O Presidente Jair Bolsonaro pressiona ministros da saúde e outros profissionais da pasta para recomendar a cloroquina no tratamento da covid-19, conforme série de levantamentos feitos a partir dos depoimentos na CPI da covid-19 [1]. Nesta data, o ex-ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta afirma que durante a sua gestão foi apresentado a uma sugestão de decreto para alterar a bula da cloroquina e incluir entre suas recomendações o uso para o tratamento da covid-19 [2]. A proposta não avançou, diante da recusa do presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, e do então ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira [3]. No dia seguinte, Nelson Teich presta depoimento à CPI da covid-19 [4]. Teich diz que sua saída se deu por divergências com Bolsonaro sobre medidas de combater ao coronavírus, dentre elas o uso da cloroquina no tratamento da doença[5]. No dia 06/05/2021, o atual ministro da saúde Marcelo Queiroga, é questionado diversas vezes pela CPI sobre sua concordância com o presidente em relação à indicação da cloroquina para tratamento da covid-19 [6]. Queiroga se esquivadas perguntas sobre o assunto, dizendo que é mera testemunha e não deveria emitir ‘juízo de valor’ [7]. Em 11/05/2021, durante depoimento à CPI, o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, confirma a informação de Mandetta de que teria participado de reunião no Palácio do Planalto onde foi cogitada a possibilidade de mudar a bula da cloroquina para a inclusão do medicamento no tratamento da covid-19 [8], possibilidade rejeitada prontamente [9]. Entre 19 e 20/05, o ex-ministro Eduardo Pazuello depõe, defendendo nunca ter recebido ‘ordens diretas’ do presidente ou recomendado cloroquina, apenas ter defendido a ‘liberdade dos médicos’ [10]. O relator da CPI, Renan Calheiros, aponta ao menos 15 ‘mentiras’ no depoimento de Pazuello [11]. Nas semanas seguintes, vem a público a informação de que o tenente-médico Luciano Dias Azevedo teria preparado um rascunho do decreto para alterar a bula da cloroquina, tendo apresentado isso ao presidente em 20/04/2020 [12]. Além disso, a secretária do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro – conhecida como “capitã cloroquina”- confirma a orientação estatal para a disseminação do tratamento precoce [13]. Barra Torres disse que rejeitou prontamente a ideia por, ‘não ter cabimento’ [14]. Em janeiro deste ano o MS, sob o comando de Eduardo Pazuello, pressionou a prefeitura de Manaus (AM) a distribuir medicamentos sem eficácia comprovada, dentre os dos quais a cloroquina também fazia parte, em meio a crise no sistema de saúde da cidade por falta de oxigênio [veja aqui]. Para o senador Humberto Costa (PT-PE), membro da CPI, existe uma postura deliberada de sabotar essas medidas tomadas pelo Ministério da Saúde, numa linha de deixar a disseminação do vírus, buscando a ‘imunidade de rebanho’ [15]. Em 2020. o governo federal pagou cerca de 500% a mais do que em 2019 por insumos importados da índia para a produzir a cloroquina [16].Em maio de 2021, Documentos da Casa Civil da Presidência da República entregues à CPI da Covid, mostram que mostram que ocorreram pelo menos 24 reuniões com atuação de ‘ministério paralelo’, ou seja, pessoas fora do MS envolvidas na gestão da pandemia e que atuavam inclusive no aconselhamento do presidente Jair Bolsonaro em relação às medidas sanitárias a serem tomadas durante a pandemia [17]. O diretor do Butantan, Dimas Covas, diz à CPI que Bolsonaro poderia ter evitado 80 mil mortes se não tivesse se recusado a assinar acordo de compra de vacinas em outubro de 2020 [18].
Leia sobre como o governo federal distribuiu a cloroquina em todo o Brasil, a trajetória do uso do medicamento na crise brasileira, a investida a seu favor pelas lentes de Mayra Pinheiro e veja pontos-chave dos depoimentos de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich.
Justiça anula o decreto da Prefeitura do Rio de Janeiro (RJ) que instaurava medidas restritivas de circulação para o combate da covid-19 [1]. A decisão se dá em ação ajuizada pelo deputado estadual Anderson Moraes (PSL), que requeria a suspensão das medidas restritivas sob justificativa de que estas violam os direitos fundamentais dos cidadãos e que são ‘arbitrárias, abusivas e inconstitucionais’ [2]. A magistrada responsável pelo caso não só suspende a validade do decreto vigente, mas também impede ‘eventuais futuros decretos’ que dissertem sobre restrições a circulações de pessoas e fechamento de comércios [3]. Dentre as medidas suspensas, estão a proibição do funcionamento de boates, rodas de samba, salões de dança, entrada de ônibus fretados na cidade e o toque de recolher de 23h às 5h [4]. A anulação ocorre no dia que o estado do Rio de Janeiro tem o segundo maior recorde de novos casos de toda a pandemia e 350 novas mortes [5]. Ademais, já foi comprovado cientificamente que as medidas restritivas reduzem consideravelmente a transmissão do vírus [6]. Em 20/04, a mesma juíza havia suspendido quatro decretos da Prefeitura do RJ sobre ações de combate a covid-19 [7]. A presidente do Instituto Questão de Ciência discorda da decisão judicial e afirma que: ‘(…) impedir que pessoas se encontrem vai com certeza impedir que pessoas transmitam o vírus para outras pessoas’ [8]. A anulação das ações de combate a covid-19 no RJ segue a mesma linha de decisão judicial do Distrito Federal, que estabeleceu o afrouxamento das medidas de distanciamento social em meio a alta de casos e mortes [veja aqui]. Horas depois da decisão, o presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro a derruba e determina a retomada das medidas restritivas na capital carioca [9].
Leia sobre o como as medidas de restrições oferecem resultados positivos no combate a covid-19 e ouça como elas são as principais ações no enfrentamento ao vírus.
O agora ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, usou o Itamaraty para garantir o fornecimento de cloroquina ao Brasil, remédio comprovadamente ineficaz no tratamento contra a covid-19 segundo apuração da imprensa desta data [1].Telegramas diplomáticos obtidos pela imprensa mostram que mesmo após o medicamento ser considerado ineficaz pela Organização Mundial de Saúde, o ex-chanceler mobilizou o aparato diplomático para adquiri-lo desde março do ano passado [2]. Questionado sobre o assunto durante a Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI), Araújo afirmou que em março de 2020 havia expectativa de que a cloroquina fosse eficaz para o tratamento da covid-19, e ‘em função de um pedido do Ministério da Saúde’ (MS) [3], e da atuação direta do presidente Jair Bolsonaro, o Itamaraty tentou ‘viabilizar a importação do insumo para farmacêuticas brasileiras’ [4]. A mobilização se deu desde o dia 26/03/2020, quando Bolsonaro anunciou na cúpula do G-20 que hospitais brasileiros apresentaram ‘testes bem sucedidos’ com a droga, ainda que fosse mentira[5]. No mesmo dia, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) pediu, por telegrama, que diplomatas tentassem ‘sensibilizar o governo indiano para a urgência do medicamento’ [6]. As tentativas de adquirir a hidroxicloroquina cloroquina junto ao governo indiano se repetiram inúmeras vezes durante o mês seguinte e, somando-se a esses esforços, o MRE também pediu apoio a uma farmacêutica brasileira para impor-lá [7]. Em 19/04/2021, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e a Associação de Medicina Intensiva Brasileira desaconselharam o uso da cloroquina contra a covid-19, apontando também efeitos colaterais graves – em novembro, a SBI chegou até a ser interrogada pelo Ministério Público sobre isso [veja aqui]; mesmo assim, o Itamaraty continuou acionando o seu corpo diplomático para garantir o fornecimento do medicamento [8]. Questionado sobre a adesão do Brasil ao consórcio Covax Facility-iniciativa global de distribuição equitativa de vacinas contra o novo coronavírus, Araújo afirma que nunca foi contra a participação do país e que a decisão de aderir apenas com a cota mínima, que garante doses para 10% da população (mesmo havendo possibilidade de elevar esse percentual até 50%), foi uma decisão do Ministério da Saúde [9].Segundo apuração da imprensa o Itamaraty criou um grupo de trabalho para intensificar o combate à covid 19, só em 12/ 04/ 2021, mais de um ano após o início da pandemia [10]. Documentos revelados em maio de 2021, pela Agência Fiquem Sabendo, mostram não apenas a intermediação do Ministério das Relações Exteriores para compra de cloroquina da Índia, como a tentativa de manter as negociações em segredo mediante suposto sigilo industrial [11]. Em 15/06 a plataforma Fiquem Sabendo divulgou que teve acesso a documentos que apontam o Itamaraty como responsável por ocultar telegramas que mostram apoio de Bolsonaro à importação de cloroquina [12].
Leia análise sobre as possíveis consequências da CPI da covid para o governo federal.
Ministério da Saúde (MS) mantém orientação para uso de cloroquina, remédio sem eficácia comprovada, para ‘tratamento precoce’ contra a covid-19 em seu site institucional, segundo apuração da imprensa nesta data [1]. No dia 06/05, o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou na CPI da covid-19 não haver recomendação ou distribuição para uso do medicamento no MS [2] [3]. No dia 12/02, o MS apaga os protocolos remanescentes que recomendavam o uso do medicamento [4]. A cloroquina e os demais medicamentos do ‘kit covid’ eram indicados desde maio de 2020 [veja aqui], e sua compra foi priorizada em detrimento de ‘kit intubação’ em diversas ocasiões [veja aqui]. No mês passado, Queiroga anunciou novo protocolo, que inclui cloroquina, para tratamento da covid-19 [veja aqui]. Em ocasiões passadas, A Casa Civil também preparou os ministérios do governo para se defenderem de acusações na CPI da covid-19 [veja aqui] e elencou a promoção do tratamento precoce [veja aqui] [veja aqui]. A comissão foi instalada para investigar a condução da pandemia pelo governo federal [veja aqui], e Bolsonaro a criticou sugerindo se tratar de perseguição política [veja aqui], afirmou que ‘não precisamos de um conflito’ [veja aqui] e pediu para que críticos do remédio na CPI ‘não encham o saco’ [5].
Leia análises sobre como o governo tentar esconder o apoio à cloroquina, falas negacionistas do presidente e demais pontos investigados pela CPI da covid-19 e a ineficácia dos medicamentos do ‘kit covid’.
O gerente-geral da Pfizer na América Latina confirma em depoimento à CPI da covid-19 que o governo apenas fechou o contrato de compra de vacinas na sétima proposta de venda [1]. Segundo ele foram cinco propostas em 2020 e duas em 2021; a falta de acordo impediu que fossem aplicadas doses no primeiro trimestre desse ano [2], e o país poderia ter recebido 4,5 milhões de doses a mais do imunizante [3]. O ex-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom), Fabio Wajngarten, afirma que uma carta da Pfizer foi ignorada pelo governo por pelo menos dois meses [4]; seu depoimento à CPI da covid-19 foi cercado de controvérsias [5] e o relator da comissão, Renan Calheiros, defende sua prisão [6]. Já o Ministério da Saúde admite que tem milhões de testes para covid-19 estocados e com prazo de validade para esse mês [7] [8]. Nas últimas semanas, a Casa Civil preparou os ministérios para se defenderem de acusações na CPI da covid-19, dentre eles a recusa de doses da Pfizer [veja aqui]. A comissão, instalada para investigar a condução da pandemia pelo governo federal [veja aqui] foi criticada por Bolsonaro, que sugeriu ser uma perseguição política [veja aqui] e afirmou que não precisamos de um conflito [veja aqui]; além disso, o ministro da Justiça sugeriu que a comissão não olha os abusos cometidos nos estados durante a pandemia [veja aqui]. Pfizer envia emails à CPI da covid-19 mostrando que o governo fez contraproposta para a compra de vacinas em dezembro [9].
Leia como a demora em tratativas com a Pfizer prejudicou o PNI.
Apenas após 1 ano e 2 meses do início da pandemia no Brasil, grupo técnico do Ministério da Saúde (MS) emite, pela primeira vez, parecer contraindicando o uso de cloroquina, hidroxicloroquina e outros medicamentos comprovadamente ineficazes em pacientes hospitalizados com covid-19 [1]. O documento elaborado traz diversos estudos que evidenciam a ineficácia dos medicamentos para tratamento de casos leves e em quadros mais graves da doença [2]. O novo parecer do MS indica o uso de dexametasona e tocilizumabe, remédios que podem ser utilizados em casos específicos diante de orientações médicas, como nos casos de pacientes em uso de oxigênio [3]. O documento é avaliado e recebe parecer favorável da Conitec, órgão consultivo do MS responsável pela inclusão de medicamentos e protocolos de tratamentos do SUS [4]. Antes disso, a pasta tinha documentos que recomendavam o uso de drogas como a cloroquina, a ivermectina e a azitromicina [5], em contraposição a estudos científicos e recomendações da OMS que já comprovaram a ineficácia de tais medicamentos no tratamento do coronavírus [veja aqui], [veja aqui]. Ainda assim, o presidente Jair Bolsonaro pressionou o MS para aprovação de protocolo para uso do medicamento no ‘tratamento precoce’ [veja aqui], e a Anvisa para facilitar a aquisição da droga [veja aqui], medida essa que quintuplicou, a oferta de cloroquina e hidroxicloroquina aos Estados e Municípios [veja aqui].
Em ofício [1] enviado à CPI da covid-19, Ministério da Economia afirma que não destinou recursos ao combate à pandemia no projeto de orçamento de 2021 por não prever o crescimento dela [2], fato que o ministro da pasta, Paulo Guedes, atribui a ‘um engano’ [3]. Contudo, desde o envio do projeto ao Congresso Nacional (CN), em 31/8/20 [4], o país registrou mais de 300 mil mortes por covid-19 [5]. No documento, o ministério justifica que o governo optou por continuar utilizando créditos extraordinários para financiar o combate ao coronavírus [6]. Entretanto, esta modalidade de verba, que não passa pela aprovação do Congresso Nacional e não é considerada na aferição do teto de gastos da EC 95/2016, é destinada a despesas imprevisíveis, o que não é o caso do combate à pandemia [7]. Na mídia [8], a não alocação de recursos é relacionada à acomodação de verbas de emendas parlamentares, para as quais existia um orçamento ‘secreto’ no valor de R$3 bilhões, usados pelo governo para obter o apoio do Congresso Nacional (CN), conforme apuração jornalística de 8/5/21 [veja aqui]. O orçamento de 2021, que cortou R$2,3 bilhões da saúde, tem sido alvo de críticas também devido ao grande atraso de sua aprovação e as reduções orçamentárias na pasta do meio ambiente [veja aqui] [veja aqui], corte de verbas das universidades federais [veja aqui] e redução do orçamento do Ministério da Educação [veja aqui].
Leia análises acerca da relação entre o orçamento de 2021 e a pandemia da covid-19, também sobre a imprevisibilidade de despesas e os créditos extraordinários.
Como no mês [veja aqui], e na semana [veja aqui] anteriores, o presidente da República, Jair Bolsonaro, descreditou recomendações médicas e sanitárias. Em 08/05, Bolsonaro divulga vídeo onde anda de moto, sem capacete e sem máscara, em alta velocidade, com o empresário Luciano Hang [1]. O vídeo ocorre após evento no Distrito de Abunã, em Rondônia [2]. Ainda em 08/05, Bolsonaro volta a defender a hidroxicloroquina, remédio ineficaz contra a covid-19 [3], afirmando que irá divulgar vídeo em que seus ministros irão apoia-lo, dizendo que já tomaram o remédio [4]. Em 09/05, Bolsonaro passeia de moto com apoiadores, em Brasília [5]. Além de o evento ter gerado aglomeração, o presidente cumprimenta ao menos 160 apoiadores, sem a utilização de máscara de proteção [6] [7]. Entre 08/05 e 14/05, o número de infectados pela covid-19 no país subiu de 15.150.628 [8] para 15.521.313 casos [9] e as mortes atingiram o patamar de 432.785 pessoas [10], de acordo com dados do consórcio de veículos da imprensa.
Leia estudos que mostram que a covid-19 mata mais nas regiões em que o presidente Jair Bolsonaro teve maior votação.
O deputado federal Giovani Cherini (PL-RS) afirma que o ex-prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), teve o câncer agravado e morte prematura decorrente da ‘máscara que ele usou durante a campanha eleitoral’ [1]. A declaração do deputado ocorre em meio a discurso crítico ao uso obrigatório de máscaras em espaços públicos, durante sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) [2]. ‘Eu também defendo a ciência. Só que eu defendo que as pessoas respirem e nós vamos ter uma matança de gente por usar máscara em praça, praia, dentro do carro sozinho (…)’, completa Cherini [3]. A despeito de já ser comprovado que o uso de máscaras é eficiente na diminuição do número de gotículas expelidas pelo nariz e boca, além de também serem eficazes na filtragem das partículas da covid-19 [4]. Diante das declarações negacionistas do deputado, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) cobra censura verbal da presidência da comissão sobre a fala [5]. A presidente da CCJ, deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF), nega o pedido de censura verbal e afirma que ‘o deputado Cherini deu a opinião dele’ [6]. Já a deputada Fernanda Melchiona (PSOL-RS) também discorda da declaração e a caracteriza como ‘um crime contra a saúde pública e a memória do prefeito Bruno Covas’ [7]. A declaração de Cherini vai ao encontro das movimentações constantes do presidente Bolsonaro e de sua base de apoio: em 11/03, Eduardo Bolsonaro rechaçou o uso de máscara [veja aqui]. Em 2020, Bolsonaro vetou deliberação legal que tornava obrigatório o uso de máscaras para conter a transmissão da covid-19 [veja aqui]; ademais, ele frequentemente é flagrado em aglomerações desencorajando as medidas restritivas de circulação e a utilização de máscaras [veja aqui] [veja aqui].
Leia sobre a necessidade do uso de máscaras e das medidas de distanciamento social como forma de barrar a transmissão da covid-19 por gotículas de saliva e aerossóis.
O presidente Jair Bolsonaro ignora 4 notas técnicas do Ministério da Saúde (MS) e continua a recomendar a vitamina D como forma de prevenção contra a covid-19, mesmo que a sua eficiência no tratamento da doença não tenha sido comprovada, conforme mostra apuração jornalística desta data [1]. A primeira nota do MS foi publicada em 08/04/20 e afirma não haver ‘evidência científica sobre a eficácia da suplementação de vitamina D na prevenção’ e nem sobre sua falta levar ao agravamento das infecções de covid-19 [2]. Essa nota foi publicada após Bolsonaro determinar que anularia os impostos para vitamina D, hidroxicloroquina e azitromicina, medicamentos que ele defendia serem eficientes contra a doença [3] [veja aqui]. Apesar da orientação do MS, que em maio e setembro de 2020 publicou novas notas sobre a ineficácia da vitamina D [4], Bolsonaro continua a recomendar a vitamina, tendo inclusive, em dezembro, criticado as medidas de isolamento social que impediriam as pessoas de tomar sol e assim se protegerem da doença [5]. Em março de 2021, o MS publicou a quarta nota técnica sobre o tema afirmando que os estudos atuais são insuficientes para determinar a relação entre a vitamina D e a covid-19 [6]. Além disso, um estudo que aprovava o uso da vitamina D para o tratamento da doença foi retirado do ar devido a erros metodológicos da pesquisa [7]. Em 31/03/21, o presidente critica o fechamento das praias do Rio Janeiro e exalta novamente a importância da vitamina D [8]. Mesmo após mais de um ano de pandemia no Brasil e 450 mil mortos [9], Bolsonaro permanece desrespeitando as recomendações sanitárias contra a covid-19 [veja aqui] e o seu governo persiste em recomendar medicamentos comprovadamente ineficazes contra a doença, como a hidroxicloroquina [veja aqui] [veja aqui].
Leia a nota do MS sobre o uso da vitamina D contra a covid-19.