Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Ministério Público
Nível
Federal

Ministério Público Federal arquiva inquérito que apura crimes contra a saúde pública atribuidos à Secretaria de Comunicação da Presidência da República

Tema(s)
Posicionamento político, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

O Ministério Público Federal arquiva inquérito que investigava o cometimento de crime contra a saúde pública por parte da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) [1]. O caso trata de postagens feitas nas redes sociais do órgão que desestimulam a vacinação contra a covid-19. A publicação alvo da ação dizia que ‘ninguém poderia obrigar ninguém a tomar vacina’ [2]. Adecisão do Ministério argumenta que a Secretaria havia expressado posicionamento político na linha do presidente Bolsonaro, o que, por si só, não é suficiente para configurar ato ilícito [3]. Ainda assim, a decisão vai contra a determinação do Supremo Tribunal Federal no sentido de permitir a vacinação compulsória da população através da exigência da vacinação para acesso a determinados espaços públicos e para a realização de alguns atos, como matrículas escolares [4]. Em outras oportundiades, a Secretaria já havia se alinhado ao governo quando priorizou veículos de informação aliados ao presidente na distribuição de verbas [para o que?] em junho de 2021 [veja aqui].

08 mar 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Ministério da Saúde lança cartilha que defende práticas de violência obstetríca e contrárias a recomendações da OMS

Tema(s)
Gênero e orientação sexual, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

Ministério da Saúde (MS) publica documento contendo incentivo de práticas de violência obstétrica e de eficácia relativa, como a manobra de Kristeller, a episiotomia e a amamentação como método contraceptivo [1]. A Caderneta da Gestante, utilizada no Sistema Único de Saúde (SUS), traz informações sobre o pré-natal, parto e os primeiros meses de vida do bebê e terá mais de 3 milhões de cópias distribuídas aos serviços da Atenção Primária à Saúde [2]. No lançamento do documento, o secretário de Atenção à Saúde Primária do Ministério da Saúde, Raphael Câmara, defende práticas banidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), argumentando que ‘tem algumas coisas que dependendo da situação e em casos excepcionais podem e devem ser feitas e quem define isso é o médico, não são leigos, militantes, ativistas’ [3]. Câmara defende também ‘parar de ficar usando termos que não levam a nada, como violência obstétrica, que só provoca desagregação, coloca a culpa no profissional’ [4]. Vale lembrar que Câmara é apontado como responsável pela edição de outra cartilha sobre direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, a qual negava a existência de aborto legal no país [veja aqui]. O Conselho de Enfermagem (Cofen) emite parecer recomendando que a edição da Caderneta da Gestante seja recolhida e reelaborada ‘de acordo com as evidências científicas disponíveis’, argumentando que ela vai contra protocolo pactuado pelo próprio MS, junto à organizações médicas nacionais e internacionais [5]. O deputado federal e ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT-SP), classifica o conteúdo do documento como ‘gravíssimo’ e encaminha ao Tribunal de Contas da União (TCU) pedido para que o documento seja analisado [6]. A cartilha também foi criticada por especialistas pela falta de evidência científica e pelo incentivdo de práticas consideradas ultrapassadas e agressivas [7]. Em defesa do documento, o MS afirma que ‘as práticas realizadas durante o parto devem ser debatidas entre a paciente e o médico obstetra’ [8]. O governo federal já agiu anteriormente contra a autonomia feminina, como quando baixou o decreto que defende ‘direito à vida desde a concepção’ [veja aqui], bem como quando o Brasil, representado pela ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, assinou declaração internacional contra o aborto [veja aqui].

Leia mais sobre a relação do governo Bolsonaro com os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres

04 maio 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Bolsonaro volta a defender remédio sem eficácia contra a covid-19 em reunião do Conselho Federal de Medicina e é aplaudido por médicos

Tema(s)
Negacionismo, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Construção de inimigos

O presidente da República, Jair Bolsonaro, outra vez defende o uso de remédios sem eficácia comprovada contra a covid-19 [1]. Em discurso no Conselho Federal de Medicina, o presidente afirmou ter tomado os remédios do chamado ‘tratamento precoce’ e que acredita que isso foi o que o fez ficar melhor da doença [2]. A declaração é dada dois dias após o pedido de arquivamento de parte da investigação promovida pela CPI da Covid, com a justificativa de que o chefe do Executivo acreditava sinceramente que os remédios eram preventivos à infecção [3]. Além de criticar os congressistas da CPI da Covid, o presidente já defendeu as pessoas que não queriam tomar a vacina e a liberdade cada um para escolher sobre a vacinação [veja aqui]. O presidente repete uma série de discursos para descreditar a vacinação [veja aqui] [veja aqui], principalmente infantil, que registrou atraso de entregas [red id = 5343], deixando inclusive de reconhecer a existência de mortes de crianças pela doença [veja aqui].

Leia mais sobre como o Conselho Federal de Medicina acatou o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro sobre a covid-19

27 jul 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Governo corta orçamento da Farmácia Popular e outros programas de saúde

Tema(s)
Orçamento, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Governo Bolsonaro corta cerca de 60% da parcela do orçamento de 2023 dedicada a financiar o fornecimento gratuito de medicamentos pelo programa Farmácia Popular [1]. O programa – que, segundo especialistas, tem sua continuidade ameaçadas pelos cortes [2] – atende mais de 21 milhões de brasileiros, distribuindo sem custos 13 remédios usados no tratamento de doenças como asma, diabetes e hipertensão [3]. Também foram alvos de cortes orçamentários os programas de atendimento de saúde da população indígena, de educação e formação em saúde e de formação de profissionais para atenção primária [4]. As reduções contrastam com o aumento de 22% no valor do orçamento da saúde destinado às emendas de relator, conhecidas por Orçamento Secreto [veja aqui], bem como com o aumento de 13% na quantia voltada às emendas parlamentares individuais e de bancada impositivas, instrumentos através dos quais deputados, senadores e bancadas determinam, a despeito de deliberação do plenário da Casa, destinações específicas para o orçamento anual [5]. Nota publicada pelo Ministério da Economia confirma que a redução das verbas no programa de saúde visa a atender a ‘necessidade de alocação de recursos para reserva de emendas de relator’ [6]. Especialistas afirmam que os cortes orçamentários com destinação de verbas ao Orçamento Secreto têm finalidade eleitoral, bem como salientam que o investimento na Farmácia Popular está diretamente relacionado à melhoria da situação de saúde da população, à diminuição de internações e à maior facilidade de acesso aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) [7]. De acordo com a presidente da associação ProGenéricos, ‘há um desvio de finalidade do recurso de uma população que já é economicamente frágil’ e os cortes orçamentários ‘vão afogar o SUS com doença que não são tratadas’ [8]. Segundo apuração jornalística de 14/09, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) determina aos ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Saúde, Marcelo Queiroga, que revertam os cortes, por receio de impactos eleitorais à campanha presidencial do atual mandatário [9]. Vale lembrar que, em 2020, o governo federal deixou de dar destinação a R$3,4 bilhões do orçamento da saúde dedicado ao combate da pandemia do covid-19 [veja aqui], além de não ter previsto qualquer valor para esta finalidade no orçamento do ano de 2021 [veja aqui].

Leia mais sobre a importância do programa Farmácia Popular

07 set 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Legislativo
Nível
Estadual

Ligações interceptadas pela polícia ligam presidente da Alesp a condenado por desvios na saúde

Tema(s)
Administração, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização
Estado
São Paulo

Grampos telefônicos da Polícia Civil relacionam o presidente da Alesp, Carlão Pignatari (PSDB-SP), a chefe de organização criminosa acusada de desvio de verbas na Saúde [1]. A Polícia Civil de São Paulo intercepta ligações telefônicas que mostram Pignatari intermediando a entrega da administração de dois hospitais para organizações sociais do grupo do médico Cleudson Garcia Montali, condenado a 200 anos de prisão por liderar organização criminosa envolvida no desvio de R$ 500 milhões relacionados a fraudes em hospitais [2]. Em uma das ligações grampeadas pela polícia, o deputado, [com a anuência do prefeito da cidade de Santa Fé (SP) (PSL) solicita a Cleudson que coloque umas de suas organizações sociais (OS) para administrar hospitais no município [3]. De acordo com a legislação, se tivesse de conceder a administração de unidades de saúde a organizações sociais, a prefeitura de Santa Fé deveria fazê-lo por meio de processo público aberto à concorrência de outros interessados sem acerto anterior com as partes [4]. Segundo o Ministério Público, o grupo de Cleudson usava notas frias para desviar grande parte dos recursos repassados às suas organizações sociais por meio de superfaturamento de compras e serviços não executados [5].

Leia sobre a operação policial que liga o deputado Carlão Pignatari (PSDB), a organização criminosa

15 set 2022
 
Tipo de Poder
Poder Informal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Governo Bolsonaro, praticamente, paralisa maior política pública de acesso à água potável no Nordeste.

Tema(s)
Periferias, Saneamento básico, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Ataque a pluralismo e minorias

Segundo apuração da imprensa publicada nesta data, o governo Bolsonaro, praticamente, paralisou a maior política pública de acesso à água potável no Nordeste [1]. Reportagem aponta que ao longo do mandato, o governo reduziu em todos os anos a execução da política e, em 2022, chegou a paralisar a construção de cisternas na região [2]. Em 2022, o governo tem feito cisternas apenas de contratos antigos ou cisternas com verbas destinadas por emendas parlamentares pelo Legislativo [3]. O governo federal atual foi o que menos executou a política desde a sua criação [4]. As cisternas, reservatórios ou tanques de armazenamento de água, são tecnologias fundamentais para o Programa Cisternas, criado em 2003, durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva [5], com o objetivo de promover segurança hídrica em regiões no semiárido brasileiro, caracterizadas por secas e pela escassez de água potável [6]. Até 2018, o programa tinha resultado em 929 mil cisternas de água para consumo humano. Em comparação, no governo de Jair Bolsonaro, de janeiro de 2019 até junho de 2022, foram apenas 37,6 mil, além disso, a cada semestre as entregas diminuem [7]. O programa é reconhecido internacionalmente: por exemplo, em 2009 recebeu o prêmio ‘Sementes’ da ONU [8] e, em 2017, o prêmio ‘Política para o Futuro’ da World Future Center em parceria com a ONU [9]. Procurado pela imprensa, o Governo não se pronuncia sobre a apuração [10]. Especialistas salientam o papel da política na consecução dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), tratado internacional do qual o Brasil faz parte [11] .

Veja dados sobre segurança hídrica no Brasil e leia sobre como o tema da água foi tratado nas eleições brasileiras de 2022

25 set 2022
 
Tipo de Poder
Poder Formal
Esfera
Executivo
Nível
Federal

Governo Bolsonaro faz bloqueio geral de R$5,7 bilhões no orçamento do Executivo e afeta Ministérios,serviços e políticas públicas.

Tema(s)
Administração, Economia, Educação, Orçamento, Saúde
Medidas de estoque autoritário
Redução de controle e/ou centralização

Ministério da Economia (ME) anuncia novo bloqueio de R$5,7 bilhões no orçamento de 2022 do Executivo [1]. O ato se soma a uma série de bloqueios que totalizam a restrição de R$15,7 bilhões do orçamento que já estava previsto para as despesas públicas do ano [2]. O bloqueio é geral e indiscriminado e será alocado em diferentes ministérios nos próximos dias [3]. As justificativas para a medida são, de modo geral, o respeito à regra do teto de gastos, além disso, o Relatório que prevê os contingenciamentos também cita gastos adicionais com pagamentos de benefícios previdenciários e a execução da Lei Paulo Gustavo [4]. Relembre-se que o governo tentou adiar o repasses da Lei Paulo Gustavo para 2023 [veja aqui], mas teve tentativa frustrada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que julgou a medida inconstitucional [5]. O contingenciamento afeta, sobretudo, as despesas discricionárias dos Ministérios, que contemplam gastos com a maioria das políticas públicas, as áreas mais afetadas são a de educação e a saúde [6]. Por exemplo, neste bloqueio, R$1,65 bilhões são retirados da Saúde [7]. A medida afeta programas como o Farmácia Popular, política pública de disponibilização de medicamentos básicos na atenção primária à saúde [8], que exemplifica um gasto discricionário da pasta [veja aqui] [9]. O bloqueio afeta também a educação, zerando caixas de universidades e institutos federais e gerando atraso no pagamento de bolsas estudantis, por exemplo [veja aqui]. Além dos bloqueios a Ministérios, outros serviços públicos, como a confecção de passaportes, essencial para a garantia do direito fundamental de ir e vir, foi suspenso por falta de verbas [10]. A principal justificativa para a austeridade orçamentária é a regra do teto de gastos, que se tornou parte da Constituição em 2016 e limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior [11], Os limites impostos pela regra já eram conhecidos na aprovação do orçamento e na definição dos recursos para cada Ministério em 2022 [12]. Segundo especialista, o corte em políticas públicas pode ser explicado não só pelo teto de gastos, mas pelas escolhas de alocação de recursos feitas pelo governo em 2022 [13]. Por exemplo, o governo aprovou a maior previsão de recursos para as emendas de relator – orçamento secreto -, manobra largamente criticada por falta de transparência.[veja aqui] [veja aqui]. Em maio, por exemplo, os gastos com as emendas já totalizavam R$3 bilhões [veja aqui].

Ouça podcast que analisa os bloqueios orçamentários no fim da gestão Bolsonaro e o impacto para as políticas públicas

22 nov 2022
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