Em evento no planalto, governo federal diz ter comprovado a eficácia do vermífugo nitazoxanida contra covid-19, mesmo com imprecisão nos dados e manifestação de pesquisadores no sentido oposto [1]. O anúncio não apresenta metodologia ou dados completos e utiliza gráfico genérico obtido em banco de imagens na internet [2]. De acordo com pesquisadores que realizaram teste clínico da medicação e publicaram artigo apontando os resultados do teste, não foi comprovada a eficácia do remédio e nem evidenciada melhora no quadro de sintomas da doença [3]. Ainda assim, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, recomenda o vermífugo como parte do tratamento e diz que é ‘um medicamento, comprovado cientificamente, que é capaz de reduzir a carga viral’ do coronavírus [4]. Questionado sobre o gráfico apresentado pelo governo, Pontes não respondeu à imprensa [5]. Cientistas brasileiros reprovam a postura do governo e dizem que é mais uma tentativa de emplacar a narrativa de que existe tratamento precoce, mesmo sem comprovação científica de eficácia [6]. Vale lembrar que não é a primeira vez que o governo defende o uso de substâncias não comprovadas para o tratamento da doença; o presidente Bolsonaro exaltou a hidroxicloroquina em diversas oportunidades – medicamento descartado pela OMS desde julho [veja aqui] – como solução para a pandemia [veja aqui]; já chegou a dizer que o coronavírus é ‘igual chuva, molha mas não mata’ [veja aqui], e, rotineiramente, desrespeita as recomendações médicas e sanitárias [veja aqui]. Após repercussão, a coordenadora da pesquisa e médica, Patrícia Rocco, diz que não sugeriu o uso do medicamento, que o governo não interferiu no estudo, e que o seu objetivo era ‘fomentar a discussão na comunidade científica nacional e internacional’ [7].
Leia artigo que aponta a falta de comprovação científica do medicamento apresentado pelo governo, análise sobre o tratamento precoce sustentado pelo governo e crítica à postura governamental – em inglês.
Um dia após o ministro da Saúde, Eduardo Pazzuelo, anunciar a aquisição de 46 milhões de doses de vacina produzida pelo Instituto Butantan, ligado ao governo paulista [1], o presidente Jair Bolsonaro desautoriza a compra [2]. A vacina, apelidada de Coronavac, é feita em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, que transfere tecnologia para o laboratório brasileiro. Segundo apuração de veículo de imprensa, o presidente também afirma que não manterá diálogo com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) [3], que tem defendido a compra da vacina [4]. Em resposta, o Ministério Público Federal (MPF) pede explicações ao Ministério da Saúde sobre o cancelamento da compra [5], e secretários estaduais de Saúde saem em defesa de Pazzuelo, com receio de que o episódio terminasse em sua demissão [6] — em meio à pandemia, dois ministros já deixaram a pasta [veja aqui]. A Rede Sustentabilidade questiona no Supremo Tribunal Federal (STF) a desautorização da compra [7], assim como outras cinco siglas [8], e as ações se somam a outras já protocoladas no STF sobre a obrigatoriedade da vacina [veja aqui]. O procurador-geral da República, Augusto Aras, defende que as ações não sejam reconhecidas [9]. Nas redes sociais, após comentário de seguidor sugerindo que Pazzuelo traiu o presidente, Bolsonaro diz que ‘qualquer coisa publicada sem comprovação vira traição’ [10]. Em resposta a outro internauta, que critica a vacina por ter origem na ‘ditadura chinesa’, o presidente confirma que ela não será comprada [11]. A Coronavac, mostram informações da OMS, está na mesma fase de testes de outras vacinas, como a produzida no Reino Unido [12]. Essa não é a primeira vez que o presidente troca críticas públicas com o governador paulista em meio à crise sanitária. Episódios semelhantes aconteceram em março [veja aqui], em abril [veja aqui] e em junho [veja aqui]. Doria e Bolsonaro também diferem sobre a obrigatoriedade da vacina: o primeiro defende a vacinação compulsória [13], enquanto o segundo tem se manifestado contra [veja aqui].
Leia análises sobre como as críticas à Coronavac inflam o discurso antivacina e sobre o histórico de Jair Bolsonaro em desautorizar ministros da Saúde. Confira também os principais pontos sobre a judicialização de questões ligadas à pandemia e o papel das agências reguladoras no tema.
O presidente Jair Bolsonaro comete infrações sanitárias em visita ao interior de São Paulo [1]. Em sua passagem durante o feriado prolongado de Nossa Senhora Aparecida, iniciada no dia 09/10 na cidade litorânea de Peruíbe (SP), Bolsonaro circulou pela cidade sem máscara de proteção, com sua comitiva e apoiadores, promovendo aglomerações nos locais que visitava [2]. A recusa do político em utilizar a proteção facial viola a legislação municipal da cidade que obriga a todos o uso da máscara, prevendo, inclusive, o pagamento de multa no caso de descumprimento da regra [3]. O mesmo descaso por parte do político às recomendações sanitárias se repetiu em todas as cidades visitadas pela comitiva presidencial durante o recesso do feriado do dia 12/10 [4]. Além de promover tumultos entre apoiadores, Bolsonaro também concede entrevistas a jornalistas em que reproduz argumentos negacionistas a respeito da eficácia das vacinas em vacinados hospitalizados pela doença, minimizando a marca de 604.764 mil óbitos por covid-19 atingidos na data [5]. Ao fim do recesso presidencial, no dia 13/10, em Miracatu (SP), Bolsonaro ainda voltou a defender o armamento da população, em resposta a declarações anti armamentistas do Arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, feitas em missa do dia anterior [6]. Vale lembrar que Bolsonaro á negligenciou em diversas ocasiões o número de mortos pela covid-19 [veja aqui].
Saiba mais sobre as consequências negativas das violações de Bolsonaro às medidas de contenção da pandemia.
Durante transmissão nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro afirma que o governo federal não comprará a vacina para a covid-19 produzida pelo Instituto Butantan, ligado ao governo paulista [1]. ‘Eu, que sou governo, não vou comprar sua vacina, não (…) Procura outro pra pagar’, diz Bolsonaro, se referindo ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB) [2]. A declaração é feita um dia após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar a importação da matéria-prima necessária para a produção da Coronavac, como é apelidado o imunizante [3]. O vice-presidente Hamilton Mourão contraria a afirmação e diz que o governo comprará a vacina [4], mas, dias depois, recua e declara que a decisão cabe ao presidente [5]. Bolsonaro vem sinalizando que não apoia o desenvolvimento da vacina: em 21/10, desautorizou acordo para compra de 46 milhões de doses pelo governo federal e criticou publicamente Doria [veja aqui]. A situação abre o risco de que a campanha de vacinação seja fragmentada no país —algo incomum, já que o Ministério da Saúde é responsável por coordenar esse tipo de ação— e decidida na Justiça [6]. Na mesma transmissão, Bolsonaro critica, novamente, a obrigatoriedade da vacinação [veja aqui], tema que já rendeu troca de críticas com o governador paulista [veja aqui]. No dia seguinte, o presidente volta deslegitimar publicamente a iniciativa [7]. O governo federal tem investido em outro imunizante, o da Universidade de Oxford, produzido no Brasil pela Fiocruz [8]. A vacina está na mesma fase da Coronavac —ambas precisam completar os últimos testes e receber aprovação da Anvisa [9]. De acordo com apuração de veículo de imprensa, o presidente, posteriormente, admite a aliados que o governo financiará a compra da Coronavac, caso a vacina seja a primeira a ter eficácia comprovada [10]. Semanas após a declaração, Bolsonaro sinaliza, durante outra transmissão on-line, que pode comprar o imunizante, a depender do preço [11].
Leia e ouça análises sobre as disputas políticas por trás da vacina para o coronavírus e a judicialização do tema.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anuncia a suspensão de testes da vacina CoronaVac após um ‘evento adverso grave’ sem comunicar o Instituto Butantan [1], instituto de pesquisa vinculado ao Estado de São Paulo [2]. Em seguida, o Instituto Butantan esclarece que não foi informado da suspensão dos testes da vacina pela Anvisa por meio de nota e seu diretor, Dimas Covas, diz que o ‘evento adverso grave’ não tem relação com a aplicação da vacina [3]. O evento ao qual a Anvisa se refere e que levou a suspensão da vacina foi a morte de um voluntário no dia 29 de outubro [4], que foi concluída como suicídio e não tem relação com os testes da CoronaVac, como atestou laudo médico [5]. O diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, diz no dia seguinte que para suspender os testes houve decisão técnica com base em informações insuficientes e incompletas passadas pelo Instituto Butantan [6]. Diante da situação, Ricardo Lewandowski, ministro do Supremo Tribunal Federal, determina que a Anvisa preste esclarecimentos em 48h apontando critérios utilizados nos estudos e testes acerca da vacina CoronaVac [7]. O Congresso Nacional também pede esclarecimentos a ambas Instituições [8]. O Ministério Público Federal, entretanto, não atuou no caso como de costume, o que é alvo de questionamentos [9]. Após o retorno dos estudos, o ministro Ricardo Lewandowski votou um plano de vacinação voltado a covid-19 [10]. O plano precisa ser apresentado pelo governo federal em 30 dias [11]. Vale notar que, após a suspensão de testes das vacinas, o presidente Jair Bolsonaro diz que ‘ganhou’ do governador de São Paulo [veja aqui]. Ele já havia dito em redes sociais que não iria comprar a vacina da China, fazendo referência à CoronaVac [12] [veja aqui]. Além disso, Bolsonaro tem discordado do governador de São Paulo, João Doria, sobre as medidas tomadas em relação a pandemia [13] [veja aqui] e à vacinação [veja aqui]. Dois dias depois, a Anvisa anuncia a retomada do estudo dizendo haver subsídios suficientes que permitem o seu retorno [14]. Na mesma semana, Bolsonaro minimiza o perigo da segunda onda de covid-19 e insiste em tratamento sem comprovação científica [veja aqui].
Leia entrevista com especialistas sobre a atuação da Anvisa no caso, o histórico de politização da questão no governo e ouça podcast sobre o episódio
Ao comentar nas redes sociais sobre a interrupção dos estudos clínicos da vacina Coronavac no Brasil [veja aqui], o presidente Jair Bolsonaro diz que o episódio representa mais uma vitória sua sobre o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) [1]. ‘Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que João Doria queria obrigar todos os paulistanos a tomar (…) É mais uma vez que Jair Bolsonaro ganha’, diz [2]. O comentário dá continuidade a uma série de críticas públicas trocadas entre o presidente e o governador paulista, que apostam no desenvolvimento de vacinas diferentes para o combate à pandemia de covid-19 [veja aqui]. Sem mencionar o nome de Bolsonaro, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), faz um contraponto à declaração e fala sobre ‘compromisso com a vacina’ [3]. A interrupção dos testes do imunizante Coronavac mencionada por Bolsonaro durou pouco mais de 24 horas [4]. Dias após o comentário, o chefe do Executivo afirma, durante reunião do Brics (grupo que inclui o Brasil e a China, país que desenvolveu a Coronavac), que está ‘em sintonia’ com o restante dos países na busca de uma vacina ‘segura e eficaz’ [5]. Desde o início da produção da Coronavac, o presidente já desautorizou a compra da vacina pelo governo federal [veja aqui] e travou disputas sobre a obrigatoriedade da vacinação [veja aqui]. Em carta divulgada um mês depois, servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reafirmam que a agência reguladora, responsável por acompanhar e liberar os imunizantes, ‘não serve aos interesses de governos, de pessoas, de organizações ou de partidos políticos’ [6].
Leia análises sobre o comentário feito pelo presidente Jair Bolsonaro e sobre a interrupção e retomada de testes da Coronavac.
O presidente Jair Bolsonaro minimiza o perigo de uma nova onda de covid-19 no Brasil em videoconferência e diz que caso aconteça ‘é só ter o tratamento precoce’, em alusão ao uso de medicamentos como, por exemplo, a cloroquina [1]. Dois dias depois, em meio a aumento das internações devido a complicações da doença nos hospitais [2], ele chama a segunda onda de ‘conversinha’ e afirma que, se acontecer, será preciso enfrentá-la para a economia ‘não quebrar de vez’ e o país não se tornar um ‘país de miseráveis’ [3]. No mesmo dia, o Brasil volta a registrar mais de 400 mortes pela doença em 24 horas [4]. Em relação a tratamentos precoces para a covid-19, incentivados pelo presidente, entidades médicas afirmam que não há comprovação científica de sua eficácia [5]. Declarações e atitudes minimizando a pandemia são rotineiras no governo: em março, o presidente chamou o coronavírus de ‘gripezinha’, pediu ‘volta à normalidade’ [veja aqui] e afirmou que devemos enfrentá-lo como ‘homem’ [veja aqui]; em abril, criticou o isolamento social [veja aqui]; no segundo semestre de 2020, o governo utilizou apenas 29% do valor disponível para combater a crise da covid-19 [veja aqui], foi denunciado na ONU em razão da postura negligente no combate à pandemia [veja aqui], e anunciou, sem comprovação científica, que vermífugo seria eficaz contra o vírus [veja aqui]. O presidente também afirmou que não compraria a ‘vacina chinesa’ e, mesmo com mais de 160 mil óbitos registrados [6], reiterou que é contra a ‘vacinação obrigatória’ [veja aqui]. Vale notar que, na primeira semana de novembro, Bolsonaro cometeu atos contra recomendações sanitárias [veja aqui].
Veja análise sobre a administração da pandemia pelo governo e reportagem sobre segunda onda de infecções na Europa.
Após ataque de hackers ao sistema do Ministério da Saúde no dia 05 de novembro [1], o governo do estado de São Paulo (SP) informa que o Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP) está ‘inacessível’ [2]. Além de São Paulo, o estado do Amapá – que está há mais de duas semanas com problemas no fornecimento de energia elétrica [3] -, Paraná, Minas Gerais, e o Distrito Federal passam por problemas com a transparência de dados da pandemia [4]. Nesta data, acontece a normalização da divulgação das informações, após 05 dias de paralisação [5]. Entre 05/11 a 11/11 os números de pessoas infectadas pelo coronavírus no país somaram mais de 130 mil [6]; em SP o aumento foi de 2.637 casos confirmados dia 05/11 para 24.936 dia 11/11 [7]. Vale lembrar que, em junho, uma série de atrasos na divulgação de dados epidemiológicos ocorreram [veja aqui], e o Ministério da Saúde omitiu o número total de mortes por covid-19 no país [veja aqui]. Em resposta, veículos de comunicação [8] e o Congresso Nacional [9] se uniram em iniciativas paralelas para divulgação de dados da pandemia. Em agosto, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ocultou o número de casos e mortes por covid-19 em reunião da OMS [veja aqui] e o governo federal passou 04 meses sem ministro da Saúde oficial em meio à pandemia [10] [veja aqui].
Veja análise que trata da negligência com a divulgação de informações sobre a covid-19 e reportagem sobre transparência de dados da pandemia.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia (ME), Adolfo Sachsida, afirma que a possibilidade de segunda onda da pandemia de covid-19 é ‘baixissima’, durante coletiva de imprensa [1]. Ele declara que o ME monitora os dados de casos e morte pela doença e que estes mostram uma potencial retomada econômica [2]. Sachsida também reitera a falta de comunicação e de compartilhamento de informações entre os ministérios da Saúde e da Economia [3]. Ainda no decorrer da coletiva, ele afirma que a avaliação da pasta leva em conta a imunidade de rebanho, que diz ter sido atingida por vários estados [4]. Entretanto, já foi comprovado que a exposição deliberada da população ao vírus como estratégia para barrar a sua transmissão é ineficaz para conter a pandemia de covid-19 [5]. A segunda onda da covid-19 não só ocorreu, como foi muito mais letal e mais transmissiva que a primeira onda, somando mais de 100 mil mortes em 36 dias [6]. Ademais, a segunda onda da pandemia no país superou o número de mortes de 2020 inteiro, em apenas 113 dias [7]. Em janeiro de 2021, a capital do Amazonas sofreu com aumento expressivo de internações e mortes por covid-19, além do desabastecimento de oxigênio, remédios e a falta de leitos de enfermaria e UTI [veja aqui]. O apoio do ME e do secretário na imunidade de rebanho e a descrença em uma possível segunda onda é concordante com a postura de Jair Bolsonaro frente à pandemia, visto que ele descredibilizou o poder de transmissão e letalidade do vírus em diversas ocasiões [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui] [veja aqui], chegou a afirmar que a contaminação é a melhor vacina contra o vírus [8] e que a segunda onda era ‘conversinha’ [veja aqui]. Em 08/01/2021, Adolfo pede desculpas por ter afirmado que não haveria segunda onda e declara que não deveria ter falado sobre algo que não é da sua área [9]. Vale lembrar que o ME não destinou recursos ao combate à pandemia no projeto de orçamento de 2021 por não prever o crescimento dela [veja aqui].
Leia sobre como o Ministério da Economia sustentou a imunidade rebanho sem respaldo do Ministério da Saúde e como a crença na imunidade de rebanho foi uma das principais estratégias do governo federal.
O presidente Jair Bolsonaro, em discurso [1] na cúpula dos Brics – bloco de cooperação entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – critica a ‘politização do vírus’, defende ‘reformas’ nas ‘entidades internacionais’, como a Organização Mundial da Saúde (OMS),e desaprova o ‘pretenso monopólio do conhecimento por parte da OMS’ durante a pandemia do coronavírus [2]. No decorrer do discurso, ele também afirma que ‘não foram os organismos internacionais que superaram desafios, mas sim a coordenação entre os nossos países’ [3]. No mesmo dia, o Brasil registra mais de 30 mil novos casos da doença e volta a marca de 500 mortes em 24h [4]. Dias depois, anuncia-se que, por negligência do governo federal, 6,86 milhões de testes para detectar a doença poderão ser descartados nos próximos meses [5] [veja aqui]. Vale lembrar que a oposição de Bolsonaro às recomendações da OMS é frequente: em março, o governo federal defendeu a flexibilização do isolamento social [veja aqui]; em abril, o presidente demitiu o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta por discordar de sua atuação alinhada à OMS [veja aqui], e em maio, o ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu demissão [veja aqui] após embates com o presidente sobre métodos de controle da pandemia; em junho, Bolsonaro ameaçou deixar a OMS e afirmou que ‘não precisamos de gente lá de fora dar palpite na saúde aqui de dentro’ [veja aqui]. No campo diplomático, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) já associou o coronavírus ao comunismo [veja aqui]; o ministro do MRE, Ernesto Araújo, publicou texto chamando o a covid-19 de ‘comunavírus’ [veja aqui], e o deputado federal e presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Eduardo Bolsonaro (PSL), gerou desgaste diplomático após criticar a atuação do governo chinês na pandemia [veja aqui].
Leia análise sobre a importância da cooperação internacional frente a pandemia