Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Desde o início da pandemia, Bolsonaro fez ao menos uma publicação por semana em defesa do ‘tratamento precoce’

Tema(s)
Negacionismo, Posicionamento político, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O presidente Jair Bolsonaro defende, desde o início da pandemia, cerca de uma vez por semana o ‘tratamento precoce’ contra a covid-19, segundo apuração de imprensa desta data [1]. O presidente também utiliza nomes de médicos, instituições e o Ministério da Saúde em suas contas em redes sociais para defender o uso da cloroquina e do ‘tratamento precoce’ [2], que não têm eficácia comprovada [3]. Além disso, mensagens propagadas por Bolsonaro e seus seguidores em redes sociais contrárias à Coronavac disseminaram dúvidas e atrasaram o desenvolvimento da vacina [4]. Outro remédio sem eficácia comprovada e defendido no ‘tratamento precoce’ teve receita com a venda aumentada em 1.272% no último ano [5]. Bolsonaro defende o uso da cloroquina desde o início da pandemia [veja aqui] – tornando-a uma política de governo [6], desacredita recomendações médicas e sanitárias de forma sistemática [veja aqui], se posicionou de forma contrária às vacinas em diversas ocasiões [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui] e foi negligente em comprar vacinas para combater a pandemia [veja aqui]. Além disso, no seu governo, o Ministério da Saúde também defendeu o uso do fármaco durante um ano e dois meses de pandemia [veja aqui], forneceu mais ‘kit covid’ – combinação de remédios sem eficácia comprovada para o combate a doença, entre eles a cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina [7] – do que ‘kit intubação’ aos Estados [veja aqui], recomentou a distribuição do ‘kit covid’ a indígenas [veja aqui] e culpabilizou a não adoção de ‘tratamento precoce’ como causa responsável pelo colapso sanitário em Manaus [veja aqui]. Além disso, O exército utilizou verba originalmente destinada para vacinas para a compra de cloroquina . O Ministério da Casa Civil preparou um documento para que o governo se defenda na CPI da covid-19 [veja aqui], citando negligência do governo em adquirir a Coronavac [veja aqui], o descrédito a eficácia de tal vacina c [veja aqui] [veja aqui], a recusa às doses da vacina Pfizer [veja aqui], as constantes ações do governo em minimizar a pandemia [veja aqui] e incentivar o descumprimento das medidas de distanciamento social [veja aqui] [veja aqui], a promoção do tratamento precoce sem evidências científicas pelo governo [veja aqui] [veja aqui] e a ineficiência do governo em prover um combate eficaz a covid-19 [veja aqui] [veja aqui]. Nesta data, O país ultrapassa 473,4 mil mortes pela covid-19 [8].

Veja mais sobre a distribuição de cloroquina pelo Governo Federal.

23 maio 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro recomenda chá para combater a covid-19 e faz comentário homofóbico

Tema(s)
Gênero e orientação sexual, Negacionismo, Saúde
Medidas de emergência
Flexibilização de controle

Em sua live semanal, o presidente Jair Bolsonaro critica a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, faz comentário homofóbico sobre o vice-presidente da comissão e recomenda chá para combater a covid-19 [1]. O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, depõe na CPI da covid e diz que Bolsonaro recusou 100 milhões de doses da vacina Coronavac em outubro de 2020; estima-se que com essas vacinas mais 80 mil mortes poderiam ter sido evitadas [2] [veja aqui]. Anteriormente, o representante da Pfizer também disse que houve demora na negociação das vacinas com o governo, que apenas fechou o contrato na sétima proposta da empresa [veja aqui]. Durante a live Bolsonaro diz que os indígenas evitaram morte por covid tomando chá de raízes e compara com a hidroxicloroquina – remédio sem eficácia contra a doença [3] – , ‘não mata, pessoal. Não mata. Assim como esse chá aqui não mata’ [4]. O presidente critica o projeto de lei (PL) apresentado pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, que tipifica como crime a prescrição de remédios sem comprovação científica e afirma que o propósito do PL era lhe atingir [5]. Bolsonaro também menciona o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), referindo-se a ele no feminino e fazendo comentário homofóbico relacionado ao requerimento apresentado pelo senador para convocar o presidente para a CPI, ‘agora, tem uma saltitante na comissão que queria me convocar. É brincadeira, né? Ô, saltitante, está de brincadeira’ [6]. Por fim, o presidente volta a questionar a necessidade do isolamento social, ‘ninguém aguenta mais esses lockdowns, estes isolamentos por aí.’ [7]. Neste mesmo dia, Bolsonaro aciona o Supremo Tribunal Federal a fim de suspender os decretos de lockdown e toque de recolher em Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Norte [8] [veja aqui]. Em 26/05, o YouTube removeu mais de 12 vídeos feitos por Bolsonaro da plataformas, pois eles violavam a regra que proíbe a circulação de conteúdos que indicam o uso da ivermectina ou hidroxicloroquina contra a Covid-19 [9]. Em 31/05 a vereadora Erika Hilton (PSOL-SP) e o deputado distrital Fábio Felix (PSOL), pedem à Procuradoria-Geral da União que investigue o presidente Bolsonaro por homofobia devido ao uso da expressão ‘saltitante’ ao se referir ao senador Randolfe [10]. O Brasil, já contabiliza mais de 470 mil mortos por covid [11]; muitas vidas poderiam ter sido salvas se o governo federal não tivesse duvidado da eficiência das vacinas [veja aqui] [veja aqui] e nem negligenciado sua compra [veja aqui]. O presidente continuamente desrespeita as medidas sanitárias [veja aqui] e recomenda a população medicamentos ineficientes contra a covid-19 [veja aqui].

27 maio 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Durante período crítico da pandemia, Bolsonaro confirma realização da Copa América no Brasil

Tema(s)
Negacionismo, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O presidente Jair Bolsonaro confirma a realização da Copa América 2021 no Brasil [1]. Bolsonaro afirma que: ‘No que depender de mim, de todos os ministros, inclusive o da Saúde (Marcelo Queiroga), está acertado. Haverá [o torneio]’, mesmo em meio a período crítico da pandemia [2]. O anúncio é feito um dia após o país ser escolhido pela Conmebol como a nova sede do torneio de futebol entre as seleções da América do Sul [3]. O presidente defende a realização do torneio de futebol visto que outros campeonatos estão sendo disputados no Brasil mesmo com a crise sanitária causada pela covid-19, e afirma que ‘desde o começo estou dizendo por ocasião da pandemia: lamento as mortes, mas nós temos que viver’ [4]. Após o anúncio, o ministro da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos, declara que os jogos serão realizados nos estados do Rio de Janeiro, Mato Grosso, Goiás e no Distrito Federal [5] Questionado sobre a realização da Copa América, durante a CPI da covid, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, diz que o evento não gera risco adicional de contaminação pelo novo coronavírus [6]. A Organização Mundial de Saúde (OMS) pede que o Brasil avalie os riscos de sediar a Copa América [7]. Especialistas se manifestam contra a realização do evento esportivo por envolver riscos devido o aumento de viagens dentro do país, possibilidades de importação de novas variantes e aumento da taxa de contágio [8]. Em meio a preocupações com a situação sanitária, a Argentina e a Colômbia desistiram de sediar o torneio [9]. O Supremo Tribunal Federal (STF) analisa 03 pedidos de suspensão da Copa América no Brasil [10]. Em 10/06, por meio de manifestação ao STF, o Advogacia Geral da República (AGU) defende a realização do evento que caracteriza como ‘entretenimento seguro’ [11]. No mesmo dia, o Tribunal forma maioria e rejeita os pedidos de suspensão, autorizando a realização da Copa América sob o argumento de que os estados têm autonomia para decidir sobre a realização ou não do evento [12].Na data do anúncio da realização da Copa América o Brasil registrava 2.408 mortes e 78.926 casos de Covid-19, elevando os números totais de vítimas e contágios para 465.199 e 16.624.480, respectivamente, segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) [13].

Leia análise sobre os riscos da realização da Copa América No Brasil.

01 jun 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro chama presidente e relator da CPI da covid-19 de ‘patifões’

Tema(s)
Conflito de poderes, Posicionamento político, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O presidente Jair Bolsonaro diz que Nise Yamaguchi foi tratada de forma covarde e ‘humilhada’ em depoimento à CPI da covid-19 [1] e que o presidente e o relator da comissão são ‘patifões’, se referendo à Omar Aziz (PSD-AM) e Renan Calheiros (MDB-AL) [2]. Nise, que é médica e defensora da hidroxicloroquina [3] – remédio sem eficácia comprovada [4] – foi interrompida diversas vezes por senadores e acusada de não ter conhecimento sobre os tratamentos das doenças [5]; a comissão é composta apenas por homens [6]. Em rede social, Bolsonaro afirma que houve um ‘verdadeiro tribunal de exceção’ e que médicos ‘devem ter liberdade para salvar vidas’ [7]. A CPI já foi criticada pelo presidente, que sugere ser uma perseguição política [veja aqui] e um conflito desnecessário [veja aqui]; em outra ocasião, o deputado federal Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) xingou Renan Calheiros de ‘vagabundo’ e Bolsonaro replicou o xingamento [veja aqui]. A Casa Civil preparou um documento com defesas para a CPI da covid-19 [veja aqui], dentre elas o uso do tratamento precoce [veja aqui] [veja aqui]. A cloroquina e a hidroxicloroquina são indicadas pelo governo desde maio de 2020 [veja aqui] [veja aqui], mas em maio de 2021 o governo apagou os principais protocolos que indicavam o uso [veja aqui]. Bolsonaro fez ao menos uma publicação por semana em defesa do ‘tratamento precoce’, sendo que e sua compra foi priorizada em detrimento doe ‘kit intubação’ em diversas ocasiões [veja aqui].

Leia mais sobre a ineficácia dos remédios do kit covid, como o governo tenta esconder a defesa do uso da cloroquina e sobre as interferências masculinas nos depoimentos da CPI da covid-19.

02 jun 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Relatório demonstra que MS envia remédios ineficazes de tratamento para covid-19, à povos indígenas

Tema(s)
Negacionismo, Raça e etnia, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias
Estado
Roraima

Relatório elaborado pela Frente Parlamentar Mista em defesa dos Povos Indígenas e enviado à CPI da covid-19 demonstra que indígenas receberam remédios ineficazes para o tratamento da covid-19, como, por exemplo, a cloroquina, e demonstra a dificuldade dos povos indígenas ao acesso à leitos de UTI [1]. O relatório aponta também a possibilidade de vacinas que deveriam ter sido destinadas à vacinação dos povos indígenas terem sido destinadas à garimpeiros em troca de ouro [2]. Em 24/05, a CPI examina o relatório que demonstra que o Ministério da Saúde teria distribuído, à diversos povos indígenas, 265 mil comprimidos de medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento de covid-19 [3]. Do total, 39,5 mil foram destinados aos Yanomami, em Roraima, e o restante foi destinado à comunidade da terra indígena Raposa Serra do Sol [4], que vem sofrendo crescimento de atividades de garimpo ilegal [5], desde o início do governo Bolsonaro [6] [7] [8]. Segundo a Hutukura Associação Yanomami, além do desvio das vacinas, outra preocupação é a disseminação de notícias falsas sobre a vacinação por garimpeiros, fazendo com que indígenas se recusem a tomá-las [9] [10]. Em 14/06, o Ministério Público Federal e o Ministério da Saúde informam que estão investigando o desvio das vacinas, em troca de ouro [11]. O procedimento aberto em julho pelo MPF de Roraima investiga ainda a distribuição de cloroquina às comunidades indígenas e o acesso aos territórios sem a devida consulta prévia aos povos que vivem nas regiões [12]. Em meio a esse quadro, a covid-19 continua a avançar nas comunidades indígenas [13]. Em 29/04, o Ministério da Saúde recomendou a distribuição de ‘kit covid’ a povos indígenas [veja aqui]. Em 20/05, o povo indígena Yanomami sofreu ataques de garimpeiros e não recebeu proteção dos órgãos responsáveis [veja aqui]. Em 27/05, Bolsonaro visitou a terra indígena Yanomami, tirou a máscara, gerou aglomerações e ofendeu à cultura indígena ao posar para fotos com cocar [veja aqui].Em declaração para a CPI da covid-19, o epidemologista Pedro Hall informou que o Ministério da Saúde censurou pesquisa que informava o índice de diferença nos casos de covid entre as etnias [14]. Segundo Hall, a pesquisa é um dos maiores estudos já realizados sobre a covid-19 até o momento [15]. Documento apresentado à CPI da covid-19 demonstrou a divulgação de ‘fake news’ para indígenas, fazendo-os temerem a vacina [16].

Leia análises sobre a disseminação da covid-19 entre os povos originários, sobre a ameaça de extermínio sofrida pelos povos indígenas, frente à covid-19, sobre a relação do governo federal com os povos indígenas no Brasil e veja entrevista da antropóloga Manuela Carneiro da Cunha sobre os povos indígenas e a pandemia.

06 jun 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro diz que o ministro da Sáude, Marcelo Queiroga, irá soltar parecer que desobrigará uso de máscaras para quem já se contaminou ou se vacinou

Tema(s)
Informação, Saúde
Medidas de emergência
Flexibilização de controle

O presidente da República Jair Bolsonaro afirma que o atual ministro da Saúde irá publicar um parecer que desobriga a utilização de máscaras para quem já foi contaminado pela covid-19 ou vacinado, o pronunciamento ocorre durante evento no Palácio do Planalto [1]. Após a fala, o ministro da Saúde Marcelo Queiroga afirma que Bolsonaro solicitou à pasta a realização de estudos sobre a flexibilização do uso de máscara em meio ao avanço da vacinação no país [2]. No mesmo dia, Bolsonaro diminui o tom e declara em live que Queiroga se comprometeu em efetuar estudos sobre o uso de máscara [3]. A dispensa da utilização de máscaras contraria os pareceres de especialistas [4] e da Organização Mundial da Saúde (OMS) [5]. Pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alerta para possibilidade de transmissão pelos vacinados, já que a imunização diminui as chances de desenvolvimento da forma grave da doença [6]. Vale lembrar que durante oitiva da CPI da covid-19 no dia 08/06, Queiroga defendeu o uso de máscara e salientou os esforços do Ministério da Saúde em prol do combate ao vírus [7]. Bolsonaro e seus aliados, constantemente desestimulam o uso de máscara pela população e não a utilizam [8] [veja aqui] [veja aqui]: em 2020, Bolsonaro vetou o uso obrigatório de máscaras no combate a pandemia da covid-19 [veja aqui]. Em 11/03 deste ano, Eduardo Bolsonaro rechaçou o uso de máscara [veja aqui]. Em 17/05, o vice-líder do governo na Câmara dos Deputados vincula a morte do ex-prefeito de São Paulo ao uso de máscaras [veja aqui]. Durante aglomerações promovidas por Bolsonaro a apoiadores no Maranhão e São Paulo, o presidente é multado nos dois estados por não usar máscaras e por promover aglomerações [9] [10].

Leia sobre como a dispensa da máscara não é viável e entenda a importância do uso de máscaras por imunizados.

10 jun 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro e Ministério da Saúde são investigados por irregularidades e superfaturamento no contrato de compra da vacina Covaxin

Tema(s)
Administração, Saúde, Transparência
Medidas de emergência
Flexibilização de controle

O Ministério Público Federal (MPF) encontra indícios de irregularidade e superfaturamento no contrato de compra da vacina Covaxin firmado entre o Ministério da Saúde (MS) e a Precisa Medicamentos, empresa que intermediou a venda da vacina [1]. A compra da vacina ocorreu em tempo recorde e o valor por dose foi o mais caro em relação aos demais imunizantes adquiridos, o contrato assinado em 25/02 previa a entrega de 20 milhões de doses da vacina no prazo de 70 dias, entretanto nenhuma dose chegou no país ainda [2]. Em depoimento ao MPF, Luis Ricardo Miranda, chefe da divisão de importação do MS afirmou ter sofrido pressão ‘atípica’ para aprovação do contrato e importação da vacina Covaxin [3]. Segundo o MPF, não haveria motivo aparente para o MS assumir risco tão grande na compra do imunizante ‘a não ser para atender a interesses divorciados do interesse público’ [4]. Em 23/06, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) afirma ter alertado junto com o seu irmão, Luis Ricardo, o presidente Bolsonaro sobre as irregularidades no processo de compra da vacina no dia 20/03, o qual disse que acionaria a Polícia Federal (PF) para investigar a situação; entretanto, os irmãos não receberam retorno sobre o caso [5]. Em contrapartida, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, anuncia que o presidente acionou a PF para que investigue os irmão Miranda e que o governo abrirá um processo disciplinar contra Luis Ricardo [6]. Em 25/06, o depoimento dos irmãos Miranda na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid reforça que o presidente estava ciente das irregularidades no contrato e o responsável por isso seria o deputado Ricardo Barros (PP-PR), aliado de Bolsonaro no Congresso Nacional [7]. No mesmo dia, Bolsonaro diz que a PF irá investigar o caso da Covaxin e que estão tentando responsabilizá-lo por um crime de corrupção onde ‘não foi gasto um centavo, porque estamos há dois anos e meio sem corrupção’ [8]. Em 28/09, os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Jorge Kajuru (Podemos-GO) e Fabiano Contarato (Rede-ES) entregam notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal, na qual acusam o presidente Bolsonaro de crime de prevaricação -quando um agente público falta com dever ao seu cargo- no contrato da Covaxin [9]. Em 29/06, o governo suspende o contrato para a aquisição da vacina até que todas as irregularidades sejam esclarecidas [10]. Em 30/06, a PF abre inquérito para apurar a compra da Covaxin pelo MS [11] e o Ministério Público Federal abre um procedimento investigatório criminal [12]. A Procuradoria-Geral da República investiga suposta prevaricação cometida por Bolsonaro na compra do imunizante [13] e pede ao STF abertura de inquérito [14], que é determinado pela Ministra Rosa Weber [15] e a PF passa a investigar [16]. Segundo servidora do MS [17], em depoimento à CPI da covid-19, o processo de compra da Covaxin ficou um mês sem fiscal [18] – ela só foi nomeada após as primeiras suspeitas de irregularidades – mas afirma que ‘não havia nada de atípico’ no contrato [19]. A Controladoria Geral da União conduz investigações distintas para apurar suspeitas de corrupção nos contratos de vacina [20], como o da Covaxin e da cobrança de propina na intermediação com a Davati [21], e conduz algumas diligências sigilosas [22]. No final de julho, o contrato da Covaxin é definitivamente cancelado pelo MS [23], que impõe sigilo sobre os documentos que tratam da compra [24]. Levantamento da imprensa aponta que Luis Carlos Heinze, senador governista que defende Bolsonaro na CPI da covid-19, fez lobby para incluir empresas veterinárias na produção de vacinas e atuou como intermediário para a Precisa medicamentos [25].

Entenda as irregularidades na contrato da Covaxin e ouça o podcast sobre o papel do irmãos Miranda no caso.

22 jun 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Diretor do MS pediu propina de US$ 1,00 por dose de vacina, segundo apuração jornalística

Tema(s)
Administração, Saúde
Medidas de emergência
Flexibilização de controle

Apuração jornalística desta data afirma que o diretor de Logística do Ministério da Saúde (MS), Roberto Dias, condicionou a compra de 400 milhões de doses da vacina Astrazeneca ao pagamento de propina de US$ 1 por dose [1]. A apuração, que resulta na exoneração de Dias [2], parte de afirmações de Luiz Paulo Dominghetti, representante da empresa que intermediaria a negociação [3]. A fabricante da vacina, contudo, afirma que ‘as vacinas são disponibilizadas por meio de acordos com o Ministério da Saúde e com a Fiocruz’ e nega usar intermediários na venda de doses, o que levanta ainda mais suspeitas sobre a negociação, de acordo com o senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), vice-presidente da CPI da covid-19 [4]. Em 1/7 e 7/7, respectivamente, Dominghetti [5] e Dias [6] são ouvidos pela CPI da covid-19 e ambos confirmam o encontro, que ocorreu em 25/2, mas divergem sobre a cobrança de proprina, que é negada por Dias [7]. O ex-diretor do MS tem prisão em flagrante decretada pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, sob alegação de que mentiu à comissão [8] [veja aqui]. A susposta exigência de propina resulta em pedidos de investigações enviados ao STF [9] e ao Ministério Público Federal [10] e, em 23/7, a Procuradoria Geral da República abre inquérito civil para investigar possíveis atos de improbidade administrativa praticados por Dias e outros agentes públicos e privados [11]. Vale lembrar que Bolsonaro e Ministério da Saúde já são investigados por irregularidades e superfaturamento no contrato de compra da vacina Covaxin [veja aqui].

Leia mais acerca da suspeita de corrupção na negociação da vacina Astrazeneca pelo Ministério da Saúde e veja análise sobre estas suspeitas em plena pandemia.

29 jun 2021
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Quase 20% da verba extraordinária para covid foram destinados sem justificativa ao Ministério da Defesa

Tema(s)
Saúde, Transparência
Medidas de emergência
Flexibilização de controle

Parte do dinheiro destinado ao Sistema Único de Saúde (SUS) no combate a covid-19 vem sendo utilizado para atender despesas ordinárias dos militares das Forças Armadas, conforme aponta relatório [1]. O documento encaminhado à CPI da covid pela procuradora do Ministério Público de Contas de São Paulo, Élida Graziane Pinto [2] afirma que a Defesa obteve R$ 435,5 milhões dos R$ 715 bilhões previstos para o combate da pandemia [3]. Segundo o relatório R$ 130 milhões foram usados para abastecer mantimentos a unidades militares com leitos reservados aos próprios militares e seus dependentes [veja aqui] e que não aceitaram tratar de doentes civis com covid-19 [4]. Cerca de R$ 58 mil são gastos com material odontológico, R$ 25,5 mil com material de uso zootécnico, R$ 1 milhão com uniformes, além de gastos milionários com material de cama, mesa e banho [5], material esportivo e veterinário, comprados com o orçamento de combate à doença [6]. Até mesmo o Orçamento de Guerra, que deveria servir no combate à pandemia, embora não fosse do SUS, foi utilizado pela pasta da Defesa na compra de veículos de tração mecânica e uniformes [7]. Créditos extraordinários são recursos aprovados pelo Congresso Nacional que não entram no cálculo do teto de gastos e somente pode ser admitido para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, ou calamidade pública [8]. Estes recursos estão sendo utilizados para cobrir despesas usuais, e funcionando como ‘cheques em branco’ para gastos que não são emergenciais e nem extraordinários [9]. Para a Procuradora, trata-se de desvio de recursos da saúde, enquanto órgãos militares são aparelhados [10].

Leia análise sobre como recursos extraordinários para a vacinação foram utilizados pelas Forças Armadas em gastos dispensaveis.

06 jul 2021
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro e Damares Alves propõe dia nacional do nascituro

Tema(s)
Gênero e orientação sexual, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

Bolsonaro sinaliza à sua base de eleitores ao anunciar um projeto de lei que estabelece o dia nacional do nascituro no dia 08/09, em conjunto como a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves [1]. De acordo com o anúncio feito, o projeto determina que Neste dia devem-se conscientizar as grávidas sobre o perigo do aborto – Damares diz em vídeo que ‘a proposta é um avanço na proteção da família e na proteção integral da criança’ [2]. A ministra defende desde 2018 o chamado estatuto do nascituro [3], que restringe o direito a aborto mesmo em caso de estupro, e classifica o nascituro como ser humano concebido, o que inclui embriões ‘in vitro’ [4].Na mesma ocasião, Damares Alves propõe o dia nacional de conscientização sobre a paternidade responsável, [5]. O governo federal tem posição contrária ao aborto e tem como diretriz o combate aos direitos reprodutivos [veja aqui]. Ano passado, Bolsonaro já disse que ‘não haverá aborto enquanto for presidente’ [veja aqui], o ministério da Saúde exonerou servidores que assinaram notas técnicas sobre saúde sexual e reprodutiva das mulheres [veja aqui] e o Brasil se absteve em votação na ONU sobre discriminação a mulheres [veja aqui]. Além disso, em 2019, o Itamaraty foi orientado a utilizar a expressão ‘sexo biológico’[veja aqui] e, numa guinada iedológica, também jusitifica sua nova atuação perante o Supremo Tribunal Federal [veja aqui] e também perante a Câmara dos Deputados [veja aqui], censurando informações sobre política de gênero até 2024 [veja aqui].

Leia análise sobre a criação do dia nacional do nascituro.

22 jul 2021
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