre Lopes, ex-presidente do INEP, de se omitir no caso [16].

09 maio 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo, Judiciário
Nível
Federal

Bolsonaro indica André Mendonça ao STF e especialistas temem desrespeito à laicidade estatal

Tema(s)
Religião, Segurança pública
Medidas de estoque autoritário
Violação da autonomia institucional

O presidente da República, Jair Bolsonaro, indica André Mendonça para a vaga de Marco Aurélio Melo no Supremo Tribunal Federal (STF) [1] e diz que gostaria de ver as sessões do STF começando com uma oração feita por Mendonça [2], que é pastor Pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, [3]. Mendonça, que na gestão de Bolsonaro já ocupou os cargos de advogado-geral da União (AGU) e ministro da Justiça (MJ), foi chamado por Bolsonaro, em 11/07/19, de ‘terrivelmente evangélico’ e o presidente, desde então, fala da sua indicação para uma vaga no STF [veja aqui]. Em 28/04/20, em seu discurso de posse como MJ, Mendonça afirmou ser um ‘servo’ de Bolsonaro e que seria um ‘profeta’ [veja aqui]. Como AGU, durante julgamento no STF sobre liberação de cultos na pandemia, Mendonça citou passagens bíblicas e disse que ‘cristãos estão dispostos a morrer para garantir liberdade de culto’ [4]. Comentando sobre a indicação, especialistas relatam receio, justamente, de que Mendonça desrespeite a laicidade do estado em sua atuação no STF [5]. Além disso, como MJ, Mendonça investigou diversos opositores do governo Bolsonaro com base na Lei de Segurança Nacional, instrumento da ditadura militar [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui], sobre o que foi interpelado pela Procuradoria Geral da República [6]; e monitorou servidores antifascitas, repassando informações a outros órgãos do governo [veja aqui]. Mendonça também já emitiu orientação normativa aconselhando os órgãos federais a procederem com a reintegração de posse dos imóveis públicos ocupados por manifestantes sem decisão judicial [veja aqui], manteve em sigilo protocolo para casos de feminicício [veja aqui], bem como autorizou uso da Força Nacional de Segurança Pública para reforçar segurança de assentamentos de reforma agrária realizados pelo Incra [veja aqui]. A indicação de Mendonça ao STF, que aguarda aprovação do Senado, é a segunda de Bolsonaro, que também já indicou Kassio Nunes Marques, ministro responsável por decisão monocrática que autorizou a realizção de cultos presenciais em abril de 2021, durante a segunda onda da pandemia da covid-19 [veja aqui].

Leia mais sobre o perfil de André Mendoça, sobre o que o levou a ser o nome indicado ao STF por Bolsonaro e também análise acerca da relação do seu caráter ‘terrivelmente evangélico’ com a atuação no STF.

13 jul 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro fala que leis são para que minorias ‘se mantenham na linha’

Tema(s)
Posicionamento político, Religião
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirma que, embora respeite as minorias, ‘as leis são para que elas se mantenham na linha’ [1]. Na fala, ele também associa seus apoiadores a ‘pessoas do bem’, dando a entender que eventuais opositores não o sejam e que estejam fora ‘da linha’ [2]. Este discurso de uso da lei para controle, subjugação e até extermínio das minorias em face de uma maioria, repete a retórica utilizada durante a campanha presidencial, quando Bolsonaro defendeu que ‘as minorias têm que se curvar para as maiorias’ e que ‘as minorias ou se adequam ou simplesmente desaparecem’, dentre outras afirmações nesse sentido [3]. Durante seu mandato, o presidente tem cometido ataques formais e informais ao pluralismo e às minorais, tais como às mulheres e à população LGBTQIA+ [4], aos negros [5] e aos povos indígenas [6]. Vale notar que a fala de Bolsonaro – que também ressaltou respeitar os militares e a Constituição e defender a ‘família tradicional’ – ocorre durante evento voltado a evangélicos e é interpretada pela imprensa como um aceno no sentido de mobilizar apoiadores ao reafirmar compromissos com pautas conservadoras [7].

Leia análise sobre o uso da dicotomia maioria e minoria por Bolsonaro e sua relação com o panorama democrático no Brasil.

05 out 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro comemora a relatoria do Ministro do STF André Mendonça, ‘terrivelmente evangélico’, em pautas relacionadas a questões de gênero

Tema(s)
Posicionamento político, Religião
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias
Estado
Distrito Federal

O chefe do Executivo, Jair Bolsonaro, comemora que a relatoria de uma ação que pede a derrubada de leis que vedam a abordagem de informações sobre gênero nas políticas de ensino, em 2 municípios em Pernambuco, é sorteada à relatoria do ministro indicado por ele ao STF, André Mendonça [1]. ‘Terrivelmente evangélico’, o ministro ex-advogado-geral da União foi indicado em julho de 2021 por Bolsonaro e tomou pose em dezembro do mesmo ano com presença de lideranças religiosas e políticas do governo Bolsonaro [2]. Há receio de especialistas de que Mendonça, em sua atuação no STF, desrespeite a laicidade do Estado [veja aqui]. Outras leis municipais pelo Brasil que proibiam a discussão de gênero em escolas já foram declaradas inconstitucionais pelo STF [veja aqui] mas o presidente, contrariando orientações diplomáticas insiste em dar novas diretrizes à área que chama de ‘ideologia de gênero’, é o caso do pedido ao MEC a uma redação de projeto de lei que visa a proibir a abordagem da temática de gênero nas escolas de ensino fundamental do país [veja aqui].

Leia mais sobre a incorreção da nomeação de um ministro ao STF por sua inclinação religiosa e sobre a laicidade no Estado

27 jan 2022
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