O governo federal descumpre o prazo estabelecido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para apresentar um plano de aquisição, produção e distribuição de vacinas contra a covid-19 [1]. Em agosto, a corte abriu prazo máximo de 60 dias —que vence nesta data— para que a Casa Civil divulgasse o planejamento estratégico de imunização [2]. Em setembro, o governo recorreu da determinação, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), mas o recurso ainda não foi analisado pela plenário do TCU [3]. Dias após o prazo, em 01/12, o Ministério da Saúde apresenta um plano preliminar de vacinação, sem datas ou informações sobre o imunizante [4]. Além da pressão por parte do TCU, o prazo para o governo divulgar o plano de imunização está judicializado no Supremo Tribunal Federal (STF) [5]. Governadores também se manifestam em defesa de um plano de imunização em massa e que contemple diferentes vacinas [6]. Neste ano, o governo já desrespeitou outra decisão do TCU [veja aqui] e foi acionado por omissão com indígenas no STF, tendo plano de execução rejeitado pelo tribunal [veja aqui]. Frente à crise sanitária, o presidente da República, Jair Bolsonaro, acumula atos contra as recomendações médicas e sanitárias [veja aqui] e tentativas de se eximir da responsabilidade [veja aqui].
Escute análise sobre a importância de uma estratégia conjunta para a vacinação da população, e leia reportagem sobre os detalhes do planejamento preliminar de imunização divulgado pelo governo.
Em meio a cenário de baixa testagem [1], Ministério da Saúde (MS) deixa 6,86 milhões de testes de coronavírus estocados, que podem perder a validade entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021 [2]. Trata-se de exames RT-PCR, os mais efetivos para o diagnóstico da doença [3]. Esses exames estão guardados em armazém do governo federal em Guarulhos e não foram distribuídos para rede pública. O volume armazenado é maior do que o aplicado no SUS desde o início da pandemia até o mês de novembro de 2020 [4]. O governo federal culpa os estados e municípios pelo possível prejuízo, afirmando que sua atribuição se resume a comprar os insumos e que só entrega os testes quando há solicitação dos estados [5]. Secretários estaduais, por sua vez, dizem que não sabiam dos testes parados e que receberam kits incompletos com falta de materiais necessários para coleta de amostras [6]. Questiona-se também o critério adotado na distribuição dos testes RT-PCR: estados mais populosos e com maior número de casos, como, por exemplo, a Bahia receberam menos testes do que estados menos populosos e com menos infecções, como o Paraná, por exemplo [7]. O MS afirma que estuda a extensão do prazo de validade desses testes, com a garantia de que os exames não perderam suas propriedades [8]. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União pede uma investigação sobre os problemas de logística e planejamento na distribuição dos testes para a rede pública de saúde e o eventual prejuízo ao erário, no valor de R$ 290 milhões decorrente do vencimento do prazo de validades desses testes [9]. Além disso, deputados integrantes da comissão da Câmara que acompanha as ações de combate à pandemia cobram soluções do governo para os testes [10]. Em 09/12, a Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a extensão da validade desses testes estocados [11]. Segundo depoimento de especialista, não é comum esse tipo de prorrogação, tanto que a Anvisa prorrogou a validade para os testes armazenados pelo MS, mas rejeitou pedidos semelhantes da iniciativa privada [12]. Cabe destacar que diversos estudos já apontaram a falta de transparência do governo Federal [veja aqui] e dos governos estaduais [veja aqui] com relação aos dados da pandemia. O governo Bolsonaro também já redirecionou uma doação destinada a compra de testes do coronavírus para um programa gerido pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro que repassou os valores à instituições evangélicas, dentro do projeto ‘Arrecadação Solidária’ [veja aqui] e insiste na oferta de cloroquina, medicamento sem comprovações científicas de eficácia no combate ao coronavírus [veja aqui]
Ouça o podcast que analisa os problemas de logística na distribuíção dos testes de covid e a reação do governo federal
Relatório da Comissão de Orçamento e Financiamento do Conselho Nacional de Saúde (CNS) demonstra que, até o dia 25/11, o Ministério da Saúde (MS) não utilizou cerca de R$ 3,4 bilhões liberados através de medidas provisórias dos meses de maio e abril de 2020 para o combate a pandemia da covid-19 [1]. Os valores ainda estão sem destinação específica [2]. Outros R$ 74,7 milhões que ficaram parados já não podem ser mais usados, pois as medidas provisórias que permitiram sua utilização perderam a validade [3]. Especialistas vinculados ao CNS, órgão que faz parte da estrutura do MS, dizem que a demora em empregar os recursos demonstra falta de planejamento e é injustificável no cenário atual [4]. Em julho, levantamento anterior do conselho indicou que até aquele momento o MS havia desembolsado apenas 30% das verbas destinadas ao combate da covid-19 [veja aqui]. Mesmo em relação a recursos já com destinação específica, relatório da Câmara dos Deputados aponta que, até 20/11, somente 4,6% do valor liberado em maio para a contratação de mais 5.000 profissionais pelo MS foi usado [5]. O mesmo relatório indica que dos R$ 70 milhões que poderiam ser utilizados, desde abril, para reestruturar prédios de hospitais universitários, abrir novos leitos, ou comprar equipamentos médicos, somente R$ 17,1 milhões foram usados [6]. Em relação ao enfrentamento da pandemia nos presídios, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cerca de R$ 17,2 milhões foram liberados e apenas 0,01% (R$ 2.400,00) foi efetivamente pago [7]. Verbas destinadas aos Ministérios da Cidadania, do Turismo e ao Itamaraty também foram pouco ou nada utilizadas [8]. Em resposta, o MS afirma que irá empregar até o fim do ano os R$ 3,4 bilhões ainda não empenhados [9]. Em julho, o governo brasileiro foi denunciado na Comissão Internamericana de Direitos Humanos e na ONU em razão da baixa execução do orçamento para combate a covid-19 [veja aqui].
Leia análise sobre os obstáculos de enfrentamento a pandemia durante o desmonte neoliberal do país e reportagem que aborda a precariedade das ações de proteção ao covid-19 adotadas em um presídio do Rio de Janeiro.
Em live nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro diz que nunca se referiu a covid-19 como ‘gripezinha’ e complementa que ‘não existe um vídeo ou um áudio meu falando dessa forma’ [1]. Veículos da imprensa registram que o presidente mentiu ao fazer tais declarações [2]. Em março, em resposta a um jornalista ele disse que ‘depois da facada’ não seria ‘uma gripezinha’ que iria ‘derrubá-lo’ [veja aqui]. No mesmo mês, durante seu terceiro pronunciamento televisivo sobre a pandemia, ele chamou a covid-19 e ‘gripezinha’ e pediu ‘volta à normalidade’ [veja aqui]. Sobre os episódios, o presidente diz na live que referiu-se somente ao seu caso específico, sem generalizações [3]. Depois, fala que sua defesa da hidroxicloroquina é correta e sugere que ‘ainda vai ter um estudo sério falando da efetividade da máscara – se ela protege 100%, 80%, 90%, 10%, 4% ou 1%. Vai chegar esse estudo. Acho que falta apenas o último tabu a cair’ [4]. Em setembro, o Ministério da Saúde quintuplicou oferta de cloroquina aos estados e municípios a despeito da falta de evidências científicas de sua eficácia [veja aqui]. Bolsonaro vêm reiteradamente desrespeitando as recomendações médicas e sanitárias em meio à pandemia e somente na terceira semana de novembro, por exemplo, cometeu ao menos 04 atos contra tais recomendações [veja aqui].
Leia análise sobre as atitudes negacionistas de Bolsonaro frente a gravidade da pandemia da covid-19.
Supremo Tribunal Federal (STF) envia ofícios, assinados por Edmundo Veras dos Santos, diretor geral da corte, à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e ao Instituto Butantã, solicitando a reserva de 7.000 doses de vacina contra a covid-19, visando garantir a vacinação para membros da corte e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) [1]. Além do STF, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) [2] e o Tribunal Superior do Trabalho (TST) [3] também solicitam a reserva de vacinas à Fiocruz. A Fiocruz nega os pedidos, alegando que toda as doses da vacina serão encaminhadas ao Ministério da Saúde (MS) [4]. Já o Instituto Butantã não se manifesta acerca da solicitação feita pelo STF [5]. A reserva das vacinas não está inclusa no Plano Nacional de Imunização (PNI) contra a covid-19 divulgado pelo MS [veja aqui] e, caso acatados, os pedidos possibilitariam que servidores públicos fossem vacinados antes dos grupos prioritários estabelecidos pelo PNI [6].Conforme consta de trechos retirados do pedido realizado pelo STF, o ofício tem o objetivo de conseguir a ‘imunização do maior número possível de trabalhadores de ambas as casas’, e considera que a campanha de vacinação pelo tribunal ‘é uma forma de contribuir com o país’ [7]. Em 28/12 o presidente do STF, Luiz Fux, demite o médico Marco Polo Dias Freitas, indicado como responsável pela campanha de vacinação interna, alegando não ter conhecimento do pedido [8] [9]. As solicitações são realizadas em momento em que a campanha de vacinação nacional avança lentamente – apuração da imprensa de fevereiro de 2021 revelou que o governo recusou a compra de milhões de doses da farmacêutica Pfizer [veja aqui] e, até março de 2021, o Ministério da Saúde já havia reduzido ao menos cinco vezes a previsão inicial de doses de vacina a serem recebidas [veja aqui]. Em maio, Servidores da Agência Brasileira de Inteigência (Abin) se vacinam contra a covid em Brasília, apesar de não constarem na lista de prioridades do PNI e nem na lista de prioridades da Secretaria de Saúde do DF [10].
Leia análise sobre os pedidos feitos pelo STF e pelo STJ para reserva de vacinas, visando a campanha interna de vacinação e sobre os dados de vacinação no Brasil, após 3 meses de campanha.
Em reunião para formulação do Plano Nacional de Imunização (PNI) contra a covid-19 com o general Eduardo Pazuello, atual ministro da Saúde [veja aqui], os especialistas convidados têm seus microfones silenciados na sala virtual e são instruídos a realizar comentários por escrito através do prórprio aplicativo [1]. O ministro e seus auxiliares apresentam o plano de governo [veja aqui] e, após comentários, Pazuello diz que responderá as dúvidas e comentários em até sete dias. Em 14/12, porém as devolutivas ainda não tinham sido realizadas aos especialistas [2]. Vale lembrar que o Ministério da Saúde já incluiu também a assinatura de pesquisadores em plano de vacinação sem consultá-los [veja aqui], a Anvisa já suspendeu testes com vacina Coronavac por evento adverso sem comunicação prévia com o Instituto Butantan [veja aqui], ao que o presidente comemorou [veja aqui], e o próprio Bolsonaro já descreditou diversas vezes a vacina [veja aqui], bem como a necessidade de sua aplicação [veja aqui], em favor de tratamento precoce cuja eficácia não é cientificamente comprovada [veja aqui] [veja aqui].
Leia análise de como o atual governo federal tem impactado no programa de imunização para a covid-19.
O ministério da Saúde (MS) deixa vencer contrato que garantia exames de HIV, aids e hepatites virais no SUS [1]. Os testes, que são essenciais para definir o tratamento mais adequado para quem desenvolve resistência a algum medicamento que combate estas doenças, está suspenso por tempo indeterminado, após o MS não renovar o contrato com a empresa que os fornecia [2]. Apenas um mês antes do vencimento do contrato, em 7/10 , a pasta realizou um pregão para buscar novo fornecedor do serviço, entretanto o processo fracassou após a empresa vencedora não anexar todos os documentos exigidos pelo edital [3]. A previsão do estabelecimento de um novo pregão para contratar nova empresa e restabelecer os serviços foi prorrogada para 08/10/2020, porém se nenhuma empresa vencer a licitação para o fornecimento dos testes a expectativa é retomá-los apenas em janeiro de 2021 [4]. Representantes da Articulação Nacional de Luta contra a Aids (Anaids), estudam levar o caso ao Ministério Público Federal (MPF), uma vez que o exame é essencial para garantir a vida de pacientes acometidos pelo HIV [5]. Especialistas afirmam que há um ‘desmonte’ de políticas públicas para pessoas que vivem com aids, hepatites virais e HIV, no governo Jair Bolsonaro [6]. Preço dos testes na rede privada pode chegar a R$ 2.500 [7].
Leia sobre o desmonte das políticas de Saúde Pública.
O presidente Jair Bolsonaro diz que não poderá ser responsabilizado se ocorrerem efeitos colaterais ou algum problema quanto à vacinação contra a covid-19 [1]. A declaração ocorre em conversa do presidente com seus apoiadores, na qual ele reforça suas críticas a medidas de isolamento social em tom que desacredita a eficácia e segurança das vacinas [2]. Bolsonaro já afirmou que não irá tomar nenhuma vacina, pois, por ter contraído o vírus, já estaria ‘vacinado’, e mantém o discurso de não obrigatoriedade da vacina [3]. As declarações ocorrem poucos dias antes do início da vacinação em outros países, como Reino Unido [4] e Rússia [5]. As posições de Bolsonaro quanto à vacinação têm sido marcadas por contrariedades à ciência e conflitos: o presidente já comemorou em suas redes a interrupção de estudos clínicos da vacina Coronavac [veja aqui]; já disse, mais de uma vez, contrariando a lei da quarentena, que ninguém será obrigado à vacinação [veja aqui] [veja aqui] e desautorizou a aquisição de vacinas pelo Ministério da Saúde [veja aqui]. Repetidas vezes também descumpriu recomendações médicas e sanitárias [veja aqui].
Leia análises sobre a atuação de Bolsonaro durante a crise das vacinas e de como os ataques à Coronavac alimentam o discurso do movimento antivacinação.
Documentos divulgados pela imprensa demonstram que o Ministério da Saúde (MS) planeja revogar cerca de cem portarias que estruturam parte das políticas públicas de atenção à saúde mental no país [1]. A proposta, que atinge a Rede de Atenção Psicossocial atualmente existente, foi apresentada nesta data em reunião ao Conselho Nacional de Secretários da Saúde (CONASS) [2]. As mudanças alterariam os mecanismos que estimulam a redução do tamanho dos hospitais psiquiátricos, extinguiriam programas responsáveis pela reinserção comunitária de pacientes e flexibilizariam os mecanismos de controle dos casos de internações involuntárias [3]. Além disso, também terminariam com o programa que atende demandas da população em situação de rua e retirariam das atribuições dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) o atendimento psiquiátrico, com a possível extinção dos CAPS para usuários de álcool e outras drogas [4]. Parte desses serviços passaria a ser de responsabilidade de programas de assistência social, vinculados ao Ministério da Cidadania [5]. Em nota, o MS diz que as ‘atualizações’ são fruto do trabalho de grupo composto por representantes do governo, do Conselho Federal de Medicina e da Associação Brasileira de Psiquiatria e visam a ‘tornar a assistência à saúde mental mais acessível e resolutiva’, uma vez que ‘muitas dessas portarias estão obsoletas’ [6]. No dia 09/12, a coordenadora-geral da área de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do MS pede demissão [7]. 128 entidades vinculadas a área da saúde posicionam-se contra as mudanças, entendidas como um retrocesso, e pedem que o Ministério Público Federal (MPF) investigue a situação [8]. O procurador federal dos Direitos do Cidadão requer que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, envie explicações e justificativas sobre a pertinência do ‘revogaço’ [9]. Parlamentares da oposição manifestam-se contra as mudanças e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) diz que, se a proposta avançar, colocará em pauta um projeto de decreto legislativo para reverter as revogações [10]. A proposta de ‘revogaço’ está em consonância com ações anteriores do governo Bolsonaro que esvaziam as determinações introduzidas pela Reforma Psiquiátrica e privilegiam tratamentos baseados na internação, em detrimento do cuidado em rede realizado em meio aberto, como documento de fevereiro de 2019 que promoveu alterações nas políticas de saúde mental [veja aqui], e a instituição da Nova Política sobre Drogas [veja aqui].
Leia coluna que questiona os interesses por trás das tentativas de modificação da atual política de saúde mental e texto que destaca os riscos de violência que tais mudanças carregam.
Em reunião realizada com ministros da saúde de países integrantes do Mercosul, o ministro da saúde brasileiro, Eduardo Pazuello, diz que ‘o que fez e faz diferença para nós foi o tratamento precoce, a mudança de protocolo de cuidado aos pacientes com covid-19’ [1]. Na sua gestão, o Ministério da Saúde (MS) passou a adotar protocolo de tratamento que recomenda a busca de ajuda médica mesmo nos casos de pessoas que apresentam sintomas leves de infecção pelo coronavírus, a fim de obter um diagnóstico precoce da doença [2] [veja aqui] e ampliou o uso de cloroquina no tratamento de casos leves da doença, apesar da falta de evidências científicas da eficácia do medicamento [veja aqui]. Os ministros da saúde que ocuparam o cargo antes de Pazuello, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, defendiam o protocolo que previa, para tais casos, a permanência em casa, em isolamento e em observação [3]. Em outras ocasiões, Pazuello já indicou que o antigo posicionamento pode ter gerado um aumento no número de mortes [4]. A atual recomendação do MS brasileiro diverge da posição dos outros países do Mercosul, que adotaram a defesa do isolamento social como forma de conter o vírus [5]. Na reunião, que tem como objetivo elaborar estratégias para controle de diferentes doenças na região, Pazuello ainda diz que o Brasil tem uma curva longa de casos de coronavírus registrados ‘pois é um país com dimensões continentais, diferenças regionais e populacionais.’ [6]. A defesa do novo protocolo está em consonância com o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro, que diversas vezes se manifestou contra o isolamento social – em abril, por exemplo, ele afirmou, contrariando dados científicos, que o isolamento foi inútil [veja aqui] e semanalmente descumpre recomendações sanitárias [veja aqui].
Leia relatório sobre o enfrentamento da pandemia da covid-19 na América Latina e no Caribe, produzido pela CEPAL, comissão da ONU que atua na região – em espanhol.