Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro cometeu ao menos 04 atos contra recomendações médicas e sanitárias na segunda semana de abril, em meio à pandemia

Tema(s)
Distanciamento social, Negacionismo, Saúde
Medidas de emergência, Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Como no mês [veja aqui] e na semana [veja aqui] anteriores, o presidente da República, Jair Bolsonaro, descreditou recomendações médicas e sanitárias. Sem usar máscara, no dia 08/04 concedeu entrevista e criticou a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para verificar eventuais omissões do governo federal no combate à pandemia [1]. Na mesma ocasião, fez critica à proibição de cultos e missas de forma presencial durante a pandemia e afirmou que a ‘possibilidade de transmitir o vírus é quase zero’ nessas ocasiões, em resposta a decisão do Supremo Tribunal Federal que decretou que estados e municípios podem restringir as atividades religiosas [2]. Em 07/04, o presidente já havia falado que o fechamento de igrejas feria o direito ao exercício da religião [veja aqui]. No dia seguinte, em contraste a entrevista que concedeu no dia anterior sem o uso de máscara, o presidente autorizou o governo a fazer campanha a favor do uso de máscaras e do distanciamento social [3]. O presidente investe em testes para uso de um novo remédio contra a covid-19, a proxalutamida, um bloqueador hormonal, que está cercado de suspeitas de falhas graves e possíveis fraudes em seus dados, além de não possuir eficácia comprovada [4]. No dia 10/04, o presidente chamou de ‘canalhas’ quem critica o uso de medicamentos de forma precoce contra a covid-19 sem sugerir alternativas ao tratamento da doença [5]. Também elogiou o trabalho do prefeito de Chapecó – (SC), João Rodrigues (PSD), na utilização do tratamento precoce contra a doença [6]. Entre 08/04 e 14/04, o número de infectados pela covid-19 no país subiu de 13.286.324 milhões [7] para mais de 361.884 milhões [8] e as mortes atingiram o patamar de 13.673.509 mil pessoas [9], de acordo com dados do consórcio de veículos da imprensa.

Leia análise sobre o negacionismo do presidente da República desde o início da pandemia e sobre as respostas do governo federal a pandemia.

14 abr 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

22 unidades federativas recebem mais ‘kit covid’ do que ‘kit intubação’

Tema(s)
Administração, Negacionismo, Posicionamento político, Saúde
Medidas de emergência
Restrição a direitos fundamentais

Estados brasileiros recebem, do Ministério da Saúde, mais ‘kit covid’ do que ‘kit intubação’ – necessário para pacientes graves da doença, segundo apuração da imprensa desta data [1]. Os itens para intubação estão em falta em estados e municípios de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) [2]. Apesar da falta de comprovação científica acerca da eficácia do ‘kit covid’ [3], o Ministério da Saúde remeteu, desde junho do ano passado, 21,6 milhões de unidades do de tais medicamentos, e só 8,61 milhões de unidades dos remédios necessários para intubação de pacientes [4]. O estado que mais recebeu os medicamentos do ‘kit covid’ foi São Paulo, que recebeu uma quantidade 80,5% menor dos fármacos para intubação [5]. Em agosto de 2020, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) [6] apontou para o cancelamento da aquisição de medicamentos para o ‘kit intubação’ sem maiores esclarecimentos [7] e já alertou para um possível cenário de desabastecimento, como o atual [8]. Esse cenário de restrição do direito à saúde já atinge quase mil cidades brasileiras [9] e se relaciona com a defesa do uso de cloroquina pelo presidente Jair Bolsonaro desde o início da pandemia [10] [veja aqui], e descrédito de recomendações médicas e sanitárias de forma sistemática [veja aqui]. Apuração da imprensa de 01/05 aponta que o Exército usou verbas destinadas à vacinação contra Covid-19 para compras de ‘kit covid’, materiais para hospitais militares – usados por integrantes da força – e para gastos sigilosos [11]. Em 15/05 imprensa relata que, entre maio e julho de 2020, o Ministério da Saúde recebeu pelo menos sete alertas sobre falta de ‘kit intubação’ e, mesmo assim, providenciou a compra de apenas 5,7% da quantidade consumida mensalmente pelo estados [12]. Ministério da Defesa afirma à CPI da covid-19 que o Exército inciou a produção de Cloroquina antes mesmo da orientação do MS para o uso no tratamento da doença [13].

Leia mais sobre o uso de remédios sem comprovação de eficácia do ‘Kit covid’, e como chefes de UTIs relacionam esses remédios a maior risco de morte.

16 abr 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Estadual

Governo de São Paulo permite reabertura de atividades não essenciais, a despeito do número vertiginoso de novos casos e mortes por covid-19

Tema(s)
Distanciamento social, Saúde
Medidas de emergência
Flexibilização de controle
Estado
São Paulo

O governador de São Paulo (SP), João Doria (PSDB), anuncia a criação de uma fase de transição entre as fases vermelha e laranja do plano de flexibilização econômica, que permite a abertura de comércios, voltas às aulas presenciais e realização de cultos religiosos [1]. Ao mesmo tempo, o governo paulista estende a vacinação para professores, metroviários, motoristas e cobradores de ônibus [2]. A abertura será distribuída em 15 dias, na primeira semana haverá flexibilização do comércio e na segunda a integração do setor de serviços [3]. O secretário da Saúde de SP diz que o relaxamento se dá pela queda de 10% no número de internações [4], a despeito de que já houve denúncias sobre divergência e omissão dos dados relacionados a covid-19 no estado [veja aqui]. O coordenador do Centro de Contingência de covid-19 afirma que há uma estabilização e perspectiva de queda nos números de infecções e por isso avaliaram que já é possível flexibilizações [5]. As ações do governo de SP seguem caminho contrário ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), já que o órgão aconselha que só é possível haver afrouxamento de medidas de isolamento social se houver controle por no mínimo duas semanas e uma queda de ao menos 50% na transmissão do vírus [6]. A Rede de Políticas Públicas e Sociedade afirma que as medidas de isolamento social adotadas pelo governo paulista em 2020 foram mais rígidas do que as atuais e o estado ao aplicar um plano ‘zigue-zague’ não interrompe a cadeia de transmissão do vírus [7]. SP e a grande maioria dos demais estados brasileiros apresentam estabilidade nos números de novos casos, mas essa estagnação se dá em patamares muito altos e em meio a um sistema de saúde ainda sobrecarregado [8].Pesquisadora afirma que o elevado índice de casos e mortes somado a uma vacinação ainda baixa e à alta circulação de pessoas aumenta os riscos de uma nova variante mais contagiosa [9]. Há uma escalada de conflitos entre o governos estaduais e o governo federal na pandemia [10], o Ministério da Saúde rejeitou a possibilidade de uniformização de medidas de combate ao vírus nos estados [veja aqui]. O governo de SP segue a mesma linha do Distrito Federal que afrouxou medidas de isolamento em meio a falta de leitos e alta de casos [veja aqui].

Leia sobre como as medidas de afrouxamento do isolamento social são incapazes de barrar a transmissão da covid-19. Ouça sobre as consequências de uma abertura prematura do comércio e serviços.

18 abr 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Deficiências do plano nacional de imunização levam a disparidades regionais na aplicação de doses da vacina e priorização de grupos de risco

Tema(s)
Administração, Conflito de poderes, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Deficiências no Plano Nacional de Imunização (PNI) [1] levam a disparidades regionais na aplicação de doses da vacina da covid-19 e na priorização de grupos de riscos [2]. Apesar das diretrizes do Ministério da Saúde, os estados têm autonomia para seguir seus esquemas de vacinação [3] e a falta de insumos necessários também atrapalha o andamento do plano [4]. Governo altera o calendário de vacinação diversas vezes [veja aqui] e, para maio, reduz em 14,5 milhões a previsão de entrega de vacinas da covid-19 [5]. Bolsonaro troca, pela quarta vez em meio à pandemia, o ministro da Saúde e Queiroga assume [veja aqui]. O atual ministro diz que a vacinação do grupo prioritário só será finalizada em setembro [6]. Segundo o mapa da vacinação, são 31 milhões de primeiras doses aplicadas contra 15 milhões da segunda [7], no final de abril semana 30% das cidades brasileiras ficam sem a segunda dose [8]. A disparidade é decorrente da orientação do ministério da Saúde de que os municípios não guardassem a segunda dose da vacina e aplicassem todas as doses disponíveis [9]. Em fevereiro, Eduardo Pazuello (ex-ministro da Saúde) recusa pedido de governadores para uniformizar medidas contra a covid-19 a nível nacional [veja aqui]. Relatos de desorganização levam a Justiça Federal a determinar a garantia da aplicação da segunda dose na Paraíba [10]. No estado do Rio de Janeiro, a Defensoria Pública e o Ministério Público entram na justiça contra a alteração nos grupos prioritários [11], em Caxias, também no RJ, a justiça determina que o prefeito cumpra o PNI sob risco de responder por desobediência e improbidade [12]. Em dezembro, o STF determinou que o governo apresentasse o plano de vacinação contra a covid-19 [13] e as datas previstas [14]. O PNI está cercado de controvérsias, como a inclusão de assinatura de pesquisadores sem consultá-los [veja aqui], depois silenciando-os em reunião [veja aqui], e a exclusão de pessoas presas do grupo prioritário [veja aqui]. O governo também atrasou a entrega de vacinas e culpabilizou governadores por problemas de logística [veja aqui], depois de cancelar reunião com os mesmos [veja aqui]. O presidente Jair Bolsonaro frequentemente minimiza o atraso da vacinação no país [veja aqui], travou diversos embates com o Governador João Dória acerca da vacina desenvolvida pelo Butantã com parceria com laboratório chinês [veja aqui] [veja aqui], suspendeu testes e comemorou a ‘vitória’ contra o governador de São Paulo pela suspensão temporária de testes da vacina [veja aqui] [veja aqui] e criticou a eficácia do imunizante [veja aqui]. Além disso, o presidente já desacreditou vacinas [veja aqui], disse que a vacinação não seria obrigatória [veja aqui], desautorizou sua compra [veja aqui] e chegou a elencar possíveis efeitos colaterais da aplicação destas, dizendo que não se responsabilizaria se pessoas virassem ‘jacarés’. [veja aqui].

Leia mais sobre os problemas no calendário de vacinação contra a covid-19, os riscos das interrupções no calendário, divergência entre governadores na adoção de um plano de combate à pandemia e ouça um podcast que aborda a desorganização dos grupos prioritários.

19 abr 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro da Saúde anuncia novo protocolo para uso de medicamentos a pacientes com covid-19, dentre eles, a cloroquina, comprovadamente ineficaz

Tema(s)
Ciência, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou protocolos para unificar as diretrizes do tratamento hospitalar contra Covid-19[1]. Segundo Queiroga medicamentos como cloroquina, que não tem eficácia comprovada, serão incluídos na lista de remédios que integram um dos protocolos desenvolvidos pelo MS [2]. Diretrizes sobre a utilização racional de medicamentos para a intubação como sedativos, relaxantes neuromusculares, e até oxigênio também foram anunciados, devido à escassez no Sistema Único de Saúde (SUS) [3]. Os anúncios referentes às novas medidas foram feitos nos dias 23 e 24 de maio [4] [5]. O Ministro da Saúde, diz que os medicamentos listados nos protocolos já são usados pelos médicos em todo o país, incluindo aqueles que integram o chamado ‘tratamento precoce’ [6]. Questionado sobre a cloroquina, o ministro diz que existem estudos ‘observacionais’ para embasar a escolha, porém não apresentou qualquer dado científico sobre eles [7]. Pouco mais de uma semana após o anúncio do ministro, a equipe técnica do Ministério da Saúde (MS) liderada por professor de medicina da Universidade de São Paulo (USP), contraindica o uso de medicamentos como a cloroquina e ivermectina para o tratamento da covid-19 em parecer interno do MS [8]. O núcleo técnico do MS substituiu os medicamentos, que tiveram o uso amplamente incentivado pelo governo federal [veja aqui], [veja aqui], por corticoides e anti coagulantes [9]. Fontes afirmam que dentro do MS o argumento para o cortar a hidroxicloroquina dos protocolos é que mesmo se o governo federal quisesse não seria possível oficializar a sugestão do medicamento para a covid-19, pois pois na bula, não existe menção ao seu uso no tratamento de infecções virais [10]. Após a circulação do corte do medicamento nos protocolos, o MS retirou de seu site a cloroquina como indicação de tratamento para a covid -19 [11].

Leia análise sobre a ineficácia da cloroquina no combate a covid-19.

24 abr 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro da Economia diz que ‘o chinês inventou o vírus’, a despeito de já ser comprovado a impossibilidade da covid-19 ser uma criação laboratorial

Tema(s)
Negacionismo, Raça e etnia, Saúde, Xenofobia
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Paulo Guedes, ministro da Economia, diz que os chineses criaram a covid-19, que as vacinas desenvolvidas por eles são menos eficazes que as produzidas por laboratórios estadunidenses e ainda afirma que a vacina da Pfizer é ‘melhor que todas as outras’ [1]. A declaração é dada em uma reunião do Conselho de Saúde Suplementar, que estava sendo transmitida nas redes sociais sem que o ministro da Economia soubesse [2]. Na mesma ocasião, ele critica a concessão de financiamento estudantil a estudantes de baixa renda [veja aqui] e a alta expectativa de vida da população [veja aqui]. O ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, também afirma na reunião que prefere tomar a vacina Astrazeneca à Coronavac, desenvolvida por uma farmacêutica chinesa [3]. Após a repercussão das falas ditas na reunião, Guedes pede desculpas por ‘usar uma imagem infeliz’ e declara que foi vacinado com a Coronavac [4]. A declaração de Guedes vai em sentido contrário ao afirmado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que considera ‘extremamente improvável’ a possibilidade de criação do vírus em um laboratório [5]. Os ataques xenófobos e desrespeitosos a China pela ala bolsonarista se tornaram frequentes após o início da pandemia da covid-19: o Deputado Federal Eduardo Bolsonaro em um tweet criticou a gestão chinesa sobre a pandemia e gerou uma crise diplomática com o país [veja aqui]; o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub satirizou o sotaque chinês e insinuou que a China se beneficiou da pandemia [veja aqui]; o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo chamou a covid-19 de ‘comunavírus’ [veja aqui]. Já o presidente Jair Bolsonaro comemorou a suspensão temporária da Coronavac [veja aqui] e desautorizou a compra do imunizante pelo Ministério da Saúde [veja aqui], ação revertida posteriormente. Em 05/05, ele reafirma que o vírus é fruto de experimentos laboratoriais com intuito de ser usado como arma em uma ‘guerra química’ pela China [6].

Leia sobre como as ofensas discriminatórias contra a China tornam as relações com o Brasil instáveis.

27 abr 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro da Economia atribui falência do Estado na área da saúde à alta expectativa de vida da população

Tema(s)
Orçamento, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirma que o ‘Estado quebrou’ porque há uma alta procura pelo serviço público em contrapartida à capacidade disponível e vincula a questão à alta expectativa de vida da população brasileira [1]. A declaração é feita durante a reunião do Conselho de Saúde Complementar [2]. Ele destaca que não foi a pandemia da covid-19 que colapsou o atendimento do setor público, mas sim o ‘avanço da medicina’ e ‘o direito à vida’ [3]. Guedes diz que não há capacidade de investimento que o Estado consiga acompanhar em atendimentos médicos se a população viver mais de 100 anos [4]. Em período anterior à pandemia da covid-19, um estudo da Secretaria do Tesouro Nacional já afirmava a necessidade de haver gastos adicionais em saúde entre os anos de 2020 e 2027 tendo em vista o envelhecimento da população, uma vez que a maior idade demanda de forma proporcional mais serviços de saúde [5]. Entretanto, a regra do teto de gastos que impediu o aumento das despesas em saúde em 2019 – antes da pandemia – paralisou cerca de R$ 9,05 bilhões para investimentos na área da saúde [6]. Na mesma ocasião, ele criticou a concessão de bolsas ao ensino superior a classes mais baixas [veja aqui].

Leia análises sobre a redução da expectativa de vida dos brasileiros em face da pandemia da covid-19, seu o impacto na formulação de políticas públicas e sobre as declarações feitas pelo ministro da Economia.

27 abr 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Casa Civil prepara lista com possíveis defesas a acusações feitas em CPI sobre conduta do governo, o que pode configurar crime de responsabilidade

Tema(s)
Administração, Economia, Negacionismo, Povos indígenas, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O ministério da Casa Civil envia para 13 ministérios do governo, uma lista com 23 acusações e críticas à atuação do governo federal [1] que podem ser levantadas na CPI da covid-19 [veja aqui] [2]. O intuito da tabela é que os ministérios produzam respostas a respeito dos temas possivelmente criticados e retornem isto à Casa Civil [3]. Os itens são relacionados de acordo com as pastas de governo, sendo o ministério da Saúde o mais sobrecarregado, com 20 temas vinculados [4]. O ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, afirma para veículos de imprensa que a lista é fruto de um movimento deflagrado pelo governo federal para se defender na CPI da covid-19 [5]. Especialista aponta crime de responsabilidade nos itens expostos pela lista da Casa Civil e afirma que: ‘(…) não importa conseguir comprovar uma ou dez situações em que houve infração (…) Se um crime de responsabilidade estiver bem caracterizado, já tem o mesmo efeito: perda de mandato’ [6]. Entre as afirmações que poderiam surgir ao longo da CPI estão elencadas a negligência do governo em adquirir a Coronavac [veja aqui] e o descrédito a eficácia da vacina chinesa [veja aqui] [veja aqui], a recusa às doses da vacina Pfizer [veja aqui], as constantes ações do governo em minimizar a pandemia [veja aqui] [veja aqui] e incentivar o descumprimento das medidas de distanciamento social [veja aqui] [veja aqui]. A lista também engloba os atos relacionados a promoção do tratamento precoce sem evidências científicas pelo governo [veja aqui] [veja aqui], a militarização do ministério da Saúde [veja aqui] [veja aqui], a demora para o pagamento do auxílio-emergencial [veja aqui], o genocídio indígena [veja aqui] e a ineficiência do governo em prover um combate eficaz a covid-19 [veja aqui] [veja aqui]. A listagem de possíveis ações e omissões do Estado, ocorre em meio a tentativas de Bolsonaro e da ala Bolsonarista de sabotar a CPI da covid-19 [7]: em 11/04 um áudio do presidente da República é divulgado nas redes sociais, onde ele afirma que a CPI deve investigar os prefeitos e governadores; Bolsonaro também diz temer uma ‘relatoria sacana’ com intuito de ‘perseguir somente o governo federal’ [veja aqui]. Em 27/04, a deputada federal Carla Zambelli (PSL), aliada de Bolsonaro, tentou barrar a relatoria do senador Renan Calheiros (MDB-AL) na CPI da covid-19 [veja aqui].

Leia sobre as investidas fracassadas do governo federal com o intuito de barrar a CPI da covid-19 e entenda quais são os pontos principais investigados pela comissão.

28 abr 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministério da Saúde recomenda a distribuição de ‘kit covid’ a indígenas

Tema(s)
Povos indígenas, Saúde
Medidas de emergência
Restrição a direitos fundamentais

Ministério da Saúde (MS) recomenda que comunidades indígenas usem o ‘kit covid’ para o tratamento do coronavírus, fato que é investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 [1]. Apuração da imprensa desta data obteve acesso a ofício do MS com informações da Secretaria Especial de Saúde Indígena, órgão vinculado à pasta, recomendando o ‘kit-covid’ para todos indígenas que apresentassem sintomas da infecção pelo coronavírus [2]. O documento foi distribuído pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) de Vilhena no estado de Rondônia (RO), a coordenadores da Fundação Nacional do Índio (Funai) e lideranças indígenas de 144 aldeias da Amazônia [3]. O ‘kit’ é composto de medicamentos que não possuem eficácia comprovada contra a doença como cloroquina e ivermectina, ambos desaconselhados pela Organização Mundial de Saúde OMS nestes casos [4]. Questionado pela CPI sobre a orientação do MS em distribuir o ‘kit covid’ para aldeias indígenas, o ex-ministro da saúde Nelson Teich diz que desconhecia o fato e se soubesse de tal medida ‘não deixaria’ se concretizar [5].O MS contabiliza cerca de 9.632 casos confirmados de covid-19 entre os indígenas e 198 óbitos [6]. Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) afirma que este quantitativo está subdimensionado e calcula 461 mortos e mais de 13 mil infectados nas comunidade [7].

Leia sobre a negligência do governo federal no combate à pandemia dentro de comunidades indígenas.

29 abr 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministro da Justiça sugere enviesamento da CPI da covid, que não olharia para abusos em estados

Tema(s)
Administração, Posicionamento político, Saúde
Medidas de emergência, Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

Ministro da Justiça, Anderson Torres, sugere que Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 não olha para abusos cometidos em estados desde o início da pandemia e afirma que vai solicitar à Polícia Federal informações sobre os inquéritos que envolvem governadores em desvios de dinheiro na área da saúde [1]. Em entrevista, o ministro diz que é necessário ‘seguir o dinheiro’, pois a maioria das ações de combate à pandemia da covid-19 teria sido realizada com recursos destinados aos estados e liberados pelo governo federal [2]. Na ocasião, Torres questiona ainda se a investigação da CPI vai se limitar ao governo federal, uma vez que, segundo o próprio ministro, há várias investigações de irregularidades em andamento nos estados [3]. Como reação às declarações, o vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apresenta requerimento ao colegiado para que o ministro seja convocado a depor e esclarecer suas declarações [4]. O senador menciona o uso político da Polícia Federal pelo ministro e questiona se a investigação abrangerá também o Distrito Federal (DF), já que o ministro foi secretário de Segurança Pública do DF em período sob investigação por irregularidades em contratações emergenciais [5]. Em período anterior, o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, acusou o presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal [veja aqui].

30 abr 2021
Mês Filtros